Salas de ioga, música ou jogos: o escritório do futuro é mais amplo e feito à medida
Pandemia acelerou a mudança de paradigma em relação ao que deve ser o espaço de escritório: empresas vão, cada vez mais, apostar em estratégias diferenciadas para promover o bem-estar no local.
Ventilação natural, salas de música, espaços de bem-estar que incluam a possibilidade de praticar ioga, recarregar baterias e trabalhar o equilíbrio entre o corpo e a mente. Os escritórios do futuro não deixarão de ser open spaces, mas serão cada vez mais pensados com base nas necessidades e nos pedidos dos trabalhadores para serem veículo de atração e retenção de talento, acredita a JLL.
Com a pandemia, os espaços de trabalho foram transferidos para a casa de cada um e isso, ainda que não vá prolongar-se para sempre, vai marcar a forma como os trabalhadores e as lideranças olham para o conceito de escritório e para o que ele deve ser, no final do dia: um espaço para experimentar a cultura da empresa e que sirva para as pessoas se encontrarem, socializarem e se sentirem atraídas a ficar.
“Estamos no princípio de algo muito grande. Nos escritórios, o teletrabalho vai revolucionar a nossa forma de lá estar, no sentido de mudarmos a nossa posição em relação ao que o escritório nos oferece. O escritório será um espaço de cultura mas também de retenção de talento“, explicava, esta terça-feira, Caetano de Bragança, na apresentação dos resultados do estudo “Remote work em Portugal” feito pela JLL.
Open spaces? Não será o fim
Se, até ao início da pandemia, o conceito de “escritório” estava enraizado como o sítio a partir do qual se trabalhava, a Covid-19 veio trazer outra mudança. Caetano de Bragança acredita que, agora, a palavra será muito mais vezes substituída pela expressão “espaço de trabalho”. “O espaço de trabalho vai ser o escritório mas também a casa, o café ou um espaço de cowork“, explica o especialista, acrescentando que “caberá a cada empresa encontrar o seu equilíbrio em função do que quer dos seus trabalhadores”. A casa poderá funcionar melhor como “local preferencial para trabalhos de foco” e o escritório, um espaço que “promova a experiência, a socialização e a colaboração, e que não esqueça o bem-estar físico e social”.
"Acreditamos que as áreas vão transformar-se mas não no sentido de uma redução significativa, muito menos por via do teletrabalho. A pandemia trouxe-nos, sim, uma necessidade de um maior espaço físico para garantir as distâncias de segurança.”
“Não será o fim do open space“, defende Caetano de Bragança, em resposta ao ECO. “Cada empresa terá de descobrir a sua receita para o seu espaço”, garante.
Para Maria Empis, head of strategic solutions da JLL Portugal, a redução da área dos espaços de trabalho estará mais alinhada com questões económicas do que com o teletrabalho. “Acreditamos que as áreas vão transformar-se mas não no sentido de uma redução significativa, muito menos por via do teletrabalho. A pandemia trouxe-nos, sim, uma necessidade de um maior espaço físico para garantir as distâncias de segurança”, assinala.
Caetano de Bragança sublinha ainda que o espaço de trabalho mudará além das medidas sanitárias obrigatoriamente implementadas nesta fase de desconfinamento. “As pessoas não querem ir para o escritório e não estar próximas umas das outras, por isso vamos ter uma fase para reinventar os escritórios, e que não contará com as medidas sanitárias exigidas neste momento”, refere. “A nova normalidade será mais próxima ao que tínhamos no passado de pré-pandemia, mas com as aprendizagens que fizemos com o teletrabalho”, acredita.
O escritório do futuro terá, pois, de apostar numa lógica de trabalho mais flexíveis, que se refletirá de fora para dentro dos edifícios: partilha de postos de trabalho, fortemente preparados para a colaboração e os avanços na mobilidade da tecnologia serão fatores determinantes, garantem os especialistas.
“Poder-se-á especular que existirá uma menor necessidade de área de escritórios por colaborador, mas, no fundo, isso poderá ter uma tradução numa menor densificação e não necessariamente em escritórios mais pequenos, porque o trabalho colaborativo vai ter que ser feito no escritório e as áreas sociais vão ser cada vez mais importantes”, concluiu Maria Empis.
O estudo “Remote work em Portugal”, divulgado esta terça-feira pela JLL, referia que a maioria dos cerca de 1.100 inquiridos queria continuar a trabalhar de casa pelo menos uma vez por semana e que a situação ideal seria manter o teletrabalho entre dois a três dias semanais.
Entre as principais vantagens do teletrabalho enumeradas pelos participantes estão a ausência de tempo perdido nas deslocações casa-trabalho-casa (32%), interrupções menos recorrentes (27%), a possibilidade de uma agenda flexível (25%) e o aumento de tempo para a família (13%). Para 83% dos profissionais, é relevante que uma proposta de trabalho passe a considerar o teletrabalho associado a uma agenda flexível: estes fatores podem ser importantes na hora de captar e reter talento.
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