Costa diz que questão é entre modelo PS ou PSD e não a da maioria
"A questão não é saber se há ou não maioria, mas que política nós queremos para o país", disse, acrescentado que há uma "diferença abismal" entre o projeto de futuro do PS e do PSD.
O secretário-geral socialista esteve este sábado em campanha pelas ruas do centro de Leiria, com mensagens dirigidas aos indecisos sobre as diferenças entre PS e PSD nos salários e impostos, secundarizando a questão da maioria absoluta. António Costa afirma ainda que há uma “diferença abismal” entre o projeto de futuro do PS e do PSD.
“A questão não é saber se há ou não maioria, mas que política nós queremos para o país, o que desejamos para a nossa vida a seguir às eleições”, declarou António Costa. Numa cidade que já foi um bastião eleitoral do PSD, mas em que a Câmara é agora socialista, António Costa pisou terrenos que conhece bem. O atual secretário-geral do PS foi cabeça de lista por este círculo nas eleições legislativas de 2002, sob a liderança de Ferro Rodrigues.
Ao longo de uma hora, o líder socialista teve sempre ao seu lado o “número um” da lista do PS pelo círculo eleitoral de Leiria, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales — uma das caras mais mediáticas nestes dois últimos anos de luta contra a pandemia.
Acompanhado pela esposa, Fernanda Tadeu, e pelo presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, António Costa entrou num talho e falou ao proprietário que o Orçamento do Estado para 2022, que foi chumbado no Parlamento, prevê o fim do pagamento especial de conta — e essa, apontou, é uma das suas medidas prioritárias.
Em outros espaços comerciais, a mensagem do primeiro-ministro foi a do aumento geral dos salários e a necessidade de promover a subida do poder de compra das famílias, tendo como consequência a subida do consumo. No fim desta ação de rua — em que foi globalmente bem recebido e em que conversou com crianças sobre a sua longa carreira política até chegar ao cargo de primeiro-ministro –, o secretário-geral do PS atirou primeiro ao modelo do PSD do tempo de Pedro Passos Coelho.
“A direita disse sempre que era preciso baixar salários, cortar pensões e aumentar os impostos para que a economia florescesse, mas foi um desastre. Aquilo que permitiu virarmos a página da estagnação e crescermos acima da média da união Europeia foi termos começado a aumentar os salários e a baixar impostos sobre as famílias, devolvendo confiança e esperança às pessoas no futuro”, declarou.
Depois, o secretário-geral do PS visou diretamente o presidente do PSD, afirmando que “o doutor Rui Rio já disse que é contra a subida do salário mínimo nacional e é contra a descida do IRS (talvez só para 2025 ou 2026)”.
“O PS quer continuar a salário mínimo nacional, subir os salários médios, e ao mesmo tempo baixar os impostos sobre a classe média, sobre as famílias com filhos e jovens em início de carreira. São diferenças muito grandes entre PS e PSD e que eu acho que justificam que as pessoas pensem bem como votar”, declarou, numa primeira mensagem dirigida aos eleitores ainda indecisos.
A seguir, António Costa reforçou a tese de que “votar ou não votar não é indiferente”. “Não é indiferente votar no PS ou no PSD”, advogou, sem nunca responder diretamente à questão dos jornalistas se ainda aspira a uma maioria absoluta dos socialistas nas eleições de 30 de janeiro.
“Penso que, para muitos eleitores, já são claras as alternativas que existem: O PSD ou o PS, que apresentam propostas muito distintas. Peço às pessoas que ainda estão indecisas que reflitam e decidam qual o sentido do seu voto”, assinalou. “O que dizemos é que os portugueses têm condições para termos um melhor nível de vida, continuando a subir os salários, a baixar os impostos, a criar emprego e a ter empresas mais competitivas”.
Nesta ação de rua, António Costa teve ao seu lado os secretários de Estado Eurico Brilhante e Francisco André, os eurodeputados Pedro Marques e Margarida Marques. A ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus foi cabeça de lista do PS no círculo de Leiria.
Antes de seguir para a Marinha Grande, António Costa resolveu comprar castanhas e uma senhora com uma filha que tinha sido tratada por António Lacerda Sales, médico de profissão. “Não quero dinheiro nenhum por essas castanhas. A minha filha foi muito bem tratada pelo doutor Sales”, afirmou a senhora. Costa ficou depois com um volumoso pacote de castanhas assadas na mão. Tentou acabar com ele rapidamente com a ajuda dos jornalistas, alegou até que tinha álcool gel para facilitar a limpeza das mãos, mas não teve sucesso. Partiu para a Marinha Grande ainda com as castanhas na mão.
Costa diz que há “diferença abismal” entre projeto de futuro do PS e PSD
O secretário-geral do PS defendeu este sábado que há uma “diferença abismal” entre a proposta de futuro que tem para o país e a do PSD, acusando os sociais-democratas de quererem “repetir o mesmo erro das políticas da austeridade”.
Falando aos jornalistas, António Costa acusou o PSD ser “contra a subida do salário mínimo nacional, quanto mais dos outros”, e de recusar a “descida do IRS ao longo dos próximos anos”, só a admitindo “como mera possibilidade a partir de 2025 e 2026”. “Isto é, no fundo, quererem repetir o mesmo erro das políticas da austeridade, que é não compreenderem que é a melhoria geral dos rendimentos que permite ajudar a dinamizar a economia, mas que ajuda sobretudo as empresas que hoje precisam como nunca de talento qualificado, de recursos humanos qualificados”, frisou.
O também primeiro-ministro frisou que, face ao “elevadíssimo número de pessoas que estão indecisas”, é “fundamental” que a sociedade se concentre “naquilo que efetivamente cada partido propõe para se poder escolher”.
Nesse sentido, António Costa frisou que há uma “diferença abismal” entre os projetos de futuro dos dois maiores partidos, sublinhando que o PS apoia a “melhoria dos rendimentos, da dinamização da economia, de modernização do país, de progresso geral”, enquanto o PSD diz que só “lá para 2025, 2026 é que começará a pensar na economia das pessoas, no que tem a ver com o rendimento das pessoas”.
À semelhança do que tem feito durante a campanha, António Costa reiterou que, além do programa eleitoral e da “estratégia de visão para o futuro”, o PS tem também a proposta de Orçamento do Estado, chumbado pela Assembleia da República, prestes a ser implementada, que oferece “soluções e resultados práticos na vida das pessoas” e impede que o país fique condenado “meses a fio a viver em duodécimos”.
“Não são coisas vagas, são decisões concretas que os portugueses vão ser chamados a tomar no próximo domingo. Porque a decisão é a seguinte: se votarem no PS, sabem que é assim e já em 2022, se votarem no PSD sabem que em 2022 não será assim, não será assim em 2023, não será assim em 2024, e depois logo se verá em 2025”, frisou.
Costa considerou que, no dia das eleições, os portugueses vão também decidir “em função daquilo que é a experiência da confiança que cada um merece”, frisando que o seu partido tem “créditos”.
“Nós virámos a página da austeridade, virámos a página da estagnação, nós temos sabido liderar o país nesta luta titânica que todos enfrentamos para combater esta pandemia”, afirmou, ladeado pelo cabeça de lista do PS pelo círculo de Leiria, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, que disse ser “um bom exemplo” de um “rosto que todos os portugueses conhecem de quem tem estado na linha da frente no combate” à pandemia.
O secretário-geral socialista reiterou que, “depois de dois anos de uma crise tão profunda”, o país “não pode perder tempo, as pessoas precisam de começar já a melhorar e a ter melhorias sensíveis no rendimento para ajudar a puxar pela economia”.
Costa afirmou que, graças às políticas adotadas pelo seu Governo, o país encontra-se neste momento, relativamente ao período anterior à pandemia, “a exportar mais”, tem uma taxa de “desemprego inferior” e está “outra vez a crescer acima da média europeia”. “Mas isto é como a bicicleta: se para, a bicicleta para e nós caímos. Portanto, a bicicleta não pode parar, é preciso continuar a andar e por isso é que o nosso lema é ‘continuar a avançar’, porque é preciso e é possível melhorar desde já as condições de vida dos portugueses”, frisou.
O secretário-geral socialista concluiu referindo que Portugal faz parte da uma “União Europeia e toda a União Europeia tem as suas políticas alinhadas neste sentido”. “E é neste sentido que nós temos que avançar, que é para não ficarmos para trás”, frisou.
(Notícia atualizada às 14h26 com mais informação)
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