Para quando o Orçamento do Estado de 2020? Há nove etapas a ultrapassar
Até à apresentação do Orçamento do Estado há várias etapas para cumprir. Na frente política, Marcelo e Costa põem a formação do Governo a andar. Na frente orçamental, Centeno tem o OE em preparação.
As eleições legislativas abrem um processo de formação do Governo com várias etapas que é preciso cumprir. A primeira aconteceu já na terça-feira com Marcelo Rebelo de Sousa a indigitar António Costa como primeiro-ministro. O ECO foi ver quais os passos que se seguem até à apresentação do Orçamento do Estado para 2020 e que balizas o Governo receberá entretanto para elaborar o primeiro Orçamento da nova legislatura.
- Depois das eleições de domingo, o Presidente da República decidiu ouvir já esta terça-feira os dez partidos com assento parlamentar com vista à indigitação do primeiro-ministro. Marcelo Rebelo de Sousa tem pressa na formação do Governo para que António Costa possa ir à reunião do Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro sobre o Brexit com informação de cada um destes partidos sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. Nas eleições de domingo, o PS saiu vencedor, mas os 106 deputados não chegam para aprovar leis. O líder socialista quer fazer uma geringonça alargada que inclua além do Bloco de Esquerda, do PCP e dos Verdes, o PAN e o Livre.
- Na quarta-feira, Costa quer reunir-se com os partidos de quem quer apoio parlamentar. Nestes encontros poderão ser discutidas questões como o tipo de acordo que cada partido pode e quer fazer com o PS — se um acordo formal ou não — e quais as matérias que podem estar na base de eventuais entendimentos.
- Apesar da urgência imposta pelo Chefe de Estado, não pode haver qualquer tomada de posse antes de serem publicados os resultados gerais da eleição para a Assembleia da República. No domingo foram atribuídos os mandatos dos deputados para o território nacional, mas falta distribuir os quatro lugares que são eleitos pelo círculo da Europa e fora da Europa. O resultado do apuramento geral tem de ser conhecido até dez dias depois das eleições, ou seja, até 16 de outubro.
- Até lá, nos ministérios os membros do atual Governo preparam as pastas de transição onde é deixado um ponto de situação de cada um dos dossiers para o futuro governante. Tendo em conta que das eleições saiu um resultado em que um Governo PS sucede a um Governo PS, esta tarefa pode ser menos complexa do que quando muda a cor política do Executivo.
- Ao mesmo tempo, no Ministério das Finanças já está em preparação o esboço do Orçamento do Estado para 2020 que o Governo vai enviar para a Comissão Europeia a 15 de outubro. O documento serve para dar a Bruxelas as primeiras indicações sobre perspetivas orçamentais e económicas para o próximo ano. Porém, ainda não contém os impactos das medidas de política que o Governo quererá adotar. Mas se, por um lado, este exercício vai beneficiar das revisões em alta do PIB no primeiro semestre do ano e em baixa do défice do ano passado, por outro, poderá ser negativamente afetado pelo corte de previsões a nível mundial. O Fundo Monetário Internacional (FMI) fala em “abrandamento sincronizado”.
- Enquanto nas Finanças se constrói o famoso draft do Orçamento, a equipa de Mário Centeno conhece dois documentos importantes que podem ajudar a balizar as opções futuras. Esta quinta-feira, o Banco de Portugal publica o Boletim Económico de Outono onde inclui uma projeção macroeconómica para o ano em curso (atualmente o banco central vê o PIB a crescer 1,7%). No mesmo dia, o Conselho das Finanças Públicas atualiza as projeções económicas e orçamentais para 2019/2023 e apresenta aquelas que considera serem as condicionantes para as finanças públicas para a legislatura que agora começa.
- No plano político, os 230 novos deputados tomam posse três dias depois do apuramento dos resultados gerais das legislativas. Segue-se a tomada de posse do Governo, que sai do novo Parlamento eleito, e depois de o primeiro-ministro indigitado ter apresentado ao Presidente da República a nova orgânica e composição. O Jornal de Notícias adiantava na edição desta terça-feira que o novo Executivo poderia tomar posse a 24 ou 25 de outubro.
- Após a posse, o Governo tem dez dias para enviar para o Parlamento o Programa de Governo, cujo debate não pode ultrapassar três dias. Este documento — que será a base programática para toda a legislatura — poderá ter em conta também o resultado das negociações à esquerda, tendo em conta que o Governo venceu as eleições, mas não tem maioria no Parlamento.
- Também depois da posse começam a correr os 90 dias para o Governo apresentar o Orçamento do Estado para 2020. Se for todo usado, e se se confirmar a informação do Jornal de Notícias, o documento pode chegar às mãos dos deputados por volta de 24/25 de janeiro. Uns dias antes do dia de 5 de fevereiro, que aconteceu no arranque da legislatura que agora termina.
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