Bancos querem começar a cobrar comissões nos depósitos das empresas públicas
Pablo Forero revelou que banco está a apoiar "totalmente" a ação da APB junto do Banco de Portugal para começar a cobrar comissão pelos depósitos de multinacionais e de empresas públicas.
O BPI já começou a aplicar uma comissão pelos depósitos de grandes clientes financeiros para compensar os juros negativos do Banco Central Europeu (BCE). Mas também quer cobrar pelos depósitos de multinacionais e das empresas públicas. Está só a aguardar uma decisão do Banco de Portugal em relação a um pedido feito por parte da associação que representa o setor para começar a fazê-lo.
“Gostaríamos, se for possível, quando o Banco de Portugal considerar oportuno, cobrar uma comissão pelos depósitos às grandes empresas multinacionais e às empresas institucionais, a empresas públicas, fundamentalmente. Isso seria o que nós gostaríamos”, referiu Pablo Forero, presidente executivo do BPI, na conferência de apresentação de resultados. O BPI registou lucros de 253,6 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. É uma quebra de mais de 50% face ao período homólogo em que os resultados líquidos dispararam à conta de ganhos extraordinários.
“Naturalmente, estamos a apoiar a ação da Associação Portuguesa de Bancos (APB) junto do Banco de Portugal nesse sentido. Apoiamos totalmente”, sublinhou Pablo Forero, sinalizando que todos os bancos do sistema pretendem avançar com essa comissão numa altura em que sentem o impacto das taxas negativas do BCE.
Para já, o BPI está a cobrar uma comissão de 0,3% aos grandes clientes institucionais, como fundos de pensões e seguradoras. Foi o suficiente para o banco ter conseguido reduzir o stock de depósitos destes clientes em quase 600 milhões de euros desde o início do ano, para 350 milhões de euros no final de setembro. Forero adiantou esta segunda-feira que o BPI já está a avisar estes clientes que vai agravar a comissão para 0,5% no início do próximo ano e espera, por isso, que o stock continue a cair.
“Os depósitos das instituições financeiras estão a custar-nos dinheiro e a penalizar a nossa conta de resultados. As instituições financeiras são profissionais como os bancos, têm acesso às repos e aos bilhetes do Tesouro, mas fazem os depósitos nos bancos porque conseguem 0%, enquanto no mercado de repos e de bilhetes do Tesouro têm rendimentos negativos. Se o saldo continuar a cair, é bem-vindo”, referiu o líder do BPI.
Gostaríamos, se for possível, quando o Banco de Portugal considerar oportuno, cobrar uma comissão pelos depósitos às grandes empresas multinacionais e às empresas institucionais, a empresas públicas, fundamentalmente.
“Damos sempre um pré-aviso de várias semanas para poderem fazer o que quiserem ao dinheiro. Calculamos que os depósitos destes clientes vão continuar a descer”, explicou ainda, frisando que o banco não tem a intenção de cobrar pelos depósitos de particulares ou PME.
O que acontece atualmente é que por causa da ação de política monetária BCE, o excesso de liquidez das instituições financeiras, que fica depositado na conta do banco central, é penalizado com uma taxa negativa que pode ir até -0,5%.
Em Portugal, ao contrário de outros países, não é permitido aplicar uma taxa de juro negativa nos depósitos, razão pela qual vários banqueiros vieram reclamar há duas semanas uma mudança na lei portuguesa para “jogarem” com as mesmas regras dos bancos europeus. No entanto, ao ECO, fonte oficial do Ministério das Finanças rejeitou qualquer alteração ao quadro em vigor.
Para contornar esta impossibilidade, os bancos estão a aplicar uma comissão nos depósitos de instituições financeiras (em vez de uma taxa de juro negativa), como já acontece no BCP e no BPI. Mas está em cima da mesa a possibilidade de alargar o âmbito desta comissão a empresas do setor público e grandes multinacionais.
(Notícia atualizada às 13h07)
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