Santa Casa vai vender obras de arte em NFT. Podem chegar a valer 200 mil euros
Nova plataforma será lançada a 1 de dezembro e vai incluir NFT de centenas de obras de arte da Santa Casa. Valores podem ir dos 100 euros aos 200 mil euros, adiantou Edmundo Martinho.
Os non-fungible tokens, mais conhecidos por NFT, ganharam grande expressão no final do ano passado. E, desde então, têm cada vez mais adeptos. Agora foi a vez da Santa Casa da Misericórdia se render a este mundo dos criptoativos: a 1 de dezembro, vai lançar uma plataforma para vender a sua coleção de obras de arte sob a forma de NFT, dando ainda a possibilidade de outros artistas participarem. Ao ECO, Edmundo Martinho revela que os preços poderão ir dos 100 euros aos 200 mil euros.
Os NTF são como certificados de propriedade inscritos numa blockchain, uma espécie de livro de registos virtual. A tecnologia permitiu que, pela primeira vez, qualquer pessoa se possa assumir proprietária de um ficheiro digital — algo que, pela sua própria natureza, é facilmente copiado e duplicado. Essa titularidade é publicamente verificável e até transmissível.
A lógica é que cada NFT seja único e singular e que o ficheiro que lhe está subjacente seja detido por uma só pessoa, cujo “nome” fica registado na blockchain. Ao registar um NFT, passa a ser dono dele, o que permite várias coisas, incluindo vendê-lo na internet, como o ECO já explicou em mais detalhe neste artigo.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa aproveitou a Web Summit para anunciar, esta quarta-feira, que também se rendeu ao mundo dos NFT. Em 1 de dezembro vai ser lançada a Artentik, uma plataforma onde serão colocadas “à venda” os NFT de muitas das obras de arte da Santa Casa, desde relíquias, esculturas, pinturas, antiguidades e artefactos.
“O que vai ser feito é a digitalização de um conjunto de peças artísticas e religiosas relevantes da nossa coleção, colocando essa digitalização à disposição de quem esteja interessado em adquiri-los”, explicou ao ECO Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa.
No dia 1 de dezembro, dia em que a Artentik fica operacional, serão colocadas à venda os certificados de 13 obras de arte relacionadas com as temáticas de São Francisco Xavier e da Natividade. Mas o objetivo a longo prazo é mais ambicioso. “Vai ser um processo gradual. Temos um planeamento a três anos e, nesse período — esperamos nós, depende da reação das pessoas — serão muitas centenas de obras“, adianta o responsável.
Edmundo Martinho preferiu não adiantar quanto é que a Santa Casa espera encaixar com estas vendas, mas estimou que os valores de cada NFT possam chegar aos 200 mil euros. “Vai depender do número de cópias e do valor intrínseco da obra original. Mas estamos a falar de coisas que podem ir dos 100 euros aos 200 mil euros, sendo que algumas serão vendidas em leilão”, disse.
A plataforma só aceitará pagamentos em criptomoedas e será disponibilizada a outros artistas, para que possam vender os seus trabalhos. “Haverá abertura para outro tipo de coletivos ou organizações, sejam outras misericórdias ou projetos que tenham a ver com as nossas causas”, notou Edmundo Martinho.
Com esta iniciativa, a Santa Casa pretende “dar a conhecer a relevância da coleção à escala global”, sendo que esta é “uma das obras mais valiosas do mundo neste tipo de arte” e “colocar a Santa Casa na vanguarda”, “aproveitando estes avanços significativos”.
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