Saíram mais de 16 mil trabalhadores da banca desde a crise. Fecharam 2.600 balcões
Na última década, a banca portuguesa sofreu um ajustamento notável. Desde a crise de 2008, fecharam mais de 2.600 agências e reduziram em mais de 16 mil o número de trabalhadores.
Os bancos portugueses fecharam 2.656 balcões desde 2008, ano em que rebentou a crise financeira mundial. Desde então, saíram do setor mais de 16 mil trabalhadores, num período conturbado da vida financeira, mas também económica, em Portugal, com o desaparecimento de instituições financeiras com o BPN, Banif e BES.
Os números revelam o forte ajustamento que a banca nacional sofreu na última década. Após a crise financeira mundial, que rebentou em 2008 nos EUA, seguiu-se a crise da dívida soberana em Portugal — pediu ajuda internacional em 2011. Esta transformação foi depois acelerada por outros fatores, como a resolução de bancos, a inovação tecnológica e também a política monetária do Banco Central Europeu (BCE), entre outros.
O Banco de Portugal revelou esta terça-feira as “Séries Longas do Setor Bancário Português 1990-2018“, que fornece um olhar sobre a realidade da banca nas últimas três décadas.
Se a década de 1990 e o início da década de 2000 foram anos de expansão da rede comercial dos bancos, a viragem para a última década trouxe uma nova realidade mundial. O ajustamento do número de balcões e do número de trabalhadores ainda hoje continua, com os bancos a procurarem ser mais eficientes nos custos, alguns dos quais a prosseguirem reestruturações até por exigência das autoridades europeias.
Banca perde empregos
Fonte: Banco de Portugal
O próprio Banco de Portugal faz um retrato do que se passou no setor nos últimos 30 anos. “Desde 1990, verificou-se um forte crescimento do setor bancário, acompanhado por um aumento do seu nível de concentração durante a década de 90, destacando-se dois períodos em que se verificaram importantes operações de fusão e aquisição, em 1995 e 2000”, refere o supervisor.
“A expansão da banca portuguesa ocorreu também além-fronteiras, tendência invertida com a crise financeira. A partir de 2012 tem-se verificado uma forte redução da atividade internacional. (…) Nos últimos anos, viveu-se um contexto de assinalável redução do número de trabalhadores. Ainda assim, o setor caracteriza-se pela predominância de colaboradores com muitos anos de experiência e de idade”, retrata o Banco de Portugal.
E fecha balcões
Fonte: Banco de Portugal
Os bancos em Portugal dispunham no final de 2018 de uma rede com um total de 5.204 balcões que empregavam 62.895 trabalhadores.
Não foram só as instituições portuguesas que reduziram a sua dimensão, tanto no mercado nacional como internacionalmente. Também bancos estrangeiros presentes no mercado português ficaram mais pequenos. O número de balcões de bancos estrangeiros foi reduzido em 400 desde 2008, havendo agora 1.019 agências de bancos internacionais que empregam quase 15 mil trabalhadores.
Apesar do forte ajustamento verificado na última década, Portugal tinha no ano passado 405 agências por cada milhão de habitantes, um rácio superior à média da Zona Euro, que é de 395 agências por milhão de habitantes.
Em relação aos trabalhadores, o Banco de Portugal diz que o peso do setor bancário no total do emprego tem diminuído na generalidade dos países, e esse peso é inferior em Portugal, traduzindo a menor dimensão do setor na economia portuguesa. Em números: em 2018, na área do euro, por cada mil pessoas, 5,4 trabalham no setor bancário, enquanto esse número é de 4,5 em Portugal.
(Notícia atualizada às 14h08 com mais informação)
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