China e EUA voltam a discutir acordo comercial em outubro
Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.
As delegações da China e Estados Unidos que negoceiam um acordo comercial vão voltar a reunir em outubro, em Washington, informou o Governo chinês, numa altura de crescentes disputas entre os dois países.
“Os dois lados concordaram em realizar a décima terceira rodada de negociações económicas e comerciais de alto nível em Washington, no início de outubro, antes da qual estarão em constante contacto”, revela o comunicado.
A mesma nota confirma que as delegações vão reunir, em meados de setembro, como anteriormente anunciado, “para preparar um progresso significativo durante as negociações de alto nível”.
“Ambas as partes concordaram que deveriam trabalhar juntas e tomar medidas práticas para criar condições favoráveis às negociações”, aponta.
A nova rodada de negociações ficou marcada após uma conversa via telefone, segundo a mesma fonte.
No telefonema participaram, do lado de Pequim, o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, que lidera a delegação chinesa, o ministro do Comércio, Zhong Shan, o governador do banco central, Yi Gang, e o vice-diretor da poderosa Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Ning Jizhen.
Do lado dos EUA, participaram o representante do Comércio e o secretário do Tesouro, Robert Lighthizer e Steven Mnuchin, respetivamente.
O telefonema realizou-se no domingo, no mesmo dia em que entraram em vigor, nos Estados Unidos, novas taxas alfandegárias, de 15%, sobre cerca de 300 mil milhões de dólares de importações oriundas da China.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou também que vai elevar as taxas de 25% para 30%, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China, a partir de outubro.
Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um, numa guerra comercial que espoletou há mais de um ano.
No cerne da guerra comercial está a política de Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.
As disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo ameaçam também a economia mundial: o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu este mês as suas projeções de expansão global para 3,2%, em 2019, um décimo a menos do que as previsões feitas em abril.
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