Ministro da Saúde espera contratar até 500 médicos de família

  • ECO
  • 24 Outubro 2022

Manuel Pizarro espera conseguir contratar até 500 médicos nos próximos anos, mas contratação para hospitais será superior a mil. Reformas no SNS atingem entre um terço a metade dos médicos elegíveis.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, dá como prioridade chamar ao Serviço Nacional de Saúde todos os especialistas em medicina geral e familiar, bem como os enfermeiros com mais tempo de carreira. O ministro admite que a despesa com pessoal aumentou 5,8%, e espera, nos próximos anos, conseguir contratar não menos que os números dos últimos anos, entre 400 e 500 médicos, avança em entrevista na edição desta segunda-feira do Jornal de Negócios (acesso pago).

No que diz respeito à contratação destinada a hospitais, este número será superior a 1.000, embora não esteja estabelecido, ressalva. O ministro da Saúde garante ainda que está a ser preparado um plano específico para cada uma das regiões onde as vagas têm sido mais difíceis de preencher, nomeadamente, no Algarve, no Alentejo, em Lisboa e Vale do Tejo. Contudo, refere não haver uma solução única para tudo, e admite que o país continuará a ter carência de médicos especialistas de medicina geral e famílias nos próximos dois ou três anos.

Manuel Pizarro avança ainda que um terço a metade dos médicos que já reuniam as condições para o poder fazer reformaram-se. Em 2022 havia cerca de 1.200 profissionais com possibilidade de se reformarem, embora as reformas efetivas não tenham atingido as 600, pelo que a maior parte permanece no SNS. No entanto, o ministro da Saúde garante que haverá, no próximo ano, o maior número de vagas para a especialidade familiar em Lisboa e Vale do Tejo, 200 vagas.

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Bolsas norte-americanas fecham em alta com expectativa de subida dos juros menos agressiva da Fed

  • ECO e Lusa
  • 24 Outubro 2022

Bolsas norte-americanas fecharam a sessão em terreno positivo. Em Lisboa, a Galp desvalorizou quase 3%, embora tenha reportado uma subida de 86% nos lucros no período entre janeiro e setembro.

Do outro lado do Atlântico, as bolsas norte-americanas terminaram a sessão em terreno positivo, com os sinais de arrefecimento da economia dos EUA a aumentarem as expectativas de que a Fed poderá diminuir o ritmo de aumento das taxas de juro. A semana será marcada pela apresentação de resultados por alguns gigantes do setor, incluindo a Apple.

Por Lisboa, os títulos da Galp Energia caíram quase 3% no início desta semana, mesmo depois de a petrolífera nacional ter reportado um aumento de 86% nos lucros até setembro. A empresa contraria a tendência do principal índice português: o PSI subiu 1,30%, acompanhando a escalada de 1,4% do europeu Stoxx 600.

A economia chinesa registou um crescimento homólogo de 3,9% no terceiro trimestre. De acordo com dados divulgados esta segunda-feira, houve uma recuperação da economia em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior. A economia chinesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, abaixo da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022 (5,5%).

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Hoje nas notícias: Saúde, TC e combustíveis

  • ECO
  • 24 Outubro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, procura contratar até 500 médicos de famílias nos próximos anos. Demora na cooptação de novo juiz do Tribunal Constitucional leva vice-presidente, Pedro Machete, a assegurar pensão vitalícia. Duarte Lima pretende ficar com 5,24 milhões de euros de Rosalina, herdeiros de Thomé Feteira reclamaram pagamento. Descida acumulada da gasolina é de 19%, e 7% no gasóleo, desde o pico mais alto atingido em junho. ERSE ainda não criou regulamento para aplicar travão às margens de lucro nos combustíveis, desde outubro de 2021.

Ministro da Saúde espera contratar até 500 médicos de família

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, dá como prioridade chamar ao Serviço Nacional de Saúde todos os especialistas em medicina geral e familiar, bem como os enfermeiros com mais tempo de carreira. O ministro admite que a despesa com pessoal aumentou 5,8%, e espera conseguir contratar não menos que os números dos últimos anos, entre 400 e 500 médicos, nos próximos anos. Nos hospitais, este número será superior a 1.000, embora não esteja estabelecido, ressalva.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Demora na cooptação de novo juiz do TC leva a pensão vitalícia do atual vice-presidente

Demora na cooptação do novo juiz do Tribunal Constitucional (TC) leva a que o atual vice-presidente, Pedro Machete, já possa ter acesso a aposentação por perfazer dez anos naquela função. Se processo se arrastar, outro juiz beneficiará do mesmo direito. O Público pediu confirmação ao Tribunal Constitucional em como o vice-presidente já se encontra abrangido por esta regra, mas assessoria do tribunal remeteu a aplicação da respetiva lei à Caixa Geral de Aposentações.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Duarte Lima quer ficar com 5,24 milhões de euros de Rosalina

Duarte Lima quer ficar com os 5,24 milhões de euros que Rosalina Ribeiro, ex-companheira do milionário Thomé Feteira, transferiu para as suas contas bancárias na Suíça, em 2001, alegadamente a título do pagamento de honorários como advogado. Os herdeiros de Thomé Feteira reclamaram o pagamento do dinheiro no processo de insolvência pessoal de Duarte Lima.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Gasolina já baixou 19% desde o pico mais alto, gasóleo só caiu 7%

Depois de três aumentos de preço consecutivos, os combustíveis vão descer esta semana. A redução esperada é de um cêntimo no gasóleo, que deverá passar para os 1,944 euros por litro, e de seis cêntimos na gasolina para os 1,826 euros. São já mais de 34 cêntimos de redução na gasolina desde o pico mais alto, atingido em junho, e de 13,6 cêntimos no gasóleo, o que significa que, a descida acumulada é de 19% na gasolina e de 7% no gasóleo.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso livre)

Travão às margens de lucro está na gaveta há um ano

A lei que prevê a fixação de uma margem máxima de comercialização para os combustíveis foi publicada em outubro de 2021, mas a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) ainda não criou o regulamento para aplicar essa lei. O regulador explica que este atraso se deve aos comentários recebidos enquanto a proposta esteve em consulta pública, que terminou há cerca de cinco meses.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (link indisponível)

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Banco do BCP na Polónia com prejuízo de 270,5 milhões até setembro

Perdas justificam-se, sobretudo, com o "reconhecimento antecipado dos custos relacionados com as moratórias de crédito" que afetaram os bancos polacos em julho.

O Bank Millennium, detido na maioria pelo BCP, teve um prejuízo de 270,5 milhões de euros até setembro. De acordo com um comunicado enviado esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), estas perdas justificam-se, sobretudo, com o “reconhecimento antecipado dos custos relacionados com as moratórias de crédito” que afetaram os bancos polacos em julho.

No terceiro trimestre, o resultado líquido foi de -214,3 milhões de euros, subindo para -270,5 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, refere o documento. O resultado até setembro compara com o prejuízo de 181,2 milhões de euros registado no mesmo período de 2021.

“Este nível de perdas trimestrais deveu-se, sobretudo, ao reconhecimento antecipado dos custos relacionados com as moratórias de crédito (304,6 milhões de euros antes de impostos e 246,8 milhões de euros após impostos) que afetaram os bancos polacos em julho”, explica o BCP.

Excluindo estes custos, o Grupo Bank Millennium apresentaria um lucro líquido de 32,5 milhões de euros (incluindo a contribuição para o setor bancário no valor de 14,6 milhões de euros), “apesar de incorrer em custos elevados relacionados com créditos hipotecários denominados em francos suíços, bem como de outros itens extraordinários com impacto negativo no trimestre”.

O BCP afirma que este foi o segundo trimestre consecutivo em que os resultados do negócio core mais do que compensaram os custos relacionados com o risco legal dos créditos denominados em zlótis. “Tal como em períodos de reporte mais recentes, os custos relacionados com a carteira de créditos hipotecários denominados em francos suíços permaneceram elevados e continuaram a ser o principal condicionante do negócio core“.

A margem financeira aumentou 75,3% face a 2021 e 7,8% no trimestre, “refletindo o aumento das taxas de juros ocorrido desde outubro de 2021”, refere o comunicado. As comissões líquidas diminuíram 1,5% em termos homólogos e 13% no trimestre.

Os custos operacionais aumentaram 34,5% face a 2021 e caíram 31,8% no trimestre, “principalmente devido ao aumento das contribuições obrigatórias e à contribuição para o esquema de proteção institucional”. A receita operacional total aumentou 48,1% em termos homólogos e 5,1% no trimestre.

O Bank Millennium registava 2,9 milhões de clientes ativos em setembro, um aumento de 50 mil no trimestre e de 190 mil no ano. Os depósitos de retalho aumentaram 3% no ano, enquanto os empréstimos de retalho cresceram 1% em termos homólogos.

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Lucros da Galp até setembro aumentam 86% para 608 milhões de euros

Até setembro, as margens de refinação subiram para 12,4 dólares por barril, o que compara com 2,8 dólares por barril há um ano.

A Galp Energia registou um lucro de 608 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um aumento de 86% face ao ano anterior. Todos os segmentos de negócio apresentaram “um forte desempenho”, mas o aumento dos preços do petróleo e o negócio de refinação ajudam a explicar os resultados. Até setembro, as margens de refinação subiram para 12,4 dólares por barril, o que compara com 2,8 dólares por barril há um ano.

De acordo com as contas apresentadas ao mercado pela empresa ainda liderada por Andy Brown, os lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) aumentaram 73%, para 2.897 milhões de euros, nos primeiros nove meses do ano. Já no terceiro trimestre o Ebitda foi de 784 milhões de euros, que comparam com 607 milhões um ano antes e 1,244 milhões no segundo trimestre.

Mas estes resultados ficaram aquém das expectativas dos analistas e os mercados castigaram a empresa, com as ações a caírem mais de 5% logo na abertura do mercado. Já fazendo a análise por trimestre, o lucro de julho a setembro foi de 187 milhões de euros, o que representa um abrandamento face aos 265 milhões de euros dos três meses anteriores. A explicar este abrandamento de 29% está um efeito de inventário, mas também pela introdução do mecanismo ibérico que ajuda a conter os preços do gás.

Nos primeiros nove meses, a dívida líquida da Galp ascendia a 2,09 mil milhões de euros, um aumento homólogo de 3%. Mas no terceiro trimestre até conseguiu reduzir a dívida líquida, face aos três meses anteriores (2.185 milhões de euros). “Excluindo os movimentos inorgânicos relacionados com o negócio Titan Solar, a dívida líquida teria sido reduzida em cerca de 390 milhões de euros”, explica a empresa em comunicado. A compra de uma posição neste projeto teve um custo de 140 milhões. Para este montante de dívida contribuíram ainda os 213 milhões de euros pagos em dividendos a acionistas e 77 milhões no programa de recompra de ações realizado em maio.

Ao contrário do que aconteceu no segundo trimestre, agora todas as áreas de negócio tiverem um contributo positivo, exceto a de novos negócios que continua a dar prejuízo, que se agravou para 17 milhões no terceiro trimestre. No segundo trimestre, a área das renováveis tinha registado um prejuízo de quatro milhões de euros, mas nos três meses seguintes conseguiu obter um lucro de 38 milhões.

O negócio comercial (que inclui a venda de combustível nas bombas) registou um EBITDA de 256 milhões de euros nos primeiros nove meses, um aumento homólogo de 12%. Em termos trimestrais, a subida homóloga foi de 18% para 103 milhões de euros. De sublinhar que esta vertente do negócio tem vindo a subir todos os trimestres. A Galp explica esta melhoria com a recuperação da aviação e do transporte marítimo no segmento B2B. Mas as vendas gás e eletricidade foram “impactadas por uma redução da atividade industrial”.

No relatório ao mercado é possível perceber que a antiga refinaria de Matosinhos continua a pesar negativamente nas contas, já que foram registados 88 milhões de euros em provisões para suportar a transformação do espaço.

Para o Goldman Sachs, os riscos que a empresa enfrenta residem nas variações do preço do petróleo e gás, mas também das margens de refinação, dos custos ou das despesas de capital em grandes desenvolvimentos futuros. Além disso, flutuações não antecipadas no crescimento da produção de startups e projetos de desenvolvimento atualmente em fase pós-arranque também podem ser um risco, diz o banco de investimento numa nota onde frisa que a sua recomendação para as ações da Galp é “neutral” e o preço-alvo para as ações para os próximos 12 meses é de 15 euros por ação.

(Notícia novamente atualizada às 10h20 com o comentário do Goldman Sachs aos resultados da Galp)

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Alta velocidade portuguesa pode ficar só para Espanha

Adiamento no perdão à divida da CP pode deixar nova linha Porto-Lisboa logo em 2028 nas mãos da Renfe, que tem comboios em bitola ibérica que podem circular a 300 km/h.

A linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa pode arrancar apenas com comboios operados por Espanha. O adiamento do perdão à dívida histórica da CP para 2023 atrasa a compra e chegada de material preparado para circular na nova linha. A situação já está a gerar mal-estar entre os ministérios de Pedro Nuno Santos e de Fernando Medina, que tutelam a transportadora pública ferroviária, sabe o ECO.

Em vigor desde o final de junho, o Orçamento do Estado para 2022 estabeleceu uma verba de 1,81 mil milhões de euros para reduzir em mais de 80% o passivo da transportadora. A pouco mais de dois meses do final do ano, a operação mal avançou e o Governo prepara-se para pedir uma nova autorização ao Parlamento para injetar capital na CP, agora no valor de 1,899 mil milhões de euros, escreveu no sábado o jornal Público.

O perdão da dívida à CP é fundamental para a empresa pública ter material capaz de circular na nova linha entre Porto e Lisboa, com velocidade máxima de 300 km/h. No Orçamento do Estado para 2023, está prevista a autorização para o lançamento do concurso para a compra de 12 novos comboios de alta velocidade.

“A CP prevê ainda o lançamento, em 2023, de concurso para a aquisição de 12 comboios de alta velocidade no valor de 336 milhões de euros. Este investimento deverá ser feito com fundos próprios da empresa, viabilizado pelo saneamento da dívida histórica da mesma”, assim está escrito no documento.

Os comboios de alta velocidade vão fazer parte do serviço comercial da CP, pelo que não podem ser comprados com financiamento do Estado. A empresa tem de recorrer a fundos próprios para pagar a encomenda.

A compra de comboios é um processo moroso e que leva vários anos. Por exemplo, a compra de 22 novos comboios regionais foi aprovada pelo Governo em setembro de 2018 mas apenas em outubro de 2021 é que a CP finalmente pôde fazer a encomenda aos suíços da Stadler. As primeiras unidades só vão chegar lá para 2025 ou 2026, ou seja, mais de sete anos depois da primeira etapa.

O concurso público internacional demorou praticamente um ano; depois, o processo esteve mais 10 meses sob impugnação nos tribunais. Entre outubro de 2020 e de 2021, o contrato esteve sob análise do Tribunal de Contas, que depois aguardou esclarecimentos adicionais da transportadora.

O processo de compra de comboios para a alta velocidade não está imune a estes problemas. Ou seja, se o concurso público ainda for lançado em 2023, não é expectável que as novas composições cheguem à CP antes de 2030.

Antes disso, já no final de 2028, deverá estar pronta a primeira fase da nova linha entre Porto e Lisboa, entre a cidade Invicta e Soure. A partir dessa altura, será possível viajar entre as duas cidades em 1 hora e 59 minutos (sem paragens). Em 2030 – cumprido o calendário apresentado pela Infraestruturas de Portugal – Porto e Lisboa ficarão a 1 hora e 19 minutos de distância.

Calendário do projeto da nova linha Porto-Lisboa, nas fases 1 e 2.

A nova linha Porto-Lisboa será construída em bitola ibérica, facilitando a ligação com a restante rede ferroviária nacional. Ora, a bitola ibérica apenas é utilizada nas redes ferroviárias de Portugal e Espanha, com CP e Renfe a serem as operadoras estatais dos respetivos países.

Do lado da CP, o comboio topo de gama é o Alfa Pendular, com velocidade comercial máxima de 220 km/h. Do lado da Renfe, a partir de 2023 haverá um comboio de alta velocidade, o Avril, para circular na linha entre Ourense e Santiago de Compostela a 300 km/h e em bitola ibérica. Ou seja, Espanha pode desarmar completamente a concorrência de Portugal e do resto da União Europeia, onde domina a bitola europeia e são raros os comboios de bitola variável.

Mal-estar no Governo

A operação de ‘limpeza’ da dívida da CP depende da autorização da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia (DG Comp), adiantou em maio o ministro das Finanças, Fernando Medina. A tutela tem de provar que a dívida anulada é anterior à liberalização do mercado.

“É da responsabilidade de cada Estado-membro verificar de que forma uma medida que envolva ajuda do Estado necessita de ser notificada à Comissão Europeia para avaliação e aprovação”, refere fonte oficial da DG Comp. No entanto, o ECO sabe que ainda não deu entrada qualquer pedido do Estado português.

O Ministério das Finanças é o maquinista deste processo mas tem-se mantido em silêncio. Fonte oficial do gabinete de Fernando Medina não respondeu às perguntas sobre o tipo de negociações que têm decorrido. E também não há esclarecimentos do Ministério das Infraestruturas e da Habitação, que também tutela a empresa.

A situação começa a gerar desconforto dentro do Governo: defende-se que não é necessária qualquer autorização por parte da DG Comp; basta uma comunicação formal à concorrência europeia. No passado, o Estado assumiu a dívida histórica da Carris (Lisboa) e da STCP (Porto, Gaia, Gondomar, Matosinhos, Valongo e Maia) antes de estas empresas terem passado para os municípios. No caso da Carris, a transportadora passou para a câmara de Lisboa enquanto Fernando Medina liderava o município.

Dívida com história

É necessário recuar várias décadas para se perceber como a CP chegou a 2.132 milhões de euros de dívida. Apenas desde junho de 2020 é que a única transportadora do Estado com cobertura de norte a sul é compensada por prestar serviço em 15 distritos. Antes disso, a empresa teve de contrair dívida para que os comboios chegassem às estações, mesmo antes do 25 de abril, quando era uma empresa privada.

Já depois da Revolução, as receitas de bilheteira não pagavam sequer 40% da despesa e as indemnizações compensatórias também não foram suficientes, o que acelerou a dívida histórica. Em 2011, quando a troika chegou a Portugal, o passivo da CP era de 4,1 mil milhões de euros. A partir desse ano, a dívida da empresa passou a ser contabilizada nas contas do Estado (passou a integrar o perímetro) e a tutela financeira foi transferida para o Ministério das Finanças.

Perdida a autonomia financeira, a transportadora começou a ter de pedir sempre autorização junto do Governo para as despesas mais variadas, como a compra de rodados para os comboios.

Desde 2015, os sucessivos aumentos de capital e o reembolso de um empréstimo à banca de 500 milhões de euros reduziram o passivo para praticamente metade. No final de 2021, dos 2,132 mil milhões de dívida, 83% são devidos ao próprio Estado, através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças.

Enquanto a situação não se resolve, a CP é obrigada a pagar juros anuais aos seus credores e está limitada na gestão da sua contabilidade: “por se aguardar a concretização do saneamento da dívida histórica da empresa, os empréstimos contratados, bem como as sucessivas prorrogações do pagamento do serviço da dívida dos empréstimos do Estado, têm sido feitos em prazos inferiores a 1 ano”, escreve a companhia no relatório e contas de 2021.

O que muda na CP?

A demora na reestruturação da dívida foi o principal motivo para a saída de Nuno Freitas da CP, em 1 de outubro de 2021, a menos de três meses do final do mandato. À data, o gestor considerava que tinha concluída a missão que tinha, mas logo umas horas depois, Pedro Nuno Santos deixava perceber as verdadeiras razões.

“Conheço as razões do eng. Nuno Freitas há muito tempo“, disse o ministro, “é compreensível o desalento” do gestor e “se dependesse de mim, estava resolvido“. Os desabafos de Pedro Nuno Santos tinham um alvo direto, o ministro das Finanças, João Leão, que tinha a tutela conjunta da CP com o Ministério das Infraestruturas. “Há um momento em que nós próprios nos fartámos”, atirou o ministro.

Semanas mais tarde, o ex-presidente da CP acabaria por assinalar que era “imperativo concretizar o saneamento da dívida histórica, porque esse é o primeiro passo” para poderem “tirar a CP do perímetro orçamental do Estado e a CP poder ser gerida da mesma forma que é gerida qualquer empresa da sua dimensão”.

Em 2022, já depois da saída de João Leão do Ministério das Finanças, Pedro Nuno Santos depende agora de Fernando Medina — apontado como adversário na luta para suceder a António Costa na liderança do Partido Socialista — e de Bruxelas para finalmente resolver o problema histórico da CP. Só assim a transportadora poderá preparar-se para o futuro e concorrer com as grandes empresas ferroviárias internacionais.

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5 coisas que vão marcar o dia

Galp e Nos apresentam contas referentes ao terceiro trimestre do ano. Vodafone avança com informações adicionais sobre compra da Nowo. Ana Mendes Godinho é ouvida no Parlamento.

Vodafone Portugal partilha informações adicionais sobre a compra da Nowo Communications. Ana Mendes Godinho será ouvida no Parlamento, no âmbito da discussão na generalidade do Orçamento do Estado para 2023. Galp avança com resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre do ano. E é a vez do apoio de 125 euros chegar a quem recebe prestações sociais.

Vodafone Portugal avança informações sobre compra da Nowo

A Vodafone Portugal vai divulgar detalhes adicionais sobre a compra da Nowo Communications, esta segunda-feira. A operação ainda precisa da aprovação do regulador, mas o CEO da empresa de telecomunicações garante que a aquisição irá reforçar a sua competitividade no mercado e beneficiar tanto os atuais, como os futuros clientes.

Audição de Ana Mendes Godinho

Terá lugar no parlamento a audição, na generalidade, da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, relativamente ao Orçamento do Estado para 2023.

Galp apresenta contas antes da abertura da bolsa

A Galp dá início à semana com a apresentação dos resultados do terceiro trimestre de 2022, antes da abertura da bolsa de Lisboa. No trading update do terceiro trimestre, a Galp antecipou uma redução da dívida líquida para cerca de 2,1 mil milhões de euros no final do trimestre.

NOS apresenta resultados do terceiro trimestre

A NOS vai divulgar os resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre de 2022. No trimestre anterior, a empresa revelou uma recuperação do segmento da divisão de Cinema e Audiovisuais e resultados financeiros “muito positivos”, alimentados pelo desempenho do segmento Telco, com um aumento de 8,1% das receitas consolidadas.

Segurança Social paga apoio de 125 euros a quem recebe prestações sociais

O apoio de 125 euros vai ser pago esta segunda-feira pela Segurança Social a quem recebe prestações sociais, abrangendo 1,6 milhões de pessoas. Entre os beneficiários estão as pessoas que recebem subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego, subsídios de doença, Rendimento Social de Inserção, prestação social para a inclusão, Complemento Solidário para Idosos e subsídio de apoio ao cuidador informal principal.

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Polémicos, académicos ou de continuidade. Quem são os nomeados de Medina?

O ministro das Finanças já avançou com algumas nomeações polémicas para instituições do Estado. Escolhas para reguladores trouxeram continuidade.

Quando o ministro das Finanças assumiu o cargo, tinha à sua espera uma lista de nomeações para fazer. Fernando Medina tem vindo a preencher os postos em instituições relevantes para o funcionamento de setores como a banca, os mercados e os seguros e algumas das nomeações têm gerado polémica, nomeadamente pelas ligações que tinham com o governante, quando este era presidente da Câmara de Lisboa. Quem são as pessoas escolhidas por Medina para as instituições sob a tutela das Finanças?

Entre as primeiras nomeações do ministro encontra-se o novo presidente da Estamo, a empresa gestora do património do Estado. Medina escolheu, em julho, o antigo diretor de Gestão Patrimonial da Câmara Municipal de Lisboa, António Furtado, para o cargo, um dos seus “homens de confiança”.

Esta foi logo uma nomeação bastante questionada, já que António Furtado estará a ser investigado num inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) por alegado envolvimento em atos de corrupção e tráfico de influências, segundo noticiou o Nascer do Sol. António Furtado terá sido alvo de escutas da PJ, mas assegurou ao jornal que não é arguido nem nunca foi ouvido neste processo.

A nova administração da Estamo inclui ainda José Realinho de Matos, vice-presidente da Parpública e ex-vice-presidente da Carris, Metropolitano de Lisboa, Transtejo e Soflusa.

Entretanto, surgiu uma nova nomeação polémica para a Estamo, como avançou o ECO em agosto. Fátima Madureira, atual presidente da Agência para a Modernização Administrativa (AMA) e ex-chefe de gabinete de Fernando Medina quando este era presidente da Câmara de Lisboa, foi escolhida para vice-presidente da Estamo.

Isto mesmo depois de a antiga chefe de gabinete de Medina ter assumido o cargo de presidente da AMA sem ter sido escolhida pela Cresap, a comissão independente que avalia os candidatos a altos dirigentes do Estado. Fátima Madureira foi nomeada para o cargo em regime de substituição em 2020 e quando o concurso foi aberto, em janeiro de 2021, candidatou-se, mas não foi uma das escolhidas pela Cresap para a shortlist de três candidatos depois apresentada ao Governo.

Medina preenche administrações dos reguladores financeiros com quadros do BdP

As grandes nomeações seguintes prenderam-se com os supervisores e reguladores. As escolhas recaíram sobre a academia, bem como profissionais que estavam já nas instituições ou provenientes de outros reguladores. Muitos dos nomes escolhidos para os supervisores têm em comum a passagem pelo Banco de Portugal (BdP), sob a alçada de Mário Centeno.

Para administração do Banco de Portugal, que vai passar a ter sete elementos, Medina escolheu Clara Raposo, atual presidente do ISEG, como vice-governadora. A professora, que segundo o Observador é próxima de Mário Centeno, estava indicada para o conselho de administração do BCP, como não executiva, no entanto o seu nome não chegou a ser proposto ao BCE (a indicação para o BdP terá sido o motivo para tal). Era também presidente do conselho de administração da Greenvolt, mas vai interromper para assumir o lugar na administração do banco central.

Luís Máximo dos Santos é reconduzido no cargo de vice-governador, enquanto o administrador Hélder Rosalino já tinha visto renovado o mandato de administrador. Quanto aos restantes administradores que compõem a equipa do governador do BdP, Mário Centeno, são eles Francisca Guedes de Oliveira, Helena Adegas e Rui Miguel Pinto.

Francisca Guedes de Oliveira era docente na Católica Porto Business School e membro da direção da AICEP. Já colaborou com o PS, mas rejeita que isso afete a sua “idoneidade e independência”: “É certo que colaborei com o Partido Socialista, publicamente, no cenário macroeconómico, e não escondo que já participei em outros fóruns de discussão, sempre na qualidade de técnica, não foi nunca numa qualidade política”, disse, durante a audição no Parlamento.

Por sua vez, Helena Adegas sobe na hierarquia do banco, visto que, até agora, era diretora do departamento de mercados, enquanto Rui Pinto, que pertencia à administração da CMVM, regressa à casa de origem, onde atuou como diretor adjunto do Departamento de Supervisão Prudencial entre 2014 e 2016, devendo agora assumir o mesmo pelouro no conselho de administração.

pela CMVM, Luís Laginha de Sousa, que até aqui atuava como administrador do supervisor financeiro, foi o escolhido para substituir Gabriel Bernardino na liderança da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Entre 2005 e 2016 esteve ligado à Euronext Lisbon, primeiro como administrador e depois como presidente. Em 2017 foi nomeado administrador do Banco de Portugal para um mandato que terminou em setembro. Tinha os pelouros da estabilidade financeira e dos recursos humanos.

Caminho inverso fez Inês Drumond, que deixa a direção do Departamento de Estabilidade Financeira do BdP e passa a vice-presidente do supervisor dos mercados. A CMVM terá ainda como administradores, além de José Miguel Almeida, Juliano Ferreira, atual diretor do Departamento de Emitentes da CMVM, e Teresa Maria Gil, vinda da Autoridade Tributária e Aduaneira.

Medina avançou também com nomeações para a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), mas eram nomes que já eram falados anteriormente: Diogo Alarcão e Adelaide Cavaleiro, ambos já aprovados pela Cresap.

Alarcão era CEO da Mercer Portugal, sendo que antes disso foi assessor do Presidente da Agência Portuguesa para o Investimento (2003-2006) e diretor da Direção de Investimento Internacional do ICEP (1996-2003). É licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa e concluiu um mestrado em Administração Comunitária no Colégio da Europa, Bélgica. Foi na Comissão Europeia onde iniciou a sua carreira profissional.

Adelaide Cavaleiro era diretora do BBVA Asset Management, a gestora de ativos do banco espanhol em Lisboa. Licenciada em Matemática pela Universidade de Lisboa e com um MBA pela Universidade Católica, trabalha em Fundos de Pensões e sua gestão desde 1992, já na sociedade especializada do BBVA.

Às escolhas presidiram critérios de competência e conhecimento, tendo presentes objetivos de renovação dos conselhos de administração, e de garantia de equilíbrios entre géneros, idades e áreas de especialização

Fernando Medina

Ministro das Finanças

Quando finalizou as nomeações, em setembro, o ministro das Finanças salientou em comunicado que “o Governo atribuiu elevada prioridade ao provimento dos lugares vagos nos conselhos de administração dos três reguladores do sistema financeiro português, um processo que ficou concluído em menos de seis meses após a tomada de posse”.

“Às escolhas presidiram critérios de competência e conhecimento, tendo presentes objetivos de renovação dos conselhos de administração, e de garantia de equilíbrios entre géneros, idades e áreas de especialização”, assegurou Medina, acrescentando que “com este passo, ficam garantidas as condições de funcionamento regular dos supervisores, o que constitui mais um fator de confiança para a economia e para o sistema financeiro português”.

Entretanto, os escolhidos para o BdP e ASF já foram ouvidos na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, que tem de elaborar um parecer sobre as nomeações. Já as audições aos nomeados para a CMVM realizam-se esta quarta-feira no Parlamento, ocorrendo mais tarde porque tiveram de passar pelo crivo da Cresap.

O ministro das Finanças já escolheu também o sucessor de Cristina Casalinho à frente do IGCP, a entidade que gere a dívida pública nacional. É Miguel Martin, que estava na concessionária de autoestradas Ascendi e foi administrador financeiro da Águas de Portugal entre 2016 e 2019, período em que coincidiu com o secretário de Estado João Nuno Mendes quando era presidente daquela empresa pública.

Novo presidente do IGCP, Miguel Martín, era gestor na Ascendi

O novo líder do IGCP entrou a 1 de setembro, a receber o mesmo salário que auferia enquanto gestor da Ascendi, graças a uma autorização do ministro das Finanças. O Estatuto do Gestor Público prevê que os gestores “podem optar pela remuneração do lugar de origem, mantendo as regalias ou benefícios remuneratórios que aí detinham” quando “ocorrer autorização expressa do membro do Governo responsável pela área das Finanças”.

Além disso, novo conselho de administração do IGCP conta com mais dois elementos: Rita Granger manteve-se como vogal, posição que ocupa desde 2019 e Rui Amaral transitou da unidade de investimento da Caixa Geral de Depósitos (Caixa BI).

A nomeação que não chegou a ser

Neste rol de escolhas de Medina existiu ainda uma nomeação muito polémica que acabou por não se concretizar, a de Sérgio Figueiredo, para consultor na área da avaliação das políticas públicas. Foi Sérgio Figueiredo quem contratou o atual ministro para comentador quando era diretor da TVI.

Figueiredo teria um salário de 140 mil euros por dois anos de contrato, o que corresponderia a 5.800 euros por mês, um valor superior ao salário base do próprio ministro das Finanças, segundo foi noticiado na altura.

Além da questão salarial, as funções que o antigo presidente da Fundação EDP iria desempenhar já eram realizadas por um outro organismo do Estado, o centro de competências de planeamento do Estado (PlanAPP).

O diretor de informação da TVI, Sérgio Figueiredo, durante uma entrevista à Agência Lusa, na TVI, Queluz, Sintra.José Sena Goulão / LUSA 12 Março, 2019

As reações políticas não se fizeram esperar, tanto por causa do salário como do perfil para a função anunciada, que era de certo modo “repetida” dentro do Estado, e Sérgio Figueiredo acabou por renunciar ao cargo. O ministro das Finanças reagiu à decisão dizendo que lamentava “não poder contar com o valioso contributo de Sérgio Figueiredo ao serviço do interesse público”.

Fernando Medina começou por dizer que não iria procurar um nome para desemprenhar as funções que seriam atribuídas a Sérgio Figueiredo, apesar de defender a necessidade de alguém para este papel. Mas depois acabou por reverter essa posição e disse, em entrevista à RTP1, que a vaga continuava em aberto.

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Portugal está a usar menos de 40% da capacidade para produção de biocombustíveis

Para acelerar a produção de biocombustíveis no país é necessário desbloquear as metas de incorporação, diz a ABA. Produção nacional ficou, em 2021, aquém das capacidades.

Portugal está a usar menos de 40% da capacidade total que tem para a produção de biocombustíveis. Segundo a Associação de Bionergia Avançada (ABA), o país tem a capacidade de produzir cerca de 770.000 metros cúbicos de biocombustíveis por ano, no entanto, em 2021, os nove principais produtores a nível nacional — Prio e Galp (ambas associadas da ABA), Iberol, Torrejana, Sovena, Bioevegetal, Repsol, Bioportdiesel e a Bioadvance – The Next Generation — produziram cerca de 275.000.

Para a secretária-geral da associação, para aproveitar ao máximo as capacidades do país e aumentar a produção das indústrias será necessário dar um “impulso” — seja através de investimento em novos projetos, ou através do “desbloqueio” do teto máximo da incorporação física de “misturas mais ricas” nos combustíveis fósseis. “A verdade é que [a produção] já está bastante desenvolvida a nível nacional. Acho que nos podemos orgulhar, e muito, do que temos e da nossa qualidade da produção, porque já é boa. Mas podemos ir mais longe”, afirmou Ana Calhôa, em declarações ao ECO/Capital Verde.

No mais recente relatório da ABA é revelado que, de 2020 para 2021 e de 2021 para 2022, houve um aumento gradual da incorporação física de biocombustíveis nos combustíveis fósseis em Portugal. Citando os dados da Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), depois de se ter registado um nível de incorporação de 2,8% em fevereiro de 2020, a integração destas substâncias tem vindo a subir, tendo atingido o valor mais alto de sempre em abril de 2022: 8,1%. Esse valor entrou, no entanto, em declínio, e em agosto situou-se nos 4,9%, ficando ainda mais longe da meta nacional de 11%.

Percentagem de Incorporação de Biocombustíveis em 2022 — ENSE

 

Já no que toca à incorporação de biocombustíveis avançados nos combustíveis fósseis — isto é, o recurso à biomassa lignocelulósica, resíduos industriais e culturas vegetais não alimentares ricas em celulose — esta fechou o ano de 2021 em alta. Segundo os dados da ENSE, a meta de incorporação de biocombustíveis avançados foi superada em mais do dobro da meta mínima obrigatória de 0,5% em teor energético, fixada em 2020, alcançando os 1,7%, no ano passado.

“Acredito que conseguimos ter metas mais ambiciosas e [na ABA] defendemo-las, porque Portugal tem essa capacidade de resposta”, continuou, acrescentando que parte dos níveis de incorporação é derivada não só da importação de biocombustíveis mas também da capacidade de produção. “A verdade é que nós não estamos a usar toda a capacidade que temos de produção. Nós ainda podemos utilizar mais“.

Ana Calhôa, secretária-geral da Associação de Bioenergia Avançada (ABA)

 

Os níveis de incorporação de biocombustíveis são percetíveis da parte dos consumidores através de símbolos presentes nas bombas de gasolina. Ao gasóleo e à gasolina são atribuídas as letras B, dentro de um quadrado, e E, dentro de um círculo, respetivamente. Os números que lhes sucedem dizem respeito à percentagem de biocombustível incorporado nos combustíveis fósseis. Ou seja, o B7 significa que o gasóleo contém 7% de biocombustíveis incorporados e o E5 explica que a gasolina contém 5% de biocombustíveis incorporados. Em Portugal, o B7 e E5 são os mais comuns, ainda que a Prio tenha em alguns dos seus postos de abastecimento também disponível o B15.

Até onde é possível aumentar os níveis de incorporação? A secretária-geral da ABA dá um exemplo: a primeira carreira de autocarros lançada pela Carris e pela Prio, em 2019, cuja frota consumia biodiesel 100% livre de energia fóssil, produzido a partir de óleos alimentares usados, ou B100.

“A verdade é que os resultados foram ótimos, tanto que o projeto continua até hoje”, continua a secretária-geral. “Isso significa 100% de biocombustíveis e 0% de combustíveis fósseis e acho que seria essa a transição que deveríamos fazer. Por isso, acho que é muito limitativo, atualmente, estarmos no B7″, frisou, anunciando que na União Europeia está a ser discutida uma nova diretiva que defina o B10 como o nível padrão.

“Sendo nós, Portugal, um país tão bom a nível de produtores de biocombustíveis, acho que poderíamos utilizar a vantagem que temos, porque é uma das formas de fazer a transição [energética] na mobilidade marítima, aviação e rodoviária; reduzir, substancialmente, a dependência dos combustíveis fósseis e contribuir para a redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE)”, argumentou. Segundo a ABA, a substituição direta de combustíveis fósseis por biocombustíveis líquidos de resíduos e outros avançados representa uma redução de emissões de GEE de, pelo menos, 83% em relação ao gasóleo e de 67% face ao elétrico convencional.

Questionada sobre se os baixos níveis de incorporação estão relacionados com os custos deste processo, Ana Calhôa garante que “existem outros fatores decisivos sobre os níveis de produção, mais do que os custos”, entre eles a legislação. “Deverá ser criada mais legislação no sentido de agilizar a transição energética e fomentar a produção e uso desta alternativa. Também é necessário reforçar a educação de todos os players do mercado sobre os biocombustíveis avançados e o seu potencial, informando desde o cidadão comum ao potencial produtor, passando por entidades de recolha de resíduos e órgãos com poder decisor”, frisa a secretária-geral.

E, numa altura em que os combustíveis tradicionais voltam às subidas, a dirigente da ABA ressalva que o peso dos biocombustíveis representa cerca de 5% do valor final cobrado aos consumidores finais, frisando ser “um valor residual considerando o impacto positivo no meio ambiente, sendo reduzida a emissão de gases de efeito de estufa, que é essencial para alcançar a neutralidade carbónica até 2050”.

OE 2023 deixa de lado novas metas para biocombustíveis

Antes da entrega do Orçamento do Estado para 2023 (OE 2023), a Associação Portuguesa dos Produtores de Biocombustíveis (APPB) lançara um apelo para que a nova proposta orçamental estabelecesse novas metas de incorporação de biocombustíveis. Na altura, a associação defendia que as novas metas na gasolina e no gasóleo subissem até 14% face aos atuais 11%, mas o documento entregue pelo ministro das Finanças Fernando Medina, deixa de fora qualquer menção a estes combustíveis.

“A meta deve, sem dúvida, subir. Não se deve manter nos 11%”, considera Ana Calhôa, defendendo que Portugal deve chegar a 2030 com um teto de 20% de incorporação de biocombustíveis nos combustíveis fósseis rodoviários.

O apelo também se aplica aos objetivos referentes à incorporação de biocombustíveis avançados que, atualmente, está em 0,5%. “E a verdade é que temos condições para ter uma meta de 1,5% ou até mesmo 2%. Olhando para aquilo que já foi feito em 2021, em que atingimos uma percentagem de 1,7%, torna-se claro do que somos capazes”, remata.

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Apoio de 125 euros chega hoje a quem recebe prestações sociais

A Segurança Social vai pagar esta segunda-feira o apoio excecional aos rendimentos a quem recebe prestações sociais, num universo de 1,6 milhões de beneficiários.

Primeiro foi a Autoridade Tributária a avançar com o pagamento do apoio de 125 euros a quem tem rendimentos, agora é a vez da Segurança Social fazer o mesmo em relação a quem recebe prestações sociais, como o subsídio de desemprego. Dinheiro é pago esta segunda-feira a cerca de 1,6 milhões de beneficiários.

O Ministério do Trabalho, Solidariedade avançou a semana passada que o pagamento do apoio extraordinário seria feito no dia 24 [hoje], “a todos os beneficiários”. No caso da Autoridade Tributária os valores estão a ser transferidos de forma faseada.

À Segurança Social caberá pagar a quem recebe subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego, subsídios de doença, rendimento social de inserção (maiores de 18 anos), prestação social para a inclusão, complemento solidário para idosos (caso não recebem pensão) e subsídio de apoio ao cuidador informal principal.

O pagamento do apoio extraordinário aos rendimentos será efetuado por transferência bancária para os beneficiários com IBAN registado na Segurança Social Direta, ou através de vale postal para os restantes. A entidade apela à verificação dos dados da conta bancária na sua página na internet.

O apoio aos dependentes, no montante de 50 euros, também é pago pela Segurança Social no caso de “beneficiários de abono de família e para os menores de 18 anos que estejam registados em agregados na segurança social”, esclarece a entidade num guia publicado no seu site. O agregado também pode ser confirmado através da Segurança Social Direta, no menu “Família”.

Segundo a agência Lusa, será também a Segurança Social a pagar os 50 euros atribuídos aos dependentes no caso das crianças nascidas entre janeiro e setembro de 2022, cujos pais tenham recebido prestação de parentalidade.

O apoio excecional aos rendimentos faz parte do “Família Primeiro”, o plano de 2,4 mil milhões anunciado em setembro pelo Governo para responder à perda de poder de compra provocada pela subida da inflação, que chegou aos 9,8% em setembro.

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Empresas passam 35% da subida dos custos para os consumidores

Desde, pelo menos, 2006 que não se assistia a um aumento anual tão elevado do índice de preços no produtor. Mas as empresas só estão a passar pouco mais de um terço deste aumento para os consumidores.

As empresas estão a passar por um período de enorme pressão sobre as suas operações como não há memória. Até setembro, os custos operacionais das empresas, medido pelo índice de preços no produtor, regista um aumento médio de 20%. A última vez que se assistiu a um aumento anual tão repentino dos preços no produtor foi em 1983, quando os preços no produtor subiram 36%, segundo os dados da OCDE.

Ainda na última quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que a taxa de variação homóloga do Índice de Preços na Produção Industrial (IPPI) aumentou 19,6% em setembro (22,4% no mês anterior), “mantendo-se a forte influência da evolução dos preços da energia e dos bens intermédios”.

Em contrapartida, a taxa de inflação média, medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), acumula uma subida de 7% face ao valor médio de 2021. Isto significa que este ano as empresas passaram, em média, pouco mais de um terço (35%) da subida dos custos das suas operações para o consumidor.

No ano passado, a tendência foi a mesma: enquanto o IHPC registou um aumento de 1%, o IPPI cresceu 9%. Significa que, nos últimos dois anos, apenas 23% da subida dos custos de produção passou para o bolso dos consumidores. Estes números indiciam ainda que desde 2020 as empresas estão a minguar as suas margens para acomodar a subida dos custos.

Desde 2006, foram oito as ocasiões em que as empresas enfrentaram um aumento de custos nas suas operações acima da taxa de inflação média. Nos restantes oito anos, o aumento de preços no produtor passou na sua totalidade ou até mais para os consumidores.

Desde 2020 que as empresas estão a acomodar a maior parte do aumento de preços

Fonte: INE e ECO. Dados de 2022 até setembro.

Empresas nacionais entre as mais pressionadas pela subida dos preços

A pressão da subida dos preços sobre as empresas (particularmente a fatura energética) tem sido de tal ordem elevada nos últimos dois anos que o IPPI regista uma valorização de 35% desde setembro de 2020. Nos 15 anos anteriores, entre setembro de 2005 e setembro de 2020, os preços no produtor aumentaram globalmente cerca de 6%.

O IPPI mede a variação dos preços dos produtos vendidos assim que saem da fábrica, excluindo o impacto de impostos, o transporte e as margens comerciais sob o preço dos bens que é colocado à disposição do comprador. Na prática mostra o impacto que os produtores (as empresas) encaixam na sua operação por parte da sua linha de fornecedores. O IPPI é assim visto como um indicador avançado das variações de preços em toda a economia.

Entre os 19 Estados-membros da Zona Euro, apenas a Grécia e a Bélgica contabilizam este ano uma pressão maior nos preços do produtor do que Portugal, registando um aumento médio de 23% dos preços. Do lado oposto encontra-se a Irlanda, com um aumento médio de apenas 7% dos preços no produtor. Na União Europeia (27 países), os preços médios no produtor acumulam um aumento médio de 15,5% até agosto (últimos dados disponíveis), segundo dados da OCDE.

Quando os preços dos bens aumentam no produtor, geralmente os produtores acabam por transmitir pelo menos uma parte desses aumentos para os consumidores, através de uma subida do preço final dos bens. É isso que se tem assistido um pouco por todo o mundo, com a inflação a registar valores recorde. Mas, pelo menos em Portugal, o tecido empresarial tem vindo a acomodar grande parte da inflação. Até quando?

Subida de preços no produtor atinge mais empresas do sul da Europa

Fonte: OCDE e INE.

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White Airways acusa TAP de a empurrar para a “insustentabilidade”

TAP anunciou a semana passada que iria terminar o contrato com a White Airways, argumentando com o elevado número de voos cancelados. Empresa acusa a TAP de lesar o seu bom nome.

A White Airways acusa a comissão executiva da TAP de “tentar justificar o injustificável”, “ofendendo e lesando” o seu bom nome, com a decisão de prescindir dos seus serviços a partir de final de outubro. A decisão, diz, põe em causa 120 empregos e a sustentabilidade da empresa, que opera seis aviões ATR ao serviço da Portugália.

“Para tentar justificar um ato de gestão em que a TAP, altamente capitalizada com recursos públicos, troca uma empresa portuguesa, que não recebeu nenhum apoio do Estado além dos disponibilizados para toda a economia, por uma empresa da Estónia, propriedade do Estado e apoiada por este no âmbito das compensações pelos impactos da pandemia, foi emitido um comunicado lamentável, hostil e lesivo do nome da empresa no tom e no conteúdo”, afirma a White Airways, numa nota divulgada este domingo.

É a reação ao anúncio feito pela TAP na passada quarta-feira, dia 19, de que não iria renovar o contrato com a White Airways, para a operação de seis aviões ATR, que termina a 31 de outubro. No comunicado, a companhia de bandeira justificava a decisão com a necessidade “de reforçar a fiabilidade da sua frota, para evitar que os resultados operacionais sejam penalizados pela indisponibilidade de aeronaves”, referindo os repetidos problemas técnicos com as aeronaves que têm levado a cancelamentos.

“Entre novembro de 2021 e setembro de 2022, razões técnicas resultaram num agregado de 342 voos cancelados, com uma média de 31 voos cancelados por mês. Só em setembro de 2022, a White teve 84 voos cancelados por razões técnicas”, apontava a TAP, assinalando que a frota de ATR será encolhida para apenas dois aviões com a chegada de seis novos Embraer até final de janeiro.

“Desde janeiro de 2022, o baixo desempenho da frota ATR operada pela White teve um impacto financeiro negativo na TAP de 4,8 milhões de euros devido a cancelamentos, necessidade de troca de aviões com aumento de capacidade e indemnizações aos passageiros”, apontou ainda a companhia.

“A comissão executiva da TAP quer tentar justificar o injustificável, ofendendo e lesando o bom nome de uma empresa portuguesa de serviços aeronáuticos com mais de duas décadas de operação no mercado, de criação de emprego, de obtenção de resultados positivos e de contributo para a economia nacional”, afirma a White Airways.

A troca de “uma empresa portuguesa por uma empresa estatal da Estónia” vai pôr a causa o emprego de 120 trabalhadores qualificados e gerar a “insustentabilidade de uma empresa que se constituiu num ativo da economia nacional”, alega a empresa do grupo OMNI. Contesta ainda a “hostilidade com uma empresa que tem de ser parte da resolução do processo da devolução das aeronaves ATR, cujo leasing foi resolvido pela atual administração, com custos superiores (encargo de 20 milhões) aos pagamentos das mensalidades em vigor no contrato”.

Sobre os problemas nas aeronaves, a White diz que a “a gestão da TAP sabe ou devia saber que a fiabilidade de uma frota de turbo propulsão é sempre inferior a uma frota de jatos”. Sustenta também que o “comunicado de quarta-feira omite que um dos pressupostos da operação, da construção da fiabilidade e da regularidade, é a manutenção de linha (a que permite o despacho dos aviões), que, por imposição da TAP, era da responsabilidade da Portugália, empresa do universo TAP”.

Acusando a companhia de bandeira de “construir uma narrativa em que sacode a água do capote das suas responsabilidades nos resultados e na operação”, diz que “continuará a trabalhar para salvaguardar soluções para os 120 trabalhadores lesados pela opção da TAP e para a viabilidade de um projeto empresarial com lastro, experiência e competência em Portugal e no Mundo”.

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