Investimento das seguradoras em startups cresceu 61% em 2020
A NTT Data afirma que a Europa foi a região onde o investimento em insurtech mais cresceu, mas a Ásia continua a justificar os maiores volumes, liderando também no financiamento dos “super negócios.”
A crise pandémica não impediu as seguradoras de continuarem o seu caminho de digitalização, confirmando a ideia de que as insurtechs impulsionam a transformação digital e a inovação do setor continua em força, perspetiva o relatório da companhia japonesa NTT Data.
Insurtech recebe 7% do que as seguradoras investiram em startups
No ano, passado, as seguradoras alocaram quase 1.600 milhões de dólares de investimento em modelos de startups, aumentando os investimentos em 61% face aos 978 milhões de 2019. Do total investido pelas seguradoras em negócios disruptivos, 445 milhões foram diretamente para insurtechs, um montante praticamente inalterado face a 2019 e maioritariamente concentrado em apenas 3 insurtechs (Hippo Insurance, Acko Insurance e Getsafe), revela uma análise global da NTT Data.
A recuperação dos volumes de investimento em 2020 deveu-se em grande parte às operações da Palantir Technologies, iCapital Network, Vazyme Biotech e Hippo, que em conjunto, representaram 1,1 mil milhões. O que é mais significativo, refere a análise, é que “todos estes investimentos foram liderados por companhias de seguros asiáticas como a Sompo, Ping An, China Life e Sumitomo.”
Bruno Abril, sócio da NTT DATA EMEAL Insurance, explica que: “As insurtechs são agora vistas como um ativo valioso pelas companhias de seguros, que sabem que estas podem ter um impacto altamente positivo nos seus negócios (…).”
Entre outros aspetos, o documento destaca aumento de 31% nos investimentos recebidos pelas insurtech europeias no período 2019-2020, enquanto os recursos angariados pelas asiáticas cresceram 11%. Nesses dois anos, os números de organizações norte-americanas indicam redução de 17% no investimento em insurtech. Em 2020, os grupos seguradores asiáticos investiram mais (em 34 rondas) do que a soma de europeus e norte-americanos, nota o Insurtech Global Outlook 2021.
Detalhando o destino dos investimentos, o relatório da consultora global de serviços e tecnologia de informação, refere que as seguradoras centralizaram a maior parte das suas capitalizações em startups em fase de crescimento, com uma média de 23 milhões por ronda em 2020. Dentro destas apostas, “os investidores de seguros focaram a sua seleção em empresas que trabalham com tecnologias como a cloud, dispositivos móveis e aplicações, além das suas preferências em modelos de negócio centrados na personalização de seguros, agregadores, plataformas e comparadores”.
Embora o investimento das seguradoras dirigido especificamente a insurtech tenha representado apenas 7% do total alocado para apoiar startups, as insurtechs “estão a viver um momento único”, afirma o documento que corrobora a grandeza de números também divulgados por outras fontes, como a Willis Towers Watson.
As startups que inovam nos seguros “não só conseguiram ultrapassar a incerteza gerada pela COVID-19, como conseguiram atrair mais investimento, atingindo 7.000 milhões de dólares, se considerarmos as empresas que se tornaram públicas durante o ano Lemonade e Root, avaliadas em 1.000 milhões de dólares),” refere a consultora sediada em Tóquio.
Outro destaque do estudo revela que as insurtechs que realizaram IPO (oferta pública inicial), operação para cotar em bolsa, foram todas criadas nos últimos cinco anos. São disso exemplo, a Root Insurance, Lemonade, Hippo, Next Insurance, Oscar Health e a Waterdrop.
Principais tendências: Wearables, ferramentas de diagnóstico e apps de bem-estar
Estas novas empresas apoiadas pela tecnologia – muitas delas baseadas na IoT – estão a promover a transição do setor segurador “da proteção para a prevenção”, afirma o outlook da NTT Data.
As seguradoras e startups estão a usar conjuntos de dados únicos e Inteligência Artificial para reduzir e gerir os custos de sinistros, ajudando os clientes a prevenir eventos indesejados. Além disso, em 2020 registou-se um crescimento especial da IoT, com impacto em todas as linhas de negócio: automóveis com seguros indexados a métricas de utilização (UBI), seguros de saúde e vida através de wearables, mas também em casas com dispositivos de deteção de fugas, inundações ou, nas linhas comerciais, com apólices paramétricas de transporte e riscos especiais.
O relatório assinala também o valor das tecnologias transversais que apoiam todas as linhas de negócio e “contribuem para melhorar a experiência do cliente e aumentar a sua eficiência de gestão.” A análise recorda ainda que as plataformas de corretagem e de seguros de ativos digitais também receberam investimentos relevantes.
O estudo perspetiva em detalhe ângulos tão variados como os investimento insurtech por região, linhas de investimento empresarial e tecnológico. Identifica também as empresas em que as seguradoras decidiram investir, as formas como estes investimentos foram distribuídos por diferentes elos da cadeia de valor dos seguros, bem como os principais movimentos no que diz respeito aos ecossistemas das seguradoras.
Ásia e os modelos consolidados
Destacando a importância de variáveis que caracterizam o potencial de desenvolvimento de ecossistemas na indústria de seguros (grande dimensão populacional, adoção de tecnologia, e baixa penetração de seguros), o estudo refere que as seguradoras asiáticas lideraram os “super negócios” ou acordos de investimento com maior efeito de atração, eclipsando as seguradoras europeias e americanas.
Assim, os investidores de seguros asiáticos, quatro dos quais lideraram as maiores rondas em 2020, concentraram entre si mais de 1.100 milhões de dólares de financiamento.
Por outro lado e tal como apontado há um ano em relatório do grupo NTT Data, a concentração de investimento focou-se preferencialmente em startups mais avançadas e nos modelos mais consolidados (os chamados outliers) com operações de mais de 100 milhões de dólares, localizadas principalmente nos Estados Unidos e na Ásia.
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