O incidente de cibersegurança virou crise, e agora?

  • ECO + EY
  • 15 Novembro 2022

Certos incidentes de cibersegurança, aparentemente pequenos, podem resultar em situações de crise que deixam toda a organização em sobressalto. Estarão as organizações preparadas?

De acordo com o Relatório de Riscos e Conflitos de 2022 (Observatório de Cibersegurança – CNCS), as ameaças relacionadas com eventos diruptivos encontram-se ativamente presentes, destacando-se como predominante o ransomware. São de realçar também o incremento de ameaças híbridas, ataques de denial-of-service, bem como os ataques à cadeia de valor.

Os ataques são cada vez mais complexos e multilaterais, combinando diferentes abordagens para maximizar a probabilidade de comprometer os sistemas críticos das organizações. Uma vez atingidas por um ciberataque desta natureza disruptiva, muitas organizações não têm hoje uma capacidade robusta de resposta e experienciam períodos prolongados de disrupção, perda de receita, diminuição da credibilidade da marca e potenciais impactos legais.

André Revés Pereira é Senior Associate, EY Portugal, Cybersecurity, Consulting Services

Recentemente, verificaram-se várias situações a nível nacional com elevada exposição pública, em vários sectores desde retalho, administração pública, meios de comunicação e saúde às telecomunicações. Os impactos resultantes podem permanecer visíveis durante anos. A sua profundidade e duração dependem altamente do grau de preparação e prontidão da organização. É importante que as organizações estabeleçam condições que permitam manter um grau de resiliência e de recuperação perante este tipo de eventos. Entre os diferentes fatores de sucesso destaca-se:

  • Definição de Playbooks de cibersegurança – Identificar a sequência de ações a ser tomada para responder a determinado tipo de ciberataque, cobrindo todo o ciclo de gestão do evento, fazendo a ligação entre a resposta a incidentes, a continuidade de negócio e o disaster recovery;
  • Identificação dos processos críticos para o negócio – Identificar os processos e ativos essenciais aos objetivos da organização, através de avaliações de impacto no negócio que permitem priorizar a sua recuperação e adequar a resposta;
  • Definição de procedimentos de escalada – Definir critérios claros que identifiquem quando um incidente de cibersegurança deve ser escalado, formalizando os fluxos de comunicação;
  • Criação de um Comité de Gestão de Crise – É importante envolver as pessoas com autoridade e conhecimento técnico necessários à tomada de decisões. Tipicamente no Comité destaca-se entre as principais figuras, a Comissão Executiva, o Chief Information Security Officer e os responsáveis pelo IT, Jurídico, Comunicação/Marketing, Risco e áreas de negócio afetadas;
  • Gestão da Comunicação – Criar e manter um plano de comunicação que identifique um porta-voz para comunicações externas, obrigações junto das partes interessadas, os canais apropriados e orientações para os principais cenários mais prováveis;
  • Formação – Realizar campanhas de sensibilização, de modo a garantir uma mudança cultural gradual, complementadas por ações de formação complementares para os colaboradores críticos ou com acessos privilegiados, de forma a garantir a sua prontidão e foco durante estes incidentes;
  • Realização de testes – O objetivo dos planos é assegurar que a resposta a estes eventos é ágil e adequada. Para isso, os planos e as pessoas têm que ser testados. Só desta forma será possível otimizar a resposta para que seja eficaz e célere;
  • Backups e Disaster Recovery – A existência de backups seguros dos dados que salvaguardem a sua disponibilidade e integridade bem como a redundância da infraestrutura aplicacional são fatores que influenciam diretamente a rapidez da sua recuperação e são fatores-chave para minimizar tempo de indisponibilidade dos sistemas;
  • Gestão de Parceiros – É também necessário garantir que não só existe uma proteção adequada internamente, mas também que a mesma visão é partilhada por todo o ecossistema de parceiros. Deve existir a devida due diligence e estabelecimento de acordos contratuais que responsabilizem o parceiro e tragam o conforto de que possui as capacidades necessárias à prevenção e resposta adequadas perante estas situações, nos timings relevantes.

Cada vez mais as organizações estão conscientes destes riscos e de que não é uma questão de se algum dia vão sofrer um incidente de cibersegurança, mas quando este acontecerá. De acordo com o Relatório de Riscos e Conflitos de 2022 (Observatório de Cibersegurança – CNCS), a perceção do risco de alguma entidade sofrer um incidente de cibersegurança, de acordo com os parceiros do CNCS inquiridos, encontra-se em 98% em 2021.

No entanto, continua ainda a existir um grande caminho a percorrer por parte das organizações, potenciado pelo déficit nos orçamentos e de colaboradores especializados, fatores que poderão contribuir para o sucesso do próximo ataque. De forma a otimizar a alocação dos recursos disponíveis, é fulcral recorrer a uma abordagem baseada no risco de forma a minimizar o grau de exposição da organização.

Texto por André Revés Pereira, Senior Associate, EY Portugal, Cybersecurity, Consulting Services

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Câmara de Caminha manipulou site para ajudar Miguel Alves

  • ECO
  • 15 Novembro 2022

Confrontado com provas de que o documento foi adulterado, Rui Lages recuou e reconheceu que tinham sido feitas “alterações”, mas remeteu a responsabilidade para Miguel Alves.

Parte de um documento que prova ter sido o gabinete de Miguel Alves a difundir um currículo com informações falsas de Ricardo Moutinho, empresário com o qual o agora ex-secretário de Estado havia negociado o projeto do Centro de Exposições Transfronteiriço (CET), desapareceu do site institucional do município de Caminha, noticia esta terça-feira o Público (acesso condicionado).

Questionado sobre o assunto, Rui Lages — que sucedeu a Miguel Alves na presidência da autarquia — respondeu que “não foi feita qualquer alteração no texto em causa” e mostrou-se disponível para uma auditoria ao site. Porém, confrontado na segunda-feira com provas de que o documento foi adulterado, Rui Lages recuou e reconheceu que tinham sido feitas “alterações”, mas remeteu para Miguel Alves a responsabilidade das mesmas.

No currículo, Ricardo Moutinho diz ter sido “controller na Unilever Jerónimo Martins”, “analista na Vodafone Ventures, em Londres”, “diretor de investimentos na Goldman Sachs, em Londres”, mas também “assessor do ministro de Estado e das Finanças, no decurso do XXI Governo Constitucional”, que era então Mário Centeno, e “consultor da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC)”. Estas duas referências o Público já confirmou serem falsas. Tal como é o facto de o empresário ser apresentado no documento como PhD (doutoramento), uma formação que não possui.

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Menos de 1% das multas da Anacom são pagas na hora

  • ECO
  • 15 Novembro 2022

Desde 2012, a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) aplicou quase 32 milhões de euros em multas, mas apenas 265 mil euros foram pagos no momento da notificação.

Entre janeiro de 2012 e dezembro de 2021, a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) concluiu 1.769 processos de contraordenação com decisão de aplicação de sanções ou admoestações. Estas correspondem a quase 32 milhões de euros, mas apenas 265 mil euros (0,8%) foram pagos de forma voluntária, avança o Jornal de Notícias (acesso pago). As entidades que recorreram da decisão viram a Justiça dar razão à Anacom, obrigando-as a pagar na mesma a coima.

A notícia surge quando as coimas aplicadas este ano já ultrapassam muito o valor de 2014, de quase 8 milhões de euros. Só a multa de 15 milhões de euros aplicada na segunda-feira à Meo, Nos, Vodafone e Nowo por violarem as regras da subida de preços corresponde a metade do total de coimas aplicadas na última década pela Anacom.

Tal como na maioria das outras vezes, as operadoras prometem recorrer da multa, pelo que não vão pagar tão cedo. Ao JN, a Anacom confirmou que “as grandes empresas, sejam operadoras ou fornecedoras de equipamentos, trabalham geralmente com grandes escritórios de advogados e, por regra, impugnam para pagar o menos possível”.

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Wall Street fecha em alta após final de sessão volátil

  • ECO
  • 15 Novembro 2022

PSI fechou a sessão em terreno positivo, em linha com o resto da Europa. Nos EUA, as bolsas fecharam a sessão em alta, alimentadas pelo alívio na inflação.

As bolsas americanas fecharam a sessão em alta, alimentadas pelo alívio na inflação, que aumenta a esperança dos investidores de que a Reserva Federal americana vai tirar o pé do acelerador no que diz respeito ao aumento das taxas de juro. O final da sessão foi atribulado, depois da notícia de que mísseis caíram em território polaco, fazendo duas vítimas mortais.

Já a bolsa de Lisboa fechou em terreno positivo esta terça-feira, acompanhando a tendência de ganhos do resto da Europa. O BCP valorizou mais de 1%, contribuindo, assim, para o desempenho positivo do índice. O setor da energia também contribuiu para a subida do PSI, com a Greenvolt e a Ren a avançar mais de 1%.

A falência da plataforma FTX levantou preocupações em todo o mundo sobre o mercado das criptomoedas. Esta segunda-feira, citado pela Reuters, o presidente do banco central de França pediu rapidez na resposta regulatória global face à incerteza financeira causada pelas moedas virtuais.

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Hoje nas notícias: Anacom, Miguel Alves e Escola Digital

  • ECO
  • 15 Novembro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A Anacom aplicou quase 32 milhões de euros em coimas desde 2012, mas só recebeu 265 mil euros de forma voluntária. Atual autarca de Caminha responsabiliza Miguel Alves por alterações a documento que prova ter sido o gabinete do ex-autarca a difundir currículo falso de empresário com o qual havia negociado projeto do Centro de Exposições Transfronteiriço. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional esta terça-feira.

Menos de 1% das multas da Anacom são pagas na hora

Entre janeiro de 2012 e dezembro de 2021, a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) instaurou 3.483 processos de contraordenação e concluiu 3.420, dos quais 1.769 (52%) foram concluídos com decisão de aplicação de sanções ou admoestações. Destas 1.769 multas aplicadas pela Anacom na última década, que correspondem a quase 32 milhões de euros, apenas 265 mil euros (0,8%) foram pagos no momento da notificação. Ainda assim, a maioria das decisões judiciais da última década deu razão a esta autoridade, obrigando as entidades recorrentes a pagar na mesma a multa.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso condicionado)

Câmara de Caminha manipulou site para ajudar Miguel Alves

Parte de um documento que prova ter sido o gabinete de Miguel Alves a difundir um currículo com informações falsas de Ricardo Moutinho, empresário com o qual o agora ex-secretário de Estado havia negociado o projeto do Centro de Exposições Transfronteiriço (CET), desapareceu do site institucional do município de Caminha. Questionado sobre o assunto, Rui Lages — que sucedeu a Miguel Alves na presidência da autarquia — respondeu que “não foi feita qualquer alteração no texto em causa” e mostrou-se disponível para uma auditoria ao site. Porém, confrontado na segunda-feira com provas de que o documento foi adulterado, Rui Lages recuou e reconheceu que tinham sido feitas “alterações”, mas remeteu para Miguel Alves a responsabilidade das mesmas.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Ainda há 200 mil computadores pagos pelo PRR por entregar nas escolas

Dos 600 mil computadores pagos pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), ao abrigo do programa Escola Digital, um terço, isto é, cerca de 200 mil, acumulam-se nas escolas, porque muitos pais se recusam a receber o equipamento e responsabilizar-se por ele. O ritmo de entrega destes equipamentos é um exemplo de como a taxa de execução de pagamentos do PRR nada diz sobre a boa ou má execução de um investimento.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Comissões rendem mais 15% à banca do que no pré-pandemia

Os cinco maiores bancos que operam em Portugal — BCP, BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD), Novobanco e Santander — cobraram 1,57 mil milhões de euros em comissões em território nacional nos primeiros nove meses do ano. Este valor corresponde a mais 210 milhões de euros face aos 1,36 mil milhões arrecadados no mesmo período de 2019, representando assim uma subida de 15,5%. Dos cinco bancos, o BCP teve a maior receita com comissões (418 milhões de euros) entre janeiro e setembro, mas o Santander registou o maior crescimento de receita com comissões desde o último ano pré-pandemia (mais 25,2%, correspondendo a 359 milhões de euros).

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Fronteiras, bases de dados, cooperação policial. Começou a avaliação da UE a Portugal

Com um orçamento de um milhão de euros, o Governo criou uma task force especial para preparar e acompanhar a visita da equipa da União Europeia (UE) responsável por realizar a designada “avaliação Schengen” a Portugal. Na segunda-feira, o grupo de peritos da UE foi recebido pelo secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI). A avaliação Schengen 2022 deverá estar concluída em março de 2023.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso livre)

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EUA obrigam TAP a pagar mais de 122,5 milhões em reembolsos

São 122,5 milhões em reembolsos obrigatórios e uma multa de cerca de um milhão por voos cancelados ou alterados. Reembolsos já estavam refletidos nas contas e já foram pagos, confirmou a TAP ao ECO.

O Departamento dos Transportes norte-americano (DOT, na sigla inglesa) condenou a TAP e outras cinco companhias aéreas ao pagamento de reembolsos e multas por voos “cancelados ou alterados significativamente”, a maioria durante a pandemia. A companhia aérea nacional terá de pagar 126,5 milhões de dólares (122,5 milhões de euros) em reembolsos obrigatórios — valor que já está refletido nas contas — e uma multa de 1,1 milhões de dólares (um milhão de euros), entretanto reduzida para metade.

Esta segunda-feira, o DOT “anunciou ações históricas de fiscalização contra seis companhias aéreas, que coletivamente pagaram mais de 500 milhões de dólares a pessoas que receberam um reembolso devido a um voo cancelado ou alterado significativamente”, refere um comunicado daquela entidade norte-americana. Estas multas “fazem parte do trabalho contínuo do DOT para garantir que os americanos recebam os reembolsos devidos”.

“Desde o início da pandemia, o DOT recebeu várias reclamações de viajantes aéreos sobre a falha das companhias aéreas em fornecer reembolsos oportunos após terem os seus voos cancelados ou alterados significativamente”, continua o documento. Frontier Airlines (EUA), Air India, TAP Portugal, Aeromexico, El Al (Israel) e Avianca (Colômbia) foram as companhias sancionadas.

Os reembolsos variam entre os 76,8 milhões de dólares (74,39 milhões de euros) no caso da Avianca e os 222 milhões de dólares (215 milhões de euros) no caso da Frontier Airlines. As multas vão dos 750 mil dólares (724 mil euros) aos 2,2 milhões de dólares (2,13 milhões de euros). A TAP aparece como a terceira companhia mais sancionada: 122,5 milhões de euros em reembolsos — montante que já está refletido nas contas e que já foi pago na totalidade, confirmou ao ECO fonte oficial da transportadora — e um milhão de euros em multa.

O valor da multa foi, entretanto, reduzido para 550 mil euros por a TAP ter pago a totalidade das indemnizações “incluindo a passageiros que legalmente não teriam direito ao reembolso”, explicou a empresa.

A TAP garante estar “totalmente empenhada em cumprir” as regras do DoT que leva “muito a sério”. Ao ECO a transportadora explica que fez “esforços de boa-fé para processar reembolsos de clientes tão prontamente quanto possível durante as circunstâncias extraordinariamente desafiantes” causadas pela pandemia. “Enquanto o nosso processo de reembolsos, na sua maioria manual, estava à altura da tarefa antes da pandemia, a nossa mão-de-obra reduzida em 90%, combinada com uma avalanche de pedidos de reembolso devido à Covid, significou que não fomos capazes de lidar atempadamente com os pedidos massivos e sem precedentes, que eram frequentemente complicados com reservas e sistemas de pagamento múltiplos”, diz fonte oficial da TAP, justificando assim os atrasos. “Para proporcionar assistência aos nossos clientes, contratámos pessoal adicional assim que fomos financeiramente capazes de o fazer e investimos na implementação de soluções automatizadas para facilitar os reembolsos“, acrescenta.

De acordo com a lei dos Estados Unidos, “as companhias aéreas e os agentes de viagens têm a obrigação legal de reembolsar os consumidores se a companhia aérea cancelar ou alterar significativamente um voo para, de e dentro dos Estados Unidos e o passageiro não desejar aceitar a alternativa oferecida. É ilegal uma companhia aérea recusar reembolsos e, em vez disso, fornecer vouchers a esses consumidores”, lê-se.

“Quando um voo é cancelado, os passageiros que tentam um reembolso devem ser pagos imediatamente. Sempre que isso não acontecer, agiremos para responsabilizar as companhias aéreas em nome dos viajantes americanos e devolver o dinheiro aos passageiros”, diz o secretário dos Transportes norte-americano, Pete Buttigieg, citado em comunicado.

(Notícia novamente atualizada às 10h04 com mais informação)

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Biliões para compensar mais pobres também vão sair do bolso dos privados

Numa altura em que os países desenvolvidos ficam aquém dos compromissos já assumidos, pedem-se compromissos ainda maiores. O dinheiro público não será suficiente, avisam consultores e ambientalistas.

Na Conferência das Partes deste ano, a 27.ª (COP), todos os holofotes estão apontados à compensação que os países mais ricos devem aos menos desenvolvidos, tendo em conta a responsabilidade histórica que têm pelas emissões de gases poluentes, as quais deram origem a uma crise climática que afeta desproporcionalmente os mais pobres. Mas como se pode angariar esta quantia?

De acordo com consultores e ambientalistas, a resposta não pode estar só no dinheiro público: os privados também terão de intervir, sobretudo numa altura em que a exigência está a aumentar, e as necessidades de financiamento deverão ascender a biliões de dólares nos próximos anos.

O objetivo é que, até esta sexta-feira, as partes presentes na COP formulem e subscrevam um texto com novos acordos e compromissos. “Se queremos obter resultados tangíveis e significativos de que possamos estar orgulhosos, temos de acelerar”, indicou, esta segunda-feira, o presidente da conferência, o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Shoukry.

Os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), exceto as economias em transição como a Rússia ou os Estados Bálticos, são aqueles que deverão ser solidários com os países menos desenvolvidos, e é com base na quantidade de emissões de gases com efeito de estufa que os países já lançaram para a atmosfera, as emissões históricas, que se calcula quanto devem contribuir, explica a Zero.

Nas negociações da COP27, há dois palavrões em cima da mesa. Por um lado, o financiamento climático, que refere ao dinheiro necessário para os países mais desfavorecidos se adaptarem e mitigarem os efeitos das alterações climáticas. Neste campo, já existem compromissos, mas que não estão a ser cumpridos. Na COP15 de Copenhaga, em 2009, os países desenvolvidos comprometeram-se com um financiamento anual de 100 mil milhões de dólares até 2020. Este objetivo foi formalizado na COP16 e estendido até 2025 na COP21, em Paris.

Mas este financiamento nunca foi atingido na totalidade em nenhum ano. O máximo obtido foram os 83,3 mil milhões de dólares angariados em 2020, relembra a associação ambientalista Zero. A PwC acrescenta que, já na COP26, os países concordaram que, antes de 2025, se terá de estabelecer uma nova meta, acima dos 100 mil milhões por ano – o objetivo era o de pelo menos duplicar a mobilização coletiva de financiamento.

A BCG esclarece ainda que grande parte dos 100 mil milhões seriam concedidos sob a forma de empréstimos, a taxas de mercado ou ligeiramente inferiores, “pelo que não é propriamente um ato de caridade”, considera HamzaTber, sócio diretor focado no clima e sustentabilidade. Além disso, os investimentos geram retornos. “A percentagem de subvenções é na verdade muito baixa”, conclui.

No ano passado, a Presidência da COP26 pediu à Alemanha e ao Canadá que elaborassem um “plano de entrega” para os 100 mil milhões. O plano prevê que o valor seja entregue até 2023. Mas, na ótica da Zero, é preciso que os países desenvolvidos compensem a falta de entrega dos 100 mil milhões a tempo, garantindo um montante global coletivo de, pelo menos, 600 mil milhões de dólares para o período 2020-2025.

Para a mesma organização não-governamental, na voz de Carolina Silva, o facto de a angariação dos 100 mil milhões de dólares ter vindo a falhar, “coloca a necessidade acrescida de angariar e mobilizar o setor privado”, sobretudo tendo em conta o que aí vem. Estima-se que as necessidades de financiamento, após 2025, ascendam aos biliões de dólares.A ONU [Organização das Nações Unidas] estima que sejam necessários 125 biliões de dólares em investimentos até 2050 para atingir o ‘net zero’ [zero emissões de carbono]. A mobilização de capital privado é a única maneira de levantar essas quantias, e esperamos que vários novos fundos e iniciativas sejam lançados na COP27”, continua a mesma porta-voz.

“Os países desenvolvidos devem também continuar a liderar a mobilização de financiamento climático de uma ampla variedade de fontes, instrumentos e canais, tendo em conta o papel significativo dos fundos públicos”, defende a entidade da ONU com a pasta do Clima, a UNFCC, no AdaptationGapReport de 2022.

E existe “uma grande variedade” de fundos climáticos multilaterais sob a alçada da UNFCCC, realça Cláudia Coelho, partner da PwC dedicada à Sustentabilidade e Alterações Climáticas, apontando também como possíveis fontes de financiamento outros fundos públicos nacionais, que podem vir a ser desenhados e implementados. Mas “a mobilização do setor privado é uma contribuição adicional essencial”, afere.

Além dos 100 milhões. Quanto custam as perdas e danos?

Em paralelo, fala-se de financiamento para as “Perdas e Danos”, ou seja, um orçamento que se destina a responder às consequências mais imediatas das alterações climáticas nestes países e que já estão a ser vividas, como por exemplo em fenómenos naturais.

Os custos económicos de perdas e danos foram estimados em 400 mil milhões de dólares em 2030 segundo um estudo e entre 290-580 mil milhões de dólares segundo outro, indica a Zero. O valor final “dependerá do caminho que conseguirmos seguir: se limitarmos o aquecimento global a 1,5ºC ou 2°C, necessitaremos de menos financiamento para Perdas e Danos ou para Adaptação do que se formos para um cenário de 3°C”, aponta o diretor da BCG.

Este é um dos temas mais complexos e controversos nas negociações climáticas e deverão ser apresentadas propostas sobre um possível mecanismo de financiamento para perdas e danos. A falta de progresso nesta matéria poderá ter impactos relevantes nas relações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento”, avalia Cláudia Coelho.

Mas será realista pensar nestas enormes necessidades de financiamento numa altura em que as pressões inflacionistas afetam todo o globo, e a Europa é particularmente afetada por uma crise energética?

O diretor da BCG é perentório: As emergências a curto prazo não nos devem distrair dos nossos objetivos a longo prazo. E a Zero não tem duvidas: “É realista”. Como termo de comparação, relembra que só a União Europeia mobilizou cerca de nove vezes esse valor [dos 100 mil milhões] para o plano de recuperação pós-pandemia no Velho Continente. Por outro lado, só na primeira metade de 2022 apenas seis empresas de combustíveis fósseis tiveram lucros suficientes para cobrir os custos dos maiores eventos climáticos e meteorológicos extremos nos países em desenvolvimento e ainda ficariam com cerca de 70 mil milhões de dólares de lucro. “O financiamento, por isso, existe”, conclui Carolina Silva.

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Dona da Médis ouvida sobre plano de saúde da Câmara de Lisboa

Em causa está um plano que pretende garantir teleconsultas e a entrega de medicamentos em casa a todos os lisboetas com mais de 65 anos. Beneficiários terão acesso a dentista e óculos gratuitos.

O Grupo Ageas Portugal, que detém a seguradora Médis, foi ouvido “numa fase pré-concurso” no âmbito do plano de saúde gratuito para os lisboetas com mais de 65 anos lançado pela Câmara Municipal de Lisboa (CML). Ao ECO, o grupo adianta que tem “disponibilidade” para se envolver no processo e aguarda o lançamento do concurso público.

Fomos auscultados numa fase pré-concurso, no entanto não fomos posteriormente consultados para apresentação da proposta”, adiantou fonte oficial do Grupo Ageas Portugal, em resposta ao ECO, acrescentando que está disponível para participar no processo e que aguarda que sejam “consultados com a apresentação do respetivo caderno de encargos”.

Em causa está o “Plano Lisboa 65+”, aprovado a 24 de outubro na CML, com sete votos a favor do PSD/CDS-PP, abstenção dos vereadores socialistas e cinco votos contra. O plano de saúde, que ainda terá que ser aprovado na Assembleia Municipal, visa abranger cerca de 130 mil lisboetas com mais de 65 anos – dos quais cinco mil beneficiários do complemento solidário para idosos –, deverá entrar em vigor no início do próximo ano e terá um custo de 4,5 milhões de euros até ao final do mandato de Carlos Moedas.

Já o grupo Fidelidade/Multicare, apesar de não se referir especificamente à autarquia lisboeta, assinala que tem “participado em consultas preliminares e procedimentos de contratação para a disponibilização de planos de saúde a algumas Câmaras Municipais”. Ao ECO, fonte oficial destas seguradoras realça que o grupo “tem disponibilidade e interesse em envolver-se neste processo de melhoria do acesso a cuidados de saúde”, nomeadamente para permitir o “acesso a consultas com médico de família remoto”.

Por outro lado, a seguradora Allianz sinaliza que não foi auscultada no âmbito deste plano, mas sublinha que “está sempre disponível para avaliar as oportunidades” que surjam. “O segmento sénior é um segmento que nos diz muito e que gostamos particularmente de cuidar”, acrescenta fonte oficial da seguradora, ao ECO.

O que está em causa?

Esta era uma das medidas que constava no programa eleitoral da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança) na corrida à Câmara Municial de Lisboa. E se inicialmente a ideia era apenas abranger os idosos mais carenciados, a medida acabou por ser alargada. Na prática, todos os lisboetas com mais de 65 anos terão acesso a teleconsultas de medicina geral e familiar, que funcionarão 24 horas por dia, durante todos os dias da semana (incluindo fins de semana e feriados) e sem limite de consultas por utente.

Caso o médico entenda que o utente deve ser visto presencialmente, poderá também ser enviado um médico ao domicílio para prestar assistência. A ideia é este plano servir de complemento ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), pelo que se o médico efetuar uma prescrição de análise clínicas ou exame ao utente, este é encaminhado para o SNS, ou, caso entenda pode “dirigir-se a qualquer prestador de serviços de saúde”, esclarece fonte oficial da CML, ao ECO.

Para ter acesso a este programa, o utente terá de se deslocar a uma farmácia, levar o cartão de cidadão e fazer o registo. Depois de registado e se necessitar destes serviços, terá apenas de ligar para uma linha de telefónica que será criada.

Além disso, os lisboetas com mais de 65 anos poderão também receber os medicamentos em casa e estão ainda previstos serviços de transporte em ambulância quando determinado pelo médico. Para a contratação destes serviços, a autarquia lisboeta estima gastar, no máximo, 600 mil euros em 2023, sendo que após a aprovação do plano será lançado um concurso público. “O departamento para os direitos socais da CML irá promover consultas ao mercado (dentro do regime da contratação pública aplicável), para cada uma das áreas envolvidas ao plano que o exijam”, adianta fonte oficial da CML, ao ECO.

Paralelamente, haverá também medidas específicas para os beneficiários do complemento solidário para idosos (CSI). Para estes cinco mil utentes, que no momento do registo nas farmácias terão que comprovar que são beneficiários do CSI, estão previstas consultas de optometria e um par de óculos gratuitos, bem como consultas de higiene oral e próteses dentárias com respetivos tratamentos. Relativamente aos óculos gratuitos, e apesar de não avançar com montantes concretos, fonte oficial da autarquia adianta ao ECO que existirão “valores de referência que serão respeitados” e que a “CML está em fase final de avaliação de protocolos e propostas muito vantajosas para esta área tão carenciada”.

Já em relação às consultas de higiene oral, estas serão realizadas pela Faculdade de Medicina Dentária de Universidade de Lisboa e a Câmara de Lisboa estima pagar, em média, 25 euros por consulta, ao passo que nas próteses dentárias, com respetivos tratamentos, a autarquia prevê pagar 500 euros por utente. A autarquia lisboeta prevê que este plano entre em vigor a partir de 1 de janeiro de 2023 e abre a porta a incluir também a área da saúde mental numa fase posterior.

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Sofid “despromovida” a sociedade financeira com integração na Aicep

Aicep passará a deter cerca de 70% da Sofid, enquanto o Instituto Camões vai controlar 10% das ações. Bancos também são acionistas.

A Sofid vai deixar de ser uma instituição de crédito e será “despromovida” ao estatuto de sociedade financeira com a integração na Aicep – a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. De acordo com o projeto de decreto-lei que procede à transmissão da participação social do Estado na Sofid, a que o ECO teve acesso, a Aicep vai ficar com 70,54% do capital social e o Instituto Camões com 10%.

O ECO já tinha avançado no início de outubro que o Governo estava a preparar a integração da Sofid na Aicep e não no Banco Português de Fomento como chegou a ser idealizado na arquitetura inicial da instituição.

O objetivo do Governo é o “robustecimento multidimensional da Sofid”, enquanto “veículo de promoção e articulação da política externa portuguesa com o acesso e captação de recursos financeiros nacionais, europeus e internacionais”. Por isso, a entidade é alvo de uma reforma do modelo jurídico-institucional passando a ser qualificada como uma sociedade financeira. Isto significa que continua a ser regida pelo Regime geral das Instituições de Crédito e das Sociedade Financeiras, continuando a ser sujeita ao regime de supervisão prudencial e comportamental aplicável às mesmas e à demais legislação, normas e regulamentação aplicável e este tipo de sociedades. Mas as regras que se aplicam a uma instituição de crédito são mais exigentes comparativamente às que se aplicam a uma sociedade financeira.

O Banco de Portugal teve de ser ouvido neste processo, detalha o projeto de decreto-lei.

Com esta alteração, o legislador pretende “mitigar alguns dos entraves identificados na prossecução da respetiva atividade, assegurando a manutenção da respetiva autonomia institucional, estratégica e operacional e a tutela estratégia da área governativa dos negócios estrangeiros, essenciais para a sua afirmação como instrumento de política externa plenamente integrado no ecossistema internacional e europeu do financiamento do desenvolvimento”, lê-se no diploma.

Ao ser equiparada a uma sociedade financeira, a Sofid pode emitir qualquer tipo de dívida legalmente permitida, sendo a “deliberação de emissão de obrigações ou de quaisquer outros instrumentos financeiros representativos de dívida é da competência da assembleia geral”. Mas, até agora a Sofid, de acordo com os seus estatutos, tinha por objetivo a prática de operações permitidas aos bancos, excetuando a receção de depósitos ou outros fundos reembolsáveis.

O Governo espera que esta integração contribua para reforçar a “arquitetura nacional do financiamento do desenvolvimento, simultaneamente, concorrendo para um melhor cumprimento do mandato” da Sofid, mas também “para fomentar sinergias geradoras de maior eficiência e eficácia a diversos níveis, que beneficiarão as três instituições”.

O processo de fusão vai implicar também que a sede da Sofid passe para a da Aicep, em Lisboa, (até agora estava na Casal Ribeiro) e que haja uma partilha de serviços de back office entre as duas entidades sempre que adequado.

Além da Aicep – que por via desta transmissão de participação vai ter um aumento do capital social, que não requer de nenhuma formalidade específica — e do Instituto Camões, a Sofid vai continuar a ter como acionistas o BPI, Novobanco, Caixa Geral de Depósitos, BCP, cada um com 4,27% do capital social, e Corporação Andina de Fomento (CAF) com uma participação de 2,37%.

A regulamentação da missão da Sofid será “feita através de carta de missão constante de contrato-programa a celebrar” com o Governo português.

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Negócio dos call centers já vale 3.000 milhões em Portugal. Mais de metade “atende” clientes estrangeiros

Indústria dos contact centers em Portugal vai fechar este ano com um volume de faturação de 3.000 milhões de euros. Atividades de nearshoring já valem mais de 50% do negócio e dos 104 mil empregos.

Mais de metade dos contact centers que operam em Portugal estão atualmente a trabalhar para outros países, atendendo clientes em dezenas de línguas diferentes, com esses serviços internacionais a serem prestados por empresas portuguesas e também grupos estrangeiros instalados no país, como as francesas Webhelp e Teleperformance, ou a Intelcia, que tem sede em Marrocos.

Em declarações ao ECO, o presidente da Associação Portuguesa de Contact Centers (APCC), Pedro Miranda, calcula que o chamado serviço nearshoring – a França e a Alemanha são os mercados principais, mas também há operações para geografias distantes, como EUA, Canadá e até países na Ásia – já absorve perto de 56 mil pessoas, de um total de 104 mil que o setor emprega.

Em 2022, a indústria dos contact centers vai gerar um volume de negócios aproximado de 3.000 milhões de euros, mantendo o ritmo de crescimento próximo dos 10% que tem registado nos últimos anos. Além de reportar taxas de progressão superiores à média, o segmento internacional tem um peso “muito acima” de 50% do negócio total, por ter “maior valor acrescentado e uma unidade de faturação por pessoa que é superior”.

Pedro Miranda, presidente da Associação Portuguesa de Contact Centers (APCC)Filipe Ferreira

Pedro Miranda não consegue precisar o número de contact centers em Portugal, por haver empresas que operam vários escritórios e porque, “com o trabalho remoto, esse conceito também está cada vez mais virtualizado”. Mas sabe que o número de empresas estrangeiras já supera o de portuguesas. Banca, seguros, telecomunicações e grupos de tecnologia detentores de redes sociais são algumas das indústrias globais que mais contratam serviços em Portugal.

O atendimento telefónico ainda é o principal canal de resposta (30%), embora esteja a perder preponderância para outros, como o e-mail, o chat ou os bots. “Não é só lidar com contactos simples, mas com realidades mais complexas. Por exemplo, a área da inteligência artificial não vive sozinha, é preciso equipas a complementar o que o software sugere. Essas interações humanas especializadas são muito mais bem pagas. E quanto mais valor acrescentado tiverem os serviços, melhor se consegue remunerar as pessoas. É esse caminho que a indústria está a percorrer”, indica.

Se um cliente não quer revisitar preço, as pessoas disponíveis vão diminuir fortemente. Ele próprio vai encontrar a luz muito rapidamente [risos].

Pedro Miranda

Presidente da Associação Portuguesa de Contact Centers

Já a revisão dos contratos com os clientes, sobretudo face ao aumento das despesas com trabalhadores (pesam 70% na estrutura de custos) e com a infraestrutura tecnológica, “não é fácil”, admite o porta-voz. “Os clientes têm de perceber o contexto em que estamos. Senão não somos competitivos e não conseguimos prestar o serviço. Há uma guerra de talentos e isso tem consequências imediatas. Se um cliente não quer revisitar preço, as pessoas disponíveis vão diminuir fortemente. Ele próprio vai encontrar a luz muito rapidamente [risos].

Dos empregos na troika à ocupação do Interior

Foi há 12 anos, com o país prestes a entrar numa nova crise e o desemprego a disparar, que houve “um grande boom” neste setor ao nível da prestação de serviços para outros países. O que, recorda o líder da APCC, “ajudou imenso a que a emigração não fosse ainda mais expressiva”. De lá para cá foram acrescentados 50 mil postos de trabalho nesta indústria. “Há sempre um discurso que parece que já chegámos ao nosso limite, mas o mercado tem vindo a crescer neste segmento. É um pouco provável que vá abrandar esse ritmo porque há uma racionalidade cada vez maior”, perspetiva.

Mas continuam a entrar empresas novas no mercado português? “Sem dúvida. Não digo todas as semanas, mas com muita frequência estamos a ver novas empresas a entrar – e algumas tornam-se nossas associadas. Claro que entrar agora é mais difícil do que era há quatro anos. Neste momento há uma congestão na luta pelo talento, seja nacional ou internacional. Ainda assim, há empresas que acham que têm condições específicas, por exemplo, terem clientes internacionais já garantidos”, responde.

Sem dados exatos, arrisca que, pelo menos, 35 mil trabalhadores sejam de nacionalidade estrangeira, ainda que nos atuais recrutamentos esse rácio seja superior, dado que “o mercado nacional não consegue fornecer a quantidade de pessoas necessárias”. Porém, no recrutamento internacional as empresas continuam a enfrentar problemas ao nível da obtenção de vistos, da parca digitalização dos processos burocráticos ou da escassez de oferta na habitação, que empurra os candidatos para as periferias menos atrativas.

Burocracia e habitação são obstáculos à contratação de estrangeiros para os call centers em Portugal

A tendência passa por uma maior presença destes projetos noutras cidades portuguesas — além de Lisboa, Porto, Braga e Coimbra, que têm sido as zonas privilegiadas nestes investimentos internacionais. Pedro Miranda aponta como “um bom sinal que outras cidades comecem a criar condições para atrair centros de contacto e fixar as pessoas, especialmente no Interior”, mesmo que seja durante os estudos ou no início de uma carreira profissional. “Esta indústria é uma escola para a vida. Não é fácil, mas realmente dá estrutura, nomeadamente a nível de liderança e de trabalho em equipa”, remata.

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Advogados estagiários vão pagar dois milhões à Ordem para exercerem profissão

No plano de Orçamento para 2023 e só em quotas, a Ordem estima receber 11,6 milhões e 378 mil pagas pelas sociedades. Nas receitas de estágio, a instituição irá receber mais de dois milhões.

No plano de Orçamento para 2023 e só em quotas de advogados, a Ordem estima receber mais de 11 milhões de euros (11 613 532,16 euros). E apenas 378 mil (378 908,97) euros relativos a quotas cobradas a sociedades de advogados.

Relativamente às receitas, a OA prevê que em 2023 superem os 15 milhões de euros (15 414 965,71 euros), cerca de 500 mil euros a mais do que em 2022. Este valor inclui, para além das quotas acima descritas, receitas de estágios — o valor da taxa de inscrição dos estagiários atinge mais de dois milhões de euros (2 153 961,00) – mais 154 mil euros que no ano anterior – a que se junta a receita da procuradoria através das taxas de justiça, da formação contínua, subsídios, entre outros (ver quadro em baixo).

Atualmente, os valores das quotas mensais pagas pelos advogados são de: 15 euros para advogado nos primeiros quatro anos de inscrição; 25 euros para um advogado no quinto ano e até perfazer o sexto ano de inscrição; e 35 anos para advogado reformado com autorização para advogar tem de pagar e para advogado com mais de seis anos de inscrição (a larga maioria).

De relembrar que este valor foi reduzido em 2017 pelo bastonário de Guilherme de Figueiredo. Desde então, com o bastonário Menezes Leitão, eleito em novembro de 2018, o valor não sofreu qualquer alteração. No período pandémico, apesar da falta de rendimentos de alguns advogados, o Conselho Geral da OA não teve condições para isentar ou reduzir o valor das quotas que se vão manter nos 35 euros, “sob o risco de não poder assumir os seus compromissos. Relembra-se que o Conselho Geral suporta por exemplo, o pagamento do seguro de responsabilidade profissional de todos os advogados, sem qualquer comparticipação dos Conselhos Regionais”, dizia Luís Menezes Leitão, à data. O Conselho Geral aceitou, no entanto, diferir o pagamento de quotas durante a pandemia, o que foi solicitado por mais de mil advogados.

Como demonstra a tabela abaixo, os Orçamentos dos vários Conselhos Regionais totalizam um saldo orçamental deficitário no montante de 1 085 135,53 euros. Ao contrário de anos anteriores, não foi possível, para o Conselho Geral, “elaborar o seu orçamento individual que suprisse os défices orçamentais de todos os Conselhos Regionais, tendo-se tomado a decisão, e sempre com a preocupação de apresentar um orçamento realista e executável, de só suportar o défice dos Conselhos Regionais que pela sua natureza e histórico apresentam situações financeiras desfavoráveis, sendo eles os Conselhos Regionais de Évora, Açores e Madeira”.

Quanto é que a OA recebeu no ano passado?

No plano de Orçamento para 2022 e só em quotas de advogados, a Ordem recebeu 11.720.464,76 euros. E apenas 368.573,54 euros foram pagos pelas sociedades de advogados. O saldo orçamental estimado para 2022 é de 187.510 euros, uma redução face aos 189.781,04 euros de 2021.

Na altura da apresentação do Orçamento para 2022, o Conselho Geral da Ordem dos Advogados fez o alerta: mantém-se a necessidade urgente de que “os restantes órgãos da Ordem dos Advogados, em sede de execução orçamental, reduzam as respetivas despesas”. A mensagem foi objetiva: devido à crise pandémica que o país atravessa, e que ainda não está resolvida, há que apertar o cinto. Um recado direto para os Conselhos Regionais do país: Lisboa, Porto, Évora, Faro, Madeira, Açores e Coimbra.

Relativamente às receitas, a OA recebeu em 2022 ascendam a 14.918.065,06 euros, cerca de 300 mil euros a mais do que em 2021. Este valor inclui, para além das quotas acima descritas, receitas de estágios — o valor da taxa de inscrição dos estagiários atinge quase dois milhões (1.909.698 euros) –, a que se junta a receita da procuradoria através das taxas de justiça, da formação contínua, subsídios, entre outros.

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia de apresentação do orçamento municipal de Lisboa, o BdP revela como evoluíram os novos créditos aos consumidores e o Eurostat mostra a evolução do PIB e emprego na UE.

O dia será marcado pela apresentação do orçamento municipal de Lisboa, o segundo do mandato de Carlos Moedas. É também dia de divulgação dos dados sobre novos créditos aos consumidores e de como evoluiu a economia e o emprego no terceiro trimestre na União Europeia. Saiba quais são os acontecimentos que vão marcar o dia.

Como evoluiu a economia e o emprego na UE?

O Eurostat divulga esta terça-feira a estimativa rápida para o PIB e o emprego, tanto no conjunto de Estados-membros da União Europeia como nos países da Zona Euro, para o terceiro trimestre deste ano. No segundo trimestre de 2022, o PIB cresceu 0,8% na Zona Euro e 0,7% na UE, em comparação com o trimestre anterior.

Lisboa apresenta orçamento municipal para 2023

Está marcada para esta terça-feira a apresentação na Câmara de Lisboa, nos Paços do Concelho, da proposta de Orçamento Municipal para o ano de 2023. O documento, que é o segundo orçamento da coligação Novos Tempos, liderada por Carlos Moedas, vai depois ser votado no dia 30 de novembro.

Eurostat publica dados sobre comércio internacional

O gabinete de estatísticas europeu publica também dados sobre o comércio internacional de bens no mês de setembro. Segundo os últimos dados do Eurostat, de agosto, a Zona Euro registou um défice de 50,9 mil milhões de euros no comércio externo de bens e a União Europeia um saldo negativo de 64,7 mil milhões.

INE divulga estatísticas dos transportes e comunicações

O Instituto Nacional de Estatística (INE) dá a conhecer esta terça-feira as estatísticas dos transportes e comunicações para o ano de 2021. As estatísticas do ano anterior mostraram que o volume de tráfego de acesso à internet no ano da pandemia disparou “de forma extraordinária”, crescendo mais de 60% e atingindo 10,1 mil milhões de GB.

Novos créditos aos consumidores em setembro

O Banco de Portugal (BdP) publica a evolução dos novos créditos aos consumidores, durante o mês de setembro. Em agosto, o montante total de novos créditos ao consumo aumentou 5% face ao mês anterior, para 667,65 milhões de euros, segundo os dados mais recentes do BdP.

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