Isabel dos Santos e outros 4 portugueses constituídos arguidos em Angola
A empresária angolana foi constituída arguida em Angola por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela Sonangol. Além dela, há mais quatro portugueses.
A empresária Isabel dos Santos foi constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela petrolífera estatal Sonangol, anunciou esta quarta-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana. O anúncio foi feito pelo procurador-geral, Heldér Pitta Grós, durante uma conferência de imprensa em Luanda.
Helder Pitta Grós afirmou que o processo de inquérito aberto na sequência de uma denúncia do presidente do conselho de administração da petrolífera, Carlos Saturnino, já foi transformado em processo-crime e algumas pessoas foram constituídas arguidas, para além da própria empresária: Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol; Mário Leite da Silva, gestor de Isabel dos Santos e presidente do Conselho de Administração do BFA; Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da Nos, e Nuno Ribeiro da Cunha.
Segundo o PGR, todos se encontram fora de Angola e, numa primeira fase, serão notificados sobre a sua condição de arguido. “Neste momento, a preocupação é notificar e fazer com que venham voluntariamente à justiça”, disse o procurador-geral, adiantando que, se não conseguir este objetivo, a PGR irá recorrer aos instrumentos legais ao seu dispor, entre os quais a emissão de mandados de captura internacionais.
No fim de semana foi tornada pública uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) — “Luanda Leaks” –, que revelou mais de 715.000 ficheiros secretos, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
A empresária já se defendeu, afirmando estar a ser vítima de um ataque político orquestrado para a neutralizar, e sustentou que as alegações feitas contra si são “completamente infundadas”, prometendo “lutar nos tribunais internacionais” para “repor a verdade”.
De acordo com o “Luanda Leaks”, a filha de José Eduardo dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada a portuguesa Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da operadora Nos.
Os dados divulgados envolvem também o advogado pessoal da empresária, o português Jorge Brito Pereira (sócio da Uría Menéndez), Mário Leite da Silva e Sarju Raikundalia. A investigação revela ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana.
(Notícia atualizada às 19h09 com mais informação)
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