Lagarde recalibra bazuca com 500 mil milhões antes do Natal
BCE prometeu novidades para esta quinta-feira. Analistas esperam que a instituição aumente o poder de fogo da bazuca em 500 mil milhões. Compras de dívida poderão ser prolongadas por mais seis meses.
Não é a Mãe Natal, mas Christine Lagarde deverá deixar esta quinta-feira uma prenda antecipada no sapatinho dos investidores. A prometida “recalibragem” dos estímulos por parte do Banco Central Europeu (BCE) deverá traduzir-se num aumento do programa de compras de emergência pandémica (PEPP) em 500 mil milhões de euros (acima dos 1.350 mil milhões) e no seu prolongamento por mais seis meses, até dezembro de 2021.
Mais coisa menos coisa, é este o consenso do mercado para aquilo que deverá sair da última reunião do conselho de governadores do BCE deste ano, numa altura em que há um misto de emoções na região: a segunda vaga continua a preocupar os Governos, que mantêm no terreno sérias restrições à atividade económica para conter o vírus; por outro lado, já se encontram em marcha os planos de vacinação nos vários países da região, mostrando uma ténue luz ao fundo do túnel que ainda há poucos meses ninguém ousaria antecipar.
É neste quadro que o anúncio do BCE, que surgirá ao início da tarde (12h45, hora de Lisboa), é aguardado com expectativa, sobretudo depois da promessa deixada pela autoridade monetária a 29 de outubro de que reavaliaria todos os instrumentos agora em dezembro. O que resultará da decisão de política monetária vai depender muito das novas perspetivas para a economia da Zona Euro que serão apresentadas por Lagarde na conferência de imprensa que terá lugar a partir das 13h30.
Além do alargamento das compras e do prazo do PEPP (Pandemic Emergency Purchase Programme), há alguma expectativa de que o BCE apresente novidades nas operações de refinanciamento barato dos bancos, as chamadas TLTRO, cujas condições mais favoráveis poderão ser alargadas por mais alguns meses. Os analistas do Bank of America apostam numa extensão de, pelo menos, um ano, sendo que o banco central poderá inovar com TLTRO específicas para pequenas e médias empresas, as mais afetadas pela pandemia.
A última dança
Há ainda outros temas em cima da mesa, nomeadamente a sobrevalorização do euro face ao dólar e que está a causar constrangimentos adicionais à recuperação da economia (complicando o mandato do BCE de ter uma taxa de inflação de perto mas abaixo de 2%) e a outra bazuca (orçamental) que vai ao conselho europeu também nesta quinta-feira.
Sobre este último tema, Lagarde já sublinhou que é importante que os decisores políticos resolvam o impasse em torno do fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros, pois a política monetária não é suficiente para resolver sozinha os problemas com que a Zona Euro se debate.
Os analistas banco holandês ING dizem que Lagarde “deverá deixar um sinal de que esta nova vaga de estímulos pode ser a última”, pois nesta crise, mais do que os estímulos monetários, o que fará a diferença na economia serão os estímulos orçamentais.
Seja esta última dança ou não do BCE, certo é que, nas vésperas da reunião decisiva, os juros da dívida da Zona Euro mantinham-se em mínimos, sendo o espelho da tranquilidade dos investidores com a presença da autoridade monetária no mercado obrigacionista. No caso português, os juros a 10 anos voltaram a negociar em terreno negativo esta terça-feira e por lá continuou no dia a seguir, transacionando nos -0,014%.
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