“A Portela é o pior aeroporto do mundo”, diz Antonoaldo Neves, CEO da TAP
CEO da companhia aérea acusa a concessionária de não investir no aeroporto, o que traz custos para a empresa. Garante que não está interessado no Montijo.
O CEO da TAP Antonoaldo Neves não entende porque é que só se pensa num eventual aeroporto no Montijo quando há problemas a resolver no atual, na Portela. O gestor acusa a concessionária do aeroporto, a ANA, de não investir nas infraestruturas e diz que, sem certezas sobre o futuro, a companhia aérea vai parar de apostar também no crescimento.
“A Portela é o pior aeroporto do mundo, e vai piorar no próximo ano e no seguinte”, disse Neves, na conferência de imprensa em que apresentou prejuízos de 105,6 milhões de euros registados no ano passado. “É inadmissível que não haja data para investir. Facto é que a TAP tomou a decisão de que não vai investir mais. A TAP não está disponível para investir mais sem saber o que vai acontecer”.
No relatório de apresentação de resultados, a companhia aérea dizia ter investido mais de 1,5 mil milhões de euros em 2019, incluindo a compra de 30 aviões novos, que permitiu a renovação de 70% da frota de longo curso num só ano. Ao longo do ano, inaugurou 11 novas rotas e contratou cerca de 900 novos trabalhadores.
Para 2020, o plano é continuar a reestruturação, nomeadamente continuando a cortar custos e reforçando a presença na América do Norte (que tem ganho espaço ao Brasil na quota de mercado da companhia). Mas a falta de investimento no aeroporto, por parte da ANA, é — para Antonoaldo Neves — um problema.
“Porque é que não conseguimos trabalhar com mais pontualidade? Há muitas restrições no aeroporto de Lisboa“, disse o CEO. A empresa teve 35 dias limitados por nevoeiro e outros 129 por exercícios militares, tendo acumulado uma perda de 35 milhões de euros devido a custos com irregularidades. “A Portela tem de equacionar isso. Não é admissível que a Portela não tenha ILS, que é um sistema de apoio em caso de nevoeiro”.
Também o espaço limitado no aeroporto está a criar constrangimentos para a companhia aérea, que tinha pedido 9.000 slots (na prática a autorização para levantar o aterrar num aeroporto) para o verão e foram-lhe atribuídos menos 1.500, tal como tinha noticiado o ECO.
A cada ano, as companhias de aviação projetam o número de movimentos previstos tendo em conta objetivos de voos, passageiros e receitas, mas isso está sempre dependente da existência de slots.
“Pedimos poucos porque temos noção das limitações que há. Os nossos concorrentes pediram 23% a mais. Não é possível, não há espaço porque não há investimento. Estou aqui há dois anos e nenhum investimento foi feito“, disse Antonoaldo Neves.
O CEO confirmou que já está a avisar as várias partes — do setor turístico, mas também a própria ANA e a NAV que gere o espaço aéreo português — de que vão ter 1.500 voos a menos. Garantiu que todos os passageiros vão ser protegidos, mas lembrou que são menos 150 mil turistas a contribuir para o turismo no país. “A TAP fica indignada de não poder crescer. Mas temos formas de o mitigar. A TAP não depende de 1.500 slots“.
Ainda assim, considera que “é urgente trabalhar esses temas da Portela” e, da parte da TAP, há interesse em pressionar nesse sentido já que poderia diminuir custos, acrescentou Antonoaldo Neves, queixando-se de que só lhe perguntam pelo novo aeroporto. “A TAP não vai para o Montijo. Essa decisão está tomada pela comissão executiva. Não é uma questão de disputa“.
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