PSD indisponível para apoiar projetos sobre tempo de serviço dos professores sem salvaguardas
O PSD diz-se indisponível para apoiar iniciativas legislativas de recuperação integral do tempo de serviço dos professores a menos que estejam salvaguardadas as condições financeiras.
O PSD manifestou-se esta quarta-feira indisponível para apoiar iniciativas legislativas de recuperação integral do tempo de serviço dos professores se não estiverem salvaguardadas as condições financeiras, defendendo que o partido “não mudou de opinião”.
No plenário da Assembleia da República e depois de uma declaração política sobre escola pública, o vice-presidente da bancada do PSD Luís Leite Ramos foi desafiado pela deputada do BE Joana Mortágua a esclarecer como votarão os sociais-democratas iniciativas em debate na quinta-feira, de bloquistas e comunistas, que acompanham uma petição da Fenprof que pede “medidas com vista à negociação do modo e prazo para a recuperação de todo o tempo de serviço cumprido” dos professores.
“Pergunta qual o sentido de voto do PSD: o de sempre, com as condições que sempre pusemos, não é como BE quer, é dizendo que têm de ser salvaguardas as condições financeiras para que possa ser pago e garantindo ao mesmo tempo outras medidas”, respondeu Leite Ramos.
O deputado social-democrata defendeu que o partido “não mudou de opinião” em relação à anterior legislatura, quando acabou por chumbar, na votação final global, iniciativas da esquerda que não continham essas condicionantes financeiras, num episódio que motivou uma ameaça de demissão do primeiro-ministro, António Costa.
“Manteremos sempre a mesma postura na defesa dos professores, da recuperação do tempo e na sua valorização”, acrescentou.
Na sua declaração política, o deputado do PSD acusou o Governo de, em matéria de educação, ter vivido na última legislatura “de propaganda, de experimentalismo iluminado, de meias verdades e de muitos cortes escondidos”.
“O verbo que regeu a educação nos últimos quatro anos foi desfazer. Tudo indica que a fórmula se vai manter nesta legislatura”, lamentou, apontando, no final do primeiro período letivo, as situações de “escolas fechadas por falta de funcionários e de alunos sem aulas e sem professores”.
Na resposta, o deputado socialista Porfírio Silva acusou o PSD de falar da escola pública para fazer esquecer “as maldades avulsas” que fez ao setor quando foi governo entre 2011 e 2015.
“Quando é que acaba a campanha eleitoral interna para começar a dedicar-se ao país?”, questionou o dirigente socialista.
Além da disputa interna do PSD, até a física quântica entrou neste debate parlamentar, com a deputada do PCP Ana Mesquita a acusar os sociais-democratas de serem como o gato da hipótese teórica do físico Erwin Schrödinger de 1935, segundo a qual o animal dentro de uma caixa tanto pode estar vivo como estar morto.
“O PSD ora está vivo, ora está morto, mas não deixa de ser gato. Vem cá hoje na pele de gato vivo, preocupado com escola pública, na semana passada fez o papel de gato morto”, apontou, criticando os sociais-democratas por terem chumbado diplomas do PCP neste setor.
“Senhor deputado, boas festas, mas não é com a ajuda do PSD que esse gato irá às filhoses”, acrescentou.
Apenas a deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa apoiou Leite Ramos nas críticas à política educativa do atual Governo, acusando o ministro Tiago Brandão Rodrigues de “navegação à vista”.
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