Wall Street em alta com melhoria do estado de saúde de Trump

Ganhos desta sessão ocorrem perante a perspetiva de que Donald Trump possa receber alta do hospital no final do dia.

Os principais índices de Wall Street abriram em alta nesta segunda-feira, depois de os médicos terem dito que o presidente norte-americano, Donald Trump, poderá receber alta do hospital onde está sendo tratado por Covid-19. Simultaneamente, esperanças em relação a um novo projeto de estímulos orçamentais também elevavam o sentimento dos investidores.

No arranque da sessão, o Dow Jones subia 0,52%, na abertura para 27.825,42 pontos, o S&P 500 ganhava 0,56%, para 3.367,27 pontos, enquanto o Nasdaq avançava 0,85%, para 11.169,11 pontos.

Os ganhos desta sessão ocorrem perante a perspetiva de que Donald Trump possa receber alta do hospital no final do dia, o que diminuiria a incerteza sobre seu prognóstico para a Covid-19 e o funcionamento do governo durante a já caótica campanha para as presidenciais norte-americanas.

O chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, disse à NBC esta segunda-feira que, “a decisão de dispensa será tomada ainda hoje entre o presidente e sua equipa médica.”

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Juros baixos sinalizam tempo “certo” para o investimento público

  • Lusa
  • 5 Outubro 2020

O alerta surge num artigo no blogue do Fundo Monetário Internacional (FMI) co-assinado pelo diretor de assuntos orçamentais, o ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar.

As baixas taxas de juro “sinalizam que o tempo é certo” para o investimento público, de acordo com um artigo no blogue do Fundo Monetário Internacional (FMI) co-assinado pelo diretor de assuntos orçamentais, o ex-ministro português Vítor Gaspar.

“As baixas taxas de juro a nível mundial também sinalizam que o tempo é certo para investir. As poupanças são muitas, o setor privado está em ‘modo de espera’, e muitas pessoas estão desempregadas e disponíveis para trabalhar em empregos criados pelo investimento público”, pode ler-se num artigo assinado pelos economistas Vítor Gaspar, Paolo Mauro, Catherine Pattillo e Raphael Espinoza.

O documento assinala que “o investimento privado está deprimido, devido a incerteza aguda face ao futuro da pandemia e às perspetivas económicas“, pelo que “o tempo é agora” para se fazer “investimento público de alta qualidade”, que “pode ser feito pedindo emprestado a baixo custo”.

“O investimento público pode ter um papel central na recuperação, com potencial para gerar, diretamente, entre dois e oito empregos por cada milhão de dólares investido em infraestrutura tradicional, e cinco e 14 empregos por cada milhão gasto em pesquisa e desenvolvimento, eletricidade ‘verde’ e edifícios eficientes”, pode ler-se no texto do blogue do FMI.

Os efeitos na economia, segundo o documento, contabilizam-se no efeito de o “aumento do investimento público em 1% do PIB [Produto Interno Bruto] poderia aumentar a confiança na recuperação e aumentar o PIB em 2,7%, o investimento privado em 10%, e o emprego em 1,2%”, no caso de projetos de alta qualidade e se o fardo da dívida (pública e privada) não se fizer sentir no setor privado.

Mesmo em países mais condicionados pelo alto endividamento, “uma escalada gradual de investimento público financiada por empréstimos poderia resultar, desde que os riscos do ‘rollover’ (associados ao refinanciamento da dívida) e dos juros não aumentem demasiado e os governos escolham os projetos de investimento sabiamente”.

Sobre os efeitos do investimento público no privado, os economistas assinalam que “investimentos nas comunicações digitais, eletrificação, ou infraestrutura de transportes permite a emergência de novos negócios”.

“Em suma, o investimento público é um elemento poderoso dos pacotes de estímulo para limitar a quebra económica causada pela pandemia. Mesmo que os países continuem a salvar vidas e subsistências, podem edificar as fundações para uma economia mais resiliente investindo em atividades ricas de emprego, altamente produtivas e mais ‘verdes'”, concluem os economistas.

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Green e smart mining. Pode uma mina de lítio ser “verde”?

David Archer, CEO da Savannah Resources, reconhece que "ninguém quer uma mina ao pé de casa". Mas garante que a sustentabilidade ambiental assume hoje um papel central nas explorações de lítio.

A britânica Savannah Resources acredita que vai ter luz verde da Agência Portuguesa do Ambiente para arrancar em 2022 com a primeira grande exploração de lítio na Europa. Se tudo correr como planeado, no espaço de três anos a Mina do Barroso, no concelho de Boticas, poderá estar a produzir por ano 30 mil toneladas de lítio, o suficiente para fabricar meio milhão de carros elétricos.

O projeto tem sido alvo de reprovação e protestos por parte dos de ambientalistas, da autarquia e da população local — que criou a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso para tentar travar a mina –, mas a empresa cotada no segmento AIM da bolsa de valores de Londres (London Stock Exchange), que se dedica à prospeção e desenvolvimento de ativos mineiros, garante que toda a operação obedecerá a práticas de green e smart mining.

“O objetivo é tornar a Mina do Barroso “um projeto sustentável e inovador no setor mineiro português. Trata-se de usar ferramentas para mitigar os problemas sociais, ecológicos e técnicos aplicando conceitos holísticos e trabalhando em conjunto com as autoridades e populações locais”, garante David Archer, CEO da Savannah Resources, sublinhando que “os trabalhos de mineração atuais nada têm a ver com a forma como o setor mineiro trabalhava há 20 ou 30 anos”.

O que mudou então? O responsável da mineira britânica garante que “a exploração tornou-se cada vez mais exigente”, com a sustentabilidade ambiental a assumir um papel central na forma como é retirado o minério do solo. “Com a adoção de medidas de green e smart mining, a Savannah irá promover ativamente a eliminação ou mitigação de quaisquer impactes ambientais e sociais adversos em todas as etapas da operação, possibilitando também às comunidades a monitorização dos trabalhos em tempo real”, promete.

Desde 2017 a empresa já investiu 30 milhões de euros numa primeira fase de compra, avaliação e prospeção. Agora espera avançar, no final de 2021, com uma segunda fase que durará cerca de nove meses e incluirá a construção de uma fábrica dentro da própria mina para a produção de um pó concentrado (com um teor de 6% de óxido de lítio), na qual vão ser investidos mais 110 milhões de euros.

Antes disso, há ainda um longo caminho a percorrer: até o fim de novembro está a decorrer o processo de resposta às dúvidas levantadas pela Agência Portuguesa do Ambiente ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) apresentado pela Savannah a 30 de maio, após o qual o documento seguirá para consulta pública. Depois disso, caberá à APA emitir uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA).

“Estamos muito contentes com o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) entregue à APA e com a profundidade de análise conseguida. Acredito numa análise baseada em factos e que vamos conseguir pôr todos os factos na mesa para que haja um bom entendimento do que a mina significa e quais os seus impactos. Estes impactos podem ser analisados por um prisma ambiental, social, demográfico e económico. Temos de olhar para isto como um todo. Os impactos económicos vão ser muito bons para a região e para o país”, disse David Archer ao Capital Verde.

Na opinião do CEO, desenvolver um novo negócio nesta região de Portugal (Alto Tâmega, distrito de Vila Real) é consistente com a intenção do Governo de desenvolver a economia nas zonas mais remotas do país. “Com a população a colapsar nos meios rurais, a nossa mina poderá revigorar a economia e o equilíbrio demográfico”, defendeu David Archer.

O CEO reconhece que “ninguém quer uma mina ao pé de casa”:Há muita gente que não gosta de minas, é uma tendência na Europa e na Península Ibérica. Claro que mudará as coisas, mas achamos que podemos fazê-lo de forma a ser aceite pelas populações locais. Os benefícios e as oportunidades serão grandes para a comunidade local. Desenhámos o projeto de forma a eliminar impactos ou reduzi-los até serem insignificantes. Existirá uma mina e uma fábrica de produção de lítio, mas a população local não a vai ver porque vai estar escondida. Estamos a desenvolver um projeto de green e smart mining”.

O que implica então o green mining? A Savannah promete desenvolver novos negócios locais e criar empregos para a reabilitação futura dos terrenos. Além disso, vai criar um plano de benefícios partilhados: anualmente será atribuído dinheiro da mina a projetos comunitários. “Queremos dar de volta a quem nos rodeia, é obrigatório. Estamos muito conscientes disso. Queremos construir algo que devolva valor à comunidade e ao ambiente”, refere David Archer. O estudo sobre os impactos económicos do projeto da Mina do Barroso, realizado pela Universidade do Minho a pedido da empresa britânica recomenda precisamente a criação de um montante financeiro anual (em torno dos 500.000 euros anuais) para constituir um Fundo de Desenvolvimento Comunitário.

O projeto prevê a criação de 210 empregos diretos e cerca de três vezes mais empregos indiretos. Outra medida para a redução da pegada de carbono da Mina do Barroso passa por dar preferência à eletricidade a partir de fontes renováveis (hídrica e eólica) para dar energia à mina. “É uma atividade com consumo intensivo de energia, para extrair e moer 1,5 milhões de toneladas de rocha por ano”, disse David Archer. Na calha a empresa tem também a construção de uma nova central solar para abastecer a mina e dar energia elétrica à comunidade local, além de projetos de sequestro de carbono e reflorestação de áreas ardidas.

“Temos de desenvolver a exploração mineira de forma diferente, não pode ser como no passado. Quando se pensa em minhas como a da Panasqueira, as pessoas ficam com medo, mas esta mina é diferente. Não é a mesma forma de exploração”, garante o CEO, lembrando que “o Governo apoia o desenvolvimento da indústria mineira, desde que seja de forma responsável e sustentável”.

David Archer apela a que a mina de lítio seja vista num contexto mais alargado. “A Europa tem um verdadeiro desafio com as emissões, se quer ser neutra em carbono até 2050. Principalmente no que diz respeito aos transportes – cerca de 20% das emissões são dos transportes e têm vindo a aumentar, em vez de diminuir. O material que vamos produzir em Portugal, em última análise, vai para baterias elétricas que têm como missão evitar 100 milhões de toneladas de CO2″, rematou.

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Há 734 novos casos de Covid-19. Morreram mais 13 pessoas

O número de pessoas infetadas com coronavírus continua a crescer, tendo-se registado nas últimas 24 horas 734 novos casos. A maioria concentrou-se na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Portugal registou 734 novos casos de infeção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas. É uma subida de 0,93% face ao dia anterior, com o total de pessoas já infetadas a ascender a 79.885. Morreram mais 13 pessoas devido ao Covid-19, elevando para 2.018 o número total de vítimas mortais, de acordo com o último balanço oficial da Direção-Geral de Saúde (DGS).

O maior número de novas infeções identificadas nas últimas 24 horas foram na região da Grande Lisboa, onde foram contabilizadas 356 casos, elevando o total para 40.600. Tal corresponde a 48,5% do número total de novos casos a nível nacional conhecidos esta segunda-feira.

O balanço de hoje dá ainda conta que o número de pacientes internados aumentou em 19, para um total de 701, sendo que 106 estão em unidades de cuidados intensivos (mais um).

Boletim epidemiológico de 5 de outubro

Nas últimas 24 horas, foram ainda dadas como recuperadas 247 pessoas, sendo que existe agora um total de 27.413 casos ativos. Existem ainda 46.272 pessoas que estão sob vigilância das autoridades de saúde por terem estado em contacto com pessoas infetadas.

A nível regional, em termos absolutos, a região de Lisboa e Vale do Tejo mantém a liderança em termos do número de casos de contágio já identificados que é de 40.600 casos, com o total de mortos a ser de 796. Segue-se a região Norte (com 28.882 casos e 896 mortes) e da região Centro (6.468 casos e 267 mortes). Segue-se o Algarve (1.832 casos e 19 mortes) e o Alentejo (1.576 casos e 25 mortes). Nas ilhas, os Açores registam um total de 285 casos e 15 falecimentos, enquanto a Madeira acumula 246 infeções e nenhum óbito.

(Notícia atualizada às 14h37)

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Que velocidade atingem os carros de Fórmula 1?

  • Jorge Girão
  • 5 Outubro 2020

Eis alguns números impressionantes que dão uma ideia do potencial dos monolugares que estarão no Autódromo Internacional do Algarve no final do mês.

Os carros de Fórmula 1 são verdadeiras bestas da velocidade, capazes de performances inimagináveis para os comuns dos mortais, mas alguns números dão uma ideia do potencial dos monolugares que estarão no Autódromo Internacional do Algarve no final deste mês de outubro.

As atuais bólides que competem no pináculo do automobilismo são máquinas infernais e não é apenas a velocidade que atingem, que varia de circuito para circuito, que impressiona.

É claro que a velocidade máxima é alvo de muito interesse da parte dos adeptos e curiosos, mas isto deve-se ao facto de ser algo facilmente mensurável e com o qual todos os condutores se conseguem relacionar.

Na Fórmula 1 não se fala de velocidade máxima, mas antes de velocidade de ponta, dado que o máximo que um monolugar pode alcançar depende das exigências de cada um dos circuitos. Monza por exemplo – formado por longas retas e poucas curvas – é a velocidade de ponta que é mais importante, mas em Monte-Carlo, com as suas 19 curvas de baixa velocidade em 3,337 quilómetros, as equipas favorecem a velocidade em curva, sacrificando a velocidade de ponta.

Em Monza — 5,793 quilómetros para apenas onze curvas — este ano, Valtteri Bottas, em Mercedes, atingiu os 360 Km/h, ao passo que em 2019, em 2020 o Grande Prémio do Mónaco não se realizou, Sérgio Pérez em Racing Point Mercedes, registou 291,9 Km/h em Monte-Carlo, tendo estas sido as velocidades mais elevadas observadas pela FIA durante as respectivas corridas.

No fundo, um carro afinado para o Mónaco seria penosamente lento em Monza, sendo o contrário igualmente verdadeiro.

A potência de um carro de Fórmula 1 é, basicamente, a mesma de circuito para circuito, portanto, não será este o fator que leva à diferença da velocidade de ponta registada entre pistas, sendo antes a aerodinâmica a limitar essa variável.

Desde há décadas que as equipas têm vindo a usar a deslocação do ar para ganhar mais aderência em curva e maior capacidade de travagem.

O princípio é o mesmo do dos aviões, mas enquanto estes usam o ar para descolarem, no automobilismo o ar é usado para empurrar os pneus contra o asfalto e, assim, descreverem as curvas mais rapidamente.

Para dar uma ideia, em Mugello, onde este ano se disputou o Grande Prémio da Toscânia, alguns monolugares atingiram os 6G de aceleração lateral. Isto significa que a força descendente gerada pelas superfícies aerodinâmica – asas dianteira e traseira, extratores, derivas, etc – era seis vezes superior ao peso do carro. Ora se levarmos em consideração que um monolugar de Fórmula 1 com piloto pesa no mínimo 740 kg, concluímos que é sujeito a uma força de quase 4 toneladas e meia.

O apoio aerodinâmico tem também reflexo na capacidade de travagem, podendo os Fórmula 1 exercer uma força de desaceleração de 5,2G, o que lhe permite reduzir dos 300 Km/h para os 60 Km/h em apenas sessenta metros.

Claro que na Fórmula 1 tudo tem um preço e quanto maior o apoio aerodinâmico, maior o arrasto e menor a velocidade de ponta, explicando-se a diferença de velocidade de ponta entre Monte Carlo, circuito de carga máxima, e Monza, traçado de carga mínima.

No campo da aceleração também os números são impressionantes, demorando um Fórmula 1 dos 0 aos 100 Km/h menos de 2,6 segundo, mas são os 10,6 segundos que leva dos 0 aos 300 Km/h que verdadeiramente espanta. Para colocar estes números em perspetiva, um carro de estrada de gama média alcança os 100 Km/h em cerca de 10 segundos. Portanto, se aproveitar o potencial do seu automóvel para arrancar, quando chegar aos 100 Km/h, já um Fórmula 1 se aproxima dos 300 Km/h.

No centro de toda esta performance está um motor de 1600 c.c. V6 turbo e com dois sistemas híbridos capaz de desenvolver cerca 1000 cv de potência, que é o propulsor de combustão interna mais eficiente da história do automóvel.

Todas estas características criam números impressionantes, mas vê-los ao vivo é ainda mais fascinante, tendo inclusivamente o nosso cérebro dificuldades em perceber o que se passa quando se depara pela primeira vez com um Fórmula 1 no máximo das suas capacidades. A informação que nos passa é a de um acidente iminente que se está a desenvolver à nossa frente. Precisamos de nos ajustar à informação que estamos a processar, tal a dinâmica do que observamos.

No Autódromo Internacional do Algarve espera-se que os monolugares mais rápidos do mundo descrevam a última curva a mais de 250 Km/h, chegando ao final da recta de meta a bem mais de 300 Km/h, sensações que serão inesquecíveis e só ao alcance de um Fórmula 1.

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Williams, a queda de um gigante

  • Jorge Girão
  • 5 Outubro 2020

A Williams é a segunda equipa mais bem-sucedida da história da Fórmula 1, só batida pela Ferrari, e era a última das equipas familiares. Mas no dia 21 de agosto acabou por ser vendida.

Foi vendida a fundo de investimento norte-americano, o que ditou o fim da ligação da estrutura aos Williams.

A maior parte das formações que foram marcando presença nas grelhas de partidas dos Grandes Prémios da categoria máxima eram o sonho de um homem ou grupo de homens que tinham nas veias a paixão pelas corridas.

Nenhum, ou poucos, deles tinham como objetivo enriquecer na Fórmula 1, aliás dizia-se que uma das formas mais eficazes para empobrecer era ter uma equipa, mas sentiam a inquietação da competição automóvel e muitos deles passaram por grandes dificuldades, sendo um dos exemplos Frank Williams.

Com todo o dinheiro investido no seu sonho de ter uma equipa de Fórmula 1, o natural de South Shields, Inglaterra, chegou a ter como escritório uma cabine telefónica. As histórias sobre ele e a forma tenaz no seio de dificuldades como edificou a sua equipa são muitas. Uma das mais deliciosas é contada por Bernie Ecclestone: “Costumava emprestar-lhe dinheiro nos tempos difíceis. Ele aparecia e pedia-me 500 libras e eu dava-lhas com a condição de me pagar na terça-feira seguinte. Ele voltava na terça-feira, devolvia-me as 500 libras, tomávamos um chá por entre dois dedos de conversa e no final perguntava-me se lhe podia empresar 700 libras”.

Apesar das dificuldades iniciais, a Williams tornou-se numa equipa bem-sucedida e nos anos 80 e 90 era uma das maiores forças das grelhas de partida, levando aos títulos pilotos como Alan Jones, Keke Rosberg, Nelson Piquet, Nigel Mansell, Alain Prost, etc.

Altura houve em que, se um piloto não tivesse um Williams ao seu dispor, dificilmente conseguiria lutar por um título.

No entanto, de 1997 para a frente começou a sentir-se um declínio consistente na equipa, não tendo desde então conquistado qualquer cetro mundial e desde 2012 que não ganha um Grande Prémio.

De 2018 em diante, tem vindo a figurar no último lugar do Campeonato de Construtores e este ano é a única equipa que ainda não somou qualquer ponto, quando estão disputados dez dos dezassete eventos agendados.

Era já evidente que a estrutura organizativa da formação que opera em Grove, Inglaterra, assente numa gestão familiar já não se coadunava com a Fórmula 1 de hoje.

"Williams custou à Dorilton Capital 152 milhões de euros, incluindo as dívidas da equipa, que, entretanto, foram totalmente pagas.”

As dificuldades financeiras agravaram-se nos últimos anos, dado que, com os maus resultados, o dinheiro que recebe dos direitos comerciais através da Formula One Management (FOM), decresceu substancialmente.

Para colocar em perspetiva a extensão das perdas da Williams, em 2019 recebeu do grupo que gere os aspetos comerciais da Fórmula 1 51,7 milhões de euros, ao passo que a Mercedes viu entrar nos seus cofres 152,14 milhões. São quantias bastante díspares e que dificultam a progressão técnica da formação de Grove.

O primeiro sinal das dificuldades pelas quais a estrutura inglesa, listada no mercado de valores de Frankfurt, passava foram as contas do ano passado, ano em que apresentou um prejuízo de 18,61 milhões de euros.

Para contrariar a falta de desafogo financeiro, em dezembro o Williams Group vendeu 75% da Williams Advanced Engineering, uma empresa de alta tecnologia e uma das suas joias da coroa, que já forneceu construtores como a Porsche ou Jaguar, tendo também sido responsável pela conceção e construção das baterias dos carros da Fórmula E – o campeonato dedicado a monolugares elétricos.

Com esta operação, o grupo reforçou-se com 48,31 milhões de euros, chegando à equipa de Fórmula 1 32,3 milhões.

Mais tarde, em meados de abril, a equipa fundada por Frank Williams com a ajuda de Patrick Head acedeu a um empréstimo 38,68 milhões de euros concedido pela Latrus Racing.

Esta é uma empresa controlada por Michael Latifi, canadiano, que possui a maior grupo de alimentos processados do seu país, a Sofina Foods, estando a sua riqueza avaliada em cerca de 1,46 mil milhões de euros. Para além disso, é o pai de um dos pilotos da equipa – Nicholas Latifi.

No entanto, este empréstimo não veio sem condições, tendo a formação de Grove dado como colaterais o terreno, os edifícios, a fábrica e maquinaria, para além dos carros do museu da equipa, mais de cem.

Estas medidas faziam parte de um plano para financiar a equipa a tempo da introdução da nova regulamentação técnica prevista para 2021 – entretanto, adiada para 2022 devido à pandemia – e, dessa forma, dotá-la dos meios técnicos que lhe permitisse dar um salto competitivo que quebrasse a deriva negativa dos últimos anos.

Mas então o mundo teve de lidar com algo inesperado — o novo coronavírus — e a Rokit, o patrocinador-título da Williams para a presente temporada, decidiu não manter o seu apoio, o que, na prática, ditou a decisão de Claire Williams – filha de Frank e a chefe de equipa executiva da Williams – de vender a equipa devido as difíceis condições financeiras da formação de Grove.

No dia 21 de agosto foi anunciado que a Williams fora vendida à Dorilton Capital.

O fundo de investimento, cuja identidade do seu verdadeiro dono se desconhece para já, tem sede em Nova Iorque e possui empresas de serviços industriais, de tecnologia da saúde e da alimentação, assumindo-se como uma entidade que fornece capital para o crescimento de projetos, apoio e conhecimento para que as companhias que desejem dar um passo em frente nas respetivas áreas.

A Williams custou à Dorilton Capital 152 milhões de euros, incluindo as dívidas da equipa, que, entretanto, foram totalmente pagas, demonstrando que os americanos estão determinados em mudar o rumo da equipa que adquiriram.

Este desfecho demonstra como o mundo da Fórmula 1 é impiedoso e onde a história pouco conta, não sendo os sucessos do passado uma garantia de futuro, como demonstra o afastamento da família Williams da equipa que fundou. Este desenvolvimento marca o fim de uma era, visto que hoje nenhuma das equipas que competem na categoria máxima do desporto automóvel é detida pelos seus fundadores ou família.

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A crise também chegou à Fórmula 1

  • Jorge Girão
  • 5 Outubro 2020

A pandemia da COVID-19 vergou o mundo e a Fórmula 1 não é excepção… A FOM tem agendados para este ano 17 Grandes Prémios, ao invés dos 22 planeados, mas isso terá um custo financeiro assinalável.

A categoria máxima do desporto automóvel foi apanhada num turbilhão quando se aprestava para realizar a sua prova de abertura da temporada, em março, tendo o Grande Prémio da Austrália sido cancelado enquanto os fãs formavam fila às portas do circuito de Albert Park para assistir à primeira sessão de treinos-livres da época.

A partir de então, foram cancelados dez Grandes Prémios por entre adiamentos de outros, deixando virado do avesso o calendário gizado para 2020.

Contudo, a FOM rapidamente começou a trabalhar num novo escalonamento de provas, tendo conseguido assegurar 17 eventos em seis meses. Este número não é fruto do acaso, dado que, no mínimo terão de ser disputados 15 Grandes Prémios para cumprir os contratos com as cadeias televisivas.

Em 2019, a maior fonte de receitas foram os pagamentos das televisões para terem o direito de transmitirem os Grandes Prémios, quase 656 milhões de euros, o que representa 38,1% de todo o bolo.

Os contratos assinados entre a FOM e as cadeias televisivas preveem um mínimo de 15 corridas; descendo deste número, as últimas têm de ser ressarcidas pelo grupo que gere os aspetos comerciais da Fórmula 1, sendo compreensível o desejo de Chase Carey, o seu CEO, em, no mínimo, alcançar essa cifra.

Para isso, a FOM mostrou-se aberta a realizar corridas à porta fechada, que têm um custo oneroso para o grupo.

Em 2019, a organização detida pela Liberty Media recebeu 517,45 milhões de euros, 30,1% das receitas, da parte dos organizadores de Grandes Prémios pelo direito de poderem levar a cabo uma corrida de Fórmula 1, acrescendo ainda receitas do Paddock Club, 91,97 milhões de euros, valores que descerão substancialmente sem adeptos nas bancadas.

O modelo de negócio dos organizadores de Grande Prémio assenta nas receitas de bilheteiras, a única fonte de rendimento que possuem, ficando a FOM com todo o resto – patrocinadores, publicidade estática, Paddock Club, etc.

Foram disputadas nove Grandes Prémios à porta fechada, não tendo os organizadores as suas fontes de rendimentos para edificar os respetivos eventos sem perder dinheiro. É evidente que a FOM não lhes poderia cobrar a taxa habitual, como é previsto nos contratos, sob pena de não ter tido pistas onde realizar provas sem adeptos.

Para além disso, com portas fechadas, não há convidados, nem VIPs, nem Paddock Club, o que representa mais uma quebra de receitas para o grupo controlado pela Liberty Media.

Posto isto, quando custará à FOM uma temporada de 17 Grandes Prémios?

As primeiras nove provas foram disputadas com as portas fechadas, o que representa uma perda de quase 225 milhões de euros (2019 cada organizador pagou, em média 25 milhões de euros), acrescendo-se ainda o desaparecimento de 40 milhões de euros devido ao não funcionamento do Paddock Club.

Para além das provas que foram realizadas à porta fechada, os homens do grupo que gere os aspetos comerciais da Fórmula 1 tem ainda de lidar com 11 cancelamentos, o que representa dinheiro que não entra nos seus cofres.

Deste grupo faz parte o Grande Prémio do Mónaco, que não paga taxa para organizar a sua prova, mas os restantes representam uma quebra de uns massivos 250 milhões de euros nas receitas da FOM.

Esta perda será minimizada pela introdução de seis novas provas — Mugello, Nurburgring, Portimão, Imola, Istambul e a segunda prova do Bahrein — mas estas gozam de condições muito especiais, não representando uma entrada significativa de dinheiro na FOM e capaz de suprir as perdas contabilizadas.

No entanto, qualquer uma delas tem a prevista a abertura das portas ao público, recebendo o grupo que gere a Fórmula 1 parte das receitas. Para além disso, desde o Grande Prémio da Rússia, o Paddock Club voltou a funcionar, o que contribui para estancar a hemorragia financeira que tem vindo a sentir desde o início da temporada. Esta parcela representa 37,7 milhões de euros contra os 91,97 milhões de euros gerados o ano passado.

Ora, somando as perdas das provas realizadas à porta fechada, dos 11 Grandes Prémios cancelados e da operação do Paddock Club chegamos ao valor esmagador de 529,27 milhões de euros.

Os homens de Chase Carey, o CEO da FOM, terão ainda de contabilizar o aumento de custos operacionais, uma vez que na maior parte dos eventos as equipas foram deslocadas para cada um dos circuitos através de charters disponibilizados pela FOM, para evitar o contágio através do novo coronavírus, o que acrescerá substancialmente às despesas do grupo — talvez possam ser suportadas pelas receitas criadas pela abertura dos portões aos adeptos a partir do Grande Prémio da Rússia.

Para além disso, os contratos de patrocínio e publicidade estática foram assinados tendo em conta o público presente nos circuitos, podendo os valores serem reduzidos, o que implicará mais perdas de receitas para o grupo da Fórmula 1.

Ainda assim, se compararmos com as receitas do ano passado, mais de 1738 milhões de euros, a FOM poderá fechar o ano no verde, mas a quebra de, pelo menos, cerca de 30% terá um impacto nos orçamentos de 2021 das equipas, que recebem em prémios cerca de 50% do valor gerado pela organização que administra os aspetos comerciais da categoria máxima. Se isto terá um impacto na sobrevivência de algumas estruturas, só o futuro o dirá…

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PSD elogia discurso do PR de apelo à consensualização e sentido de responsabilidade

  • Lusa
  • 5 Outubro 2020

André Coelho Lima, vice-presidente do PSD , diz que Marcelo fez “um discurso muito institucional e muito adequado ao momento”, no qual os sociais-democratas se reveem “integralmente".

O PSD considerou que Marcelo Rebelo de Sousa fez hoje “um discurso muito institucional e muito adequado ao momento”, no qual os sociais-democratas se reveem “integralmente” porque apela à “consensualização e sentido de responsabilidade” de todos os agentes políticos.

“É muito importante que todos percebamos que a questão sanitária durará, esperamos nós, o menor tempo possível. Mas a questão económica que se sobreporá durará muito mais. É muito importante que exista consensualização, sentido de responsabilidade e sobretudo um poder de fiscalização enormíssimo”, disse o vice-presidente do PSD André Coelho Lima já na fase em que respondia a perguntas dos jornalistas.

Antes, o deputado social-democrata, que reagiu em nome do PSD ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na cerimónia comemorativa do 110.º aniversário da Implantação da República, disse que o PSD se “revê-se integralmente nas palavras” do Presidente da República, o qual fez “um discurso muito institucional e muito adequado ao momento que vivemos”.

“[O discurso] dividiu em três partes essenciais que vão ao encontro do que tem sido essa a postura do PSD”, referiu André Coelho Lima, segundo o qual Marcelo Rebelo de Sousa “ao falar do estado de exceção sanitária que vivemos que tem repercussões na vida económica e social, alertou para o sufoco das micro, pequenas e médias empresas”.

“O que é um apelo claro à negociação orçamental que está a decorrer, um apelo claro a que o Governo consiga resistir em, para aprovar o orçamento, ponha em causa a economia das empresas porque delas depende a qualidade de vida e a manutenção dos empregos”, disse André Coelho Lima, numa unidade hoteleira no Porto onde para a parte da tarde está agendada a apresentação do “Programa Estratégico dos Fundos Europeus para a Década” com a presença do líder do partido, Rui Rio.

Para o vice-presidente do PSD, o apelo ao sentido de responsabilidade “pode ser visto num sentido estrito ou imediato, em termos de negociação orçamental, ou visto num sentido mais lato”.

O vice-presidente do PSD também interpretou o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa como um “aleta para um aproveitamento cioso e ético dos fundos europeus que vão ser disponibilizados” a Portugal, vendo as palavras do Presidente da República como uma forma de “pressão” para que “todos saibam estar à altura”.

André Coelho Lima disse que existe “um dever acrescido de todos de consensualização” para evitar “o que já se fez no passado” que foi, acrescentou, “permitir que a quantidade anormalmente elevada de fundos fosse aproveitada por uns e não em benefício de todos”.

Voltando à interpretação do que disse ter sido uma mensagem “muito construtiva dedicada aos cidadãos e aos políticos” sobre a atual “situação de exceção sanitária”, Coelho Lima defendeu que se deve “resistir ao comentário sobre questões que são eminentemente técnicas e de saúde pública” e falou da postura do PSD que foi “por vezes incompreendida”.

“O doutor Rui Rio é firme no que disse em março de que o PSD sabe interpretar o momento que o país e o mundo atravessam e estará sempre ao lado do país, o que significa estar ao lado do Governo no combate à pandemia”, frisou.

Hoje, na cerimónia comemorativa do 110.º aniversário da Implantação da República, o Presidente da República apelou à unidade no essencial na resposta à crise provocada pela covid-19, com equilíbrio entre proteção da vida e da saúde e da economia, e sem dramatização a mais nem a menos.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em Lisboa, defendendo que é preciso “continuar a compatibilizar a diversidade e o pluralismo com a unidade no essencial”.

“O que nos diz este 5 de Outubro é que temos de continuar a resistir, a prevenir, a cuidar, a inovar, a agir em liberdade, a saber compatibilizar a diversidade com a convergência no essencial, a sobrepor o interesse coletivo aos meros interesses pessoais”, afirmou.

O chefe de Estado referiu que “há quem prefira soluções para o estado de exceção sanitária que sacrificariam drasticamente economia e sociedade” e “há quem prefira soluções para a economia e sociedade que aumentariam riscos para a vida e saúde”.

“Há quem proponha tempos e modos diferentes, do lado da vida e da saúde, como do lado da economia e da sociedade. Esta diversidade é democrática, e é por isso respeitável. Procuremos respeitá-la, buscando a convergência no essencial, evitando quer o excesso de dramatização, quer o excesso de desdramatização dos dois lados”, acrescentou.

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As contas da F1, dos patrocínios aos direitos de TV

  • Jorge Girão
  • 5 Outubro 2020

O Campeonato do Mundo de Fórmula 1 é um desporto, mas à sua volta coexiste um enorme negócio de milhares de milhões de euros que financiam o próprio campeonato e em larga medida as equipas.

A principal categoria do automobilismo era nos anos 60 uma competição de nicho com presença regular nos jornais da época, mas sem grande peso no mundo alargado do desporto.

Esta situação começou a mudar nos anos 70, tendo como força motriz Bernie Ecclestone, que na época era o dono da Brabham, uma equipa que conquistou alguns títulos. Durante o seu reinado o inglês transformou a Fórmula 1 numa competição desportiva que gera milhares de milhões de euros e numa atividade bastante lucrativa.

Em 2017, a Liberty Media adquiriu o controlo da Formula One Management (FOM), a empresa que gere os direitos comerciais da Fórmula 1, e depois de dois anos em que as receitas caíram, em 2019 subiram 10,67%, para 1.738 milhões de euros.

É uma quantia milionária que assenta em três vetores principais — direitos de transmissão, taxas cobradas às organizações que realizam Grandes Prémios e patrocínios e parcerias comerciais.

No ano passado a FOM recebeu das cadeias televisivas mais de 655,84 milhões de euros para que estas pudessem transmitir os vinte e um eventos do calendário, o que representa 38,1% das receitas do grupo.

Entre os operadores que mais pagam está a Sky que envia para os cofres da FOM 130 milhões de euros todos os anos para poder transmitir os Grandes Prémios para o Reino Unido, assim como param mais alguns países de expressão inglesa.

Em Portugal, a ElevenSports, que tem os direitos de transmissão para o nosso país, contribui para o bolo com cerca de 2 milhões de euros por ano de um contrato de três anos.

A segunda parcela da FOM advém das taxas cobradas aos organizadores de Grandes Prémios que representam 30% das suas receitas, o que equivale a cerca de 517,42 milhões de euros.

"Toda a publicidade estática que se vê num circuito e os patrocinadores-título de cada um dos Grandes Prémios são pagos à FOM, tendo isto valido 260,44 milhões de euros em 2019, 15% do bolo total”

Com vinte e um Grandes Prémios realizados em 2019, em média cada organizador paga 24,63 milhões de euros, mas não é assim tão linear, dado que o Grande Prémio do Mónaco, por exemplo, graças ao seu estatuto, não engorda dos cofres da FOM, sendo os seus únicos custos, ainda assim avultados, a construção anual do circuito citadino de Monte Carlo.

Do lado inverso estão alguns países como o Azerbaijão, Rússia, Bahrein e Abu Dhabi que desembolsam todos os anos mais de 50 milhões de euros pelo privilégio de poderem ter um Grande Prémio de Fórmula 1.

Portugal regressa este ano ao convívio do Grande Circo, mas é uma exceção, sendo uma organização partilhada entre a Parkalgar – empresa que gere o Autódromo Internacional do Algarve – e a FOM, sendo alocados à parte lusa apenas os custos operacionais.

A terceira parcela mais volumosa das receitas do grupo que gere os negócios da Fórmula 1 são os patrocínios e parcerias comerciais. Toda a publicidade estática que se vê num circuito e os patrocinadores-título de cada um dos Grandes Prémios são pagos à FOM, tendo isto valido 260,44 milhões de euros em 2019, 15% do bolo total.

Estas três parcelas contribuem para 1.433,6 milhões de euros das receitas, 83%, mas existem ainda mais algumas fontes para a FOM.

Uma delas é o paddock club, um local restrito dentro do paddock de cada Grande Prémio, cujo acesso custa, no mínimo cerca de mil euros, mas pode chegar aos oito mil. Em 2019 este espaço rendeu mais de 91,97 milhões de euros, 5,3% do total.

Os 212 milhões de euros restantes dividem-se por fornecimentos de componentes e assistência às equipas de Fórmula 2 e Fórmula 3, categorias geridas pela FOM, pelas receitas geradas pelas redes sociais e o serviço de distribuição de conteúdos através da F1 Pro TV, que também transmite os Grandes Prémios para diversos países, onde se inclui Portugal.

Porém, se as receitas são impressionantes, as despesas são também importantes, o que determina que a FOM tenha tido em 2019 um lucro de apenas de 17 milhões de euros.

A grande fatia dos custos está relacionada com os pagamentos às equipas, que recebem 50% das receitas do grupo.

A FOM distribuiu 869,86 milhões de euros pelas equipas de acordo com a classificação de cada uma no Campeonato de Construtores e pela sua importância histórica na categoria. Para dar uma ideia, a Mercedes, a Campeã do Mundo, recebeu em 2019 152,14 milhões de euros, ao passo que a Williams, a última classificada, auferiu apenas de 51,57 milhões, mas nem foi a que menos recebeu, essa foi a Toro Rosso, com 44,70 milhões.

A FOM tem ainda de pagar 25 milhões de euros de taxas à FIA todos os anos para poder usar a nomenclatura de “Campeonato do Mundo de Fórmula 1”, para além de ter custos operacionais elevados.

Estes dados estão envoltos em grandes secretismos, mas tem ainda custos financeiros — entre impostos, empréstimos bancários para pagar e despesas cambiais — para além de usar parte das suas receitas para diversos investimentos, que vão desde o desenvolvimento das suas redes sociais até à sua plataforma de transmissão em direto dos Grandes Prémios.

No final, a FOM apresentou em 2019 um lucro de 14,61 milhões de euros e, se 2020 se prevê um ano difícil, devido à pandemia da COVID-19, as perspetivas são para que os lucros aumentam substancialmente a partir de 2022.

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Quanto custa ser campeão na F1? Os milhões atrás de um troféu

  • Jorge Girão
  • 5 Outubro 2020

Para Lewis Hamilton conquistar o 6º título mundial foi necessário um investimento de 364 milhões de euros. Mas a Mercedes só contribuiu com 9% do valor. De onde vem o restante?

A Fórmula 1 é um desporto de números impressionantes — velocidades de cortar a respiração, acelerações e travagens de assustarem os mais intrépidos. Também as finanças das equipas ostentam valores astronómicos, mas apesar das quantias elevadas, o investimento parece fazer todo sentido para a Mercedes.

A categoria máxima do automobilismo é um dos desportos mais exigentes: em pista estão os automóveis mais avançados do mundo, recorrendo a tecnologia a que, em alguns casos, nem a NASA tem acesso.

Nada é deixado ao acaso, sendo todos os componentes que dão corpo aos Fórmula 1 aturadamente testados através de sofisticadas ferramentas de simulação e todos os cenários devidamente antecipados.

As equipas são verdadeiras máquinas, muito bem oleadas, que têm como objetivo encontrar aquele último milésimo de segundo que faz a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Mas, evidentemente, tudo tem um custo e a Mercedes, que tem vindo a dominar o panorama dos Grandes Prémios de Fórmula 1 desde 2014, tem mais de mil funcionários — desde pilotos aos responsáveis da limpeza — para colocar dois carros em pista ao longo de uma temporada, que normalmente tem entre vinte e vinte e duas corridas.

"A FOM (Formula One Management) tem vindo a gerar cerca de dois mil milhões de euros anualmente através de contratos com os circuitos que albergam Grandes Prémios, direitos de transmissão televisiva e acordos de patrocínio.”

É uma organização colossal que exigiu o ano passado 364 milhões de euros para que Lewis Hamilton conquistasse o seu sexto título Mundial e a Mercedes assegurasse o seu sexto cetro de construtores.

São valores avultados que pesariam nas contas da maior parte das empresas nacionais, mas para os quais a Mercedes contribui apenas com 32,78 milhões de euros.

Então de que forma a Mercedes está no campeonato anual com mais seguidores a nível mundial, promovendo-se numa plataforma global, contribuído apenas com 9% do orçamento total da equipa, que está sediada em Brackley, Inglaterra?

Para além da contribuição da Daimler – o grupo que integra a marca de Estugarda – a formação dos “Flechas de Prata” tem três fontes de rendimentos: receitas dos direitos comerciais da Fórmula 1, patrocínios e parcerias técnicas.

A maior fatia do orçamento da Mercedes AMG F1 Team advém precisamente das receitas dos direitos comerciais do mais importante campeonato de automobilismo do mundo.

A FOM (Formula One Management) tem vindo a gerar cerca de dois mil milhões de euros anualmente através de contratos com os circuitos que albergam Grandes Prémios, direitos de transmissão televisiva e acordos de patrocínio.

Cerca de metade destes dois mil milhões de euros são distribuídos pelas dez equipas segundo o Acordo da Concórdia — contrato que define os direitos e deveres de todos os stakeholders — recebendo as equipas mais bem-sucedidas e com maior peso histórico quantias superiores às restantes.

Apesar do secretismo do Acordo da Concórdia, é possível estimar que a Mercedes tenha recebido em 2019 150 milhões de euros – a Ferrari terá auferido de 174 milhões de euros graças ao seu peso e histórico e apesar de ter ficado no segundo lugar do Campeonato de Construtores.

A segunda maior parcela dos rendimentos da equipa de Fórmula 1 da Mercedes são os patrocínios que podemos ver nos carros, que ascendem aos 100 milhões de euros. A Petronas — a petrolífera do estado da Malásia e a 158ª maior companhia do mundo, segundo a revista Fortune — contribuiu com quase 65 milhões de euros, mas Puma, Bose, UBS, Tommy Hilfiger, entre outras empresas, pagaram igualmente principescamente para terem o direito de aparecerem nos carros pilotados por Lewis Hamilton e Valtteri Bottas.

A terceira fatia do orçamento da equipa da Mercedes resulta das parcerias técnicas que granjeou nos últimos anos. Na esfera da Fórmula 1, a estrutura que opera em Brackley forneceu e fornece alguns componentes técnicos à Racing Point — uma equipa que usa motores e caixa de velocidades da Mercedes. Mas as parcerias não se ficam por aqui, estando a trabalhar com a INEOS nas equipas de ciclismo — uma das mais importantes da modalidade — e a America’s Cup – a mais relevante do mundo da vela.

Através destas lucrativas colaborações a equipa de Fórmula 1 da Mercedes auferiu em 2019 mais de 70 milhões de euros.

Graças a estas receitas, o grupo Daimler, dona da marca Mercedes e da equipa de Fórmula 1 sediada em Brackley, teve apenas de investir 32,78 milhões de euros para conquistar ambos os títulos em 2019.

Este investimento do conglomerado germânico gerou um retorno estimado de 5,4 mil milhões de euros de AVE (advertising value equivalent – valor de publicidade equivalente), o que ajudou a que a Mercedes se tornasse na oitava marca mais valiosa do mundo…

Não é barato estar na Fórmula 1 e não estará ao alcance de todos os construtores automóveis, mas a Mercedes mostra que poderá ser uma operação rentável e capaz de ajudar a marca, assim como os seus patrocinadores, a conquistar os seus objetivos – vender os seus produtos.

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PS considera que apelo do PR à convergência significa união em momentos como o Orçamento

  • Lusa
  • 5 Outubro 2020

O secretário-geral adjunto do PS considera que apelo do Presidente da República à ética republicana e à convergência significa colocar o interesse público acima de interesses individuais, como no OE.

O secretário-geral adjunto do Partido Socialista (PS) considerou hoje que o apelo do Presidente da República à ética republicana e à convergência significa colocar o interesse público acima de interesses individuais, como no Orçamento do Estado.

“O facto de o senhor Presidente da República ter sublinhado por várias vezes a importância de cultivarmos a ética republicana, isso significa colocarmos à frente dos interesses particulares, partidários ou individuais o interesse público, o interesse da República. Ora, é por considerarmos que a aprovação do Orçamento do Estado corresponde a esse interesse público e da República que consideramos que a mensagem do senhor Presidente da República, ao apelar à convergência – naturalmente no respeito pela diversidade, pelo pluralismo político, nas ideias, pela diversidade nas opiniões – para salvaguardar o interesse geral, que é o interesse da República, é bastante relevante”, disse José Luís Carneiro em declarações à Lusa.

O secretário-geral adjunto do PS considerou que a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa foi de “grande responsabilidade e confiança no futuro” ao destacar os sete meses de cooperação entre os portugueses e as instituições e ao falar da importância de todos terem “sentido de responsabilidade nas atitudes individuais e coletivas”.

José Luís Carneiro afirmou que, nesse aspeto, foi sobretudo relevante a mensagem dirigida a quem exerce cargos políticos para estarem preparados para convergir quando está em causa o interesse geral, referindo-se novamente ao momento da aprovação do Orçamento do Estado para 2021.

“Uma mensagem que consideramos relevante é dirigida aos detentores momentâneos da soberania popular nas diferentes funções: o dever que têm de convergir na defesa do interesse geral. E esse interesse geral passa naturalmente, no nosso entendimento, pela aprovação do Orçamento do Estado, pela convergência política e partidária em torno do plano de recuperação económico e social, e pela cooperação entre todos cidadãos e instituições de vencermos a pandemia e recuperarmos económico e socialmente”, disse.

O Presidente da República discursou hoje na cerimónia comemorativa do 110.º aniversário da Implantação da República, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em Lisboa.

Marcelo Rebelo de Sousa apelou à unidade no essencial na resposta à crise provocada pela covid-19, com equilíbrio entre proteção da vida e da saúde e da economia, e sem dramatização a mais nem a menos, defendendo que é preciso “continuar a compatibilizar a diversidade e o pluralismo com a unidade no essencial”.

O Governo minoritário do PS tem negociações em curso com BE, PCP, PEV e PAN para a aprovação do Orçamento do Estado para 2021. A proposta orçamental é entregue no parlamento no dia 12.

A semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa fez várias declarações sobre o tema, em que afirmou que considera “muito importante” que haja um Orçamento para o ano que vem, mantendo a estabilidade política.

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Ursula “não tem sintomas e está perfeitamente bem”. Presidente da Comissão aguarda resultado de novo teste

O porta-voz da Comissão Eric Mamer afirmou que a Presidente da Comissão Europeia “testou negativo quinta-feira num teste de rotina”. Hoje voltou a fazer novo teste.

António Costa recebe a presidente da Comissão Europeia Ursula Von Der Leyen no Palácio de São Bento - 28SET20

A notícia de que o advogado e conselheiro de Estado António Lobo Xavier testou positivo já levou a Ursula von der Leyen a realizar um novo teste à Covid-19, estando ainda à aguardar os resultados “antes do final do dia”, confirmou esta manhã o porta-voz da Comissão Europeia Eric Mamer, no briefing diário da Comissão.

Marcelo Rebelo de Sousa presidiu, na passada terça-feira, no Palácio da Cidadela em Cascais, à reunião do Conselho de Estado, que decorreu sob o tema “A União Europeia, hoje e amanhã”, e na qual participou, como convidada, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A notícia de que um dos conselheiros de Estado tinha testado positivo à Covid-19 fez naturalmente soar os alarmes em Bruxelas, estando a presidente Ursula von der Leyen nesta altura em isolamento.

“A quarentena da presidente da Comissão decorre até ao final do dia de amanhã, visto que esteve em contacto com uma pessoa que testou positivo ao coronavírus na terça-feira passada, aquando da sua deslocação a Lisboa”, afirmou esta manhã Eric Mamer.

Segundo o porta-voz da Comissão, “Von der Leyen testou negativo quinta-feira num teste de rotina que faz duas vezes por semana. Fez novamente um teste esta manhã e aguardamos os resultados antes do final do dia”.

Mamer acrescentou que a presidente “não tem sintomas e está perfeitamente bem e a trabalhar. Esta manhã teve encontros por vídeo-conferência”.

A situação de quarentena deverá obrigar a alterações de agenda para amanhã: Von der Leyen não poderá participar na sessão plenária do Parlamento Europeu, presidir à reunião do Colégio de Comissários, nem participar na cimeira UE-Ucrânia.

Num tweet publicado esta manhã, Ursula já tinha escrito a seguinte mensagem: “Fui informada que participei numa reunião, na terça-feira passada, onde estava uma pessoa que ontem [no domingo] testou positivo para a Covid-19. De acordo com os regulamentos adotados, estarei em auto isolamento até amanhã [terça-feira] de manhã”,

De acordo com a agência Lusa, os testes de diagnóstico de infeção com o novo coronavírus realizados no domingo pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e pelo primeiro-ministro, António Costa, — todos participantes do Conselho de Estado — deram negativo.

Esta informação foi hoje avançada à Lusa por fonte da Presidência da República, que adiantou que também deram resultado negativo os testes realizados por outros cinco conselheiros de Estado: os antigos presidentes da República Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva, Francisco Pinto Balsemão, Leonor Beleza e Francisco Louçã.

Os demais membros do Conselho de Estado deverão ser testados esta segunda-feira.

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