84% das empresas considera que apoios do Estado estão aquém ou muito aquém do necessário
Dois terços das empresas consideram que os acessos aos apoios são burocráticos. CIP alerta que a crise é "intensa" e apoios não devem ser retirados.
A grande maioria das empresas considera que os programas de apoio do Estado português estão aquém ou muito aquém do necessário, segundo o inquérito feito pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e o ISCTE. A CIP defende ainda que a crise “continua a existir”, pelo que “não é altura de retirar apoios”.
São 84% as empresas que veem os apoios como aquém, enquanto dois terços dos empresários e quadros de topo que responderam ao inquérito consideram que estes programas são burocráticos ou muito burocráticos. As críticas dos empresários ao acesso aos apoios já vêm do ano passado, sendo que continuam a referir a burocracia como um entrave no processo.
Óscar Gaspar, vice-presidente da CIP, sublinha que “estamos ainda no longo prazo em termos de recuperação”, sublinhando que é “muito preocupante porque apesar do que foi conseguido, nível dos apoios implementados continua a ser considerado aquém”, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do inquérito, cujos dados são referentes a 7 de abril.
Já quanto ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para ter acesso às verbas da bazuca europeia, quase metade das empresas considera que este terá uma influência “pouco ou nada significativa” na atividade. O vice-presidente da confederação acredita que mesmo que as perguntas fossem feitas aos empresários depois da apresentação do plano o nível de respostas não seria muito distinto, já que “não houve alterações profundas em relação ao draft“.
Quanto ao reforço dos instrumentos de capitalização das empresas previstos no PRR, se a procura de justificar, Óscar Gaspar aponta que não se sabe “exatamente o que estamos a falar, que tipo de instrumentos ou método se pretende implementar”, pelo que é difícil perceber o impacto.
No que diz respeito à recuperação nos setores, apenas 10% considera que esta se dará até ao final de 2021, sendo que a grande maioria pensa que só em 2023 se atingirão os níveis pré-pandemia. Esta crise é “intensa e duradoura”, pelo que apesar de estarmos a avançar no desconfinamento, “desconfinar não é recuperar”, sinaliza o vice-presidente da CIP.
Por outro lado, há também alguns sinais positivos neste inquérito. Cerca de 75% das empresas sinalizam que querem manter ou reforçar o quadro de pessoal ou numero de trabalhadores. Para a CIP, “as empresas fizeram tudo para manter o número de colaboradores”, sendo que os dados mostram que “não houve delapidação da capacidade das empresas que está a espera de novas condições de mercado”.
São também menos as empresas que viram uma diminuição nas encomendas em carteira (32% neste inquérito) e quase 60% entendem que o ritmo do plano de desconfinamento é adequado, sendo que permitiu um maior regresso à atividade. Já nas vendas feitas em março deste ano, comparando com o período pré-pandemia, 40% foram para novos clientes. Isto mostra que as empresas encontraram “novas formas de vender e novos clientes”, que representavam em março 16% das vendas, nota Pedro Esteves, do ISCTE.
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