Obrigações da TAP desvalorizam face à possibilidade de perdas para os credores
Os títulos de dívida da companhia aérea foram emitidos há um ano junto de investidores institucionais e de retalho. Estão a cair depois de o Governo admitir que pode haver perdas para os credores.
As obrigações da TAP estão a perder valor face à possibilidade de perdas para os credores com a reestruturação da companhia aérea.
A possibilidade foi admitida esta terça-feira no Parlamento pelo ministro Pedro Nuno Santos, que já tinha afirmado na semana passada que o tema está nas mãos de Bruxelas. Os títulos de dívida emitidos em junho junto de investidores institucionais e de retalho desvalorizam 0,5%.
“Sim, já assumiram perdas e vamos trabalhar com credores e Bruxelas para que assumam mais.” Foi assim que o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, admitiu maiores perdas para os credores da TAP, durante uma audição parlamentar. Na apresentação do plano de reestruturação, na semana passada, o governante já tinha dito que iria discutir com a Comissão Europeia eventuais perdas para os obrigacionistas.
A TAP fechou, em junho de 2019, a sua primeira emissão de obrigações para o mercado retalhista, com a companhia aérea a captar 200 milhões de euros em obrigações. A companhia aérea oferecia uma taxa de juro de 4,375% aos investidores e agora chegou a altura de lhes retribuir. Na altura, a oferta foi subscrita por 6.092 investidores de retalho (52,5% do total) e 35 institucionais portugueses e estrangeiros.
Os obrigacionistas poderão já não ser os mesmos, pois os títulos transacionam em mercado secundário, onde têm perdido valor face aos mil euros por obrigação no momento da emissão. Em reação às declarações do ministro, as obrigações aceleraram essa tendência de queda esta quarta-feira e já só valem 81,25% do montante inicial.
Em maio, chegaram a negociar na bolsa de Lisboa com apenas 68% do valor, mas acabaram por recuperar com o anúncio do apoio público à companhia aérea. O Estado já garantiu um empréstimo de 1,2 mil milhões de euros e poderá vir a injetar outros dois mil milhões. A rede de segurança — que obriga a um duro plano de reestruturação — tem sido a principal razão para a recuperação do valor dos títulos.
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