Segundo dique em Montemor-o-Velho colapsou
O presidente da autarquia, Emílio Torrão, assegurou que o impacto não será “muito grande” e que a situação está a ser monitorizada.
O dique do leito periférico direito do rio Mondego, na margem oposta a Casal Novo do Rio, colapsou este domingo, avançou a Renascença (acesso livre). A informação foi confirmada por Emílio Torrão, presidente câmara municipal de Montemor-o-Velho. Nesse local poucas horas antes tinha sido emitido um aviso por parte da autarquia para evacuar a zona baixa da localidade, por perigo de “rotura iminente” do dique.
Emílio Torrão assegurou que o impacto não será “muito grande” e que a situação está a ser monitorizada. Todavia, vão continuar os trabalhos de forma a evitar uma inundação na localidade.
Desde domingo que o dique estava a ser reforçado com sacos de areia e pedra. “O que estamos a fazer é criar um mecanismo de defesa na margem oposta, criar ali um mecanismo de defesa, de resistência, através de pedra, através de tela e de bigbags [sacos] de areia”, disse aos jornalistas o Comandante Operacional Distrital (CODIS) de Coimbra, Carlos Tavares, citado pela Lusa.
A intervenção pretendia defender a margem direita do leito periférico do rio que, se romper, a exemplo do sucedido nas cheias de 2001, poderá levar a água a invadir a vila de Montemor-o-Velho e a povoação da Ereira, a jusante daquela. Em conferência de imprensa, Carlos Luís Tavares reafirmou a existência de uma situação de aluimento do talude da margem esquerda do leito periférico direito do rio Mondego, um aluimento de terra que está a “preocupar” as autoridades.
Distrito de Coimbra causa preocupação mas caudal do Mondego está a baixar
O distrito de Coimbra é aquele que ainda causa maior preocupação à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), apesar de o número de ocorrências ter “baixado significativamente”, esperando-se a redução do leito do rio Mondego nos próximos dias.
Segundo o comandante Carlos Pereira, da ANEPC, que falava à Lusa perto das 10:00, “neste momento o número de ocorrências diminuiu significativamente, tendo-se registado nas últimas 12 horas 11 ocorrências”.
“Não se pode dizer que está a voltar à normalidade, nem nada que se pareça, mas o leito do rio Mondego está a reduzir em toda a área envolvente à bacia do rio, o que está a ajudar as populações em redor a retomar a sua normalidade”, afirmou Carlos Pereira, reconhecendo, no entanto, a existência de “situações pontuais”.
De acordo com o responsável, o distrito de Coimbra “é o que está a causar maior preocupação”, mas há ainda a situação do desaparecimento de um operador de uma máquina em Castro Daire, distrito de Viseu.
“A nível de inundações será sem dúvida todo o distrito de Coimbra na área do Mondego, tudo que envolve a bacia do Mondego, mas que está a baixar o nível e a ajudar a tentativa de repor a normalidade em todos os municípios à sua volta”, reconheceu.
Na noite de domingo, o presidente do município de Montemor-o-Velho disse que o talude esquerdo do leito periférico direito do Mondego colapsou, no local onde poucas horas antes tinha sido identificado um aluimento de terras.
Em declarações aos jornalistas, Emílio Torrão confirmou o colapso do talude esquerdo, numa extensão de 50 metros, bem como o transbordo de água para aquele canal a partir dos campos agrícolas que estão alagados, cerca de meio quilómetro a montante da ponte das Lavandeiras, na povoação de Casal Novo do Rio. A povoação está a ser defendida através de uma barreira de pedras e sacos de areia, ali colocada por meios da Proteção Civil municipal.
O município pediu ao ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, que a EDP pudesse suspender as descargas na barragem da Agueira – pedido que estava a ser cumprido, segundo o autarca.
Ao pedido para a suspensão de descargas na barragem da Aguieira juntou-se a maré vazante, o que possibilita “a maior capacidade de encaixe” no leito principal do Mondego, para onde corre a água do leito periférico direito.
Segundo o comandante Carlos Pereira, com base nas informações transmitidas pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera, “nos próximos dias não há precipitação”, logo, “as descargas a montante vão reduzir-se e o leito do rio Mondego vai baixar”.
A circulação de comboios no Ramal de Alfarelos, entre Alfarelos e Verride, distrito de Coimbra, continua suspensa por causa dos efeitos do mau tempo, que obrigou a um corte de tensão entre Alfarelos e Figueira da Foz/Lourical.
Segundo informação divulgada esta segunda-feira pela Infraestruturas de Portugal (IP), devido às condições climatéricas adversas, principalmente nas regiões Norte e Centro do país, a circulação ferroviária tem sido afetada, mantendo-se de manhã alguns condicionamento, apesar de terem vindo a ser resolvidas “a grande maioria das situações”.
Os efeitos do mau tempo que se fazem sentir desde quarta-feira já provocaram dois mortos, um desaparecido, deixaram 144 pessoas desalojadas e 352 pessoas deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências no continente português, na maioria inundações e quedas de árvore.
O mau tempo provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado o impacto da depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.
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