Irão descobre campo de petróleo com 50 mil milhões de barris

  • Lusa
  • 10 Novembro 2019

Atualmente as reservas provadas de petróleo do país ascendem a 150 mil milhões de barris. Com a descoberta agora anunciada, as reservas provadas de petróleo do Irão aumentaram em cerca de um terço.

O Presidente do Irão, Hassan Rouhani, anunciou este domingo a descoberta de um novo campo de petróleo, no sul do país, com capacidade para mais de 50 mil milhões de barris. Com a descoberta agora anunciada, as reservas provadas de petróleo do Irão aumentaram em cerca de um terço.

Atualmente, de acordo com dados das autoridades iranianas, as reservas provadas de petróleo do país ascendem a 150 mil milhões de barris. As reservas provadas referem-se a petróleo cuja extração é economicamente viável, ainda que a forma como são calculadas varia de país para pais.

O novo campo de petróleo será o segundo maior do Irão, a seguir ao de Ahvaz, com capacidade para produção de 65 mil milhões de barris de crude. O anúncio do Presidente iraniano foi feito na cidade de Yazd, tendo Hassan Rouhani adiantado que o novo campo fica situado na província de Khuzestan, uma zona rica em petróleo.

Citado pela Fars, agência de notícias semi-oficial, o Presidente iraniano assinalou que iria informar a Casa Branca que no dia em que os Estados Unidos da América impuseram sanções à venda de petróleo iraniano, os trabalhadores e engenheiros do país fizeram esta descoberta do novo campo.

A indústria de petróleo do Irão tem estado sob pressão na sequência das sanções impostas pelos Estados Unidos da América motivas pelo fim do acordo nuclear.

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5G: Portugal no top 10 dos países da UE com mais testes desta tecnologia

  • Lusa
  • 10 Novembro 2019

Havia 165 projetos-pilotos em curso na UE em setembro, num total de 125 cidades consideradas como habilitadas para receber a tecnologia 5G. Em Portugal, essas cidades são Aveiro, Évora e Porto.

Portugal está no top dos 10 países da União Europeia (UE) com mais testes da tecnologia móvel de quinta geração (5G), com projetos-pilotos em três cidades, mas ainda não faz parte dos Estados-membros com planos nacionais, segundo dados de Bruxelas.

A informação consta de um relatório de setembro (o mais recente) do Observatório Europeu para o 5G, estrutura criada no ano passado pela Comissão Europeia, que revela que “os 10 principais países europeus onde estão a ser promovidos testes [relativos à tecnologia] são Espanha, França, Itália, Alemanha, Reino Unido, Finlândia, Holanda, Portugal, Estónia e Roménia”.

Segundo o documento, eram 165 os projetos-pilotos (mais do que os 138 realizados em março passado) em curso na UE em setembro passado, num total de 125 cidades nos Estados-membros consideradas como habilitadas para receber a tecnologia 5G.

Em Portugal, essas cidades são Aveiro, Évora e Porto, de acordo com o relatório do Observatório Europeu para o 5G, que precisa que em causa estão testes relativos às infraestruturas, mas também a corredores tecnológicos, que são feitos por privados e também no âmbito de parcerias público-privadas.

Os países da UE com mais cidades habilitadas para a tecnologia 5G eram, em setembro, Espanha (24), França (15), Itália (13), Alemanha (nove) e Reino Unido (oito), segundo o documento.

Ainda relativamente a Portugal, são apontadas no relatório datas relativamente ao lançamento comercial do 5G pela Altice (segundo semestre de 2019), pela Vodafone (final de 2019) e pela NOS (em 2020), as três principais operadoras de telecomunicações no país.

Porém, estes prazos podem não se manter, já que Portugal falhou a data prevista para apresentação de uma estratégia nacional para esta tecnologia, que era o verão passado. Por essa razão, Portugal não figura entre os 11 Estados-membros apontados no relatório com planos e roteiros já divulgados, que são Espanha, França, Áustria, Luxemburgo, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Reino Unido, Suécia, Finlândia e Estónia.

Já cumprido por Portugal foi o prazo de realizar, no ano passado, uma consulta pública ao mercado sobre o espetro a utilizar no 5G. Nessa auscultação, feita pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) entre março e maio de 2018, chegou-se à conclusão de que a faixa que reunia mais interessados era a dos 700 mega-hertz (MHz), implicando uma migração da Televisão Digital Terrestre (TDT), embora tenham sido assinaladas outras, como a dos 3,6 giga-hertz (GHz).

Já mais recentemente, no final de outubro deste ano, a Anacom divulgou o projeto de decisão para a atribuição de frequências no 5G, indicando que esta alocação será feita através de leilão até agosto de 2020.

De acordo com o calendário indicativo proposto pela Anacom, o início do leilão de atribuição das licenças para o 5G decorrerá em abril do próximo ano, estando o seu encerramento previsto para junho, pelo que a conclusão dos procedimentos de atribuição de direitos de utilização de frequência (DUF) será entre junho e agosto.

O relatório do Observatório Europeu para o 5G dá também conta destes leilões de espetro programados para 2020 em Portugal, referindo que em causa está a faixa dos 700 MHz. O documento precisa que, em setembro deste ano, estavam disponíveis no país as frequências 703-733 e 758-788 MHz.

No relatório, Portugal surge ainda associado a dois dos 11 corredores transfronteiriços para o 5G, que ligarão, respetivamente, as cidades de Porto e de Évora às localidades espanholas de Vigo e Mérida, no seguimento de compromissos assumidos no ano passado.

O corredor entre Porto e Vigo será construído no âmbito de um programa de apoio financeiro para parcerias público-privadas no 5G. Juntamente com outros dois projetos (entre França, Luxemburgo e Alemanha e entre Itália e Alemanha), representa um montante total de 63 milhões de euros (50 milhões de euros dos quais suportados por verbas comunitárias).

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5G: Bruxelas considera que não existem “soluções milagrosas” para cibersegurança

  • Lusa
  • 10 Novembro 2019

Comissário europeu para a União da Segurança diz que já houve debate sobre cibersegurança nas redes 5G, incluindo sobre criação de padrões técnicos para operadores e à diversificação de fornecedores.

O comissário europeu para a União da Segurança, Julian King, considerou este domingo que não existem “soluções milagrosas” para cibersegurança nas redes móveis de quinta geração (5G), pelo que defendeu uma ação conjunta dos Estados-membros na União Europeia (UE).

“Já houve algum debate público [sobre a cibersegurança nas redes 5G] e algumas dessas discussões referem-se à [criação de] padrões técnicos para operadores e à diversificação de fornecedores, enquanto outras destacam a necessidade de medidas de monitorização e certificação”, afirmou Julian King numa declaração escrita enviada à agência Lusa.

Porém, continuou o responsável, “nenhumas dessas [medidas propostas] serão soluções milagrosas”. De acordo com Julian King, “não só o 5G é uma tecnologia complexa, porque envolverá milhares de milhões de dispositivos conectados, como também representa o caminho para um novo ecossistema digital”.

E, “nos casos em que a segurança não pode ser assegurada pela estrutura, terá de ser por escolhas – escolhas essas que, por vezes, terão de ser feitas pelos Estados-membros e não pela indústria”, vincou o comissário europeu, numa alusão à permissão dada por Bruxelas a que os países possam, futuramente, excluir alguns fornecedores dos seus mercados por razões de segurança.

“Para permanecermos resilientes num clima geopolítico em mudança, temos de agir em conjunto para identificar e mitigar potenciais fraquezas e vulnerabilidades que possam prejudicar a nossa segurança coletiva, podendo, inclusive, agir juntamente com parceiros internacionais que pensam da mesma forma”, defendeu Julian King.

O comissário europeu rejeitou ainda a existência “de um conceito de total independência tecnológica numa economia global, aberta e interligada”, como a da UE.

Assumida como uma prioridade europeia desde 2016, a aposta no 5G já motivou também preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão Europeia, em março deste ano, a fazer recomendações de atuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir empresas ‘arriscadas’ dos seus mercados.

Bruxelas pediu, também nessa altura, que cada país analisasse os riscos nacionais com o 5G, o que aconteceu até junho passado, seguindo-se agora a adoção de medidas comuns para mitigar estas ameaças, isto até final do ano. Nessa análise feita aos riscos nacionais, os Estados-membros detetaram a possibilidade de ocorrência de casos de espionagem ou de ciberataques vindos, nomeadamente, de países terceiros.

A conclusão surgiu numa altura em que a fabricante chinesa Huawei está no centro da polémica por alegada espionagem em equipamentos 5G, no seguimento de suspeitas lançadas pelos Estados Unidos sobre a instalação de ‘back doors’ (portas traseiras de acesso), o que a tecnológica tem vindo a rejeitar, reiterando a falta de provas.

A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias.

Na declaração enviada à Lusa, Julian King assinalou ainda que o 5G representa um “ponto de inflexão tecnológico”, pelo que realçou a importância de os Estados-membros conseguirem adotar, em conjunto, uma “caixa de ferramentas com possíveis medidas para mitigar os riscos associados à cibersegurança para redes 5G”.

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Espanhóis estão “fartos” de eleições e querem compromissos

  • Lusa
  • 10 Novembro 2019

São as quartas eleições gerais em Espanha no espaço de quatro anos e os espanhóis estão "fartos" e exigem compromissos políticos.

Os eleitores espanhóis estão “fartos” de eleições, mas com a esperança de que os partidos políticos cheguem finalmente a um acordo que acabe o impasse político. “Estou farto de eleições, mas a democracia é assim mesmo”, disse à Lusa Jua, que tinha acabado de votar numa das urnas instaladas na Escola Primária Manuel Sáinz de Vicuna, no bairro de Moratalaz de Madrid. Este espanhol de 48 anos espera “que, desta vez, os partidos possam chegar a acordo”, para haver um Governo “estável” que faça “avançar” o país.

Cerca de 37 milhões de espanhóis estão a exercer o seu direito de voto desde as 09h00 (08h00 em Lisboa) até às 20h00 (19h00) para escolher 350 deputados e 208 senadores das Cortes Gerais, numa votação que se repete pela quarta vez em quatro anos.

“Já não acredito em nenhum partido, cada um só pensa em si e não sei se vão desbloquear o atual impasse”, disse, acompanhada pelo marido, Joana, de 65 anos, acrescentando que, apesar de estar “cansada de votar”, é preciso cumprir o dever cívico.

O bairro de Maratalaz foi construído num momento de grande crescimento económico, nos anos 60 do século passado, começando por ser um bastião da esquerda para, à medida que a sua população foi envelhecendo, votar maioritariamente à direita.

“Não quero voltar para votar mais uma vez. Os partidos deviam ser obrigados a chegar a um acordo”, afirmou Maribel, de 55 anos, que deu o exemplo das crianças da escola que “agora” aprendem que na vida “é preciso fazer compromissos” entre pessoas que não pensam da mesma forma.

No parque desportivo à entrada do estabelecimento de ensino, quatro polícias asseguravam que a votação decorria normalmente, a maior parte do tempo despreocupados, a conversar entre eles e com alguns dos eleitores conhecidos, numa manhã relativamente fria de sol.

“Acho que é boa a situação atual de haver muitos partidos. Há mais diversidade, mas têm de chegar a acordo entre eles”, afirmou Manuel, de 45 anos, sem saudades dos quase 40 anos em que PSOE (socialistas) e PP (direita) se intercalavam com maiorias absolutas no Governo.

Nas últimas eleições, em 28 de abril último, o PSOE teve 28,7% dos votos, seguido pelo PP 16,7%, o Cidadãos (direita liberal) 15,9%, o Unidas Podemos (extrema-esquerda) 14,3% e o Vox (extrema-direita) 10,3%. Agora junta-se o Mais País, uma formação criada a partir de uma cisão do Podemos.

“Mais partidos não é necessariamente mau, mas as pessoas estão cada vez mais desmobilizadas”, opinou Juan Miguel, de 45 anos, depois de votar, acrescentado esperar que o PSOE, desta vez, chegue a um “acordo com a esquerda e não com a direita”.

Seis meses depois da última consulta, as sondagens indicam que o voto está cada vez mais fragmentado, com o PSOE a perder força, a extrema-direita do Vox a subir e um equilíbrio entre os blocos de partidos de esquerda e de direita.

O fiel da balança vai continuar a estar numa série de pequenos partidos de âmbito regional, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães responsáveis pela queda do anterior executivo socialista e de quem ninguém quer ficar a depender.

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Bloco pede a Costa para travar apoios ao Novo Banco

  • Lusa e ECO
  • 9 Novembro 2019

Depois de anunciados os prejuízos do Novo Banco e a perspetiva de mais um pedido de centenas de milhões ao Fundo de Resolução, Catarina Martins quer intervenção de Costa.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse que “o Governo não deve autorizar mais pagamentos ao Novo Banco sem saber o que se passa”, realçando que o país tem direito a respostas. A afirmação da líder bloquista é feita depois de o Novo Banco anunciar prejuízos de 572,3 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, antecipando um novo pedido vultuoso ao Fundo de Resolução em março do próximo ano.

“O mínimo dos mínimos é o Governo não autorizar mais pagamentos ao Novo Banco sem saber exatamente como estão as coisas e sem nomear administrador público”, anotou Catarina Martins.

Aos jornalistas, a coordenadora do BE recordou que os bloquistas tinham avisado que a resolução do BES “ia custar muito dinheiro aos contribuintes” e vendê-lo a privados seria um erro. “Dissemos que era um erro vender o Novo Banco a privados porque iríamos continuar a pagá-lo mesmo depois de o vender, ou de o oferecer, oferecemo-lo”, considerou.

Segundo Catarina Martins, o Governo tem ainda de nomear um administrador para perceber o que o Novo Banco está a fazer com o dinheiro dos contribuintes. “O Estado tem de ter administrador. Não só para saber o que se passa, mas para poder responder a todo o país. […] Todo o país tem perguntas para fazer sobre o que se está a passar no Novo Banco e tem direito às respostas”, disse.

Num comunicado enviado, na sexta-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Novo Banco indica que o resultado dos primeiros nove meses é “decorrente da combinação de uma perda de 712,4 milhões de euros na atividade ‘legacy’ e de um ganho de 140,1 milhões de euros na atividade recorrente”.

“Neste período, o Grupo Novo Banco registou perdas relacionadas com o processo de restruturação e desalavancagem de ativos não produtivos, designadamente o projeto Sertorius, o projeto Albatros, o projeto NATA II e o processo de venda da GNB Vida, cujo impacto negativo ascendeu a 391 milhões de eur

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Brexit: Moody’s desce perspetiva do rating de Reino Unido devido a “paralisia” política

  • Lusa
  • 9 Novembro 2019

A agência de notação aponta dois fatores para a alteração. Por um lado, enfraquecimento das instituições do Reino Unido enfraqueceram e, por outro, perspetiva de menor força económica e orçamental.

A agência de notação Moody’s desceu a perspetiva do rating do Reino Unido para negativa, argumentando que a sua capacidade de definição de políticas enfraqueceu na “era Brexit”, assim como o compromisso com a disciplina orçamental. A Moody’s manteve, na sexta-feira, o rating do Reino Unido em Aa2, mas a mudança da perspetiva, de estável para negativa, significa que pode baixar a nota que atribui ao país em breve.

A agência de rating aponta dois fatores na origem da alteração. Por um lado, “as instituições do Reino Unido enfraqueceram, à medida que lutavam para lidar com a magnitude dos desafios políticos que enfrentam atualmente, incluindo os relacionados com a política orçamental”.

Por outro lado, indica a Moody’s, “a força económica e orçamental do Reino Unido será provavelmente mais fraca no futuro e mais suscetível a choques do que assumido anteriormente”.

No comunicado, a agência de notação financeira afirma que “a crescente inércia e, às vezes, a paralisia que caracterizaram o processo de formulação de políticas na era do Brexit [saída dos britânicos da União Europeia] ilustraram como a capacidade e previsibilidade que distinguiram tradicionalmente a estrutura institucional do Reino Unido diminuíram”.

No comunicado, divulgado esta sexta-feira, a Moody’s indica que “o Brexit tem sido o catalisador da erosão na força institucional”. Além disso, “para a Moody’s, o declínio da força institucional parece ser de natureza estrutural e provavelmente sobreviverá ao Brexit, face às profundas divisões na sociedade e no cenário político do país“.

Segundo a agência de notícias Bloomberg, o rating do Reino Unido não é alvo de um corte há mais de dois anos, estando atualmente classificado como ‘AA’, o terceiro nível mais elevado, pela Standard & Poor’s, e em ‘AA-‘ pela Fitch, que, juntamente com a Moody’s são as três principais agências de notação financeira à escala mundial. Standard & Poor’s e Fitch também têm a classificação atribuída ao Reino Unido com perspetiva negativa.

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Eleições antecipadas em Espanha podem ser tiro no pé para Sanchéz

Depois de tentar uma geringonça em Espanha, sem sucesso, Pedro Sanchéz convocou eleições antecipadas para reforçar o seu poder. Com o PP e o Vox a crescer, o tiro pode sair pela culatra.

Quis replicar uma geringonça à espanhola, ao mesmo tempo que reclamava protagonismo para Espanha no palco europeu, mas depois de conseguir reforçar os socialistas espanhóis nas eleições de abril, esteve sete meses sem conseguir formar Governo. Pedro Sanchéz avançou para eleições antecipadas, confiante nas sondagens, mas o tiro pode sair-lhe pela culatra, como aconteceu com David Cameron, Matteo Renzi, Theresa May, Alexis Tsipras… e o próprio Pedro Sanchéz na liderança do PSOE em 2016.

Os protagonistas são os mesmos, mas o final pode ser muito diferente. Pedro Sanchéz conseguiu chegar ao poder em junho de 2018, quando o Parlamento espanhol aprovou uma moção de censura ao Governo de Mariano Rajoy. Nomeado pelo Rei de Espanha para formar Governo, o socialista só enfrentou as suas primeiras eleições em abril deste ano.

A campanha foi toda ela muito semelhante ao que aconteceu em Portugal em 2015, com Pedro Sanchéz a fazer campanha por uma esquerda unida e piscando o olho ao Podemos de Pablo Iglesias para recriar uma geringonça à espanhola.

O PSOE venceu, saiu reforçado das eleições e tinha na mão a possibilidade de concretizar o que o seu líder vinha a defender. No entanto, ao fim de sete meses de disputas, algumas delas públicas, Pedro Sanchéz terminou as negociações com Pablo Iglesias.

Pablo Iglesias, líder do Podemos, durante as negociações com Pedro Sanchéz, no Palácio da Moncloa.

As duas partes estavam separadas por um ponto fulcral. Pedro Sanchéz queria um acordo de incidência parlamentar com o Podemos, tal como existiu em Portugal na legislatura passada, mas o Podemos só aceitava uma coligação formal, o que implicava a sua entrada no Governo.

Com o bloqueio dos partidos da direita à investidura de Pedro Sanchéz, o primeiro-ministro espanhol decidiu convocar eleições antecipadas na expectativa de que os espanhóis apostassem nos socialistas para vencer o bloqueio que se vive em Espanha.

Desde 2011 que nenhum partido consegue maioria absoluta para governar em Espanha. Os vários escândalos de corrupção que envolveram o Partido Popular espanhol, assim com os anos de crise e de medidas de austeridade retiraram a maioria ao PP em 2015. Desde então, a quarta maior economia da Zona Euro vai para a sua quarta eleição em apenas quatro anos.

Apesar da instabilidade, a economia espanhola conseguiu crescer perto de 2% e 3% nos últimos quatro anos. O crescimento foi um dos mais expressivos na Zona Euro, em parte, como viria a admitir a Comissão Europeia, porque nos anos de 2016 a 2018, quando a economia cresceu mais, a ausência de um Governo com maioria no Parlamento levou a que a redução do défice que era exigida não foi feita. Estes gastos do Estado foram transmitidos à economia, em forma de investimento e de salários aos trabalhadores do Estado.

Portugal acabou por ser um dos mais beneficiados desta ‘inação’. Espanha é o maior parceiro comercial de Portugal e, apesar de outros mercados — como Alemanha, França e Estados Unidos — estarem a arrefecer a sua procura externa dirigida a Portugal, a economia espanhola continuou a registar crescimentos robustos.

Ganhar na Europa para reforçar poder em casa

Enquanto não conseguia apoio para formar Governo em Espanha, Pedro Sanchéz apostou no reforço da imagem e da influência espanhola na União Europeia.

Durante anos, Espanha reclamava que, como quarta maior economia da Zona Euro, merecia mais representatividade nas estruturas de topo europeias e que a sua voz fosse ouvida com mais atenção no Conselho Europeu.

Mariano Rajoy tentou, por duas vezes, colocar Luis de Guindos na liderança do Eurogrupo, mas falhou sempre. Até abrir uma vaga na vice-presidência do Banco Central Europeu, os espanhóis não tinham qualquer cargo de topo na Europa. Ainda assim, para conseguir a vice-presidência do BCE, Luis de Guindos teve de apoiar a pretensão dos socialistas à manutenção da presidência do Eurogrupo, no caso com a eleição de Mário Centeno.

A representação de Espanha estava a ser bloqueada por várias razões, desde logo porque foi a única das grandes economias a pedir um resgate à troika — embora apenas para recapitalizar o setor bancário. Espanha era também a única destas que ainda enfrentava um procedimento dos défices excessivos, chegando a enfrentar a ameaça de multas pela Comissão Europeia ao mesmo tempo que Portugal, em 2017. Só em 2019 é Espanha conseguiria abandonar este procedimento, mais de uma década depois de ter sido aberto. Acresce o facto de Mariano Rajoy fazer parte da família política do PPE, o grupo com mais líderes de governo na Europa, e que já tinha quase todas as presidências das instituições europeias.

Pedro Sanchéz conseguiu fazer o que Mariano Rajoy não conseguiu. Assumiu a liderança dos socialistas na negociação dos cargos de topo na Europa, foi ele quem negociou diretamente com Angela Merkel e Emmanuel Macron e ainda conseguiu para Espanha a pasta do Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, uma pasta reforçada com a ajuda ao desenvolvimento em África, a ajuda humanitária e um envelope financeiro significativo, na nova Comissão de Ursula Von der Leyen.

Emmanuel Macron, Pedro Sanchéz, Donald Tusk e Angela Merkel conversam durante a última reunião do Conselho Europeu.

“Espanha está de volta”. Foi assim que Pedro Sanchéz anunciou as suas conquistas na reunião de julho de onde saiu a escolha de Ursula von der Leyen para a Comissão Europeia, na mesma conferência de imprensa em que se auto designou o único negociador dos socialistas europeus no Conselho Europeu – nem sequer referindo o outro negociador, António Costa.

Acertar em cheio na Europa, mas no pé em Espanha

As eleições de abril não deram só a vitória ao PSOE. O resultado foi desastroso para o principal partido da oposição o PP, que teve o pior resultado numas eleições legislativas na sua história.

Apesar de não ter maioria para conseguir formar Governo sem o apoio do Podemos e de partidos regionais, Pedro Sanchéz foi subindo de popularidade nos primeiros meses após as eleições e o PP de Pablo Casado chegou a cair para quarto partido nas intenções de voto.

Munido de sondagens positivas e de uma mensagem em que culpabiliza o Podemos pela incapacidade de formar Governo, Pedro Sanchéz decidiu convocar eleições em Espanha. Desde esse momento, a sua popularidade começou a cair (e a do Partido Popular a subir).

Mas os problemas de Pedro Sanchéz estão longe de se cingirem à recuperação do PP. O Vox, o partido de extrema-direita espanhol, pode duplicar o número de deputados e levar a um empate virtual entre os deputados dos partidos de esquerda e dos partidos de direita. Nas contas do El País, o PSOE teria assim 117 deputados, o PP surgiria em segundo com 92 e o Vox seria o terceiro partido mais votado, passando para 46 deputados.

Santiago Abascal, líder do Vox. O partido conotado com a extrema-direita pode ser dos partidos com maior crescimento nestas eleições.

O Ciudadanos, da família política dos liberais, foi o terceiro partido mais votado e tem sido dos que mais defende que para romper o bloqueio em Espanha, os partidos devem permitir a investidura do líder do partido mais votado, mesmo que seja Pedro Sanchéz. Mas o partido de Alberto Rivera pode ser o maior derrotado nas eleições deste domingo, passando de terceiro partido mais votado, para o quinto partido, e com menos de um quarto dos deputados que tem atualmente.

Na mesma linha, o Podemos de Pablo Iglesias também pode perder um quarto dos deputados que tem atualmente, fragilizando ainda mais os partidos que poderiam alinhar com Pedro Sanchéz.

A campanha tem espelhado a mudança de popularidade de Pedro Sanchéz. O primeiro-ministro espanhol endureceu o discurso contra a Catalunha para tentar captar o eleitorado do Ciudadanos: “Vamos acrescentar um novo crime ao Código Penal que proíbe, de uma vez por todas, a celebração de referendos ilegais na Catalunha“, disse o primeiro-ministro no último debate televisivo entre os principais candidatos.

No entanto, como o líder do PP apontou, quem eliminou esta possibilidade da lei foi o PSOE. Além disso, Pedro Sanchéz aliou-se a partidos regionais da Catalunha para tentar formar governo. Para piorar a sua situação, o socialista disse durante o debate que o Governo iria garantir que o antigo líder do governo catalão, Carles Puidgemont (radicado na Bélgica), iria voltar ao país e ser julgado. Logo no dia a seguir foi obrigado a desmentir-se, garantindo que o poder judicial é independente e que foi o cansaço que o levou a cometer a gafe.

Mas a direita o discurso contra a Catalunha, assolada por confrontos violentos depois da confirmação da condenação dos organizadores do referendo, endureceu substancialmente. “Não estamos no Burkina Faso, senhor Sanchéz, nem estamos no Iémen. Restabeleça a ordem na Catalunha”, disse Pablo Casado, líder do PP espanhol, durante o debate, cuja principal mensagem é que só o PP pode retirar o PSOE do poder.

Alberto Rivera, do Ciudadanos, disse que só negoceia com partidos que respeitem a Constituição. O líder do Vox, Santiago Abascal, foi ainda mais longe: “vou suspender a autonomia da Catalunha e tomar o controlo dos meios de comunicação social, da polícia e do sistema educativo da região”.

A Catalunha e quem é que é capaz de formar Governo têm sido os temas que mais dominaram a campanha, especialmente na reta final em que o Vox ganhou força nas sondagens. Completamente de fora da discussão estão os temas que os espanhóis mais querem ver discutidos, de acordo com os estudos de opinião: o desemprego ainda está acima de 14% (o desemprego jovem é superior a 30%); a economia está a abrandar e no próximo ano vai crescer metade do que cresceu em 2016; e o défice estrutural ainda é superior a 3% e pode complicar a vida em Bruxelas.

Tal como aconteceu com David Cameron quando convocou o referendo do Brexit e com Matteo Renzi que convocou um referendo a uma mudança constitucional, ambos em 2016, com Theresa May nas eleições antecipadas em 2017 e com Alexis Tsipras nas eleições antecipadas que convocou para este ano, Sanchéz queria reforçar a sua posição com novas eleições. O resultado pode ser o oposto.

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Gran Cruz transforma a Quinta de Ventozelo num hotel rural de quatro estrelas direcionado ao enoturismo

Gran Cruz recuperou a Quinta de Ventozelo e transformou-a num hotel rural de quatro estrelas em que o protagonista principal é o enoturismo. 29 quartos, museu, mercearia e sete percursos pedestres.

A Quinta de Ventozelo é uma das mais antigas propriedades da região do Douro e foi adquirido em finais de 2014 pelo grupo Gran Cruz. Entre o projeto e a construção do hotel foram necessários três anos e sete milhões de euros, apenas para a requalificação do espaço, para transforma-lo num hotel rural de quatro estrelas que tem como foco principal o enoturismo, revelou ao ECO, Jorge Dias, diretor-geral da Gran Cruz.

A hotel rural da Quinta de Ventozelo vai abrir ao público, na próxima semana e não faltarão novidades. Para além da típica piscina com vistas para o vale do Douro, o hotel vai contar com um restaurante, uma mercearia e um museu inteiramente dedicado à história da Quinta, do Douro e do Vinho do Porto.

“Depois do Grupo Gran Cruz ter comprado a Quinta de Ventozelo foram reestruturados 40 hectares de vinha e produzidas mais de 20 referências de diferentes vinhos, para além da adaptação de todo o património construído para dar asas ao hotel”, refere Jorge Dias.

A Quinta de Ventozelo é um projeto muito ligado à natureza e ao mundo rural e como tal os hóspedes podem usufruir de sete percursos pedestres entre as paisagens avassaladoras do Rio Douro.

“Não queremos que as pessoas vão para Ventozelo como se fossem para um hotel e SPA. Queremos que os hóspedes olhem para Ventozelo com um hotel e uma quinta e que possam participar no quotidiano deste tipo de ambiente”, explica ao ECO Jorge Dias, à margem da conferência “A transferência de tecnologia para as empresas”, na Fundação Serralves, no Porto.

O grupo Porto Cruz tem um volume negócios que ronda os 95 milhões de euros. Já é detentor do espaço Porto Cruz na Ribeira de Gaia e de um pequeno hotel na ribeira do Porto. Segundo o diretor-geral da Gran Cruz o objetivo é abrir o hotel rural Quinta do Ventozelo, “no máximo, dentro de duas semanas”.

Quanto ao público-alvo, são os franceses, espanhóis e portugueses, as nacionalidades mais interessadas neste tipo experiência, em que o vinho é o protagonista. O diretor-geral da Gran Cruz explica ao ECO que começa a existir uma grande procura de brasileiros e americanos. “No Douro estou convencido que vamos começar a ter uma procura cada vez maior do outro lado do Atlântico”, acrescenta.

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Trabalhadores da TSF preocupados com “situação da empresa”. Pedem reunião com administração

  • Lusa
  • 9 Novembro 2019

Plenário de trabalhadores aconteceu no seguimento da saída de Arsénio Reis da direção da rádio. "Discordam e lamentam a decisão", que foi recebida com "perplexidade".

Os jornalistas e outros trabalhadores da TSF, reunidos em plenário na sexta-feira, “manifestaram perplexidade relativamente à saída de Arsénio Reis da direção” da rádio e “discordam e lamentam a decisão”, tendo pedido uma reunião urgente à Administração.

“Reunidos em plenário em 8 de novembro de 2019, os jornalistas e outros trabalhadores da TSF Rádio Notícias manifestaram perplexidade relativamente à saída de Arsénio Reis da direção da TSF”, indica um comunicado enviado este sábado à agência Lusa.

No documento, dirigido aos membros do Conselho de Administração do Global Media Group, os trabalhadores da TSF indicam que “discordam e lamentam a decisão, tendo aprovado um voto de confiança aos quatro elementos que, até agora, compunham a direção da rádio: Arsénio Reis, Pedro Pinheiro, Anselmo Crespo e Ricardo Alexandre”.

Os trabalhadores referem que “a saída de Arsénio Reis do cargo de diretor suscita várias dúvidas e agrava os sinais já de si preocupantes sobre a situação da empresa”, e acrescentam que as justificações publicamente avançadas no comunicado da Comissão Executiva “dificilmente são compreensíveis”.

Por essas razões, os trabalhadores solicitam à Administração uma reunião presencial, em plenário de trabalhadores, “com caráter de urgência”, que “deverá ser marcada e realizada, usando as salas de conferências, até terça-feira, 12 de novembro, às 17h00”. Nessa reunião, os trabalhadores querem que seja abordada a mudança na direção de informação da TSF, as razões que presidiram àquela decisão e as implicações que terá no futuro da rádio.

Na quinta-feira, dia 7, a Global Media anunciou que o jornalista Arsénio Reis ia deixar a direção editorial da rádio TSF para exercer novas funções relacionadas com a internacionalização do grupo.

“No contexto da reestruturação do Global Media Group e das estratégias em curso para as suas várias marcas, Arsénio Reis foi convidado a aceitar um novo desafio, estratégico, ligado à internacionalização do grupo e a uma nova visão de futuro”, indicava o comunicado interno a que a Lusa teve acesso.

Arsénio Reis, na direção da rádio desde julho de 2016, vai ser substituído interinamente por Pedro Pinheiro, atualmente diretor-adjunto. Os outros dois elementos da direção, Ricardo Alexandre, diretor-adjunto, e Anselmo Crespo, subdiretor, mantêm-se nas mesmas funções.

A administração da empresa dizia também, no comunicado, que Arsénio Reis “deixa na TSF a marca de um jornalismo de qualidade, informado e independente”, e destacava “as suas capacidades de gestão de projeto e de equipas”, agradecendo “o profissionalismo, o empenho e a lealdade” do jornalista ao longo de vários anos na TSF.

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Pelo menos 10 mil alunos continuam sem todos os professores

  • Lusa
  • 9 Novembro 2019

Mais de 10 mil alunos continuam sem ter todos os professores atribuídos, um mês e meio depois de as aulas terem começado, segundo uma estimativa da Fenprof.

Mais de 10 mil alunos continuam sem ter todos os professores atribuídos, um mês e meio depois de as aulas terem começado, segundo uma estimativa da Federação Nacional de Educação (Fenprof). Em conferência de imprensa realizada este sábado em Lisboa, Mário Nogueira alertou para o facto de os problemas na educação estarem a “estoirar por todo o lado” depois de um arranque de ano letivo em que foram “esquecidos ou disfarçados”.

A falta de funcionários e de professores é um dos maiores problemas que tem levado a protestos e até encerramento de escolas. “Calculamos que ainda haja pelo menos 10 mil alunos que não têm os professores todos”, anunciou Mário Nogueira, explicando que esta estimativa da Fenprof baseia-se nos dados de sexta-feira disponíveis nas plataformas das ofertas de escola.

Os casos mais preocupantes dizem respeito às disciplinas de Informática, Inglês e Geografia, acrescentou, lembrando que os baixos salários dos professores fazem com que muitas vezes tenham de recusar vagas em escolas situadas em zonas como Lisboa, onde as rendas são bastante elevadas.

Por outro lado, existem docentes a quem foram atribuídos “horários ilegais”, alertou Mário Nogueira, dando como exemplo um docente de Informática a quem atribuíram “34 turmas”, ou seja, tem mais de 800 alunos.

A Fenprof explicou que a questão dos horários tem sido alvo de conversações com o secretário de Estado da Educação, João Costa, que “já reconheceu o problema”, mas ainda “não deu qualquer orientação às escolas” sobre como atuar. Resultado: “Está a empurrar as escolas para a ilegalidade”, acusou o secretário-geral, recordando ainda os casos de professores a quem foram marcados intervalos para depois das aulas.

Segundo a Fenprof, existem “milhares de horários ilegais” e por isso no próximo dia 17 irão realizar uma “Exposição Universal de Horários de Professores”: “Será a ExpoHorários!”, revelou Mário Nogueira.

A falta de resposta para os alunos com necessidades especiais educativas foi outro dos problemas apontados por Mário Nogueira, que lembrou que há crianças que ainda não começaram a ir às aulas porque não existem apoios necessários. Exemplo disso são três alunos de uma escola em Évora, contou Mário Nogueira.

O envelhecimento do corpo docente, a existência de escolas onde o amianto ainda não foi retirado ou o processo de municipalização das escolas que a Fenprof teme que venha criar ainda mais assimetrias foram outros dos assuntos debatidos na reunião de secretariado nacional que decorreu nos últimos dois dias.

Para a Fenprof, as dificuldades que há muito são apontadas pelos professores não têm resposta no programa do Governo que “não apresenta medidas de combate a esses problemas”. Mário Nogueira considerou mesmo o programa de “pouco claro”.

O secretário-geral da Fenprof sabe de cor as razões que poderão levar os professores a “inundar novamente as ruas de Lisboa ou a fazer greve”: A defesa da carreira docente, a recuperação do tempo de serviço congelado, as ultrapassagens de professores com menos anos de profissão e a aposentação.

Tendo em conta que a média de idades dos professores nas escolas ronda os 55 anos, a Fenprof decidiu criar o “Age Summit”, que irá acontecer a 5 de dezembro em frente ao Ministério da Educação, onde serão apresentadas “em formato digital” as idades médias dos professores das escolas. “Nos próximos três a quatro anos, vão reformar-se cerca de 12 mil professores e o problema vai agravar-se”, voltou a alertar Mário Nogueira.

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Fenprof acusa Governo de querer mostrar funcionários públicos como “malandros”

  • Lusa
  • 9 Novembro 2019

Mário Nogueira acusou Governo de querer passar a ideia de os funcionários públicos serem “uns malandros” que faltam ao trabalho, ao anunciar a intenção de criar prémios de assiduidade.

O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, acusou este sábado o Governo de querer passar a ideia de os funcionários públicos serem “uns malandros” que faltam ao trabalho, ao anunciar a intenção de criar prémios de assiduidade.

A nova ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, disse recentemente em entrevista ao jornal Público que pretendia implementar mecanismos de incentivo aos funcionários públicos mais assíduos, no âmbito de um pacote plurianual que pretende negociar com os sindicatos.

A notícia caiu mal na Federação Nacional de Professores (Fenprof), revelou este sábado o secretário-geral em conferência de imprensa na sede da Fenprof, depois de dois dias de reuniões do secretariado nacional.

Mário Nogueira repudiou a forma como a intenção foi anunciada, considerando que o real objetivo é “desvalorizar socialmente os trabalhadores da Função Pública para poder depois mais facilmente atacar as carreiras, tendo a opinião pública contra as pessoas”.

A ideia, continuou, é “lançar novamente na sociedade portuguesa o estigma sobre os funcionários públicos do absentismo” ao passar uma imagem de que “são tão malandros que a norma é serem absentistas, logo, o prémio é algo excecional”.

Para o secretário-geral da Fenprof, a forma como a situação foi colocada parece que a assiduidade é “algo de excecional” e assim fica no ar a ideia de que com a criação deste incentivo “pode ser que estes malandros vão todos trabalhar”. “Não aceitamos essa conversa. É uma conversa absolutamente reprovável e inaceitável”, criticou.

O representante dos professores questionou ainda a ministra sobre se o futuro mecanismo de promoção da assiduidade irá abranger “os professores que estão doentes”, os que estão de licença de parentalidade ou os que não estão a trabalhar porque têm um familiar que faleceu, estão em formação ou estão a dar apoio a familiares doentes.

“O que é que considera ser assiduidade e absentismo para dar prémios?”, questionou. Para Mário Nogueira, se os prémios de assiduidade abrangerem todos os que faltam apenas em situações legalmente justificadas então “todos vão ter um prémio”.

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Apple faz primeira emissão de dívida verde em euros. Coloca dois mil milhões

  • ECO
  • 9 Novembro 2019

O financiamento irá servir para desenvolver produtos com maior eficiência energética e mais recicláveis, bem como para diminuir as emissões de carbono dos fornecedores com os quais a Apple trabalha.

A Apple realizou pela primeira vez uma emissão de dívida verde em euros. A colocação de dois mil milhões de euros em green bonds entra diretamente para o topo das operações de dívida sustentável na Europa e acontece numa altura de forte procura dos investidores por este tipo de obrigações.

A dona do iPhone colocou dívida a seis anos, em que conseguiu um juro de 0,032%, bem como a 12 anos, com uma yield de 0,565%. As taxas desceram face a anteriores emissões, de acordo com dados citados pelo Financial Times (acesso limitado).

A Apple é um dos maiores emitentes de green bonds nos Estados Unidos. É, no entanto, a primeira vez que emite dívida verde em euros. O financiamento irá servir para desenvolver produtos com maior eficiência energética e mais recicláveis, bem como para diminuir as emissões de carbono dos fornecedores com os quais a Apple trabalha.

Enquanto tecnológica, a Apple “dá maior diversidade ao mercado europeu de green bonds, que tradicionalmente se limita a empresas de energia“, afirmou Agnes Gourc, responsável pela área de finanças sustentáveis do BNP Paribas, ao FT. No caso das obrigações verdes, “qualquer coisa acima de mil milhões tende a ser um negócio muito grande para um emitente empresarial”, acrescentou.

O segmento de green bonds, um instrumento de dívida que permite a empresas e Estados captar investimento para projetos existentes ou novos associados a benefícios ambientais, tem ganho destaque na Europa nos últimos anos. A Euronext, maior grupo europeu gestor de bolsas de valores, tem atualmente 180 emissões de green bonds cotadas, equivalentes a 60 mil milhões de euros e a 30% do total global deste ativo a nível global.

Em Portugal, foi a EDP a estrear este mercado, em outubro de 2018, sendo que já realizou um total de três emissões, em que colocou 2.100 milhões de euros. Há ainda outros dois emitentes no país, mesmo que em menor escala: a Sociedade Bioelétrica do Mondego (subsidiária da Altri) e o grupo hoteleiro Pestana.

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