Banco Montepio esconde plano de reestruturação à espera do Governo
Banco informou trabalhadores que quer reformas antecipadas este ano. Não deu mais detalhes sobre o plano, mas garante que não está à espera de decisão sobre estatuto de empresa em reestruturação.
A Comissão de trabalhadores e sindicatos ainda não tiveram todas as informações relativas ao plano de reestruturação que o Banco Montepio está a preparar. Na reunião desta quarta-feira, estas estruturas de trabalhadores apenas foram informadas pela comissão executiva de que o banco vai avançar este ano saídas através de reformas antecipadas e com o fecho de mais de 30 balcões. Sobre o resto do plano, pouco mais foi adiantado. A instituição está à espera da decisão do Governo em relação ao pedido de estatuto de empresa em reestruturação.
A reunião era aguardada com expectativa, depois de o ECO ter revelado que o Banco Montepio está preparar um plano que prevê a saída de 800 trabalhadores. Aliás, para levar a cabo boa parte destas saídas, o banco da mutualista tem um pedido ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) relativo ao estatuto de empresa em reestruturação.
Porém, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO, a comissão executiva liderada por Pedro Leitão não divulgou todas as informações do plano que tem em mente. Num segundo esclarecimento enviado ao ECO, já esta quinta-feira, o banco garante que não está a esconder o plano, mas não revela quaisquer detalhes, e assegura que “não está à espera que o Governo decida o pedido de estatuto de empresa em reestruturação”, mas também não esclarece porque é que esses números não são revelados.
Esta quarta-feira, numa primeira nota de esclarecimento, o banco informou já depois da publicação deste artigo que Pedro Leitão não disse, em qualquer uma das reuniões tidas esta tarde, que seriam dispensados 800 colaboradores. “O número 800 foi apenas referido a título indicativo, no âmbito do esclarecimento feito àquelas estruturas sobre o requerimento formal dirigido às autoridades competentes para efeito de alargamento de quota para subsídio de desemprego”, disse fonte oficial do banco.
Confirmou ainda “um plano que prevê a saída de pessoas por reforma antecipada e rescisão por mútuo acordo e que é parte integrante do plano de ajustamento, otimização e reorganização em curso, bem como a consulta sobre beneficios e medidas de flexibilização de relações de trabalho que estão, neste momento, a ser equacionadas pela instituição”.
Para já, isto é, até final do ano, o banco deverá avançar com um programa de reformas antecipadas, tendo sido identificados 160 trabalhadores elegíveis. Isto além das cerca de quatro dezenas de agências redundantes geograficamente que fecharão portas.
Quanto às saídas através de rescisões por mútuo acordo, o banco não adiantou qualquer número, até porque se encontra dependente da decisão do Governo em relação ao estatuto de empresa em reestruturação. Trata-se de um mecanismo que flexibiliza a quota de que dispõe (em função da sua dimensão) para acordos com trabalhadores com vista a uma rescisão amigável, mantendo estes o direito ao subsídio de desemprego.
Para fazer este pedido, uma empresa tem de apresentar um projeto que demonstre que a dimensão da reestruturação, necessária à viabilidade económica e financeira da empresa, obriga a ultrapassar aqueles limites. Caberá depois ao MTSSS decidir se aprova ou não, e em que dimensão, sendo ainda consultado o Ministério da Economia e os parceiros sociais sobre a situação económica e do emprego no setor em causa.
Neste momento, comissão de trabalhadores e sindicatos aguardam que a comissão executiva envie documentos sobre o plano para que possam começar a sentar-se à mesa das negociações.
Após a reunião, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), o Sindicato Independente da Banca (SIB) e o Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) afirmaram em comunicado que irão analisar com detalhe o plano apresentado” que for apresentado e “alertaram que não irão tolerar qualquer forma de pressão junto dos trabalhadores para que aceitem reformas antecipadas ou rescisões por mútuo acordo, se essa não for a sua livre vontade”.
O Banco Montepio fechou o primeiro semestre do ano com prejuízos de mais de 50 milhões de euros devido à pandemia, embora já venha enfrentando há mais tempo desafios do ponto de vista da rentabilidade, de geração de capital e da limpeza do malparado. Por outro lado, o acionista Associação Mutualista Montepio Geral, que nos últimos anos tem vindo a injetar dinheiro no banco, também se encontra numa situação particularmente desafiante, como sublinharam os auditores da instituição.
Pedro Leitão é o CEO do Banco Montepio desde fevereiro, após um longo período de indefinição na liderança do banco. Vai agora perder Dulce Mota, administradora responsável pelo da rede comercial, estando de saída para a sociedade gestora de fundos do Montepio.
(Notícia atualizdada às 22h03 com esclarecimento do banco)
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