Trabalhadores do INE negam hipótese de fuga de informação de PIB a Costa
A comissão de trabalhadores "considera inadmissível o ambiente de suspeição generalizada" e garante que não houve nenhuma fuga de informação do valor do PIB ao Governo.
A comissão de trabalhadores do Instituto Nacional de Estatística (INE) está incomodada com o “ambiente de suspeição generalizada” sobre a antecipação de dados ao Governo relativamente ao PIB de 2021 e nega a hipótese de que tenha havido uma fuga de informação. Os trabalhadores mostram-se disponíveis para “colaborar num eventual apuramento de responsabilidades que venha a ser desencadeado” e apoiarão iniciativas para melhorar os procedimentos de segurança, sigilo e confidencialidade.
A polémica lançou-se quando António Costa disse que a economia portuguesa tinha crescido 4,6% em 2021, sem referir a fonte, quando a previsão do Governo é de 4,8%. No mesmo dia, o gabinete de estatísticas garantia que não antecipa números ao Governo há vários anos. Mais tarde, o primeiro-ministro veio dizer que a estimativa era sua e não se tratava de nenhum número do INE, o qual só revela o valor oficial a 31 de janeiro. Mas já era tarde demais e Rui Rio criticava Costa por revelar dados que alegadamente teria tido acesso pelo cargo. E a Iniciativa Liberal, através de João Cotrim de Figueiredo, disse, segundo a Lusa, que esperava não haver fontes dentro do INE a “alimentar” o PS em mais um exemplo da “confusão entre o PS e o Estado”.
Em comunicado divulgado esta quinta-feira, a comissão de trabalhadores do INE “considera inadmissível o ambiente de suspeição generalizada relativamente à ‘antecipação de dados’, de forma não oficial, a membros do Governo ou quaisquer outras entidades públicas ou privadas, que recai sobre todos os trabalhadores da Autoridade Estatística Nacional, causando danos reputacionais significativos à imagem pública da organização“.
Ainda que refute “veementemente a hipótese de ‘fuga de informação'”, a comissão diz-se “inteiramente disponível para colaborar num eventual apuramento de responsabilidades que venha a ser desencadeado”. E, apesar de achar “altamente improvável, senão mesmo impossível” que tenha existido a divulgação de informação antecipada, o comunicado garante que “esta não terá tido origem nos trabalhadores do INE”.
Olhando para o futuro, os trabalhadores apoiarão iniciativas para tornar “mais robustos” os procedimentos de segurança, sigilo e confidencialidade a que está sujeito o processo de produção estatística. E aproveitam a campanha eleitoral para reforçar o alerta dos “riscos decorrentes do facto de o INE não dispor de autonomia financeira, o que vem condicionando sobremaneira a gestão de recursos humanos do Instituto”.
A comissão de trabalhadores “entende que estão criadas as condições para que o futuro Governo e as Deputadas e Deputados eleitos na sequência do ato eleitoral do próximo dia 30 de janeiro de 2022, promovam uma ampla reflexão e discussão pública, com vista a reforçar a autonomia de gestão e os recursos humanos da Autoridade Estatística Nacional, desencadeando uma revisão da atual Lei Orgânica do INE, prevendo designadamente a valorização urgente das atuais carreiras”.
“Os trabalhadores do INE sempre pautaram a sua atuação por um elevado profissionalismo, respeitando escrupulosamente os seus deveres e os princípios éticos a que estão sujeitos no âmbito da produção e divulgação de informação estatística, em matéria de sigilo, confidencialidade e imparcialidade, não existindo qualquer registo histórico de violação dos códigos a que estão sujeitos“, reforça o comunicado.
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