Auditora PwC descarta responsabilidades no capital inicial do Novo Banco
Audição a responsáveis da PwC começou por ser à porta fechada devido a questões de sigilo. Mas deputados abriram sessão ao público depois de descobrirem autorização do Novo Banco.
Já vários ex-responsáveis do Novo Banco adiantaram que a instituição nasceu com capital “demasiado à pele”, de acordo com a expressão usada por Vítor Bento. No entanto, a PwC, responsável pela abertura do balanço, descarta responsabilidades na capitalização inicial do banco, embora admita que isso tenha deixou a gestão limitada. A auditora também disse que fez uma avaliação correta dos ativos, justificando as perdas do Novo Banco com as vendas em pacote e feitas à pressa.
“O nosso trabalho foi de validação de ativos e passivos para o Novo banco, usando os procedimentos de auditoria normais. É um trabalho de análise factual que nada diz se o capital é suficiente ou não. Limita-se a avaliar se a avaliação é factual ou não à luz da IFRS”, disse José Bernardo, sócio da PwC, na comissão de inquérito ao Novo Banco.
O auditor admitiu, ainda assim, que a folga de capital que o banco teve no arranque deixava a gestão limitada. “Se tivermos em conta os rácios mínimos, havia folga de mais de 1%. Isso condicionaria o banco no futuro. (…) Ter mais ou menos capital condiciona a gestão”, disse em resposta ao deputado do PCP Duarte Alves.
A audição aos responsáveis da PwC (também António Brochado Correia, partner da empresa em Portugal, está presente) arrancou com percalços. Começou por ser à porta fechada e sem transmissão no canal do Parlamento devido a questões de sigilo profissional. Porém, os deputados descobriram que o Novo Banco autorizou a auditora a falar publicamente e, passado uma hora após o início da sessão, lá começou a transmissão da audição.
Além da questão da capitalização inicial, os deputados deixaram várias questões sobre a avaliação que foi dada aos ativos e queriam saber como é que o Novo Banco veio a registar perdas tão acentuadas em operações de venda realizadas desde 2017 e que tiveram de ser cobertas pelo Fundo de Resolução.
“Quando estamos forçados a vender num horizonte temporal mais curto, o preço tende a descer e a não ser consistente com o que diz a IFRS 5 [norma contabilística]”, explicou José Bernardo. Neste ponto, António Brochado Correia também interveio: “Eu percebo a questão: porque é que haá perdas? Elas poderão ser originadas, em abstrato, se em determinada altura tenho de vender ou legalmente tenho de vender. Se juntar num pacote e vender no mercado, é natural que o investidor procure desconto“. A PwC foi auditor do Novo Banco até 2017, antes de o banco ter acelerado as vendas de ativos em grandes carteiras.
José Bernardo também rejeitou a ideia de que o Novo Banco tenha registado mais imparidades no crédito após 2017. “De 2014 a 2017, em termos de imparidades, a quantia é muito substancial e arrisco dizer, sem grandes bases, foram superiores às imparidades que foram feitas de 2017 para a frente”. E citou os números de imparidades líquidas em cada ano, que disse estarem em linha com o setor: 378 milhões de euros em 2014, 377 milhões em 2015, 673 milhões em 2016 e 1.229 milhões em 2017.
Em relação ao disparo das imparidades em 2017, José Bernardo mencionou uma “série de fatores” que levaram a reconhecer perdas com empréstimos a grandes clientes, incluindo a Sogema (Moniz da Maia) que “teve derrocada” com um projeto de floresta que ardeu naquele ano, a MSF que abandonou obras que tinha em vários países como o Qatar, Gana e Sierra Leoa, e o Grupo Lena, cuja atividade na Venezuela implicou revisão dos negócios em vários bancos.
(Notícia atualizada às 13h28)
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