Novo Banco quase duplica prejuízos para 400 milhões no semestre
Banco liderado por António Ramalho chegou a meio do ano com prejuízos de 400 milhões de euros, quase o dobro do resultado negativo que tinha por esta altura em 2018.
O Novo Banco fechou a primeira metade do ano com prejuízos de 400,1 milhões de euros, quase duplicando as perdas face ao mesmo período do ano passado. Banco liderado por António Ramalho continua a ser penalizado com o legado do BES.
O banco cumpre cinco anos de existência este fim de semana, tendo sido criado no dia 3 de agosto de 2014 com a medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal ao histórico banco da família Espírito Santo. O Novo Banco é detido a 75% pelos americanos do Lone Star e a 25% pelo Fundo de Resolução.
Mais uma vez, António Ramalho volta a apresentar contas separadas relativas à parte boa (Novo Banco Recorrente) e à parte má (Novo Banco Legado) para melhor explicar o processo de reestruturação em curso. E por aqui se percebe como a história continua a pesar no resultado da instituição.
Enquanto o banco recorrente teve um lucro de 113,4 milhões de euros, mais 300% em termos homólogos, o banco legado registou um prejuízo de 513 milhões de euros, penalizado pela venda de carteiras de ativos tóxicos (Sertorius e Albatroz) e da seguradora GNB Vida, explicou em comunicado. Estas três operações geram perdas de 340 milhões.
Consolidando os “dois bancos”, o prejuízo do Novo Banco no primeiro semestre ascende a 400 milhões, e que deverá agravar-se na segunda metade do ano, isto tendo em conta que está a vender uma carteira de malparado de mais de 3.000 milhões de euros (projeto Nata 2) e cuja alienação deverá representar perdas e obrigar o Fundo de Resolução a injetar mais dinheiro na instituição.
“Progredimos na execução da nossa estratégia de redução de ativos não produtivos”, sublinhou o CEO António Ramalho. “O Novo Banco continua a cumprir os seus objetivos, com um desempenho que reflete o aumento da margem financeira e o crescimento dos volumes de crédito, quer no segmento de retalho quer de empresas”, acrescentou o responsável.
Progredimos na execução da nossa estratégia de redução de ativos não produtivos. O Novo Banco continua a cumprir os seus objetivos, com um desempenho que reflete o aumento da margem financeira e o crescimento dos volumes de crédito, quer no segmento de retalho quer de empresas.
Dívida pública ajuda banco bom
No que diz respeito ao banco recorrente, o lucro cresce de forma significativa perante o “aumento registado na margem financeira (+47,5 milhões de euros) e dos resultados de operações financeiras (+43 milhões).
Sobre a margem financeira, que resulta da diferença entre os juros recebidos nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos, o crescimento para 236 milhões de euros deveu-se ao “contributo positivo das medidas de otimização concretizadas durante o exercício de 2018”, explica a instituição. Já os ganhos nas operações financeiras diz respeito à venda e reavaliação de dívida pública. Outros bancos portugueses também anunciaram esta semana que os títulos de dívida soberana ajudou a impulsionar os lucros semestrais, caso do Santander Totta.
Os custos operativos sobem 2% para 236 milhões, com o banco a falar em “medidas de controlo de custos, mesmo com investimento no negócio e na transformação digital”.
Ainda na parte boa, o crédito a clientes aumentou 2,8% para superar os 23 mil milhões de euros. “O crescimento do crédito a empresas é reflexo do continuado apoio ao tecido empresarial nacional, transversal a todos os setores (nomeadamente industria, comércio, atividades imobiliárias e turismo e serviços) e a todas as empresas, com um foco especial nas PME”, frisa o banco.
Imparidades também duplicam
Em termos consolidados, o banco registou um reforço de provisões no montante de 515 milhões de euros, mais 266,5 milhões de euros face a junho de 2018. Isto ajuda a explicar os prejuízos do banco no semestre e o pedido de dinheiro (540 milhões) que o banco já prevê fazer ao Fundo de Resolução no âmbito do mecanismo de capital contingente.
Deste montante de imparidades e provisões, o Novo Banco fez dotações para crédito no valor de 166,7 milhões de euros, enquanto as provisões para outros ativos e contingências ascenderam a 353 milhões de euros, dos quais 229 milhões estão relacionados com a venda das carteiras Sertorius e Albatroz e 58 milhões para a seguradora GNB Vida.
No que toca à atividade do grupo, o produto bancário somou 9,1% para 414,8 milhões de euros, à boleia da margem financeira. As comissões caíram para 152,3 milhões.
Ao nível dos custos com pessoal, totalizaram 133,4 milhões de euros (-0,3% em termos homólogos), para o que contribuiu a redução de 103 colaboradores. Em 30 de junho de 2019 o Novo Banco tinha 4.993 colaboradores.
(Notícia atualizada às 18h30)
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