Nova plataforma quer “imunizar” a população contra a desinformação das vacinas
Segundo os responsáveis, este projeto, também dirigido aos países lusófonos, surge “num contexto de proliferação de desinformação e de fakenews” sobre a pandemia.
Contribuir para que a população fique “imune à desinformação” sobre as vacinas é o principal objetivo de uma nova plataforma digita lançada esta quarta-feira pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT-Nova).
O projeto Imune.pt pretende “garantir a toda a população o acesso a informação correta, factual e idónea sobre vacinas e imunização que possa ser facilmente entendível por qualquer pessoa, independentemente do seu nível de conhecimento prévio sobre este tema”, adiantou a agência Lusa o diretor do IHMT-Nova.
Segundo Filomeno Fortes, este projeto, também dirigido aos países lusófonos, surge “num contexto de proliferação de desinformação e de fakenews” sobre a pandemia, com a questão das vacinas a “marcar a agenda mediática” nos últimos meses.
“Perante um volume enorme de informação proveniente de várias fontes, os cidadãos ficaram numa posição de não perceberem qual a qualidade das vacinas, que segurança essas vacinas poderão ter, qual poderá ser a sua eficácia e em que vacina poderão confiar”, adiantou o especialista em saúde pública.
Apesar de não se limitar às vacinas contra a covid-19, o Imune.pt “vai dar uma particular atenção à questão da pandemia”, adiantou ainda o Filomeno Fortes, para quem este é o momento de se lançar uma “campanha de literacia sobre saúde e vacinação para tornar este público menos vulnerável à desinformação”.
Segundo o epidemiologista, a disponibilização de informação correta e de base científica sobre as vacinas e a imunização vai ser também pertinente quando Portugal atingir uma boa cobertura vacinal contra o vírus SARS-CoV-2, altura em que se vai verificar o que “já está a acontecer nos Estados Unidos em relação à covid-19”.
“Vai se atingir uma determinada cobertura vacinal e de certeza absoluta que o Ministério da Saúde vai se confrontar com um limiar de cobertura vacinal que depois vai ser muito difícil ultrapassar. Vão surgir os 10%, 15%, 20% de cidadãos que, à partida, não se querem vacinar, porque não estão devidamente sensibilizados e informados”, referiu Filomeno Fortes, ao adiantar que a plataforma pode dar um “contributo para esse aumento da cobertura”.
Assumindo-se como “instituição de ligação entre Portugal e os países lusófonos”, o IHMT-Nova, desde o início da pandemia, reforçou o papel de interlocutor privilegiado no esclarecimento e disseminação do conhecimento sobre a pandemia, sobretudo, nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), disse.
“Nós temos uma ligação especial com os PALOP e achamos, quando eclodiu a pandemia, que deveríamos ter um papel mais pró-ativo”, avançando agora para a criação do Imune.pt, explicou o antigo diretor nacional do controlo de endemias de Angola.
A plataforma integra um menu sobre “vacinação”, que disponibiliza informação sobre o tema das vacinas em geral, respetivos benefícios, contributos para a saúde global e mecanismos de aprovação e segurança.
Tem também uma área reservada à “covid-19”, onde é possível ter acesso a informação detalhada sobre as vacinas específicas para evitar a infeção, sobre como se transmite o vírus, que variantes existem e quais as medidas de prevenção mais eficazes.
Disponibiliza ainda uma área de “respostas diretas”, com esclarecimentos sobre a vacinação da covid-19 e a vacinação em geral, uma área denominada “à descoberta”, onde são disponibilizadas notícias e curiosidades sobre vacinação e, por fim, uma área intitulada “epidemias em imagem” que partilha uma visão sobre a história das epidemias e da imunização.
O Imune.pt é produzido por um corpo editorial, com o apoio de uma comissão editorial especializada, constituída pela equipa científica do próprio instituto.
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