tech4COVID19: quando as startups portuguesas se juntam para combater o vírus

Um pouco por todo o país, centenas de empreendedores estão a trabalhar em plataformas para ajudar a combater o coronavírus. Conheça alguns dos projetos e... participe.

Centenas de empreendedores portugueses estão a aproveitar a possibilidade de trabalhar remotamente para contribuírem para o combate ao Covid-19. Algumas startups estão a trabalhar “para a minimização do impacto”, ativando as equipas em modo de trabalho remoto. Aquilo que, no final da semana passada era um grupo informal de 25 empresas da comunidade da Founders Founders, tornou-se, dois dias depois, um movimento que conta com mais de uma centena de membros envolvidos e já 12 projetos em marcha.

“Ao adotar medidas preventivas, pretendemos dar o nosso contributo no sentido de controlar o crescimento exponencial do número de infetados, que poderá colocar em risco a vida e o bem-estar das equipas, das suas famílias e da comunidade em geral. Neste contexto, vamos continuar a satisfazer os nossos clientes, a motivar as nossas equipas, e a dinamizar a economia”, explica Rui Couto, VP de growth da Infraspeak.

A comunidade que se foi criando desde a semana passada — e que junta equipas de startups como a 3Decide, Abyssal, B-Parts, Bright Technologies, Climber, Codavel, Didimo, Dott.pt, GoParity, HUUB, HypeLabs, Infraspeak, ISSHO, Jscrambler, Jumpseller, Last2Ticket, LOQR, Nuada, PlataformE, Taikai, Tonic App, Velocidi, Wisecrop, XHOCKWARE, Zappy –, já deu origem a mais movimentações. Conta agora com mais de uma centena de startups, grandes empresas, incubadoras e outras entidades, espalhadas um pouco por todo o país e que inclui nomes como as startups Unbabel ou Infraspeak, tecnológicas como a Farfetch ou a OutSystems, empresas como a SIBS, AWS, Vodafone ou Deloitte, agências de comunicação como a Doctor Spin PR ou a The Square e instituições como a Startup Portugal, a Nova SBE ou a incubadora Startup Lisboa. Os membros do movimento são empresas de áreas tão variadas como cibersegurança, saúde, manutenção, recursos humanos, consultoria, serviços na nuvem, comércio eletrónico, dispositivos médicos, entre muitas outras. O movimento chama-se tech4COVID19 e neste momento já conta com cerca de 12 projetos tecnológicos em desenvolvimento.

Há tanto talento, potencial e uma capacidade de fazer coisas tão grande dentro das startups portuguesas que a nossa motivação foi direcionar esse potencial para iniciativas que ajudassem toda a gente nesta fase difícil”, afirma Felipe Ávila da Costa, porta-voz do grupo, citado em comunicado.

A ideia do tech4COVID19 divide-se em vários pontos:

  • melhorar o rastreamento de redes de contágio, facilitar videochamadas entre médicos e doentes;
  • criar uma rede de suporte a médicos e enfermeiros deslocados ou a pessoas que simplesmente necessitam de ajuda para ir às compras ou à farmácia;
  • criar um chatbot para se tirarem dúvidas dos apoios concedidos pelo estado às empresas e às pessoas singulares;
  • acelerar a compra de material hospitalar e lançar um crowdfunding para compra desse mesmo material;
  • disseminar informação, recrutamento e coordenação de profissionais de saúde ou ainda criar um sistema que permita à população verificar sintomas sem necessidade de ir ao médico, são apenas alguns dos objetivos dos projetos.

Em breve, será lançada uma plataforma de acesso a todos os projetos, que serão depois divulgados. Além disso, tanto o movimento como os líderes de cada projeto do tech4COVID19 “estão já em contacto com profissionais de saúde e com as entidades competentes, tal como a Direção-Geral da Saúde, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e as Administrações Regionais de Saúde, de forma a validarem a sua contribuição, tendo em conta as necessidades atuais do país, sem correrem o risco de criarem obstáculos às operações já em curso”, assinala o movimento em comunicado.

No Facebook, Felipe Ávila da Costa, cofundador e CEO da Infraspeak, uma das envolvidas no projeto, contava parte da experiência este domingo.

“Depois de algumas conversas com fundadores de startups portuguesas sobre como a tecnologia pode ajudar a combater o covid-19, nasceu a “tech4COVID19“. Em menos de 24 horas, 229 pessoas entre programadores, marketeers, gestores, designers e fisiólogos, entre outros, de muitas startups de topo portuguesas, juntaram-se num grupo de Slack e começaram a discutir ideias e a torná-las reais. Agora, temos sete projetos sólidos a andar, que cobrem áreas como melhorar o acesso à informação, coordenar a propagação da doença e uma campanha de crowdfunding para comprar material hospitalar”, detalhou o empreendedor.

Prémios para quem fica em casa

Uma delas é a Taikai. A startup, que usa uma plataforma de desafios com base em blockchain, a tecnologia ligada às criptomoedas, quis fazer o seu papel e criou o “Fight Covid-19 Open challenge”.

“Foi uma iniciativa que tínhamos na calha para desenvolver, e foi um alinhar dos astros. As coisas começaram a acontecer a partir de ontem. Tivemos um contacto da OutSystems que viu um artigo nosso e que decidiu associar-se. Assim, durante seis meses, as pessoas vamos dar tecnologia e licenças OutSystems para pessoas que queiram desenvolver e ter projetos no terreno”, explica Mário Alves, CEO da Taikai, ao ECO.

Assim, criaram uma plataforma de colaboração aberta para “resolver a crise social e os desafios associados” à pandemia Covid-19, com objetivos que passam por criar soluções tecnológicas para ajudar os governos a lidar com a quantidade de pacientes que estão a sobrecarregar os serviços de saúde, criar informação concisa através de infográficos, vídeos e conteúdo escrito que aumente a consciência sobre a transmissão do vírus e que chame as pessoas a participarem e a criarem protótipos, código, design a pensar nos utilizadores e até modelos de negócio ou de impacto social para combater o vírus. A ideia é que a Taikai funcione como um “repositório de ideias e projetos que estejam a ser desenvolvidos como prevenção ou combate ao vírus para consciencializar e prevenir pessoas”, explica ainda.

Um dos exemplos é o projeto “Gamifying homestay”, que tem como objetivo premiar as pessoas por ficarem em casa e por influenciarem os outros com através deste seu comportamento, de maneira a distinguir os comportamentos recomendados pelas autoridades de saúde nacionais e internacionais em tempo de coronavírus.

Talento precisa-se

Com um modelo de negócio que passa por prestar consultas via videochamada, a startup portuguesa Knok está à procura de médicos para reforçarem a equipa da app. “À medida que as entidades governamentais continuam a tentar travar a disseminação do novo coronavírus, as consultas por vídeo passaram a ter um papel vital na manutenção dos acesso aos cuidados primários”, explica José Bastos, fundador e CEO da startup, ao ECO. Com a pandemia, a startup está a facilitar centenas de consultas diariamente.

Também a startup portuguesa de telemedicina BetterNow está a disponibilizar a sua plataforma online para ajudar no combate ao coronavírus, com médicos voluntários a oferecem consultas através da aplicação. “Face à situação provocada pelo surto de Covid-19, com as restrições de mobilidade e contactos pessoais, a telemedicina é uma das alternativas para acompanhamento médico à população, retirando consultas de hospitais e centros de saúde, e permitindo a médicos continuar a apoiar os doentes”, informou a startup em comunicado. A BetterNow disponibiliza a sua plataforma a médicos (11 neste momento) que se voluntariem a dar consultas gratuitas de acompanhamento e apoio ao Covid-19.

Também o projeto Open Air, fundado pelo português João Nascimento, desafia as comunidades e os especialistas a participar na sua missão de trabalhar em equipamentos médicos, tais como ventiladores open source, para ter uma mais rápida e fácil solução que possa reproduzir-se a nível local, globalmente. A ideia é criar novos ventiladores, equipamentos que estão em falta em vários países e fundamentais para tratar muitos dos doentes infetados com coronavírus. Existe um grupo no Slack onde, quem tenha skills que possam ajudar nesse processo, pode participar.

(Notícia atualizada)

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