Augusto Santos Silva defende maior investimento da UE no fortalecimento da NATO
Europa “tem de assumir mais responsabilidades e os aliados europeus têm de investir mais e cooperar mais entre si” para fortalecer a NATO, disse ministro.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português defendeu este sábado, em Lisboa, que os países da União Europeia (UE) devem assumir mais responsabilidades e investir mais no fortalecimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
“A autonomia da Europa no âmbito da defesa e da segurança não se faz fora da NATO. O seu objetivo é fortalecer a NATO, não é enfraquecer a NATO”, disse Augusto Santos Silva na Assembleia Parlamentar da Aliança Atlântica. O ministro disse que a Europa “tem de assumir mais responsabilidades e os aliados europeus têm de investir mais e cooperar mais entre si” para fortalecer a NATO.
O governante apresentou ao comité político da assembleia parlamentar da NATO a posição de Portugal sobre questões políticas e de segurança que considera essenciais no âmbito do novo conceito estratégico da organização. O documento será aprovado na próxima cimeira da NATO, em 29 e 30 de junho de 2022, em Madrid, e sucederá ao conceito estratégico adotado em 2010, em Lisboa, quando Augusto Santos Silva era ministro da Defesa.
O ministro dos Negócios Estrangeiros lembrou que a NATO “é uma aliança político-militar fundada nos valores e nas instituições políticas das democracias” do Atlântico Norte. Santos Silva disse que a aliança dos 30 estados da NATO tem uma “natureza exclusivamente defensiva” e não visa a conquista e o domínio. “Não somos ameaça para ninguém”, afirmou.
O ministro português disse que as grandes tarefas definidas no conceito estratégico de 2010 passam pela defesa coletiva, pela gestão de crises e pela segurança cooperativa. Recordou que a NATO se organiza “segundo o princípio das lições aprendidas” e defendeu a necessidade de a Aliança Atlântica aprender com os acontecimentos recentes no Afeganistão, país de onde se retirou em agosto, após uma presença de duas décadas.
“Os militares sabem fazer isso melhor do que ninguém, mas fazemos isso também a nível político, seja nos governos seja nos parlamentos”, disse. Admitiu tratar-se de um “exercício doloroso” em relação ao Afeganistão, mas fundamental para enfrentar outras questões, como a da Líbia, cuja situação “projeta instabilidade e ameaças” no norte e no centro de África.
Augusto Santos Silva definiu o terrorismo internacional como a principal ameaça atual, mas considerou o “comportamento agressivo da Rússia” como uma ameaça “muito importante” e a “crescente assertividade da China” como um desafio novo. Portugal considera também as consequências das alterações climáticas como um novo risco e desafio para a segurança. “Os novos desafios colocados pelas alterações climáticas interpelam a NATO em todas as suas três tarefas: na defesa coletiva, na gestão de crises e na segurança cooperativa”, disse.
Santos Silva defendeu também que a NATO tem a dupla vantagem de ser uma aliança política de democracias e de liderar a tecnologia de defesa e de segurança. Lembrou que Portugal acolhe a sede da Academia de Informação e Comunicação da NATO, e defendeu que os aliados devem ter a consciência de que a organização não pode perder a “vantagem que sempre teve” a nível tecnológico.
“Isso exige de nós um esforço brutal, porque temos de estar mais bem preparados para enfrentar as guerras híbridas, os ciberataques, os processos de desinformação, as campanhas dirigidas a enfraquecer a nossa principal força que é a opinião pública dos nossos países”, disse.
Santos Silva defendeu, por isso, a “diplomacia pública” como essencial para a NATO. “A nossa advocacia em favor da paz, da segurança, da estabilidade, da cooperação é um elemento essencial para a força política que nós temos e que nos permitiu ganhar a Guerra Fria sem disparar um único tiro”, acrescentou.
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