Galp avança com investimento recorde em renováveis em Espanha, avança Andy Brown
Com a nomeação de Brown, a Galp está a acelerar o lançamento de um novo plano estratégico para a descarbonização e vai fazer o maior investimento da história da empresa em Espanha.
O novo CEO da Galp, Andy Brown, tomou as rédeas da maior companhia petrolífera portuguesa em fevereiro com o objetivo de acelerar o plano de descarbonização do grupo. A Galp está focada num processo de transformação radical para se reconverter num negócio com emissões zero. E nesta corrida, as renováveis estão a desempenhar um papel essencial, especialmente em Espanha. “Se não mudarmos, o nosso negócio vai desaparecer”, realça o CEO.
Brown, que acaba de completar quatro meses como CEO da Galp ao substituir Carlos Gomes da Silva, avança que um terço do novo plano estratégico será atribuído ao mercado espanhol, em entrevista ao Expansión (acesso pago, conteúdo em espanhol).
O novo líder da empresa petrolífera portuguesa destaca que o mercado espanhol de energias renováveis é “muito atrativo”, cheio de “oportunidades” e a Galp “vai continuar a olhar para eles”. É assim que Andy Brown olha para o mercado das energias renováveis.
“Espanha é de grande importância na estratégia de descarbonização da Galp porque é o país onde temos mais e vamos ter mais energias renováveis, dadas as oportunidades e potencialidades que existem no mercado”, explica o novo CEO, em entrevista ao jornal espanhol.
Em setembro do ano passado, a Galp fechou um negócio de 326 milhões com espanhola ACS e tornou-se líder no solar na península ibérica. As duas empresas criaram uma joint venture, da qual a Galp detém 75%. A transação tem um valor total de cerca de 2,2 mil milhões de euros até 2024, altura em que o portfólio solar chegará aos 2,9 GW.
“Graças à aliança que assinámos com a ACS, atingimos atualmente mais de 3.300 megawatts em energias renováveis. A partir de desse montante, 914 megawatts já estão em funcionamento e 2,387 megawatts estão em várias fases de desenvolvimento”, adianta o novo CEO da Galp.
Neste momento, Galp concentra praticamente todo o seu poder nas energias renováveis no mercado espanhol. Andy Brown adianta ainda que os 3.300 megawatts são mais de 85% do 3.808 megawatts que Galp tem em toda a sua carteira.
Espanha é de grande importância na estratégia de descarbonização da Galp porque é o país onde temos mais e vamos ter mais energias renováveis, dadas as oportunidades e potencialidades que existem no mercado.
O investimento da Galp em energias renováveis em Espanha nos próximos anos será um recorde histórico para a empresa neste mercado. A Galp tem sido até agora um dos principais intervenientes no mercado dos hidrocarbonetos em Espanha. Com cerca de 600 estações de serviço estações de serviço no país, a empresa tem estado entre as cinco maiores redes de estações de serviço no mercado espanhol.
A atualização estratégica apresentada há alguns dias prevê um cenário para 2030 com o objetivo de conseguir “uma maior eletrificação da empresa, embora o negócio petrolífero continue a desempenhar um papel crucial” para a empresa.
A Galp não quer tomar-se apenas um player em energias renováveis, mas também em outros negócios, tais como o serviço de recarga de eletricidade para veículos elétricos ou projectos de hidrogénio. Na recarga de veículos elétricos, Galp quer manter a sua liderança em Portugal, e posicionar-se como líder no mercado de veículos elétricos. Até 2025, pretende ter 10.000 pontos no mercado ibérico.
O investimento planeado até 2025 inclui uma média de mil milhões de euros por ano. Isto é 20% menos do que inicialmente previsto, mas, acima de tudo, representa uma reorganização. 20% continuarão a ser atribuídos à exploração e produção e 15% será destinado ao negócio industrial, que passou a ser conhecido como transformação de energia, onde se incluem investimentos para descarbonizar os processos de produção em refinarias, por exemplo.
Outros 20% irão para o negócio comercial e 20% ou mais para as energias renováveis e novas energias. Do total do investimento total, Brown estima que “cerca de um terço” poderia ir para Espanha, especialmente por causa do impulso das energias renováveis.
Galp de olhos postos no Brasil para crescer na produção de petróleo
O grupo Galp é o terceiro maior produtor de petróleo do Brasil e um dos principais sócios da Petrobras. A Galp anunciou na semana passada um corte de 20% no seu plano global de investimentos. No entanto, o mercado brasileiro deverá ser preservado, já que a empresas aposta não só no crescimento da produção petrolífera no país mas tem também na mira oportunidades nas renováveis com foco na estratégia de se posicionar na transição energética, avançou Andy Brown ao jornal brasileiro Valor Económico (acesso pago).
“Estamos a investir principalmente em exploração e produção de óleo e gás, num primeiro momento, mas temos a ambição de fazer mais coisas no Brasil”, afirmou o CEO.
Andy Brown mostra a intenção da companhia portuguesa entrar no negócio de geração de renováveis, com destaque para a energia solar e soluções híbridas (que reúnem a solar com a eólica, por exemplo). A meta da empresa é quadruplicar a sua capacidade instalada global de geração renovável, dos atuais 1 gigawatt (GW) para 4 GW em 2025. E aumentar a potência instalada para 12 GW em 2030.
Para além da prioridade ser o foco nas energias renováveis na Península Ibérica, o novo CEO destaca que o Brasil está “no alto da lista” das novas regiões onde a companhia tem planos de expandir o negócio. Segundo Andy Brown existem “boas probabilidades” da empresa portuguesa entre no mercado brasileiro de geração renovável antes de 2025.
No setor petrolífero, a portuguesa espera fechar 2021 com produção de óleo e gás de 125 mil a 135 mil barris diários de petróleo e crescer esse volume em 25% até 2025. Nesse sentido, o Brasil, que hoje responde por cerca de 90% da produção da multinacional, manterá a posição de protagonismo dentro do plano de negócios da Galp.
Com uma carreira de 35 anos na energia no setor da energia, Andy Brown tinha ocupado anteriormente vários cargos executivos na anglo-holandesa Royal Dutch Shell, que deixou em 2019. Após a sua partida da Shell, o gestor trabalhou para empresa de consultoria McKinsey, entre outras empresas.
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