Portugal é o segundo país europeu com maior rede de autoestradas por habitante
Em 1990, Portugal tinha apenas 300 quilómetros de autoestradas, o que compara, por exemplo com 1.695 na Bélgica, 2.093 na Holanda e 35 na Irlanda.
Os fundos europeus foram determinantes para a rede de autoestrada que Portugal tem. São 3,06 mil quilómetros que aproximam as várias regiões do país. Portugal é o quarto a nível europeu com mais quilómetros de autoestradas, subindo para segundo lugar se essa comparação tiver em conta o número de habitantes de cada país. Esta realidade justifica a insistência de Bruxelas em dizer “nem mais um euro para estradas” em Portugal. Só a muito custo, e após longas negociações, Portugal consegue que alguns troços de estradas sejam financiados com verbas comunitárias. Foi assim no Portugal 2020, no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e tudo aponta para que assim seja no Portugal 2030.
O campeão absoluto das autoestradas a nível europeu é Espanha com um total de 15.585 quilómetros. Este valor é referente a 2018, enquanto os restantes são de 2019, contudo desde 2014 que Espanha tem mais de 15 mil quilómetros de autoestradas. O Eurostat não tem dados mais recentes, mas a diferença face à Alemanha (13.131 quilómetros) é gigante. Na verdade, excede o número de quilómetros de autoestradas na Suécia (2.133). O terceiro lugar deste pódio é ocupado por França com 11.171 quilómetros deste tipo de vias.
Mas tendo em conta a dimensão dos diferentes países que compõem a União Europeia — dos 551 mil km2 de França aos 160 do Liechtenstein — é preciso pôr em proporção a densidade desta rede viária. E ao mudar de óculos a leitura é diferente. Espanha continua a liderar com um rácio de 0,33 quilómetros por mil habitantes, mas Portugal salta para segundo lugar com um rácio de 0,30, seguido da Eslovénia (0,29) e do Luxemburgo (0,26).
Mas Portugal nem sempre foi assim. A opção, após a adesão à União Europeia a 1 de janeiro de 1986, foi dotar o país das infraestruturas de que carecia. Esta é aliás uma das opções de política pública mais debatida, usando-se muitas vezes a diferença de estratégia face à Irlanda cuja aposta foi a qualificação dos recursos humanos e o desempenho económico de cada um.
Em 1990, Portugal tinha apenas 300 quilómetros de autoestradas, o que compara, por exemplo com 1.695 na Bélgica, 2.093 na Holanda e 35 na Irlanda. Bastaram dez anos para ter o mesmo rácio de quilómetros de autoestrada por mil habitantes que a Holanda e 82% da Bélgica (era de 21% e 17%, respetivamente, na década anterior). Em 2010 já era o quinto país com a maior rede de autoestradas na UE (sexto se for tido em conta o Reino Unido, que ainda fazia parte da União). Nesse ano, quando a comparação é feita com base no rácio por mil habitantes, Portugal subiu para terceiro lugar (0,26), tendo à frente a Eslovénia (0,36) e Espanha (0,30).
“Começámos com muito atraso, mas em dez anos (1990 e 2000) conseguimos igualar a Bélgica e a Holanda em matérias de autoestradas”, sublinhou Alfredo Marques, antigo administrador principal da Comissão Europeia na Direção-Geral da Concorrência, num recente webinar sobre fundos estruturais. “Mas o desenvolvimento faz-se de capital físico e humano sendo que este traz a tecnologia e a organização, fatores que no seu conjunto trazem o crescimento e o desenvolvimento a longo prazo. Mas nesses dez anos, em matéria de escolaridade (diplomados do ensino superior, doutorados), Portugal continua longe dos seus pares europeus“, lamenta o consultor de entidades públicas e de empresas sobre políticas europeias.
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