Carlos Costa compara Novo Banco com “cabaz de fruta parcialmente apodrecida”
Ex-governador do Banco de Portugal diz que problemas no Novo Banco residem no BES e nas “operações de financiamento desastrosas” que o banco concedeu antes de 2014.
O ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa afirmou no Parlamento que o país iria suportar um custo maior se não tivesse agido na venda do Novo Banco em 2017. E lembrou as condições do banco naquela altura, fazendo uma comparação com um “cabaz de fruta parcialmente apodrecida”.
“A questão é sempre a mesma: vou vender um cabaz de fruta que parcialmente está apodrecida. Eu não vou contar com a benevolência ou generosidade do comprador de comprar toda a fruta como sendo de qualidade”, disse Carlos Costa esta segunda-feira na comissão de inquérito ao Novo Banco.
Segundo o ex-governador, como “parâmetro de avaliação” para perceber se a venda foi ou não bem feita, deve-se “ter em consideração o custo de não vender, que era apodrecer a fruta toda”.
No caso do Novo Banco, e utilizando a metáfora de Carlos Costa, vendeu-se toda a fruta mas a um preço mais baixo, incluindo as peças podres que eram os ativos não produtivos do banco, como crédito malparado, e que integraram o acordo de capital contingente criado na venda do banco ao fundo americano Lone Star. No final, o negócio fez assim: a Lone Star ficou com 75% do Novo Banco a troco da injeção de 1.000 milhões de euros no banco, existindo um mecanismo de capital contingente no valor de 3,89 mil milhões para cobrir as perdas registadas com um conjunto de ativos tóxicos.
"A questão é sempre a mesma: vou vender um cabaz de fruta que parcialmente está apodrecida. Eu não vou contar com a benevolência ou generosidade do comprador de comprar toda a fruta como sendo de qualidade.”
Carlos Costa defendeu a venda do Novo Banco pois a alternativa de “não agir” teria tido um custo superior para Portugal. Não agir “teria implicações no funcionamento da economia, confiança dos depositantes e mobilidade dos capitais”, referiu o antigo governador que saiu em julho do supervisor bancário (foi substituído por Mário Centeno).
Lembrou ainda, que Banco de Portugal tinha uma “tempo limite de venda com uma espada de Dâmocles em cima da cabeça, que era a liquidação, e pelas contas do Banco de Portugal implicaria 20 a 25 mil milhões”, e que o comprador só ficaria com o banco se o conjunto de ativos problemáticos tivesse uma garantia.
Carlos Costa defendeu que os prejuízos do Novo Banco “não foram causados na venda”, foi antes “entre 2010 e 2014”, no tempo em que o BES realizou “operações de financiamento que eram desastrosas”, dando como exemplos os devedores que foram ouvidos nas últimas semanas pelos deputados (Moniz da Maia, Gama Leão ou Luís Filipe Vieira).
(Notícia em atualização)
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