Paulo Macedo: “Caixa não é indiferente à consolidação” na banca
Paulo Macedo diz que só faz sentido ter um banco público com capacidade de intervenção no mercado. Nesse sentido, admite que Caixa não se colocará à margem de um processo de consolidação.
Paulo Macedo afirmou esta terça-feira que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) não será indiferente ao processo de consolidação no setor financeiro. Embora diga que não está no seu horizonte qualquer movimentação nesse sentido, frisa, ainda assim, que só faz sentido ter um banco público se ele tiver dimensão e capacidade de ser relevante no mercado.
“A Caixa não lhe é indiferente o que lhe vai acontecer porque, se houver consolidação, a Caixa é claramente ultrapassada por outros bancos. Não temos uma fixação se somos o primeiro banco, o segundo ou o terceiro, mas precisamos de dimensão para ser um banco público”, começou por dizer Paulo Macedo na conferência “Banca do Futuro”, organizada pelo Jornal de Negócios.
E acrescentou: “Não se justifica um banco público sem poder de ação no mercado. Um banco público justifica-se ter porque pode ser um player no mercado e um interveniente no mercado. Nesse sentido, a Caixa não é indiferente à consolidação. E ela vai existir”, disse, lembrando que essa questão só se colocará depois do final do ano, depois de a CGD concluir o seu plano estratégico.
"Não se justifica um banco público sem poder de ação no mercado. Um banco público justifica-se ter porque pode ser um player no mercado e um interveniente no mercado. Nesse sentido, a Caixa não é indiferente à consolidação. E ela vai existir.”
Macedo considera que o setor vai entrar num processo de consolidação nos próximos anos e que se começará a desenhar dentro de meses. “Há uma cronologia de eventos: vamos ter as contas de 2020, vai haver assembleias gerais em maio do ano que vem, vai haver várias instituições que vão ter de ver quais as perspetivas que têm face aos resultados em termos de rentabilidade e de capitais próprios”, explicou o presidente executivo a Caixa.
“Depois há instituições que estão a procurar alguém que faça consolidação com elas, como é o caso do EuroBic”, prosseguiu.
Neste contexto, apesar de assegurar que “não está horizonte” da Caixa qualquer aquisição, Paulo Macedo repetiu a ideia de que o processo de consolidação “é algo que também não é minimamente indiferente” ao banco público.
BPI e BCP afastam aumentos de capital
Também os presidentes do BPI e do BCP consideram que a Europa e Portugal se preparam para assistir a uma onda fusões e aquisições no setor da banca.
“Há espaço para uma redução do número de players“, referiu João Oliveira e Costa, CEO do BPI, sublinhando a necessidade de as instituições ganharem dimensão para fazer face às “margens esmagadas” e aos custos regulatórios.
“O tema da consolidação é algo que vai acontecer, é uma tendência de fundo e esta crise vai ser um acelerador da consolidação. Primeiro nas consolidações domésticas e depois na consolidações cross border à medida em que o enquadramento regulatório vá sendo transversal”, completou Miguel Maya, deixando novamente críticas ao enquadramento regulatório em Portugal que força uma “consolidação europeia”.
O presidente do BCP deu vários exemplos daquilo que deixa os bancos nacionais em desvantagem face aos pares: as contribuições para o Fundo de Resolução nacional (no caso do BCP custa 47 milhões de euros por ano), a proibição determinada pelo Parlamento de cobrar algumas comissões ou o facto de não poder cobrar juros nos depósitos.
Questionados sobre a possibilidade de terem de aumentar capital face à crise pandémica, os dois gestores descartaram essa necessidade. “Estou absolutamente convencido que o BCP não necessitará de nenhum aumento de capital para lidar com os desafios que tem pela frente, isto com base no conhecimento que temos hoje. Afasto liminarmente”, disse Miguel Maya.
(Notícia atualizada às 13h16)
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