Macron sugere cimeira entre Biden e Putin sobre Ucrânia. Kremlin diz que não há “planos concretos”
O presidente francês propôs realizar um encontro de alto nível entre Joe Biden e Vladimir Putin. Ambos estão abertos a essa possibilidade, mas Moscovo diz que é "prematuro" falar nesta cimeira.
A Presidência francesa avançou esta segunda-feira que Emmanuel Macron propôs a realização de uma cimeira entre os homólogos dos EUA e da Rússia “para discutir a segurança e a estabilidade estratégica na Europa”. No entanto, enquanto Washington diz que a reunião ocorrerá apenas no caso de os russos não invadirem a Ucrânia, o Kremlin indica que não há “planos concretos” para este encontro.
Fontes da Casa Branca citadas pelo The New York Times disseram que Joe Biden está aberto a uma conversa direta com Putin, caso a Rússia não invada a Ucrânia. Em comunicado, o Governo norte-americano afirma que o presidente aceita, “em princípio”, a ideia de uma conversa com o homólogo russo, mas reitera o compromisso de manter a discussão diplomática “até que o momento da invasão comece”.
A Rússia também não exclui a possibilidade de uma reunião, mas Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin citado pela Bloomberg, disse que tal é “prematuro”. Macron e Putin terão conversado por duas horas ao telefone no domingo, durante as quais acordaram apenas detalhes sobre a continuação do diálogo ao nível dos ministros dos Negócios Estrangeiros, acrescentou Peskov, anunciando ainda que Putin convocou uma reunião especial do Conselho de Segurança para esta segunda-feira.
A discussão proposta pelo chefe de Estado francês centrar-se-ia na segurança e estabilidade estratégica na Europa, focada na crise da Ucrânia, e seria seguida de uma segunda cimeira com “as partes envolvidas”, de acordo com um comunicado divulgado esta manhã pelo gabinete de Macron.
Ao canal francês LCI, o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus, Clément Beaune, deu a indicação de que o encontro “não vai acontecer antes de quinta-feira”, estando previstas duas reuniões “preparatórias” para a cimeira: o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, deverá falar esta segunda-feira com o homólogo francês e depois, na quinta-feira, com o responsável dos EUA, Antony Blinken.
Não é claro o que pode ser discutido numa nova reunião entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, visto que Washington e a NATO têm rejeitado as exigências de Moscovo para que a Ucrânia não adira à aliança militar — e para que a sua presença não seja alargada a mais países da Europa de Leste.
Já o Kremlin insiste em não recuar em relação a essas exigências, mas afirma estar disposto a discutir sobre outras questões em que os EUA se mostraram abertos a negociar. É o caso de limitar a instalação de mísseis e manobras militares na Europa.
Esta segunda-feira, os chefes da diplomacia dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) estão reunidos em Bruxelas para discutir, com o homólogo ucraniano, a crescente crise nas fronteiras da Ucrânia, onde a Rússia mantém meios militares que fazem recear um ataque em grande escala. O Conselho da UE adotou já formalmente um pacote de ajuda de emergência à Ucrânia no valor de 1,2 mil milhões de euros, proposto há menos de um mês pela Comissão Europeia. Em declarações à estação pública alemã ARD, emitidas na noite de domingo, a presidente do Executivo comunitário, Ursula von der Leyen, voltou a ameaçar o Kremlin com a aplicação de sanções, no caso de uma invasão.
Moscovo continua a negar planos de uma invasão à Ucrânia e, nos últimos dias, tem anunciado a retirada de tropas de regiões próximas da fronteira entre os dois países. Contudo, os Estados Unidos e os seus aliados têm contestado os sinais de uma desescalada militar no terreno, reafirmando que a Rússia “parece continuar os preparativos para um ataque em grande escala à Ucrânia muito em breve”.
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