Comunicações em Portugal devem escapar a eventuais racionamentos de luz no inverno
Associação que representa Meo, Nos e Vodafone entende que caso tenha de haver "cortes programados" no fornecimento elétrico no inverno, as redes de telecomunicações terão de ficar de fora.
A associação que representa as operadoras portuguesas entende que caso o país tenha de racionar eletricidade durante o inverno, no contexto da crise energética, “quaisquer cortes programados” no fornecimento elétrico terão de “preservar o funcionamento das redes de comunicações”. No entanto, apagões inesperados poderão afetar os serviços, se forem prolongados, disse ao ECO fonte oficial da Apritel.
Na quinta-feira, a Reuters noticiou que operadoras em vários países europeus estão a alertar para o risco de “apagões” parciais nas telecomunicações, caso haja falhas no abastecimento elétrico. Em Portugal, a opção ainda é remota, porque, ao contrário de países como a Alemanha, as elétricas não dependem tanto do gás natural russo para a produção de eletricidade. Mas não estão imunes à subida dos preços.
O ECO questionou a Meo, Nos e Vodafone sobre o risco de constrangimentos no fornecimento de serviços de telecomunicações em Portugal por causa da crise energética que se vive na Europa. O setor optou por responder através da Apritel e começou por lembrar que “as principais infraestruturas de comunicações eletrónicas do país têm autonomia energética, suportada em sistemas de socorro adequados”.
Porém, falhas imprevistas mais duradouras poderão ser um problema: “Naturalmente, perante eventuais situações de cortes prolongados de energia, não pode ser excluída a possibilidade de haver alguma afetação das redes de comunicações”, admite a Apritel.
Pelo contrário, caso se tratem de cortes previstos – por exemplo, por motivos de racionamento imposto ao nível da administração central –, o setor das telecomunicações entende que tem de ser deixado de fora dessas medidas excecionais. “Quaisquer cortes programados não poderão deixar de preservar o funcionamento das redes de comunicações, a par de outros serviços e infraestruturas críticas”, rematou, em resposta ao ECO, fonte oficial da associação setorial.
Certo é que os confinamentos da Covid-19 e o ciberataque à Vodafone no início do ano, que deixou a operadora praticamente sem serviços durante vários dias, vieram mostrar a criticidade das redes de telecomunicações na economia e sociedade modernas. Por exemplo, o problema da Vodafone afetou não só os milhões de clientes da empresa em Portugal, mas também entidades privadas e instituições públicas de serviços essenciais.
Não será, por isso, difícil para as operadoras argumentarem que as redes devem continuar a funcionar. Mesmo no pior cenário de racionamento de energia.
A notícia da Reuters de quinta-feira indicava, em concreto, que os Estados-membros da União Europeia estão a tomar medidas para garantir que as telecomunicações podem continuar a funcionar em caso de falhas na rede elétrica. No geral, os equipamentos que fornecem as redes móveis têm baterias que garantem energia em caso de falha elétrica, mas a autonomia rondará os 30 minutos, segundo a agência.
França, Suécia e Alemanha estarão entre os países em que o risco é superior. A Reuters referia que, em França, o Governo, as operadoras e a fornecedora de eletricidade EDF mantiveram conversações sobre este assunto no verão — o país enfrenta constrangimentos energéticos depois de a geração elétrica em vários dos seus reatores nucleares ter sido interrompida para manutenções. Na Suécia e na Alemanha, as operadoras também suscitaram estas preocupações.
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