Carlos Costa “aprova” comprador do EuroBic. Abanca “é credível e com interesse”
O governador do Banco de Portugal diz que banco galego "tem condições" e "é credível" para comprar o EuroBic, onde Isabel dos Santos está de saída.
Caberá ao Banco Central Europeu (BCE), em articulação com o Banco de Portugal, aprovar ou não a compra do EuroBic por parte dos espanhóis do Abanca. Mas, para Carlos Costa, governador do supervisor nacional, o banco galego reúne as condições para adquirir a instituição financeira que Isabel dos Santos colocou à venda na sequência da polémica do Luanda Leaks.
A operação “será analisada pelo Banco de Portugal e BCE a seu momento. Não estamos perante uma entidade desconhecida, é supervisionada pelo Banco de Espanha, Banco de Portugal e pelo BCE. (…) Tem, à partida, condições para admitirmos que é um adquirente credível e com interesse“, disse Carlos Costa no Parlamento.
Carlos Costa lembrou que o Abanca comprou recentemente a rede de balcões da Caixa Geral de Depósitos em Espanha e a rede do Deutsche Bank. “Em todos estes momentos foi submetida a critério de idoneidade”, disse o governador.
Segundo o governador, “a menos que acontecesse alguma coisa surpresa que eu estranharia”, o Abanca será autorizado pelo BCE e pelo Banco de Portugal a adquirir o EuroBic.
“Temos de aguardar que se conclua o processo em curso, entre entidades privadas. E que comuniquem ao Banco de Portugal que estão dispostas em concretizar a operação”, adiantou Carlos Costa.
Relativamente à origem dos fundos do Abanca para comprar o EuroBic, outro dos temas levantados pelos deputados (o dono do banco, Juan Carlos Escotet, tem origem venezuelana), Carlos Costa diz que “resultará de capitais próprios da entidade”. “Terá capacidade para fazer operação”, diz.
Sobre o processo de avaliação em si, o governador revelou que vai analisar se o Abanca tem os capitais próprios suficientes para integrar o negócio e avaliar o modelo de negócio.
Isabel dos Santos colocou os seus 42,5% no EuroBic à venda na sequência da polémica em torno do caso Luanda Leaks. No mês passado, o Abanca chegou a um acordo para adquirir pelo menos 95% do capital do banco. Está em curso uma análise aprofundada ao banco (due diligence) que ficará concluída no início de abril. Só depois dessa análise é que o Abanca e os acionistas do EuroBic formalizarão o acordo.
Força espanhola preocupa?
Questionado sobre o domínio espanhol na banca portuguesa — questão colocada pelo deputado comunista Duarte Alves –, Carlos Costa revelou o “desejo” de que houvesse no sistema nacional “um pilar com maior força e que estivesse ancorado no mercado português”.
“A evidência mostra que entidades bancárias ancoradas num espaço diferente, quando há uma situação de crise, tendem a reduzir atividade nos pontos periféricos“, disse. “O que os bancos portugueses fizeram na Grécia aquando da crise?”, questionou
Carlos Costa deu também o exemplo de um banco alemão (não disse qual) que nos períodos de crise absorveu funding que estava nos mercados periféricos para a sede.
É importante garantir a “continuidade do financiamento nos bons e nos maus momentos”, sublinhou.
(Notícia atualizada às 12h12)
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