Tem mais de 35 anos e trabalha nos serviços. É este o retrato do trabalhador português
Pela segunda vez, o Dia do Trabalhador é comemorado em pandemia e com milhares de portugueses em regimes de lay-off. Dados estatísticas pintam retrato do típico trabalhador português.
É com a economia fragilizada e milhares de trabalhadores em regimes de lay-off que se comemora, este ano, o Dia do Trabalhador. Esta é a segunda vez que a data é assinalada em plena pandemia. Mas que perfil tem hoje o trabalhadores português? Do setor em que trabalha ao salário que recebe, passando pela sua idade e género, os dados estatísticos traçam o retrato.
A crise pandémica abanou o mercado de trabalho, ameaçando os empregos de muitos portugueses. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2020, população empregada perdeu, assim, 99 mil trabalhadores (isto é, registou-se uma quebra de 2% face a 2019), totalizando então 4,8 milhões de indivíduos.
Destes — e este é o primeiro dado que ajuda a pintar o perfil do típico trabalhador português –, 2,44 milhões são homens e 2,37 são mulheres. De notar que já antes da pandemia o número de empregados homens era superior e assim se tem mantido, apesar do declínio provocado pela Covid-19 ter sido maior neste género, tantos em termos absolutos como relativos.
Para traçar o retrato em causa é, depois, preciso olhar para a distribuição etária dos empregados portugueses. Os dados do INE indicam que quase metade (44,9%) tem entre 45 anos e 64 anos; 25,8% têm entre 35 e 44 anos; 18,7% têm entre 25 e 34 anos; 5,32% têm entre 15 e 24 anos; e 5,3% têm 65 anos ou mais.
Mas onde trabalham estes portugueses? A maioria (quase 70%) dedica-se ao setor dos serviços. Por outro lado, 25% trabalham no setor secundário (indústria, construção, energia e água) e 5,37% no setor primário (agricultura, produção animal, pesca).
O INE detalha que a maior fatia dos empregados portugueses são trabalhadores por conta de outrem. Em causa estão quatro milhões de trabalhadores, isto é, cerca de 83% da população empregada. Entre estes, os contratos sem termo são os mais populares (82% têm esse vínculo).
No que respeita aos trabalhadores por conta própria, entre 2019 e 2020, quase 22 mil desistiram de estar nessa situação. Portugal tem hoje, por isso, 788,8 mil trabalhadores por conta própria, somente 16% da população empregada.
Entre 4,8 milhões de empregados portugueses, é mais frequente, por outro lado o trabalho a tempo completo. Mais de 90% dos trabalhadores estão nessa situação, com menos de 10% a trabalhar a tempo parcial.
É preciso olhar também para as qualificações para pintar o perfil do trabalhador português. O ensino básico é o nível mais frequente, tendo 40,8% da população empregada (cerca de 1,9 milhões de trabalhadores) este tipo de qualificação. De acordo com o INE, 1,4 milhões têm completo, por outro lado, o ensino secundário e 1,45 milhões têm o ensino pós-secundário e superior. Tudo somado, já são mais as pessoas com pelo menos o ensino secundário do que com as com os níveis de qualificação mais baixos. Ainda assim, na análise de forma desagregada, é o ensino básico que continua a ter maior incidência.
É também importante salientar que a esmagadora maioria dos trabalhadores portugueses trabalha no privado, setor onde a remuneração bruta mensal média estava nos 1.286 euros, no último trimestre de 2020. Em comparação, no público, onde apenas 700 mil portugueses trabalham, esse salário médio está nos 2.124 euros. Na globalidade do mercado português, a remuneração bruta mensal média é de 1.473 euros, tendo aumentado 3,5% no quarto trimestre de 2020 face ao período homólogo de 2019.
Em contraste com estes dados, é relevante destacar que a taxa de desemprego está atualmente nos 6,8%, mantendo-se estável. Por outro lado, o número de desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) disparou, em março, para máximos de 2017 e atingindo o valor mais elevado de todo este período pandémico.
A par destes números, o Governo tem assegurado apoios às empresas confinadas ou em crise para manterem os postos de trabalho, como o lay-off simplificado e o apoio à retoma, ao abrigo dos quais se encontram milhares de trabalhadores. Ao contrário do que aconteceu em 2020, estes regimes não implicam agora cortes salariais, à exceção dos ordenados acima de 1.995 euros.
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