Desconfinamento ainda sem impacto na economia. BCE já vê retoma em julho
Banco central alerta que os países terão de continuar a apoiar as suas economias para que recuperem do choque severo, enquanto garantem sustentabilidade orçamental de médio prazo.
A economia da Zona Euro ainda não está a refletir os esforços dos vários países para desconfinar, mas a retoma poderá acontecer já no próximo mês. É esta a expectativa do Banco Central Europeu (BCE), que alerta, ainda assim, para o forte impacto da pandemia na capacidade orçamental dos países da moeda única.
“Apesar de a maior parte dos países já terem começado a aliviar as medidas rigorosas de confinamento desde o início de maio, os dados mostram apenas melhorias modestas na atividade. O consumo de eletricidade e os indicadores de mobilidade, por exemplo, recuperaram apenas de forma modesta”, revela o BCE, no boletim económico divulgado esta quinta-feira.
A instituição liderada por Christine Lagarde antecipa que a economia da Zona Euro registe uma contração de 8,7% em 2020, seguida de uma recuperação de 5,2% em 2021 e de 3,3% em 2022 no cenário base. No cenário mais severo, o PIB pode cair até aos 12,6%, com uma recuperação de 3,3% em 2021 e de 3,8% em 2022.
Para tentar evitar que a recessão seja mais profunda, vários países (como Portugal) já começaram a reabrir as economias. Após uma quebra histórica no indicador de confiança da Comissão Europeia em abril, o BCE lembra que houve uma subida em maio, mas ainda ligeira. O mesmo mostra o índice PMI, que mede a atividade empresarial: “apesar da recuperação desde mínimos históricos de 13,6 em abril, o PMI compósito de 31,9 em maio sugere que a atividade continua em território de contração no segundo trimestre de 2020“, explica.
Mobilidade nos maiores países da Zona Euro
Mas a partir do próximo mês, o BCE já vê uma inversão na tendência. “A economia da Zona Euro deverá recuperar a partir do terceiro trimestre à medida que as medidas de confinamento relaxarem ainda mais, apoiadas por condições financeiras favoráveis, posições orçamentais expansionistas e uma retoma económica global, apesar de a velocidade e escala da recuperação continuar muito incerta”.
Os estímulos orçamentais são um dos pontos-chave. A autoridade monetária europeia — que lançou um programa de compra de ativos de emergência de 1,35 biliões de euros devido ao vírus — tem alertado para a necessidade de os países a nível individual e a União Europeia em conjunto reforçarem a resposta. Mas com cautelas.
“A intensidade do choque causado pelo Covid-19 e o tamanho da resposta orçamental causaram uma drástica deterioração e heterogeneidade nas posições orçamentais“, alerta, apontando especialmente para países com uma dívida acima de 100% do PIB. É o caso de Portugal, que fechou o ano passado com uma dívida de 117,7% do PIB e, segundo as projeções do Governo, poderá atingir um valor recorde de 134,4%.
“Todos os países terão de continuar a apoiar as suas economias para que recuperem do choque severo, enquanto garantem sustentabilidade orçamental de médio prazo”, acrescenta o BCE.
Défices orçamentais dos países do Euro previstos até 2021
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