Jamaica, Tailândia, Croácia e Portugal são os mais penalizados pela queda do turismo
Foi na Jamaica que a quebra do turismo teve maior impacto na economia. Em Portugal, o impacto da pandemia no turismo vai custar 6% ao PIB este ano.
A pandemia de coronavírus provocou quebras históricas no turismo em todo o mundo, mas houve países mais afetados do que outros. A Jamaica lidera a lista, com as previsões a apontarem para que a quebra do turismo roube 11 pontos percentuais à economia este ano. Portugal surge um pouco abaixo, com uma perda de 11,7 mil milhões de euros no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, ou seja, se as previsões se confirmarem só a quebra do turismo vai custar 6% do PIB este ano, conclui um estudo da consultora EY.
As fronteiras da Jamaica fecharam-se aos turistas logo em março e reabriram a meio de junho. Com a vinda de mais de 35.000 pessoas, a maioria dos Estados Unidos, o número de casos de infeção disparou, mas as fronteiras continuaram abertas porque, sem turistas, o país perderia o equivalente a cerca de três milhões de dólares (2,5 milhões de euros) por dia em receitas, que contribuem em mais de 20% para o PIB da Jamaica, lê-se no New Yorker (conteúdo em inglês).
De acordo com ranking da EY, feito com base nos dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), atrás da Jamaica surgem a Tailândia e a Croácia. No país asiático, a quebra no turismo levará a uma contração de 9% no PIB, enquanto no europeu a perda será de 8%.
Na quarta posição dos países mais afetados surge Portugal, com uma previsão de contração de 6% do PIB este ano. “A Organização Mundial do Turismo coloca Portugal no grupo de países que mais sairá afetado com a quebra do turismo, tanto em termos de impacto no PIB como em termos absolutos (13,9 mil milhões de dólares) próximo do valor das subvenções enquadradas no Mecanismo de Recuperação e Resiliência Europeu alocados a Portugal)”, refere a EY, na quarta edição do “Caderno de Notas”, dedicado à “Crise Económica da Covid-19”, e que conta com a supervisão e direção científica do antigo ministro da Economia Augusto Mateus.
“A quebra estimada no PIB é feita com base nos dados da CNUCED tendo em conta não só a quebra esperada do turismo a nível global, mas também a exposição que cada país tem aos respetivos mercados emissores e as quebras esperadas para cada um deles, assim como a estrutura económica de cada mercado”, explica ao ECO Augusto Mateus. O economista sublinha que estes dados demonstram como “Portugal é dos países do sul da Europa onde o turismo tem maior expressão” e lembra que esta perda de 11,7 mil milhões de euros é um valor muito próximo dos 15,3 mil milhões que Portugal garantiu a fundo perdido, no âmbito do Fundo de Recuperação Económica pós-pandemia.
Em território nacional, os setores mais afetados pela quebra do turismo serão o da recreação e outros serviços (-55%), o alojamento e restauração (-21%) e o transporte aéreo (-17%). Esta semana, um inquérito da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) indicava que 43% dos restaurantes pondera avançar para insolvência.
Os dados mais recentes publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes a junho, dão conta de uma melhoria do turismo no sexto mês do ano, com o país a receber cerca de 500 mil hóspedes num total de 1,1 milhões de dormidas. Contudo, as quebras homólogas ainda superam os 80% e o setor não pretende baixar preços para captar maus turistas.
A penalizar ainda mais o turismo nacional estão os corredores aéreos, com Portugal a ser excluído da lista de vários países. O maior impacto vem do Reino Unido, que mantém Portugal fora dos seus corredores aéreos, o que está a evitar que muitos britânicos viajem para Portugal devido ao facto de, no regresso a Inglaterra, terem de fazer uma quarentena de 14 dias.
Os impactos da pandemia no turismo são admitidos por todas as entidades, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que já tinha estimado perdas no turismo superiores a 2% do PIB. Atrás de Portugal aparecem a República Dominicana (-5%), Quénia (-5%), Marrocos (-5%) e Grécia (-4%).
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