Central a carvão de Sines tem “papel a desempenhar” no projeto de hidrogénio verde, diz Matos Fernandes
O hidrogénio em Sines vai "tentar rentabilizar as estruturas que já existem e o património construído tem de fazer parte deste projeto", disse Matos Fernandes em resposta ao PSD.
Em audição na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, esta quarta-feira no Parlamento, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, voltou a sublinhar que a central de Sines — que funcionará a carvão pelo menos até 2023, ou até a EDP considerar que o negócio é rentável — tem um papel a desempenhar no mega projeto de hidrogénio verde que vai nascer nos terrenos do Estado na cidade do litoral alentejano.
“A central de Sines é de alguém, é da EDP. O projeto de hidrogénio verde envolve a Galp, a EDP e a REN, além de empresas tecnológicas portuguesas e outras empresas estrangeiras. O hidrogénio em Sines vai tentar rentabilizar as estruturas que já existem e o património construído tem de fazer parte deste projeto“, disse Matos Fernandes em resposta ao PSD, que questionou ao ministro se o Governo está a “subsidiar o carvão” e a “pagar à EDP para manter Sines a trabalhar”.
Ao Capital Verde, do ECO, o ministro do Ambiente e Ação Climática tinha já avançado que “o papel exato e concreto que as paredes daquela central a carvão vão desempenhar no futuro está a ser discutido no contexto do projeto que estamos a montar e sobre o qual haverá novidades em abril”, remetendo mais pormenores para o proprietário. “O Estado é o dono dos terrenos, mas não é o dono da central”, referiu Matos Fernandes. O secretário de Estado da Energia, João Galamba, confirmou que o Governo desafiou a EDP a trocar o carvão que ainda é queimado na central termoelétrica pelo hidrogénio verde, mas António Mexia foi cauteloso e lembrou que qualquer reconversão da central de Sines tem custos. “A central a carvão tem uma escala e uma configuração muito diferente do que é o projeto de hidrogénio, que inclui centrais de eletrólise mais pequenas”, disse o CEO da EDP em declarações ao Capital Verde, do ECO.
Depois do promotor do projeto Flamingo Verde, o empresário holandês Mark Rechter, CEO do Resilient Group, ter avançado em entrevista ao Capital Verde, do ECO, que as obras de construção no terreno, em Sines, arrancarão no segundo semestre de 2021, esta quarta-feira Matos Fernandes até antecipou o calendário: “Queremos arrancar, no início do próximo ano, com o projeto de produção de hidrogénio verde à escala industrial em Portugal […] A produção de hidrogénio no nosso país reduzirá as importações e a dependência energética, reforçando a segurança energética em Portugal e na União Europeia. Posiciona o nosso país como exportador de energia verde e descarboniza a indústria, os transportes e o aquecimento. Dá novos usos à infraestrutura de gás natural de que o país dispõe”.
O ministro confirmou ainda o valor de investimento necessário para produzir hidrogénio verde em Portugal. “Estimamos que possa mobilizar, até 2030, um investimento superior a 3000 milhões de euros para produzir um máximo anual de 175 mil toneladas de hidrogénio”. E sublinhou que “a produção de hidrogénio verde não se resume a Sines: haverá projetos de escala variável, dispersos pelo território, estando o Governo a preparar um plano de ação para o hidrogénio, no qual o apoio à produção descentralizada será uma das prioridades. Juntamente com a nova legislação sobre comunidades de energia, a produção descentralizada de hidrogénio é uma oportunidade para atrair investimento para o interior”.
Matos Fernandes rematou dizendo que a produção de hidrogénio verde em Portugal “beneficiará de fundos comunitários” e pode mesmo ser a solução para desbloquear a interligação de gás com França”, depois dos governos de Madrid e Paris terem travado a construção do gasoduto para ligar a Península Ibérica ao resto da Europa, sob a justificação de que “só restam 20 para usar gás natural” por isso o investimento não compensaria. “É da maior importância. A Europa precisa deste gasoduto, transportar gases e não apenas gás natural. A rede portuguesa é moderna, e por isso pode integrar hidrogénio, mas o mesmo não acontece na Holanda, por exemplo”.
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