Centeno diz que é preciso “tornar o euro atrativo para fins de reserva”
Governador do Banco de Portugal, membro do conselho de decisores do Banco Central Europeu, reconhece a necessidade de tornar o euro mais "atrativo para fins de reserva". Dólar é a moeda dominante.
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse esta quinta-feira que “o euro é fundamental para projeto de paz e prosperidade europeu se cumpra”. Por isso, enquanto membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu, garantiu: “Estamos comprometidos em tudo fazer para que o euro continue a ser motor de prosperidade, uma moeda estável e segura.”
Estas declarações, proferidas num evento organizado com os CTT para a emissão de selos dedicados aos 20 anos do euro, surgem numa altura em que a moeda única tem desvalorizado face à principal concorrente, o dólar. Desde 1 de janeiro que o valor do euro face ao dólar caiu mais de 12%, à luz da postura mais agressiva da Fed americana na subida das taxas de juro em comparação com o ritmo que tem sido adotado pelo BCE. Aliás, esta quinta-feira, o euro negociava novamente abaixo da paridade com o dólar, valendo 0,9988 dólares.
Enaltecendo o “papel internacional do euro”, Mário Centeno reconheceu que é preciso “tornar a moeda atrativa para fins de reserva”. Atualmente, o dólar é a moeda dominante, sendo até visto como um refúgio pelos investidores, mas o papel de reserva do dólar tem sido posto em causa pelas sanções dos EUA a Moscovo após a invasão da Ucrânia, depois de terem sido congelados centenas de milhares de milhões de dólares que eram detidos pelo banco central russo.
Quase 60% das reservas em moeda estrangeira são em dólares, contra uma quota de 20,6% do euro, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Mário Centeno lembrou também que estão na calha dois projetos envolvendo o euro. O primeiro é o novo desenho das notas, para 2024, e o segundo é o lançamento do euro digital, que ainda não está decidido. Segundo o governador, o euro digital seria “mais adaptado às novas preferências dos utilizadores”.
Por fim, tocando ainda na “emissão massiva de dívida” conjunta na União Europeia para financiar a “bazuca”, o que representou uma “resposta musculada da Europa” aos efeitos da pandemia, Centeno falou num “caminho de integração, solidariedade e partilha de riscos”. “Não é momento para cruzarmos os braços”, atirou. “O euro é instituição muito jovem. Há muito que podemos fazer para o aperfeiçoar.”
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