Ex-gestora da Danone exporta pensos e tampões para 48 países
Marta Cardoso criou uma marca portuguesa de produtos biodegradáveis para a menstruação, que em dois anos já exportou mais de 300 mil artigos. Próxima aposta da Clementine são as cuecas menstruais.
Depois de uma viagem que fez à Ásia com os filhos, Marta Cardoso ficou chocada com a quantidade de plástico que vai parar ao oceano e aos aterros. Regressou a Portugal com a ideia de criar um projeto sustentável e, ao perceber o desperdício gerado pelos produtos para a menstruação, decidiu criar uma marca mais amiga do ambiente. Dois anos depois de nascer, a Clementine já chegou a mulheres de 48 países.
“Percebi que os produtos disponíveis no mercado estão cheios de plástico e que os fabricantes não são obrigados a comunicar nas embalagens a composição e, como tal, acabam por fazer o que querem. Usam cloro, lixívia e petróleo para tornar os produtos mais absorventes e mais brancos. Constatei que podia fazer a diferença neste nicho e ter uma oportunidade de negócio. Mais do que uma causa, era uma obrigação. Percebi rapidamente onde podia fazer a diferença“, conta a fundadora do projeto, Marta Cardoso.
Assumindo-se como pioneira em Portugal em produtos para a menstruação amigos do ambiente, a marca que tornar-se uma referência na Europa. Do portefólio fazem parte pensos, tampões e um copo menstrual, desenvolvidos à base de ingredientes naturais. Todos os produtos são ecofriendly e biodegradáveis: 95% nos pensos higiénicos e 100% no caso dos tampões, incluindo os que têm aplicador.
As mulheres têm menstruação, em média, 2.400 dias ao longo da vida. Durante todos os ciclos menstruais, cada mulher deita para o lixo entre 12 a 15 mil unidades de pensões e tampões. “São números avassaladores”, calcula Marta Cardoso. Além de evitar o desperdício e minimizar o impacto ambiental dos produtos menstruais, com a Clementine quer apostar na saúde íntima de quem menstrua, excluindo qualquer componente química ou tóxica.
“A maioria das mulheres não tem noção de que usa produtos com elevado grau de químicos e toxicidade, responsáveis por alergias, irritações e até problemas mais graves de saúde. Se formos ler os ingredientes do que está disponível no mercado, ficaremos chocados com aquilo que colocamos na nossa vagina, que é um sítio altamente permeável a infeções”, alerta a empresária, formada na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP).
As mulheres têm menstruação, em média, 2.400 dias ao longo da vida. Durante os ciclos menstruais, cada mulher deita para o lixo, por ano, entre 12 a 15 mil unidades de pensões e tampões. São números avassaladores.
Os primeiros produtos a serem lançados, em 2019, foram os tampões e pensos higiénicos desenvolvidos à base de algodão orgânico, bambu e amido de milho, que garante serem biodegradáveis e isentos de qualquer resíduo poluente ou químico prejudicial à saúde. Mais recentemente, a marca portuguesa apostou no copo menstrual zero desperdício, que vende através da loja online.
O copo menstrual é apresentado como uma das opções mais amigas do ambiente, na medida em que não gera desperdício e evita que cerca de 2.200 tampões de plástico vão parar a aterros. É feito com um silicone médico suave e totalmente livre de substâncias tóxicas, sem BPA e latex. A versão do copo menstrual Clementine é reutilizável, tem uma duração estimada de 10 anos e custa 19 euros.
Apesar de o copo menstrual ainda ser tabu, a fundadora da empresa conta ao ECO que o produto está a ter muita “adesão”. No entanto, Marta Cardoso sublinha que ainda existe um longo caminho a percorrer: “95% das mulheres não usa copo menstrual e não está aberta, ainda, a estas tendências”.
Digital como pilar de crescimento
Atualmente, o canal online representa 95% das vendas. Alemanha, Espanha, Reino Unido, Itália e Irlanda são os mercados mais relevantes. Até ao momento, a Clementine já vendeu mais de 300 mil produtos e está a registar um crescimento entre 30% a 40% ao ano, segundo os números oficiais fornecidos ao ECO.
Marta Cardoso aponta as vendas online como cruciais na estratégia da marca. “Queremos fazer chegar a casa das mulheres produtos menstruais amigos do ambiente, democratizando o uso destes produtos e aumentando a consciência das mulheres para a poluição mensal que provocam todos os meses”, insiste.
A marca disponibiliza também uma subscrição mensal à medida do período de cada mulher. A Period Box cria a combinação de produtos que usa — pensos higiénicos e/ou tampões –, com diferentes níveis de absorção e de acordo com as características do seu período. “Esta box pode ser uma compra única ou através de um sistema de subscrição que permite selecionar os produtos e alterar também, se necessário, a frequência com que é entregue”, explica a fundadora.
A próxima aposta da Clementine são as cuecas menstruais. Marta Cardoso revela ao ECO que este novo produto deverá estar no mercado no próximo ano. As restantes novidades ficam, para já, no “segredo dos deuses”, brinca a empresária, que trabalhou durante uma década como marketing manager da Danone e brand manager da Super Bock.
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