Britânicos da Patron vendem sede da Uber em Lisboa por 18 milhões

Britânicos da Patron Capital e Finangeste venderam este edifício ao fundo VIP, gerido pela Silvip. Desde 2021 que o imóvel é um centro de excelência da Uber em Portugal.

O edifício onde está instalada a sede da Uber, em Lisboa, foi vendido pelos britânicos da Patron Capital e pela Finangeste ao fundo português VIP, gerido pela Silvip. O valor da operação não foi revelado, mas o ECO apurou junto de fontes do mercado imobiliário que foi fechada por 18 milhões de euros.

É o edifício que está localizado no número 85 da Avenida Barbosa du Bocage, na zona do Campo Pequeno, em Lisboa. Construído nos anos 1990 e com uma área de cerca de 3.800 metros quadrados, espalhada por seis pisos, acolhe desde 2019 a Uber.

O imóvel foi vendido pelos britânicos da Patron Capital e pela Finangeste — foi o primeiro banco com ativos tóxicos criado em Portugal, em 1978 — ao fundo VIP, gerido pela Silvip, uma empresa do Grupo SIL. A informação foi divulgada esta terça-feira pela Cushman & Wakefield que, em parceria com a RPE, assessorou os vendedores nesta operação. Em 2019, a Patron e a Finangeste tinham comprado o edifício à Tranquilidade.

David Lopes, partner e Head of Capital Markets da Cushman, citado num comunicado de imprensa, refere que “esta transação é um reflexo da contínua confiança dos investidores institucionais no presente e futuro dos mercados de investimento e de ocupação de escritórios de Lisboa”.

Já Tim Seconde, Head of Capital Markets da RPE, refere que, “numa altura de relativa incerteza, ainda existe confiança dos investidores no produto certo com o retorno certo”. “Iremos certamente continuar a ver atividade transacional no mercado de escritórios de Lisboa nos próximos 12 meses”, acresenta o responsável.

Em 2021, a Uber investiu mais de 90 milhões de euros para criar um centro de excelência neste edifício, para acolher cerca de 600 pessoas. É neste edifício que a empresa agrupa as operações da aplicação de transporte privado, mas também a Uber Eats. Este centro de excelência dá suporte aos clientes da cotada norte-americana no sul da Europa, num total de nove países, de Espanha a Itália, da Turquia a Israel.

O imóvel conta ainda com 116 lugares de estacionamento e é ainda casa da Park In, empresa que se dedica à exploração do parque de estacionamento.

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Portuguesa Didimo recebe mais de 7 milhões de investimento e contrata em 2023

Tecnológica fundada em 2016 no Porto consegue criar gémeos digitais de alta fidelidade em menos de um minuto. Em 2023 pretende contratar pelo menos 10 novos elementos.

A tecnológica portuguesa Didimo recebeu 7,15 milhões de dólares (7,34 milhões de euros) na sua série A de investimento. A startup do Porto, que cria gémeos digitais que podem ser usados no metaverso ou videojogos em menos de um minuto, vai acelerar o crescimento comercial e contratar, pelo menos, 10 novos elementos no próximo ano, elevando para 35 o número de colaboradores.

A injeção de capital foi liderada pela Armilar Venture Partners, contando com a participação das sociedades de capital de risco Bright Pixel Capital, Portugal Ventures e Techstars. Antes da série A, a Didimo já tinha arrecadado 8,8 milhões de dólares (cerca de 9 milhões de euros) junto dos investidores, refere a base de dados Crunchbase.

“Os principais objetivos da série A são constituir uma equipa comercial e desenvolver a tecnologia necessária para o crescimento do nosso produto para mais setores. Pretendemos adquirir clientes novos e estabelecer parcerias com grandes/médias empresas na área do entretenimento, moda e metaverso”, salienta ao ECO/Pessoas a fundadora e presidente executiva da Didimo, Veronica Orvalho.

O investimento foi levantado numa altura de menor liquidez do mercado financeiro. Veronica Orvalho reconhece que “conseguir esta ronda de investimento neste momento é um privilégio“.

A injeção de capital também vai servir para aumentar a equipa, atualmente com 24 pessoas. “Ao longo do próximo ano, esperamos crescer a equipa para 35 trabalhadores — algo que nos vai permitir trazer ainda mais dedicação à nossa missão.”

Apesar de contar com um escritório no Porto, a equipa da Didimo está espalhada pelo mundo, em países como Reino Unido e República Dominicana. “O escritório físico é um ótimo lugar para a equipa se reunir, adiantar trabalho e pensar em futuras implementações. Uma vez que construímos um produto que ajuda as pessoas a envolverem-se a partir de qualquer lugar, implantamos este pensamento também no nosso dia-a-dia profissional.

Gémeos para outras realidades

Criados a partir de um ser humano, os gémeos digitais da Didimo podem ser usados no metaverso, videojogos e experiências digitais imersivas, como concertos virtuais ou experimentar roupa em lojas digitais.

“Por exemplo, no caso de uma marca de roupa que pode proporcionar uma experiência de loja 100% digital ou mesmo do ponto de vista da educação, onde os professores podem lecionar aulas num mundo virtual. É uma identidade digital que não será a única no metaverso, mas será uma extensão de quem nós somos”, nota a líder da tecnológica.

A transformação de rostos a duas dimensões em versões digitais a três dimensões já conquistou empresas como a NOS, Sony, Atom Stars e a Soleil Game Studios, assinala Veronica Orvalho.

A questão das deep fakes também preocupa a missão da Didimo. Para evitar a criação deste tipo de vídeos, “não guardamos as fotografias

A Didimo também está cada vez mais preocupada com as questões éticas, tendo em conta que a tecnologia pode ser usada para fins maliciosos. “Nos nossos termos e condições explicamos que a nossa solução não pode ser usada de forma errada. Recusamos projetos que não sigam as práticas corretas.”

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União Europeia prepara novo pacote de combate à crise energética em novembro

Comissão quer voltar a debater proposta que visa aplicar um teto sobre o preço do gás junto dos Estados-membros mais reticentes. Fonte revela à Reuters que nova versão será apresentada ainda este mês.

A União Europeia (UE) prepara-se para aprovar um novo pacote de medidas de combate à crise energética já no próximo mês, estando em cima da mesa uma nova versão da medida que visa aplicar um teto sobre o preço do gás.

De acordo com a notícia avançada pela Reuters, esta terça-feira, as novas medidas de emergência deverão ser discutidas nas próximas semanas e oficializadas em novembro, isto depois de António Costa ter revelado que mais um país se juntou ao grupo de 15 Estados-membros, do qual Portugal faz parte, e que defende a aplicação de um teto sobre o preço do gás natural importado e distribuído por pipeline.Um dos países mais reticentes, já aceita a medida”, indicou o primeiro-ministro, na semana passada, após a primeira reunião da Comunidade Política Europeia, em Praga, não especificando, no entanto, que Estado terá mudado de posição. Certo, é que a Alemanha e os Países Baixos foram os dois países que se opuseram fortemente à medida proposta pela Comissão Europeia.

A maioria dos 27 países da UE defende que a fixação de um preço máximo do gás deve ser o próximo passo no combate à escalada da crise energética, agravada pela guerra na Ucrânia. No entanto, os países não conseguem chegar a um consenso sobre se esse teto deve ser aplicado a todos os negócios de gás, contratos a longo prazo ou apenas ao gás usado para produzir eletricidade.

Fonte da Comissão Europeia avança à Reuters que na reunião desta quarta-feira, 12 de outubro, o executivo comunitário vai procurar trabalhar a medida de forma a reunir consenso junto dos países. A ideia será apresentar uma nova versão da proposta ainda este mês e convocar, em novembro, uma reunião extraordinária entre os ministros da Energia para a aprovar de seguida. No entanto, a mesma fonte admite que será “difícil chegar a um consenso porque todos têm as suas próprias preferências”. Sem a aprovação dos 27 Estados-membros, a medida não pode ser aprovada.

Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen tinha apontado que este teto, semelhante ao que existe já em Portugal e Espanha com o mecanismo ibérico, “seria também um primeiro passo no caminho para uma reforma estrutural do mercado da eletricidade”.

“Mas também temos de olhar para os preços do gás para além do mercado da eletricidade” e, por isso, “trabalharemos também em conjunto com os Estados-membros para reduzir os preços do gás e limitar a volatilidade e o impacto da manipulação dos preços pela Rússia”, indicou Ursula von der Leyen, sem concretizar.

Esta quarta-feira, os ministros também vão abordar a possibilidade de serem feitas compras conjuntas de gás e de serem negociados preços mais baixos com fornecedores não russos, como forma de a UE controlar os preços da energia.

Esta nova estratégia de intervenção de emergência procede o pacote de medidas adotado em setembro e que visa reduzir o consumo de eletricidade nas horas de maior procura, um teto sobre os preços das renováveis e uma “contribuição temporária de solidariedade sobre os lucros excedentários” nos combustíveis fósseis — o famoso imposto sobre os lucros excessivos.

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Irene Vieira Rua sobe a chief people officer do Doutor Finanças

A empresa tem, agora, 200 colaboradores e registou um crescimento de 12% ao nível dos recursos humanos no último ano.

O Doutor Finanças promoveu Irene Vieira Rua para a posição de chief people officer, passando a integrar a comissão executiva da empresa em Portugal e ficando com o pelouro das pessoas e da cultura organizacional.

“Todos conhecemos a Irene como a ‘pessoa das pessoas’, o que reflete totalmente o percurso que tem feito connosco, fazendo agora todo o sentido integrar a comissão executiva. A Irene tem um papel preponderante dentro do Doutor Finanças, sendo responsável pela implementação de várias iniciativas, como a semana das 32 horas ou o modelo de trabalho totalmente flexível, que têm como foco o bem-estar dos nossos doutores. As pessoas são mesmo o nosso maior investimento”, afirma Rui Bairrada, CEO do Doutor Finanças, em comunicado.

Com cerca de 200 colaboradores e um crescimento de 12% ao nível dos recursos humanos no último ano, a profissional integra agora a comissão executiva da empresa, cinco anos depois de ter assumido funções enquanto diretora de pessoas e cultura organizacional.

“As pessoas são a verdadeira força motriz de qualquer organização. Tenho muito orgulho na nossa equipa, e, sobretudo, nas nossas pessoas. Acredito que as organizações têm o dever de contribuir para a felicidade dos seus e, no que a nós diz respeito, tudo faremos para potenciar a felicidade dos nossos. Apenas assim conseguimos crescer em conjunto e levar o Doutor Finanças a continuar a sua rota de crescimento”, sublinha Irene Vieira Rua.

Licenciada em Psicologia, pós-graduada em Gestão e Desenvolvimento Estratégico de Recursos Humanos e com um executive master em Project Management, Irene Vieira Rua conta com mais de 15 anos de experiência profissional, desempenhando até à data o cargo de diretora de pessoas e cultura organizacional no Doutor Finanças.

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Impostos “verdes” ascenderam a 5 mil milhões de euros em 2021 e superaram média europeia

Em 2021, a fatia de impostos "verdes" em Portugal superou a média europeia, tendo acumulado cerca de 5 mil milhões de euros em receita fiscal. Impostos sobre energia com maior peso.

O valor dos impostos com relevância ambiental ascendeu a cerca de 5 mil milhões de euros em 2021, representando 6,6% da receita fiscal e contribuições sociais em Portugal naquele ano. Os impostos sobre a energia foram os que tiveram maior representação, acumulando 76,6% do total da receita dos impostos com relevância ambiental.

De acordo com o relatório divulgado esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os 5 mil milhões de euros traduzem-se numa subida de 6,3% relativamente a 2020, o que compara com a variação de +7,5% observada para o total da receita de impostos e contribuições sociais, “refletindo essencialmente a retoma no consumo de combustíveis, uma vez que a receita de impostos associados à aquisição de veículos automóveis voltou a decrescer”, explica a entidade.

Os impostos com relevância ambiental são constituídos, essencialmente, por três taxas: o imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos, o imposto sobre veículos e o imposto único de circulação. Por categorias, em 2021, os impostos sobre a energia representaram 76,6% do total da receita dos impostos com relevância ambiental, já os impostos sobre os transportes tiveram um peso de 22,4%, enquanto os impostos sobre os recursos e sobre a poluição tiveram “uma expressão insignificante” (ambos com um peso de 0,5%), informa o INE.

Entre 2020 e 2021, o imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos foi o que pesou mais no total dos impostos “verdes”, passando de 69,8% para 70,7%, enquanto o imposto referente às licenças de emissão de gases com efeito de estufa aumentaram de de 5,6% para 5,9%, no mesmo período.

Em sentido oposto, revela a entidade, perdeu importância o imposto sobre os veículos, atingindo agora 8,6% do total dos impostos com relevância ambiental (9,5% em 2020), tendo-se verificado novamente uma diminuição (-3,4%) na receita deste imposto em 2021.

Impostos “verdes” em Portugal superam média europeia

Segundo o INE, em 2020, o peso dos impostos com relevância ambiental atingiriam 6,7% em Portugal — um valor superior à média dos restantes Estados-membros que se fixou em 5,6%. Nesse mesmo ano, o peso dos impostos com relevância ambiental no PIB em Portugal (2,4%) foi superior ao da média da UE (2,2%), explica a entidade.

Tal como em Portugal, a maioria dos países do bloco europeu regista um peso relativo mais elevado dos impostos sobre a energia no total dos impostos com relevância ambiental. Porém, em 2020, esse peso relativo em Portugal (75,4%) foi inferior à média da União Europeia (77,5%).

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Gestão da Mudança: o que é preciso nas Organizações?

  • PESSOAS + EY
  • 11 Outubro 2022

Historicamente, a mudança deriva dos tempos primórdios da existência humana e é um processo nato e necessário para a sobrevivência do Homem e da Sociedade.

Em todos os aspetos de transformação estratégica, comportamental, estrutural ou tecnológica, todas as organizações estão continuamente suscetíveis às mudanças.

A Gestão da Mudança é um tema relevante para o sucesso das organizações, tornando-se num processo contínuo e evolutivo, que visa acompanhar, rever e sequencialmente, mensurar o impacto das transformações que as organizações adotam. Os motivos que originam a necessidade de implementar programas de Gestão da Mudança estão maioritariamente relacionados com fatores internos (força de trabalho, alteração no volume de negócios, cultura organizacional, processos e estratégia) e fatores externos (desenvolvimento de novas tecnologias, eventos económicos, legislação, sociais, ambientais, clientes e a concorrência).

Segundo o inquérito realizado pela EY, em junho e julho de 2020, com o propósito de avaliar as transformações nas organizações (resultante do impacto da pandemia do COVID-19), foi possível averiguar que 84% dos colaboradores e 79% empregadores inquiridos reconhecem a adoção de ferramentas digitais no local de trabalho como críticas para future workexperience, e que 78% dos líderes planeiam mudanças ao nível das ferramentas tecnológicas e da força de trabalho.

Em todos os aspetos de transformação estratégica, comportamental, estrutural ou tecnológica, todas as organizações estão continuamente suscetíveis às mudanças.

No contexto atual, verifica-se que muitas organizações continuam inertes no que concerne ao timing em que detetam a necessidade da mudança e que esboçam os primeiros sinais de resposta aos desafios que lhes são apresentados. Na verdade, a própria noção de resistência à mudança, por parte das organizações está muitas vezes ligada à inércia organizacional que estas apresentam. Ao fator inércia, podemos ainda adicionar a incerteza, a falta de know-how e recursos financeiros que suportam a mudança. No caso das pessoas, a resistência à mudança deriva de fatores, tais como: hábitos, segurança, incertezas, crenças, sentimentos, perceções, etc… É importante referir que, independentemente do processo da mudança, o derradeiro impacto recai sobre as pessoas, e, por este motivo, estas são naturalmente resistentes à mudança, sobretudo quando não lhes é explicado o porquê do processo de mudança, bem como os seus ganhos.

Comummente, ouve-se a expressão “a mudança é a lei da vida”. Porém, é cada vez mais certo que a mudança nem sempre ocorre como pretendido, pois ela impacta e produz resultados de forma diferente, trazendo a imprevisibilidade e a incerteza para as organizações.

John Kotter, professor da Harvard Business School, desenvolveu 8 passos fundamentais para gestão de mudança, assim como metodologias de melhoria contínua que podem auxiliar nesse processo:

  1. Criar sentido de urgência
    Para que uma mudança possa acontecer efetivamente, o primeiro passo é envolver as pessoas que participarão dela. Desde a gestão de topo, passando pelos funcionários até aos acionistas e clientes. O objetivo desta etapa é preparar os funcionários para a próxima mudança e incentivá-los a participar. Para que esta etapa seja bem-sucedida, o projeto de mudança deve contar com o apoio de cerca de 75% da gestão da organização.
  2. Desenvolver Alianças estratégicas
    Outro passo fundamental durante o desenho de planos de gestão de mudança é a identificação de colaboradores, que possam servir como agentes da mudança. Estas pessoas devem ser escolhidas não apenas pelo cargo que ocupam, mas também pelo seu status e experiência no tema. O objetivo é que estes possam influenciar as pessoas do seu círculo durante o processo de mudança e ajudar a eliminar problemas antes mesmo de acontecerem. Esta etapa concentra-se na criação de uma equipa forte com todas as habilidades, qualificações, reputação, conexões e autoridade necessárias para liderar iniciativas de mudança e influenciar as partes interessadas
  3. Elaborar uma Visão para a Mudança
    A visão para uma empresa é o que motiva e orienta as ações da sua equipa. Deve fornecer metas realistas que sejam alcançáveis para ajudar a medir o sucesso, o que também atrairá as partes interessadas da empresa. Neste passo, é necessário elaborar uma visão com os principais valores relacionados com a mudança, de forma clara e objetiva, para que todos entendam rapidamente o que será necessário realizar no dia a dia. Este passo será essencial para colocar as suas ações em execução.
  4. Promover a Comunicação da Mudança
    Desenvolver um plano de comunicação irá contribuir para uma maior orientação de todos os envolvidos. Em todos os processos a comunicação, é um fator-chave; na Gestão da Mudança, é extremamente estratégico. O objetivo é conquistar os corações e mentes de todos os colaboradores, incentivá-los a fazer sacrifícios para apoiar a mudança e convencê-los de que a mudança é alcançável e que as recompensas são benéficas tanto para o negócio quanto para eles mesmos.
  5. Remover obstáculos
    No 5.º passo, Kotter propõe que as empresas se certifiquem de que as barreiras humanas, técnicas e normativas sejam devidamente removidas para que as novas soluções possam ser abraçadas sem barreiras. Como qualquer outro processo que acontece dentro de uma organização, os processos de mudanças são feitos por pessoas, é necessário verificar se estas pessoas, além de aderirem aos processos propostos, estão preparadas para as atividades que irão realizar. Capacitar a força de trabalho é um fator fundamental nos processos de Mudança. Algumas das ações a tomar é compreender os obstáculos internos à mudança que impedem a sua implementação e a comunicação aberta com colaboradores e stakeholders podem auxiliar neste diagnóstico. Garantir que a nova visão de mudança seja refletida em todos os processos organizacionais, estruturas, políticas e sistemas de recompensa. Reconhecer e recompensar os colaboradores que contribuem para implementar a mudança. Fornecer formação, coaching e orientação necessária para enfrentar os obstáculos com sucesso.
  6. Definir metas de curto prazo
    As mudanças não acontecem do dia para a noite. Os colaboradores podem ficar desanimados depois de trabalhar por muito tempo sem ter uma sensação de realização com as tarefas. Dessa forma, um importante passo é a criação de metas e incentivos para as equipas a curto prazo, com o objetivo de comemorar os objetivos alcançados e dar recompensas para aqueles que agirem em favor da mudança.
  7. Manter o ritmo
    Após os objetivos de curto prazo serem alcançados, as equipas tendem a considerar que o trabalho está realizado. Ainda que os ganhos de curto prazo sejam atrativos num momento inicial, as mudanças verdadeiras levam certo tempo para serem totalmente absorvidas. É muito importante manter o ritmo de entregas e permanecer focado em atingir todos os objetivos planeados inicialmente. Esta etapa trata de manter a mudança em andamento, garantindo que as equipes estão a trabalhar para alcançar a visão da mudança enquanto acompanham seu progresso.
  8. Fazer a Mudança ficar
    O objetivo dos líderes da mudança nesta etapa é criar uma nova cultura, em que a mudança possa ser sustentada. Isso inclui ajustar normas e valores organizacionais, procedimentos, sistemas de recompensa e outros componentes de infraestrutura para garantir que tudo esteja alinhado com a nova estratégia.Para alcançar este ponto é importante: discutir a importância das novas mudanças, enfatizando as vantagens que elas oferecem; criar novos programas de capacitação e desenvolvimento, para ajudar os colaboradores a adquirir as habilidades e competências de que precisam; e melhorar ou eliminar procedimentos organizacionais que não condizem com a nova cultura.

A Gestão da Mudança tem tudo que ver com trabalho em equipa e acordo (concordância entre as partes). Quatro princípios de mudança são usados em combinação com o modelo de mudança de 8 etapas Kotter para orientar a componente “pessoas”:

  1. Liderança e Gestão: enfatiza a necessidade de trazer liderança para ajudar na iniciativa de mudança.
  2. Mente e Coração: leva em consideração o que motiva cada pessoa para que esta consiga mudar o seu comportamento ou atitude em relação a algo novo.
  3. Selecione Poucos e Diverse Muito: em vez de simplesmente dar ordens às pessoas, deve ser dada a oportunidade de liderar.
  4. “Tenho que” + “Quero”: este conceito no modelo de Gestão de mudanças de Kotter afirma que as pessoas respondem melhor e podem tornar-se maiores defensores da mudança se quiserem ajudar, em vez de simplesmente fazer o que lhes é dito para fazer.

Estes 4 elementos são, portanto, fundamentais num processo de gestão de mudança e objetivo de foco durante qualquer desenho e implementação deste tipo de projetos. A impossibilidade de ter certos elementos juntos aumenta a probabilidade de falhar.

Maria Ngunza, Consultant EY, People Advisory Services; e Cátia Freitas, Manager EY, People Advisory Services

Para garantir que os projetos de Gestão da Mudança da sua organização são implementados com sucesso, poderá fazê-lo internamente; solicitando um consultor, mudar não é fácil, mas existem empresas especializadas no tema; ou adquirir workshops/Formações para capacitar as suas equipas a compreender a mudança, alavancá-la e promovê-la na sua organização.

Resumindo, a mudança estará continuamente presente no crescimento e desenvolvimento das organizações. É crucial criar uma cultura de mudança, o engagement das pessoas, incentivar e promover um espírito colaborativo para o alcance dos objetivos, de forma a garantir-se a eficácia do processo de transformação.

Considerando a vasta experiência da EY, a nossa abordagem à Gestão da Mudança foca-se em oferecer a melhor experiência de transformação aos nossos Clientes e às suas pessoas, permitindo que estes obtenham os melhores resultados e alcancem com sucesso os objetivos definidos de forma sustentável e robusta.

Texto por Cátia Freitas, Manager EY, People Advisory Services, e Maria Ngunza, Consultant EY, People Advisory Services.

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CP oferece mais 30 mil viagens no Intercidades com desconto. Lisboa-Porto a 5,50 euros

  • Joana Abrantes Gomes
  • 11 Outubro 2022

Bilhetes são válidos para viagens a realizar entre 20 de outubro e 22 de dezembro e devem ser comprados com uma antecedência mínima de 10 dias relativamente à data da viagem.

A CP – Comboios de Portugal anunciou que vai disponibilizar 30 mil viagens na segunda classe do Intercidades a preços promocionais a partir desta terça-feira. A iniciativa vem no seguimento de campanhas similares que a empresa tem realizado desde 2013.

À semelhança das campanhas anteriores, a viagem entre Porto e Lisboa pode ser comprada a partir de 5,50 euros, revela a empresa em comunicado.

Para quem pretenda viajar entre Lisboa e Aveiro, o custo será de 4,50 euros, tal como a viagem Lisboa-Faro. Da capital portuguesa à Covilhã ou a Coimbra, o preço é de 4 euros.

As viagens mais baratas ao abrigo da promoção continuam a ser entre Lisboa e Évora ou Beja, cujos preços são de 2,50 euros e 3 euros, respetivamente.

Os 30 mil bilhetes, que correspondem a cerca de 3.300 por semana, são válidos para viagens a realizar entre 20 de outubro e 22 de dezembro. A compra tem de ser feita, no mínimo, dez dias antes da data da viagem, através da bilheteira online, na app da CP e nos restantes canais da companhia ferroviária.

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Entrevista a Manuel Magalhães. Edição de outubro da Advocatus

  • ADVOCATUS
  • 11 Outubro 2022

Na Advocatus de outubro pode ler a entrevista ao managing partner da Sérvulo, Manuel Magalhães, um especial sobre as eleições da OA e ainda uma entrevista a João Lima Cluny, sócio da Morais Leitão.

Capa de outubro da Advocatus. Edição 140.º

Na Sérvulo desde 2011, Manuel Magalhães é atualmente managing partner e sócio no departamento de Financeiro e Governance, co-coordenando também as áreas de Reestruturação e Insolvência e Imobiliário, Turismo e Urbanismo. É membro da International Bar Association.

Esteve envolvido em várias operações relevantes e complexas – incluindo a criação, aquisição ou fusão de instituições de crédito e seguradoras, financiamentos estruturados, project finance, capital de risco, reestruturações de grandes grupos, assessoria de projetos turísticos de interesse nacional e inúmeras aquisições e vendas de ativos imobiliários, seja na forma de asset deal ou de share deal, através de sociedades ou fundos de investimento.

Manuel Magalhães, managing partner da Sérvulo & Associados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 07SET22
Manuel Magalhães, managing partner da Sérvulo & Associados, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

No passado dia 30 de setembro realizou-se a 13.ª edição do Rock ‘n’ Law, no Kais, em Lisboa e contribuíram com um donativo para o projeto “Centro de Integração para os Refugiados da Associação de Ucranianos de Portugal. Com este donativo, a organização do RnL pretende impactar cerca de 3.000 beneficiários diretos da associação e ainda 6.000 beneficiários indiretos, como por exemplo famílias. Espera-se que a linha de apoio psicossocial receba 2.500 contactos e que se possa ajudar estas pessoas através do correto encaminhamento dos refugiados para projetos específicos da associação ou outros serviços e entidades. A Advocatus fez a cobertura do evento.

Nesta edição pode ainda ler cinco entrevistas aos sete candidatos a futuro líder da Ordem dos Advogados. Com as candidaturas entregues até ao passado dia 30 de setembro, este ato eleitoral junta veteranos da Ordem, atual bastonário e alguns estreantes, incluindo uma mulher. Leia as posições de todos os candidatos a alguns dos temas mais fraturantes na advocacia atual: sistema de previdência versus Segurança Social, defesas oficiosas, sociedades multidisciplinares, regime fiscal dos advogados e ainda as alterações previstas ao regime das Ordens Profissionais.

Candidatos a bastonário da Ordem dos Advogados: António Jaime Martins, Fernanda de Almeida Pinheiro, Luís Menezes Leitão, Paulo Pimenta, Paulo Valério, Rui da Silva Leal e Varela de Matos.

Nuno Cerejeira Namora, sócio fundador da Cerejeira Namora, Marinho Falcão, esteve à conversa com a Advocatus e mostrou-se “orgulhoso” dos 30 anos de atividade do escritório. Afirmou que os objetivos estão a ser cumpridos e que, a curto prazo, pretendem atingir uma centena de profissionais. Em termos internacionais, o advogado avançou que “embarcaram” numa nova aventura internacional e que será anunciada em breve. Descubra todos os pormenores na rubrica sociedade do mês.

João Lima Cluny é o advogado do mês desta edição. O recente sócio da Morais Leitão contou como têm sido os 15 anos no escritório. Sublinhou que continua “apaixonado” pelo que faz e por poder contribuir para a “realização da Justiça”. O advogado defende que qualquer análise que se queira fazer às contas e à faturação dos escritórios deve ter em consideração as “diferentes fórmulas que têm sido usadas”.

João Lima Cluny, partner da Morais Leitão, em entrevista ao ECO/Advocatus - 07SET22
João Lima Cluny, partner da Morais Leitão, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

A Greenvolt anunciou um aumento de capital no valor de 100 milhões de euros, resultante da emissão de quase 18 milhões de ações a um preço unitário de 5,62 euros. A PLMJ assessorou o sindicato bancário coordenado pelo BNP Paribas e pelo Santander e que integra o CaixaBank, o MedioBanca, a JB Capital Markets e o Caixa BI. Já a GreenVolt esteve com a VdA. Descubra todos os pormenores da operação na rubrica negócio do mês da 140.ª edição.

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Portugal recuou no combate à corrupção, diz Transparência Internacional

  • Lusa
  • 11 Outubro 2022

Um total de 47 países exportadores recuaram no combate contra a corrupção, incluindo Portugal, nas atividades que as respetivas empresas mantêm no estrangeiro, alertou a Transparência Internacional.

Um total de 47 países exportadores – a nível mundial – recuaram no combate contra a corrupção, incluindo Portugal, nas atividades que as respetivas empresas mantêm no estrangeiro, alertou esta terça-feira a Transparência Internacional (TI).

À escala global registou-se um “declive contínuo” na luta contra irregularidades incluindo o pagamento de subornos nas operações no estrangeiro, de acordo com a organização não-governamental (ONG) com sede da Alemanha.

Na Europa, de acordo com o estudo da ONG, predomina “um panorama sombrio” em países como Portugal, Espanha, Itália e Suécia onde se registou “um abandono brutal” do empenhamento em relação às medidas de combate a irregularidades.

Nos últimos dois anos estes países (incluindo Portugal) passaram da categoria “aplicação moderada” a “aplicação limitada”, de acordo com os padrões estabelecidos pela ONG.

Outros países da União Europeia como Bélgica, Dinamarca, Finlândia ou Luxemburgo mantêm-se na categoria “aplicação inexistente”.

Entre os motivos para esta situação a TI refere que, na “quase totalidade” dos países avaliados, as autoridades policiais ou de investigação contra delitos económicos e financeiros carecem de recursos necessários.

Apesar do impacto provocado pela pandemia de Covid-19, em todos os aspetos, incluindo na luta contra a corrupção, a Transparência Internacional indica que o “declive registado” começou a notar-se antes da crise sanitária refletindo “uma profunda vontade política”.

A organização não-governamental que prepara o lançamento do relatório bianual com o título “A Exportação da Corrupção” alerta esta terça-feira que se alcançaram níveis semelhantes aos verificados em 2009.

Em 2018, 27% dos países estudados aplicavam de forma ativa a Convenção Anti-Corrupção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mas entre 2020 e 2022 assistiu-se à redução para 16,5% e 11,8%, respetivamente, o que significa um retrocesso de 56% em quatro anos.

“Os governos enfrentam muitos desafios, desde [o combate] à cleptocracia aos desastres climáticos e ao caos económico”, afirma a presidente da Transparência Internacional, Delia Ferrera, em comunicado divulgado esta terça-feira.

Mesmo, assim, sublinha Ferrera, os países não devem perder de vista as redes de corrupção transnacionais que fazem aumentar as ameaças e bloqueiam possíveis soluções ao infringir leis, ao afastarem a concorrência sendo que também bloqueiam recursos do erário público.

De acordo com as primeiras conclusões da Transparência Internacional, atualmente apenas dois países – de um total de 47 – se mantêm na lista “implementação ativa” da convenção da OCDE: Estados Unidos e Suíça.

Paradoxalmente, os Estados Unidos e a Suíça encontram-se também no final da tabela em matéria de “transparência financeira”.

Sete países, responsáveis por 16,9% das exportações globais incluem-se na categoria “implementação moderada” e 18 Estados que acumulam 15,5% das exportações, aplicam a mesma convenção de forma “limitada”.

A Transparência Internacional destaca igualmente que, na atualidade, 55% das exportações mundiais procedem de países que não lutam contra a corrupção das empresas multinacionais.

No caso da República Popular da China, a TI recorda que se trata de um país que não é signatário da convenção da OCDE e que não dispõe de qualquer legislação sobre subornos no estrangeiro. No mesmo grupo da República Popular da China encontram-se países como o Japão, Índia, México ou Rússia.

Nos últimos dois anos só o Peru e a Letónia intensificaram o combate contra subornos no estrangeiro, de acordo com a Transparência Internacional.

A ONG avisa que a maioria dos grandes exportadores mundiais não dispõe de qualquer tipo de programa de proteção para denúncias sobre alegados delitos de corrupção internacional e recomenda que os governos reforcem “os pontos de debilidade” legislativa e os sistemas de implementação de medidas.

A TI insta também os vários países exportadores a garantir a transparência no que diz respeito à informação relacionada com a luta contra este tipo de corrupção como, por exemplo, a criação de uma base de dados pública de casos assim como pede aos governos medidas para compensação das vítimas destes delitos.

“Chegou o momento de se reconhecerem os direitos das vítimas e o momento para se desenvolverem mecanismos transparentes e capazes de prestarem contas no sentido de serem compensados os prejudicados, incluindo Estados estrangeiros, empresas e populações afetadas pelos subornos”, disse Gillian Dell, uma das autoras principais do relatório da Transparência Internacional.

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Buscas na GFK por suspeitas de manipulação de audiências televisivas

  • ECO
  • 11 Outubro 2022

A PJ está a fazer buscas na sede da GFK Portugal. Em causa suspeita de adulteração nas audiências televisivas. A empresa liderada por António Salvador reagiu ao final da tarde.

A Unidade de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária (PJ) realizou buscas na sede da GFK Portugal, a empresa que mede as audiências televisivas em Portugal, avançou o Correio da Manhã. A informação também foi confirmada pelo ECO junto da Unidade de Combate à Corrupção.

De acordo com a CNN, em causa estão suspeitas de “adulteração dos resultados das audiências de televisão, com consequências diretas no mercado publicitário”.

O crime em causa, sabe o ECO, é ilícito de corrupção no setor privado e está a ser investigado pelo DIAP de Lisboa

A abertura do inquérito foi confirmado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em junho do ano passado, na sequência de uma denúncia sobre a alegada adulteração de audiências televisivas, que foi remetida ao Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), onde deu origem a um inquérito.

A notícia foi revelada em manchete pelo semanário Tal & Qual, acabado de relançar. “Guerra das audiências a ferro e fogo: ‘Share da televisão de Balsemão na mira das autoridades’”, escrevia o título, sendo depois citado pela TVI. Seguiram-se comunicados e contra comunicados da SIC, TVI e Comissão de Análise de Estudos de Meios (CAEM), os principais interessados na medição de audiências, instrumento que dita o investimento publicitário em televisão.

A Impresa classificava de “absolutamente falsa, de má-fé e lesiva a acusação do Tal & Qual”, reservando-se ao “direito de recorrer aos meios legais ao seu dispor para defender a sua reputação”.

“Tal como o resto do mercado, representado pela CAEM (que agrega anunciantes, agências e meios de comunicação social), exceto, aparentemente, a TVI, confiam no sistema de medição de audiências em vigor, algo que acontecia mesmo durante os anos em que a SIC não foi líder de audiências”.

De seguida, a reação da TVI. “É completamente falsa e sem sentido a acusação feita pelo Grupo Impresa e SIC de que existiu má-fé por parte da TVI”, que se limitou a “noticiar uma investigação da PGR, confirmada oficialmente, como tantas vezes acontece em relação aos mais variados temas e assuntos”.

Também a CAEM, que reúne representantes dos canais, anunciantes e agências de meios, repudiou, “em absoluto” a “tentativa de descredibilizar de forma infundada” o sistema de medição de audiências. A CAEM “sempre envolveu e prestou os devidos esclarecimentos aos seus associados, incluindo todos os operadores de televisão, acerca de todas as questões relacionadas com este tema” e “reitera a sua confiança na idoneidade e credibilidade do sistema de medição de audiências em vigor e na importância de reforçar a sua estabilidade”, afirmou na altura em comunicado.

A GFK é responsável pela medição de audiências televisivas desde 2012. O contrato foi renovado no final de 2020, após ter vencido o concurso internacional lançado pela CAEM para a medição de audiências televisivas até 2025. A proposta da GFK foi aprovada por agências, anunciantes e meios, realçando a Comissão de Análise de Estudos de Meios “o elevado empenho e qualidade técnica das propostas apresentadas nesta consulta. A concurso estavam também a Marktest, a Nielsen e a Kantar Media.

Entretanto, já ao fim da tarde, a GFK reagiu em comunicado às buscas levadas a cabo durante a manhã. “A GfK repudia e lamenta a tentativa, infundada e injusta, de descredibilização do sistema de medição de audiências televisivas, cujo propósito será certamente apurado“, diz a empresa liderada por Salvador. “A GfK tem estado a colaborar com as autoridades, com o objetivo de repor a verdade, reiterando que cumpre, e sempre cumpriu, com total rigor, transparência e idoneidade os serviços de medição de audiências televisivas”, prossegue a empresa, acrescentando que a “conduta da GfK respeita escrupulosamente as obrigações contratuais convencionadas com a CAEM e respetivas especificações”.

A TVI também já reagiu. Em comunicado, a estação da Media Capital diz que “tendo tomado conhecimento que a Polícia Judiciária está a investigar a empresa atualmente responsável pela medição das audiências, gostaríamos de informar que envidaremos todos os esforços para que quaisquer dúvidas sobre a fiabilidade dos processos de medição de audiências sejam rapidamente esclarecidas, para que a publicidade continue a cumprir com eficácia o seu importante papel no funcionamento da sociedade Portuguesa”.

“É do interesse da TVI e dos demais operadores que o negócio da publicidade, principal fonte de financiamento do setor da comunicação social, seja credível aos olhos de todos”, diz a empresa.

(Notícia atualizada às 18h18 com declarações da GFK e da TVI)

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Football Leaks: Tribunal quer que dois inspetores da PJ sejam investigados

Os juízes que estão a julgar Rui Pinto pediram ao DIAP uma investigação a dois inspetores da PJ. Em causa estão suspeitas de abuso de poder, falsidade de documento e violação de segredo de justiça.

Os juízes encarregues do caso Football Leaks solicitaram ao Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP) uma investigação a dois inspetores da Polícia Judiciária (PJ), Hugo Monteiro e José Amador, segundo avançou o jornal Público. Em causa está a eventual prática dos crimes de falsidade de documento, abuso de poder, falsidade de testemunho, violação de segredo de justiça e falsificação de documento.

Apesar de não fazer comentários sobre este novo pedido, ao jornal Público a PJ explicou que desencadeia um procedimento disciplinar interno sempre que tem conhecimento da abertura de um procedimento criminal contra os seus agentes.

Rui Pinto responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

Entre os visados estão Jorge Jesus, Bruno de Carvalho, o então diretor do DCIAP Amadeu Guerra ou o advogado José Miguel Júdice, João Medeiros, Rui Costa Pereira e Inês Almeida Costa.

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Football Leaks: Rui Pinto nega autoria da sabotagem informática ao Sporting

  • Lusa
  • 11 Outubro 2022

O hacker Rui Pinto negou ter sido o autor de sabotagem informática ao Sporting, m dos crimes pelos quais responde em julgamento e que rebateu no arranque das suas declarações.

O criador da plataforma eletrónica Football Leaks, Rui Pinto, negou ter sido o autor de sabotagem informática ao Sporting, um dos crimes pelos quais responde em julgamento e que rebateu no arranque das suas declarações.

Após mais de dois anos de julgamento e com uma sala de audiência completamente cheia no Juízo Central Criminal de Lisboa, Rui Pinto falou durante cerca de três horas, respondendo ainda apenas a perguntas do coletivo de juízes. As declarações prometem, assim, prolongar-se por mais sessões, face aos vários assistentes no processo e ao facto de ainda não terem sido abordados todos os pontos da acusação elaborada pelo Ministério Público (MP).

“[A sabotagem é] curiosa, porque não aconteceu. Ficou claro pela testemunha David Tojal [responsável pela informática do Sporting à data dos factos] que não houve qualquer interferência externa. Não tive inicialmente conhecimento desta situação”, começou por explicar o principal arguido deste processo.

Rui Pinto recordou a este respeito que tal ocorreu quando preparava a contestação em “meia dúzia de dias” e apenas respondeu ao seu advogado, Francisco Teixeira da Mota, para referir que não teve intenção. Agora, explicou que foram duas pessoas que estiveram por trás dessa iniciativa, mas que não foi o responsável pelos problemas informáticos de então no Sporting.

“Terá sido um problema interno, não foi um problema externo. A explicação que me deram é que se aperceberam do problema no Sporting e arranjaram uma maneira… já que o servidor estava fragilizado, poderia ser usado algo que permitisse otimizar os acessos”, frisou, além de abordar as contas de e-mail de dirigentes de então do Sporting a que acedeu e de confirmar que o clube de Alvalade foi a primeira entidade visada nos acessos efetuados no Football Leaks.

Recuando às origens da criação da plataforma eletrónica que abalou o futebol português e internacional a partir de 2015, o arguido contou que a ideia surgiu quando estava com alguns amigos em Praga (República Checa). “Tive a ideia, eles no início não levaram muito a sério, mas depois empenharam-se bastante no projeto”, assinalou, reiterando sempre a existência de mais elementos envolvidos, mas sem nunca revelar nomes ou até o número de pessoas em causa.

“Se formos pensar no início do projeto Football Leaks, a minha ideia foi sempre tentar ir ao fundo da questão e a várias entidades nacionais e internacionais. No meu caso, nas entidades que foram acedidas por mim, não houve nenhuma que não tivesse lá um indício forte do cometimento de crimes. Era feita uma análise da informação que tínhamos naquele momento e a partir daí íamos perceber as ligações”, observou, reconhecendo que já tinham tido acesso a informação “através de acessos ilegítimos”.

Sublinhou também não ter sido o autor dos primeiros acessos a outros sistemas informáticos, mas que a partilha da informação lhe revelou a existência de “coisas duvidosas”. Por outro lado, vincou a natureza coletiva do trabalho da plataforma, apesar de ser o único rosto conhecido.

“Se bem me recordo, soube antecipadamente de todas as publicações no Football Leaks e houve divergências. Eu sabia o que acontecia, eu sugeria, mas era tudo decidido em conjunto”, anotou, refutando também uma motivação clubística nas revelações do site, embora tenha admitido ser adepto portista: “O FC Porto é o meu clube e é o que tem mais contratos divulgados”.

Em relação à Doyen, Rui Pinto justificou o porquê de ter sido visada pelo Football Leaks com o mediatismo alcançado com diversas transferências no futebol nacional e internacional.

“O que estava por detrás [da Doyen] era dinheiro escuro do Cazaquistão. A maior parte dos fundos de investimento eram danosos para os clubes de futebol. Muitas vezes o jogador não queria sair, mas os clubes eram pressionados a vender. O Football Leaks conseguiu demonstrar a todo o mundo o que eram os ‘third party ownership’ [TPO, partilha de passes com terceiros] e a Doyen”, disse, numa breve referência ao fundo de investimento, que foi uma das entidades a apresentar queixa logo em 2015.

Num dia em que assumiu ter “perfeita noção” de estar a proferir declarações que “contradizem bastante” aquilo que disse no primeiro interrogatório judicial, o criador da plataforma eletrónica atribuiu essa diferença ao contexto vivido no início de 2019, quando foi detido na Hungria, e às dificuldades que revelou ter passado enquanto esteve detido em solo húngaro.

Todo o processo de extradição foi bastante penoso e complexo. O mediatismo do caso deixou-me um pouco fragilizado e o período de detenção no estabelecimento prisional húngaro foi bastante complicado. É público que as prisões húngaras são das piores da União Europeia. Só podia tomar banho três vezes por semana, a alimentação era completamente medíocre e os guardas prisionais não me viam com bons olhos. Foi uma tortura psicológica”, contou.

“Estava bastante fragilizado, disse aquilo que me veio à cabeça e tentei basicamente negar. Não o devia ter feito, é verdade”, admitiu Rui Pinto, fazendo uma referência particular à acusação do crime de tentativa de extorsão à Doyen: “A tentativa de extorsão é aos olhos do público a situação mais negra”.

O julgamento do processo Football Leaks prossegue com a continuação das declarações de Rui Pinto na próxima segunda-feira, a partir das 09h30, no Campus da Justiça.

Rui Pinto, de 33 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto de 2020, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.

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