Cofina já não vai comprar a TVI
A empresa de media diz que não conseguiu completar o aumento de capital e, por causa da deterioração das condições de mercado, cancelou a compra da Media Capital, dona da TVI.
A empresa de media Cofina anunciou esta madrugada ao mercado que não conseguiu completar o aumento de capital e, por causa da deterioração das condições de mercado, cancelou a operação de compra da Media Capital, dona da TVI.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a empresa liderada por Paulo Fernandes diz que o negócio da compra da TVI caiu por terra e apresenta duas razões:
- Não conseguiu completar o aumento de capital destinado a financiar a operação;
- Dada a “deterioração das condições de mercado” provocada pelo coronavírus, a empresa diz que não é possível o “lançamento de uma oferta particular para colocação das ações sobrantes”.
Assim, diz a empresa de media, não estão reunidas as condições para a compra de 94,69% do capital social e dos direitos de voto do Grupo Media Capital detidos pela espanhola Prisa. “Por conseguinte, não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Média Capital) previsto no Contrato”, explica a Cofina em comunicado enviado à CMVM.
A empresa tinha em curso um aumento de capital de 85 milhões de euros (através da emissão de 188 milhões de ações, vendidas a 45 cêntimos cada), operação que serviria para financiar, em parte, a compra da Media Capital. No passado dia 20 de fevereiro, terminou o prazo para a aquisição no mercado de ações da Cofina com direitos de preferência na subscrição das novas ações. A empresa vem agora à CMVM dizer que “é desde já possível concluir que o número de ações subscritas não atinge o total de ações objeto da oferta pública”.
A Cofina esperava concluir a compra da Media Capital na segunda semana de março, altura em que esperava finalizar, também, o aumento de capital. A fusão entre os dois grupos — Cofina e Media Capital — já tinha sido validada pela Autoridade da Concorrência e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) também já tinha validado a mudança de titularidade a favor da Cofina de todos os títulos detidos pela Media Capital.
Agora todo o negócio cai por terra já que a Confina, dona do Correio da Manhã, não conseguiu completar o aumento de capital para financiar a compra. Nas últimas três semanas, as bolsas deram um trambolhão por causa da epidemia do coronavírus, um fator que terá pesado na decisão dos acionistas de não ocorrerem ao reforço de capitais.
Este aumento de capital deveria ter sido subscrito pelos atuais acionistas da Cofina e ainda pelo empresário Mário Ferreira que, em caso de sucesso da operação, passaria a ser o segundo maior acionista da Cofina (com 15%), só atrás de Paulo Fernandes.
Além da deterioração das condições de mercado, as contas da TVI também sofreram um revés em consequência da empresa ter perdido a liderança do mercado. No final de fevereiro, a Media Capital anunciou ao mercado que registou prejuízos de quase 55 milhões de euros em 2019, o ano em que perdeu a liderança das audiências para a SIC. No ano anterior, em 2018, o grupo tinha lucrado quase 22 milhões de euros.
A perda de audiência já tinha feito a Cofina rever o preço que ia pagar aos espanhóis pela compra da TVI, em 50 milhões de euros. Na altura, comunicou ao mercado que a Cofina e a Prisa tinham acordado que o novo preço de compra seria de “123.289.580 euros, assumindo um enterprise value de 205 milhões de euros”, ou seja, inferior em 50 milhões de euros ao valor de 255 milhões de euros previsto inicialmente.
Leia o comunicado publicado pela Cofina na íntegra
A Cofina, SGPS, S.A. (“Cofina” ou “Sociedade”) vem, nos termos e para os efeitos legais, informar que, terminado o período da oferta pública de subscrição de 188.888.889 novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal, e estando em fase de finalização o apuramento dos respetivos resultados, é desde já possível concluir que o número de ações subscritas não atinge o total de ações objeto da oferta pública.
Tendo especialmente em consideração a recente e significativa deterioração das condições de mercado, a Cofina entendeu não estarem reunidas condições para o lançamento de uma oferta particular para colocação das ações sobrantes, cuja possibilidade se encontrava prevista no prospeto da oferta pública de subscrição.
Nesta medida, conforme referido no prospeto, não tendo sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital, a oferta ficou sem efeito.
O montante entregue pelos investidores no momento da emissão das respetivas ordens será colocado à respetiva disposição pelos intermediários financeiros junto dos quais tenham emitido as suas ordens.
Em consequência de a oferta pública ficar sem efeito, o aumento de capital não será objeto de registo comercial, não se encontrando verificada a última condição suspensiva de que depende o fecho da operação de aquisição, pela Cofina à Promotora de Informaciones, S.A., de ações representativas de 100% do capital social e direitos de voto da Vertix, SGPS, S.A. (“Vertix”), que por sua vez é titular de ações representativas de 94,69% do capital social e direitos de voto da Grupo Média Capital, SGPS, S.A., conforme estabelecida no contrato de compra e venda celebrado em 20 de setembro de 2019 e alterado em 23 de dezembro de 2019 (“Contrato”). Por conseguinte, não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Média Capital) previsto no Contrato.
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