Tancos: Juiz diz estar perplexo com a existência de versões diferentes
O juiz Carlos Alexandre diz-se perplexo com as versões divergentes sobre o caso do furto e recuperação das armas. Ex-diretor da PJM apresentou uma versão e o chefe de gabinete Martins Pereira outra.
O juiz de instrução do processo de Tancos manifestou-se esta segunda-feira perplexo com as versões divergentes sobre o caso do furto e recuperação das armas e esperava que o ex-ministro da Defesa e arguido Azeredo Lopes desempatasse.
Segundo fonte ligada ao processo, o juiz Carlos Alexandre, durante o interrogatório de Azeredo Lopes hoje de manhã, quis esclarecer as diferentes nuances que existem nas versões do ex-diretor da Polícia Judiciária Militar e arguido Luís Vieira e do antigo chefe de gabinete do ministro Martins Pereira.
Carlos Alexandre disse mesmo estar à espera que o ministro desempatasse já que, o ex-diretor da PJM apresentou uma versão e o chefe de gabinete Martins Pereira apresentou outra.
Azeredo Lopes disse ainda ao juiz que teve conhecimento de que havia um informador [Paulo Lemos/Fechaduras] da Polícia Judiciária, mas que este estava com medo porque tinha recebido informações de que a Polícia Marítima se preparava para lhe colocar armas no quintal de casa no âmbito de outro inquérito.
Paulo Lemos tem um passado ligado à criminalidade violenta relacionada com o controlo de estabelecimentos de diversão noturna do Porto.
O interrogatório de Azeredo Lopes, que está acusado de denegação de justiça, prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário e abuso de poder, continua hoje à tarde depois da manhã ter sido preenchida com perguntas do seu advogado intercaladas com algumas questões do juiz.
À entrada do Tribunal de Monsanto, o ministro não prestou declarações aos jornalistas sobre o caso, dizendo que tudo o que tinha a dizer falaria na sessão e que iria esclarecer tudo o que lhe fosse possível.
Segundo a acusação do Ministério Público, a recuperação do armamento furtado dos paióis de Tancos, em junho de 2017, deve-se a um “verdadeiro pacto de silêncio entre Azeredo Lopes e os arguidos da GNR, PJM e que todos criaram sérios obstáculos à descoberta da verdade material”.
Azeredo Lopes demitiu-se do cargo a 12 de outubro de 2018.
Nove dos 23 arguidos do processo de Tancos são acusados de planear e executar o furto do material militar e os restantes 14, entre eles Azeredo Lopes, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.
O inquérito de Tancos investigou o furto, em 28 de junho de 2017, e as circunstâncias em que aconteceu a recuperação de grande parte do material militar, em 18 de outubro do mesmo ano.
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