EUA rejeitam apelo da OMS para moratória sobre doses de reforço das vacinas

  • Lusa
  • 4 Agosto 2021

O governo norte-americano considera que a moratória proposta não é necessária porque o país não tem de escolher entre aplicar a moratória a nível nacional e ajudar outros países.

Os Estados Unidos rejeitaram esta quarta-feira o apelo da OMS relativo a uma moratória sobre doses de reforço das vacinas contra a covid-19, considerando que não precisam de escolher entre administrá-las a seus cidadãos ou doá-las a países pobres.

É uma falsa alternativa”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, sobre o pedido da Organização Mundial da Saúde (OMS), que pediu esta quarta-feira uma moratória sobre as doses de reforço das vacinas contra a covid-19 para que os países pobres possam imunizar a sua população.

“Achamos que podemos fazer as duas coisas”, pelo que não é necessário escolher entre aplicar a moratória aos norte-americanos, o que ainda não está oficialmente planeado, ou ajudar os países pobres, acrescentou.

Psaki lembrou que os Estados Unidos já distribuíram mais de 100 milhões de doses da vacina contra a covid-19 para países menos privilegiados. Este número é superior, segundo Washington, ao das doações de todos os outros países do mundo somados.

Os Estados Unidos ainda não tomaram uma decisão sobre a administração de doses de reforço. Mas Alemanha e Israel já anunciaram campanhas para uma terceira dose para as vacinas que exigem duas doses iniciais, destinadas principalmente a idosos.

epa08286538 (FILE) – Tedros Adhanom Ghebreyesus, Director General of the World Health Organization (WHO), informs the media about the update on the situation regarding the novel coronavirus (2019-nCoV), during a new press conference, at the World Health Organization (WHO) headquarters in Geneva, Switzerland, 10 February 2020 (reissued 11 March 2020). Reports on 11 March 2020 state Tedros Adhanom Ghebreyesus has said the novel coronavirus COVID-19 outbreak ‘can be characterised as a pandemic’. EPA/SALVATORE DI NOLFI

Esta quarta-feira, em Genebra, o diretor-geral da OMS, na habitual videoconferência de imprensa da organização sobre a evolução da pandemia da covid-19, fez um apelo nesse sentido.

Necessitamos urgentemente de mudar as coisas: [passar] de uma maioria de vacinas para os países ricos para uma maioria [de vacinas] para os países pobres”, afirmou, acrescentando que a moratória deve durar “pelo menos até ao fim de setembro”.

O médico etíope tem frequentemente alertado para a falta de equidade na distribuição e administração de vacinas contra a covid-19, prejudicando os países mais pobres, sobretudo africanos. Nos países pobres, 1,5 pessoas em cada 100 receberam uma dose de uma vacina, enquanto nos países ricos foram 100 em cada 100.

Ao pedir uma moratória, o líder da OMS reagia ao facto de Israel ter iniciado recentemente a administração de uma terceira dose da vacina Pfizer/BioNTech a pessoas com mais de 60 anos, para travar as infeções com a variante Delta do novo coronavírus, mais contagiosa. A Alemanha anunciou que vai administrar uma terceira dose de reforço a idosos e outras pessoas mais vulneráveis a partir de um de setembro. Ainda sem datas, Espanha tenciona também avançar com a administração de uma terceira dose das vacinas Pfizer/BioNTech e Moderna.

Em maio, o diretor-geral da OMS lançou o desafio, que se tem revelado cada vez mais difícil de alcançar, de ter 10% da população de todos os países do mundo vacinada até setembro. “Para lá chegar, precisamos da cooperação de todos, especialmente de um punhado de países e empresas que controlam a produção global de vacinas”, frisou Ghebreyesus, que apelou aos grupos farmacêuticos para que privilegiem o Covax, mecanismo de distribuição universal e equitativa de vacinas contra a covid-19 de que beneficiam 92 países pobres.

Contudo, até à data, o Covax, cogerido pela OMS, não conseguiu cumprir a sua missão, devido à falta de doses, tendo apenas distribuído uma pequena fração de vacinas. Dos quatro mil milhões de doses de vacinas injetadas no mundo, 80% foram nos países de médios e altos rendimentos, que representam menos de metade da população mundial.

 

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Casimiro reage à insolvência: “É um atentado político à Groundforce e aos seus trabalhadores”

O até hoje presidente da Groundforce reage com fortes críticas ao Tribunal, ao Governo e à presidente da TAP. A Pasogal vai recorrer da decisão, ainda que o recurso não tenha efeitos suspensivos.

“Esta decisão é incompreensível e inaceitável”, reage Alfredo Casimiro, até aqui presidente e maior acionista da Groundforce, que foi esta quarta-feira declarada insolvente pelo Tribunal da Comarca de Lisboa, deixando fortes críticas ao juiz, ao Governo e à TAP.

O empresário, que através da Pasogal detém 50,01% do capital da Groundforce, considera que a dívida da empresa não justifica a decisão. “Não percebo, nem entendo como é possível uma decisão destas”, diz em declarações ao ECO.

Num comunicado, entretanto divulgado, argumenta que o tribunal “decreta a insolvência de uma empresa que fatura mais de 100 milhões de euros, a pedido de um devedor (TAP) da Groundforce do valor de 4,6 milhões de euros e que, por isso, os pagou em 28 de julho de 2021”.

Alfredo Casimiro garante que a empresa vai recorrer, ainda que o recurso não tenha efeitos suspensivos da decisão. “Ao aceitar o pedido de um devedor e não de um credor, o Tribunal abre um precedente que a PASOGAL considera inaceitável e torna a própria decisão incompreensível. Por essa razão, pelo facto de a empresa não ter dívidas à Autoridade Tributária, Segurança Social ou a bancos, esta decisão deve ser objeto de recurso para um tribunal superior”, afirma no comunicado.

A Pasogal argumenta ainda que “o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa decreta a insolvência desconsiderando a lei portuguesa e as diretivas comunitárias que impedem que o prestador de serviços de handling seja controlado, direta ou indiretamente, pela entidade gestora do aeródromo (ANA Aeroportos, S.a.) ou pela TAP”.

Alfredo Casimiro diz temer as consequências para o handling nos aeroportos. “Tendo a Groundforce 60% do tráfego nacional, é óbvio que vai criar uma situação caótica”, afirma ao ECO. Num comunicado enviado esta quarta-feira, a TAP garante que apesar da insolvências as operações da empresa vão manter-se.

“A declaração de insolvência não determina, por si, a cessação automática dos contratos de trabalho dos trabalhadores da SPdH nem a suspensão dos contratos de prestação duradoura de serviços por parte da insolvente, incluindo os serviços de assistência em escala à TAP”, sublinhou a companhia aérea.

Também a ANAC garante que “a declaração de insolvência não compromete, por si só, a atividade de assistência em escala desenvolvida pela SPdH [Groundforce], nos aeroportos nacionais, desde que a empresa demonstre capacidade para assegurar a operação e o cumprimento dos requisitos aplicáveis ao exercício da atividade”.

“Acredito que a TAP consiga manter as operações, como acredito que vai pagar os 3,7 mil milhões que o Estado vai injetar”, riposta o empresário, em tom irónico. “Estamos a brincar com a Groundforce como fizemos com a resolução do BES, que hoje está a ir aos bolsos dos contribuintes”, acresentando que o Estado terá de pôr dinheiro na empresa.

A nova CEO da companhia área portuguesa, que pediu a insolvência, é outro dos alvos do empresário. “É algo que a senhora presidente da TAP está habituada a fazer que é fechar empresas”, dispara.

Alfredo Casimiro deixa ainda um ataque feroz ao Governo: “É um atentado político à Groundforce e aos seus trabalhadores”. A relação entre o empresário e o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, é tensa há vários meses.

No comunicado, acrescenta que “considera o Estado Português responsável por esta situação já que, através do Ministro da Infraestruturas e Habitação, negou à Groundforce o Auxílio de Estado legalmente devido, bem sabendo que a Groundforce reunia todos os requisitos que lhe permitiam beneficiar do mesmo, designadamente, apresentando todos os anos resultados positivos expressivos, ao contrário das demais empresas do Grupo TAP, que apenas sobrevivem com o dinheiro dos contribuintes”.

Ainda durante o ano passado, o Governo tentou negociar uma solução com Alfredo Casimiro para viabilizar a empresa, sem sucesso. Desde então, que as relações entre Pedro Nuno Santos e Alfredo Casimiro têm sido conflituosas, com o ministro a dizer que se recusa a ajudar o empresário, mas apenas a empresa. Nos últimos meses a Groundforce vinha sendo incapaz de pagar os salários. Os subsídios de férias e o vencimento de julho foram pagos diretamente pela TAP aos colaboradores.

No comunicado, Alfredo Casimiro diz que “tudo fará para preservar a capacidade operacional da empresa e os postos de trabalho, que não são colocados em causa de imediato com a declaração de insolvência”, mas que a “liquidação da Groundforce é um desfecho possível”.

(Notícia atualizada às 19h50 com comunicado da Pasogal)

 

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Da TAP à Meo, tribunal revela principais credores da Groundforce

Ainda não há lista oficial de credores da Groundforce, mas a sentença judicial de declaração de insolvência fala em alguns deles. Para além da TAP e da ANA, Meo e Prosegur farão parte do grupo.

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa concordou com o pedido da TAP e declarou a insolvência da Groundforce, decisão que ainda pode ser alvo de impugnação. Mas quem são os principais credores da empresa de handling?

A sentença judicial, à qual o ECO teve acesso, lança alguma luz sobre as contas da empresa. Desde logo, no total, a TAP reclamou ter, “após encontro de contas”, créditos vencidos sobre a Groundforce no valor de 5,65 milhões de euros, a título de capital.

Além disso, a companhia aérea indicou deter créditos não vencidos sobre a Groundforce no valor de 1,1 milhões de euros, por “faturas emitidas em abril de 2021 e com datas de vencimento ao longo do mês de maio de 2021”. A TAP pediu a insolvência da Groundforce nesse mês de maio.

No mesmo documento, é ainda apresentada uma tabela com os cinco maiores credores da Groundforce, sem contar com a TAP, que foi a requerente: a empresa de handling devia, a 30 de junho, quase 13,56 milhões de euros a estes seis credores:

  • ANA Aeroportos S.A.: 12,89 milhões de euros
  • Prosegur Comp. de Segurança, Lda: 177,3 mil euros
  • Iberlim-Soc. Téc de Limpezas: 140,8 mil euros
  • UCS, SA: 125,3 mil euros
  • Climex-Controlo Ambiente, LDA: 126,1 mil euros
  • MEO: 52,3 mil euros
  • Eurest Portugal: 49,3 mil euros

Trabalhadores também reclamam créditos

Além dessas empresas, é ainda referido na sentença os créditos que eram reclamados pelos trabalhadores referentes a 31 de maio de 2021, citando-se, para o efeito, dados do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava). Designadamente:

  • Prémio de Distribuição de Lucros 2019: 1,2 milhões de euros;
  • Evoluções de carreira (desde janeiro de 2020): cerca de 1 milhão de euros ate maio de 2021;
  • Anuidades (desde janeiro de 2021): cerca de 40 mil euros até maio de 2021;
  • Subsídio de férias (correspondente aos trabalhadores que haviam solicitado receber no primeiro semestre do ano de 2021): cerca de dois milhões de euros (de um total de mais de três milhões).

O juiz determina que a Comissão de Credores é presidida pela ANA (Aeroportos de Portugal) e tem como membros a Fidelidade, a TAP e a TCR Ibérica. A Inform é suplente.

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Clube Chapas e Bombeiros de Lisboa vão fazer história

  • ECO Seguros
  • 4 Agosto 2021

São 728 anos de existência de seguros e 600 anos de memória dos bombeiros de Lisboa. Vão trabalhar juntos para contar a história da cidade quanto a seguros e socorro.

Protocolo para unir histórias: Tenente Coronel Alexandre Rodrigues, 2º comandante do RSB de Lisboa , Isabel Anjos e Vitor Alegria do Clube Chapas e Miguel Gil, coordenador do museu do RSB.

Vítor Alegria, presidente do Clube Chapas, insiste na necessidade de interagir com entidades que, como diz, “durante séculos se relacionaram com a atividade seguradora para valorização das suas memórias”.

Nesse sentido o Clube Chapas e o Município de Lisboa celebraram um Acordo de Colaboração para cruzar e divulgar a história dos seguros e a história do socorro na cidade de Lisboa, assinado nas instalações do emblemático edifício do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa – 1ª Companhia – Quartel do Comando, na Avenida Dom Carlos I, onde outrora foi o Convento da Esperança.

O motivo da união é claro: O Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) é herdeiro de 600 anos de memórias, enquanto o Clube Chapas estuda há mais de uma década os 728 anos de história do seguro português. “No decurso de séculos são inúmeras as cumplicidades e trajetos onde se intercetam estas atividades”, refere Vitor Alegria.

Como método de trabalho já existem propostas de ambas as entidades para a investigação e divulgação da especial relação entre as Companhias de Seguros e os Bombeiros profissionais de Lisboa. Por exemplo, vai-se aprofundar o estudo num fenómeno do princípio do século XX em que existiram companhias de salvados estimulando os bombeiros, na fase de rescaldo de sinistros, a procurarem recuperar objetos valiosos, com a finalidade de atenuar a indemnização aos segurados.

Por seu lado as companhias de seguros, contribuíram financeiramente, através dos tempos, para as instituições de bombeiros, com base nos prémios recebidos pelos seguros de fogo ou incêndio.

Para assinar o protocolo estiveram presentes o 2º comandante Tenente Coronel Alexandre Rodrigues , Miguel Gil como coordenador do museu do RSB, e pelo Clube CHAPAS a diretora Isabel Anjos e o presidente Vitor Alegria.

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Sindicatos reúnem-se com Governo para debater insolvência da Groundforce

  • Lusa
  • 4 Agosto 2021

A reunião, por videoconferência, deve contar com a maioria das estruturas sindicais representadas na empresa, conta com a presença do secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Hugo Mendes.

Os sindicatos representativos dos trabalhadores da Groundforce estarão esta quarta-feira reunidos com o Governo, para debater a insolvência da empresa, decretada por um tribunal de Lisboa, indicou à Lusa fonte sindical.

A reunião, por videoconferência, deverá contar com a maioria das estruturas sindicais representadas na empresa, conta com a presença do secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Hugo Mendes, e tem como objetivo informar os trabalhadores sobre o processo.

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa decretou esta quarta-feira a insolvência da SPdH (Groundforce), anunciou a TAP, que tinha feito um requerimento nesse sentido, no dia 10 de maio, de acordo com um comunicado.

“A declaração de insolvência da SPdH – Serviços Portugueses de Handling, S.A. (Groundforce), hoje proferida pelos Juízos de Comércio de Lisboa do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, é, para a TAP, a solução transitória que melhor permite restaurar a confiança na gestão da Groundforce”, disse a TAP, na mesma nota.

“A companhia sublinha que esta decisão do Tribunal não determina, por si, a cessação automática dos contratos de trabalho dos trabalhadores da SPdH nem a suspensão dos contratos de prestação duradoura de serviços por parte da Groundforce, incluindo os serviços de assistência em escala à TAP”, garantiu.

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Um ano após a explosão em Beirute, crise económica libanesa é uma das mais graves do mundo

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Agosto 2021

Ainda antes da explosão em Beirute, o Líbano já enfrentava uma das suas piores crises económicas. Em 2020, o PIB do país caiu para 33 mil milhões de dólares, menos 22 mil milhões em relação a 2018.

Há exatamente um ano, o mundo assistia a uma violenta explosão no porto comercial de Beirute, capital libanesa, provocada por aproximadamente 2.700 toneladas de nitrato de amónio, juntamente com outros materiais inflamáveis. O incidente, que resultou em mais de 200 mortos e cerca de 7.000 feridos, veio agravar a crise económica e financeira que o país já atravessava, também devido à pandemia de Covid-19. Agora, o mais recente Monitor Económico do Líbano, divulgado pelo Banco Mundial, diz ser “provável” que a crise do país do Médio Oriente esteja no ‘top 10’, possivelmente no ‘top 3’, das mais graves a nível mundial desde meados do século XIX.

O agravamento da crise no Líbano tem sido bastante rápido: o Produto Interno Bruto (PIB) passou de cerca de 55 mil milhões de dólares, em 2018, para cerca de 33 mil milhões de dólares, em 2020, com o PIB per capita a cair cerca de 40%. “Uma contração tão brutal e rápida está geralmente associada a conflitos ou guerras”, refere o relatório da instituição financeira internacional.

Como justificação da magnitude da depressão económica libanesa, a organização de Washington não poupa nas críticas e culpa “a desastrosa inação política deliberada“, que não se deve à falta de conhecimento ou de aconselhamento de qualidade, mas sim à falta de acordo sobre iniciativas políticas eficazes e ao consenso político em defesa de “um sistema económico falido, que beneficiou alguns durante tanto tempo”.

O impacto social da crise

Ainda segundo o relatório do Banco Mundial, “o impacto social da crise, que já é terrível, pode tornar-se rapidamente catastrófico” e mais de metade da população deverá estar “provavelmente abaixo do limiar de pobreza nacional”. A instituição financeira já havia identificado durante muito tempo o país como um “Estado de Fragilidade, Conflito e Violência”, o que significa que as “terríveis condições socio-económicas arriscam-se a falhas nacionais sistémicas com consequências regionais e potencialmente globais”.

O poder de compra da libra libanesa levou a que mais de 40% dos agregados familiares relatassem “desafios no acesso a alimentos e outras necessidades básicas“, de acordo com um inquérito realizado por telefone pelo Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, no final do ano passado. Também a taxa de desemprego, que em fevereiro de 2020 se encontrava nos 28%, aumentou para quase 40% até ao fim do ano.

A organização não-governamental (ONG) Save the Children advertiu recentemente que centenas de milhares de crianças vão para a cama com fome, uma vez que os pais falham cada vez mais em pagar as despesas e não conseguem pagar bens básicos, como comida, eletricidade e medicamentos. De acordo com uma nova análise à situação financeira das famílias em Beirute, a diferença nos rendimentos necessários para comprar bens de primeira necessidade disparou 550% no último ano.

A análise da ONG de defesa dos direitos das crianças revelou que famílias de praticamente todas as classes socioeconómicas da capital libanesa se viram mergulhadas mais profundamente na pobreza. Os agregados muito pobres são os mais duramente atingidos, tendo em média menos 5,5 milhões de libras libanesas em relação aos 6,1 milhões de libras mensais necessários apenas para pagar o básico. As famílias pobres e de rendimento médio têm também várias centenas de dólares a menos todos os meses.

A crise fez o Líbano atingir o pico mais alto dos preços de alimentos no mundo, o que tem levado várias famílias a recorrer a medidas desesperadas que afetam sobretudo os mais jovens e os mais vulneráveis, aponta a organização. Além de menos refeições, da pior qualidade dos alimentos, da compra de alimentos a crédito e da venda de mobiliário, muitos estão a cortar nas despesas de saúde e educação, sobrevivendo às custas de poupanças ou de empréstimos, apenas para sobreviverem todos os meses.

“Sobrevivendo, mas mal”, disse a diretora da Save the Children no Líbano, Jennifer Moorehead. “Centenas de milhares de crianças vão para a cama com fome, muitas vezes sem terem comido uma única refeição nesse dia. As famílias não podem pagar a eletricidade para pôr um frigorífico ou água quente a funcionar, ou os medicamentos de que necessitam para tratar doenças. Quanto mais tempo esta situação continuar, mais provável é que as crianças deslizem para a desnutrição, o que, em última análise, poderá levar à morte“, alertou.

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EDP Renováveis vende seis parques eólicos na Polónia por 303 milhões de euros

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Agosto 2021

A EDP Renováveis vendeu uma carteira eólica na Polónia de 149 megawatts por cerca de 303 milhões de euros, correspondendo a dois milhões de euros por megawatt.

A EDP Renováveis (EDPR) assinou um acordo de compra e venda com a Mirova, uma afiliada da Natixis Investment Managers, para a “venda de uma participação de 100% num portfólio eólico com 149 megawatts“, situado na Polónia. O negócio está avaliado em aproximadamente 303 milhões de euros, o que corresponde ao valor de empresa, estando “sujeito a ajustes até à conclusão da transação”, anunciou esta quarta-feira a empresa ao mercado.

Segundo indica o comunicado enviado à CMVM, o acordo inclui seis parques eólicos, dos quais 20 megawatts estão em operação desde 2020 e 129 megawatts encontram-se em construção com início de operações esperado até ao final de 2021.

“O valor total da transacção corresponde a um Enterprise Value estimado de cerca de €303 milhões, que se traduz num Enterprise Value de €2.0 milhões/MW”, refere a nota.

Esta transação significará aproximadamente 303 milhões de euros de encaixe de rotação de ativos e está inserida no contexto do programa de rotação de ativos de oito mil milhões de euros, anunciado no ‘Capital Markets Day’ da EDPR, permitindo à subsidiária do Grupo Energias de Portugal “acelerar a criação de valor” e “reciclar capital para reinvestir em crescimento rentável”.

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Aplicação móvel do BPI oferece a clientes diagnóstico das necessidades de seguros

  • ECO Seguros
  • 4 Agosto 2021

Para obter relatório detalhado de avaliação, os clientes respondem a um questionário, no seu telemóvel, sobre as necessidades nas áreas de Vida, Saúde, Casa, Mobilidade e Desporto.

Checkup de Segurança é um novo serviço disponibilizado pelo BPI, através de aplicação móvel (app) do banco, e que a instituição financeira considera inovador, porque “permite avaliar, de forma personalizada, o grau de proteção financeira ao nível dos seguros”.

Para os clientes que já descarregaram a app do banco, o utilizador pode – após avaliação da sua proteção financeira -, simular e contratar através do seu telemóvel “seguros de Vida, Saúde, Auto ou Casa, adequados para aumentar os seus níveis de proteção. Nos restantes produtos pode consultar a oferta e solicitar contacto.”

Através da BPI App, “o Cliente responde a um questionário simples” sobre as suas necessidades nas áreas de Vida, Saúde, Casa, Mobilidade e Desporto e Lazer. No fim do questionário “é disponibilizado um relatório com o grau de proteção geral e para cada uma das áreas analisadas. O relatório é produzido por um algoritmo que compara a informação disponibilizada pelo Cliente com os riscos habituais nas vidas das pessoas e as coberturas normais dos seguros”.

Caso o cliente se encontre protegido na área Vida ou Casa “pode também avaliar se o capital seguro nas respetivas apólices se adequa às suas necessidades específicas. Para utilizar a funcionalidade Rever Coberturas é necessário conhecer previamente o valor do capital seguro de cada uma dessas apólices,” detalha a proposta do BI.

O Checkup de Segurança está também disponível na plataforma BPI GoBanking que assegura a disponibilidade e mobilidade dos gestores BPI, dando ao cliente a possibilidade de avaliar a sua situação com o apoio do seu gestor de conta, a qualquer hora e em qualquer lugar, conclui.

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Próxima cimeira ibérica realiza-se em Trujillo a 28 de outubro

  • Lusa
  • 4 Agosto 2021

A 32.ª cimeira entre Portugal e Espanha vai realizar-se em 28 de outubro, em Trujillo. Entre os temas na agenda estará um ponto de situação sobre os projetos da ferrovia ibérica.

A 32.ª cimeira entre Portugal e Espanha vai realizar-se em 28 de outubro, em Trujillo, na comunidade autónoma espanhola da Extremadura, anunciou esta quarta-feira, em Lisboa o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol.

José Manuel Albares deslocou-se a Lisboa para uma reunião de trabalho com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e disse que os dois governos querem que a cimeira de Trujillo contribua para uma “relação renovada entre os dois países”.

A anterior cimeira ibérica realizou-se em 10 de outubro de 2020, na cidade portuguesa da Guarda.

Este foi o primeiro encontro entre Augusto Santos Silva e José Manuel Albares, que assumiu a chefia da diplomacia espanhola em 12 de julho, no âmbito de uma remodelação do executivo liderado pelo socialista Pedro Sánchez.

Os dois ministros salientaram que Portugal foi o primeiro país da União Europeia a receber a visita do novo chefe da diplomacia espanhola, considerando ser um sinal das boas relações bilaterais.

A agenda da cimeira de Trujillo inclui um ponto de situação sobre os projetos da ferrovia ibérica, disse Augusto Santos Silva, salientando os projetos de modernização das linhas de ligação a Espanha a partir de Sines ou do Porto.

A ferrovia é mesmo o futuro das ligações, designadamente das ligações de curta e média duração”, sublinhou.

José Manuel Albares acrescentou que os planos de modernização e desenvolvimento das ligações ferroviárias ibéricas são também importantes para a União Europeia.

“As ligações ferroviárias não estarão completas para Portugal e Espanha se não fizerem parte de um plano muito mais ambicioso que inclua França e outros países da União Europeia”, disse Albares.

Questionado sobre a futura ligação marítima entre Portimão e Tânger, no âmbito de um memorando de entendimento assinado entre Portugal e Marrocos em 2015, Augusto Santos Silva não adiantou uma data para a concretização do projeto, mas sublinhou que não se destina a substituir quaisquer ligações.

A ligação Portimão-Tanger existe, mas não é para substituir qualquer outra ligação”, salientou.

Augusto Santos Silva disse que Portugal está comprometido com o projeto e que a ligação marítima com Marrocos será feita “no momento em que for possível”. “Temos trabalhado com as autoridades marroquinas ao nível técnico, mas (…) com a prudência indispensável para que essa ligação se possa fazer com toda a segurança necessária” em termos de segurança pública, dos transportes ou da saúde devido à pandemia de coronavírus, acrescentou.

Sobre as relações de Espanha com Marrocos, que têm vivido um período de tensão nos últimos meses, José Manuel Albares não adiantou uma data para visitar o país e reafirmou a sua posição de que é preciso dar tempo à diplomacia.

“Já o disse várias vezes nos últimos dias: a diplomacia requer tranquilidade, e a diplomacia requer tempo, e isto não indica que algo não seja prioritário, simplesmente que há coisas que requerem calma e tempo“, disse, acrescentando que uma primeira visita sua a Marrocos “é importante, mas é igualmente importante” que seja seguida de outras.

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Tribunal declara insolvência da Groundforce

Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa proferiu sentença de declaração de insolvência da Groundforce, na sequência do pedido da TAP. Decisão ainda pode ser impugnada pela empresa de "handling".

O Juízo de Comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa declarou insolvente a Groundforce, como tinha sido pedido pela companhia aérea TAP. A informação foi avançada por esta última num comunicado difundido através da CMVM, mas a decisão judicial ainda pode ser impugnada pela empresa de handling.

Na mesma nota, a TAP informa que a declaração de insolvência “não determina, por si, a cessação automática dos contatos de trabalho dos trabalhadores da SPdH [Groundforce] nem a suspensão dos contratos de prestação duradoura de serviços por parte da insolvente, incluindo os serviços de assistência em escala à TAP”.

A sentença de insolvência também não significa, necessariamente, o fim da Groundforce. “Caso tal se mostre viável, a possibilidade de continuidade da atividade da SPdH pode ser apreciada no quadro do processo de insolvência, sendo que os credores podem deicidr pela aprovação de um plano de recuperação desta empresa”, informa a companhia aérea.

Foi em maio que o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, confirmou que a TAP, da qual o Estado é o principal acionista, iria pedir a insolvência da Groundforce. A decisão foi tomada depois de a Groundforce ter rasgado contratos de sale and leaseback que tinham sido firmados com a companhia aérea.

A Groundforce presta serviços de assistência em escala à TAP nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo. A TAP tem 43,9% do capital de forma direta e 6% de forma indireta, através da Portugália, sendo a restante parte do capital (50,1%) controlada pelo empresário Alfredo Casimiro.

Na altura em que fez o pedido, a TAP recordou que, apesar de participar no capital da Groundforce, a sua posição “não lhe permite pesar decisivamente nas opções estratégicas e na condução dos negócios desta sociedade, em sede de decisões do seu Conselho de Administração”.

As duas empresas têm protagonizado um braço de ferro nos últimos meses, encontrando-se ambas em sérias dificuldades financeiras. Um dos últimos capítulos prendeu-se com a rejeição pela Groundforce dos termos de uma proposta da TAP para pagar os subsídios de férias aos trabalhadores da empresa de handling, numa altura de tumulto laboral, em que as greves acabaram a penalizar ambas as companhias. A TAP acabaria por encontrar uma forma de pagar diretamente os subsídios em atraso aos trabalhadores da Groundforce.

(Notícia atualizada pela última vez às 18h07)

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Multicare inclui Ortopedia e Urologia na Medicina Online

  • ECO Seguros
  • 4 Agosto 2021

As novas especialidades médicas disponíveis na plataforma de telemedicina reforçam oferta dirigida a clientes que procuram acesso digital a cuidados de saúde primários.

A Multicare, seguradora de saúde da Fidelidade, reforçou a sua plataforma de telemedicina – Medicina Online – com consultas de Ortopedia e Urologia. Os clientes Multicare têm acesso a uma equipa de médicos especialistas (Ortopedistas e Urologistas) disponíveis para dar aconselhamento clínico na prevenção e em cuidados de saúde primários das duas especialidades.

A consulta de Ortopedia poderá apoiar, por exemplo, em situações músculo esqueléticas resultantes de má postura ou pequenos traumas (como lombalgias, tendinites). Por seu lado, a consulta online de Urologia poderá apoiar em situações de infeção urinária ou em casos de sintomas de hiperplasia prostática.

Ana Rita Gomes, da Multicare, explica: “a disponibilização das consultas das especialidades de Ortopedia e de Urologia reflete a aposta da Multicare na telemedicina e na capacidade da Companhia de se adaptar às necessidades mais prementes dos clientes, que, de acordo com o contexto atual, procuram um acesso a cuidados de saúde primários conveniente, flexível confortável e eficiente”.

A subsidiária do grupo Fidelidade na área da Saúde foi pioneira na aposta na telemedicina com o lançamento da Medicina Online em 2016. Desde então, a marca “tem investido no robustecimento desta plataforma com o lançamento de serviços médicos incluindo o Médico Assistente Online, a Pediatria, a Dermatologia, a Ginecologia e a Endocrinologia e ainda consultas de Psicologia e de serviços de promoção de uma vida saudável (como a nutrição e o Programa Põe-te em Forma, entre outros).”

As consultas de especialidade estão disponíveis na plataforma online todos os dias úteis, das 9h às 19h, “mediante marcação, podendo, se necessário, ser enviado por SMS ou email, a prescrição de medicamentos e/ou de exames auxiliares de diagnóstico de forma imediata e sem sair de casa”.

Os serviços da Medicina Online não têm custo acrescido para os clientes, assegura a companhia, explicando que nesta época do ano, os clientes podem “ir de férias descansados, contando com o acesso a um médico 24/7 para questões que possam surgir”. Em 2020, a Medicina Online “assegurou mais de 143 mil consultas médicas,” reforça a companhia.

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Luís Filipe Vieira quer pagar caução com imóveis dos filhos e 200 mil euros em dinheiro

O ex-presidente do Benfica quer pagar caução com imóveis dos filhos no valor de 2,8 milhões e os restantes 200 mil euros em dinheiro. Arguido espera decisão de Carlos Alexandre.

O ex-presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, pretende pagar a caução de 3 milhões de euros através de imóveis de sociedades detidas em nome dos dois filhos — no valor de 2,8 milhões — e o restante (200 mil euros) em dinheiro. A proposta já foi entregue ao juiz de instrução Carlos Alexandre. Resta agora saber se o juiz de instrução do processo “Cartão Vermelho” vai aceitar.

O arguido está em prisão domiciliária, sem pulseira eletrónica, até prestar essa caução de três milhões de euros, que poderá ser em numerário, garantia bancária, títulos ou até hipoteca de imóveis.

Esta é a segunda tentativa de Luís Filipe Vieira ficar em liberdade, depois de Carlos Alexandre recusou a ter recusado a primeira proposta de pagamento. O antigo presidente do Benfica tinha dado como garantia as ações no clube e mais 400 mil euros, que correspondem a parte de um imóvel avaliado em 1,2 milhões de euros.

Em causa estavam as ações do Benfica (quase 4% da SAD do Benfica) que o arguido apresentou para pagar a caução. O Ministério Público terá entendido que o valor das ações não deve ser o atual valor de mercado, devido ao interesse do empresário norte-americano John Textor em adquirir 25% da SAD benfiquista. Está em causa a volatilidade dos títulos: tomando em consideração a evolução das ações do Benfica na bolsa nos últimos seis meses, a valorização chegou a ser de 74,6%, de um mínimo de 2,2 euros em abril para um máximo de 4,4 euros atingido já este mês de julho. E o juiz de instrução concordou.

Num despacho proferido no dia 27 de Julho, assinado e escrito à mão pelo juiz de instrução responsável pelo processo “Cartão Vermelho”, Carlos Alexandre defende-se das críticas ao justificar que toma esta decisão não por adoção “acéfala e seguidista” das propostas do Ministério Público, mas porque não estão reunidas condições que garantam estabilidade e segurança desta forma de pagamento. Mais, corroborando igualmente a posição do Ministério Público (MP), também não aceita a forma de prestação da caução através da constituição de penhora sobre os valores imobiliários com as características de avaliação oferecida por Luís Filipe Vieira.

A Luís Filipe Vieira foi imposta, como medida de coação, “a proibição de contactar, por qualquer meio, com os demais arguidos (com exceção do arguido Tiago Vieira) e ainda com Nuno Sérgio Durães Lopes, António Rodrigues de Sá, Vítor Manuel Dantas de Machado, José Gouveia, Diogo Chalbert Santos, Vítor Fernandes e qualquer administrador ou funcionário do Novo Banco, bem como membro da administração da Sport Lisboa e Benfica SAD“. E ainda prisão domiciliária, sujeita a levantamento com o pagamento da respetiva caução.

No caso de Luís Filipe Vieira, estão em causa estão suspeitas de “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento” por “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente”. Os quatro detidos, incluindo Vieira, são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.

Já o empresário José António dos Santos, popularmente conhecido como o “rei dos frangos”, terá de prestar uma caução de dois milhões de euros. “Fundamental é o regresso imediato a casa”, disse o advogado Castanheira Neves. O filho de Vieira, Tiago Vieira, que é também suspeito de branqueamento de capitais, burla e fraude fiscal, associado a financiamentos que somam mais de 100 milhões de euros, tem de pagar uma caução de 600 mil euros. Já o agente de futebol Bruno Macedo terá de pagar uma caução de 300 mil euros.

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