Camionistas espanhóis acabam com greve iniciada na segunda

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

Camionistas espanhóis queixam-se de "perseguição, assédio e coações inconcebíveis por parte de diferentes autoridades" e decidiram cancelar o protesto iniciado esta segunda-feira.

Os camionistas espanhóis que iniciaram uma greve por tempo indeterminado na segunda-feira acabaram com o protesto ao segundo dia, devido a “uma perseguição, assédio e coações inconcebíveis por parte de diferentes autoridades”.

A greve foi convocada pela Plataforma Nacional de Defesa dos Transportes Rodoviários, que representa transportadores independentes ou de pequenas e médias empresas, e que organizou em março passado uma paralisação de 20 dias com impactos nas cadeias de abastecimento de diversos setores da economia espanhola.

Em março, a greve foi apoiada e seguida por outras associações de camionistas e transportadoras, o que não aconteceu desta vez.

Na segunda-feira, primeiro dia da nova convocatória de greve, houve impactos “mínimos” em Espanha, segundo o Governo, e organizaram-se concentrações em diversos pontos do país, como Madrid, onde uma manifestação percorreu (a pé, sem camiões) algumas ruas da cidade, até ao Ministério dos Transportes.

Segundo a polícia, estiveram 1.500 pessoas nesta manifestação em Madrid.

Para esta terça-feira, segundo dia de greve, estavam previstos “diversos pontos de informação” pelo país, mas a plataforma encontrou “uma perseguição, assédio e coações inconcebíveis por parte de diferentes autoridades”, num desrespeito pelo direito à greve “e à correspondente informação”, como define a lei, afirmaram os organizadores do protesto, num comunicado divulgado hoje.

A Plataforma denunciou também que recebeu milhares de chamadas de associados e outros camionistas com denúncias de ameaças caso decidissem juntar-se à greve.

“Como não pode ser de outra maneira, a Plataforma não vai expor as suas gentes a uma situação como a descrita”, lê-se no mesmo comunicado, que informa que a greve foi desconvocada.

A Plataforma Nacional de Defesa dos Transportes Rodoviários assegurou que “vai continuar contra ventos e marés” a lutar pelas suas reivindicações e que haverá novidades nos próximos dias.

Estes camionistas queixam-se contra o que consideram ser “a inação” do Governo espanhol perante o impacto que tem no setor o aumento dos preços e de custos, apesar do acordo alcançado em março entre o executivo e as organizações que representam os transportadores, com o objetivo de garantir que não trabalhariam com perdas.

O acordo traduziu-se em mil milhões de euros em ajudas ao setor, incluindo subsídios para os combustíveis, e na aprovação de legislação nova.

Os líderes da plataforma dizem que as novas leis não estão a ser cumpridas e que os camionistas se sentem “enganados e roubados por todos os lados”, exigindo mais inspeções.

Na semana passada, após uma reunião com os representantes da plataforma, o Ministério dos Transportes comprometeu-se a reforçar as inspeções e a adotar novas regras de fiscalização em 2023.

A plataforma pediu que estes anúncios fossem colocados por escrito, num acordo a ser assinado até à meia-noite de segunda-feira, o que não aconteceu e daí a greve.

A ministra dos Transportes de Espanha, Raquel Sánchez, disse na segunda-feira que a greve não tinha justificação e que “nenhuma reivindicação pode ter como preço prejudicar gravemente os interesses dos outros setores económicos e o conjunto da sociedade”.

Raquel Sánchez ressalvou que os camionistas têm “total e absoluto” direito ao protesto, mas sublinhou que o Governo “respondeu e satisfez numerosas reivindicações históricas dos transportadores”, apelou “à responsabilidade” e manifestou abertura para continuar a dialogar.

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Jovens ativistas reúnem-se com Costa Silva sem intenções de “negociar”: “A única coisa que vamos exigir é a sua demissão”

Depois de uma semana a ocupar escolas em nome da crise climática, os jovens ativistas do Movimento Fim ao Fóssil reuniram-se com Costa Silva para exigir a sua demissão. "Estamos fartos de conversar".

Os jovens que nos últimos dias ocuparam diversas escolas de Lisboa em defesa do clima, no âmbito do Movimento Fim ao Fóssil – Ocupa!, reuniram-se esta tarde, no ministério, com o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva.

Após reunião, que terminou pelas 17h30, os jovens ativistas recusaram-se a sair e sentaram-se à entrada do Ministério da Economia, colando as mãos ao chão da entrada do edifício. Em declarações à Sic Notícias, Alice Gato afirmou que os estudantes tinham intenções de ocupar o ministério até “à demissão do ministro”, mas os cinco jovens acabaram detidos pela PSP, presente no local.

Os porta-vozes Matilde Ventura e Noah Zino da Greve Climática Estudantil, garantem não ter “nada para argumentar com o ministro”, nem intenções de “negociar” medidas concretas, apesar de nesta última semana terem reivindicado a necessidade de um plano de transição energética justo e outro com um objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2030. “A única coisa que vamos exigir é o que temos exigido desde sempre, que é a sua demissão“, dizem, em declarações ao ECO/Capital Verde.

Para Matilde Ventura, o currículo de António Costa Silva coloca em causa a sua “legitimidade social” para governar, ao passo que o colega Noah Zino considera que o ministro “representa tudo o que está errado com este sistema económico que nos leva ao colapso”.

“Não podemos ter pessoas no Governo como António Costa Silva. Neste momento, não tem legitimidade social para governar. Foi o antigo Presidente do Conselho de Administração de uma petrolífera, a Partex Oil and Gas, e continua a ter relações estreitas com a indústria fóssil”, alerta, recordando que o governante com a pasta da Economia e do Mar incentivou a exploração de gás em Portugal. “É uma questão que avidamente defende”, argumenta a jovem ativista.

Em causa estão as declarações proferidas por António Costa Silva a 12 de maio, durante uma discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2022, onde admitiu que não teria quaisquer preconceitos em analisar projetos de exploração de gás que lhe fossem apresentados.

Perante os deputados, o governante disse que aquilo que o move “é olhar para o futuro, apostar no futuro e tentar desenvolver [o país e a economia]”, assegurando que não fecharia a porta a quem o contactasse com uma iniciativa dessa natureza. “Se as empresas vierem ter comigo e apresentarem projetos, eu não tenho parti pris [ideias pré-concebidas]; eu sou uma pessoa que não é que pense fora da caixa, penso mesmo sem caixa, e, portanto, o que tenho que ver é aquilo que é benéfico para o país”, cita o Público as declarações do ministro na Comissão de Orçamento e Finanças.

Os ativistas consideram que Portugal está a “falhar catastroficamente” no combate à crise climática, apontando que os avanços feitos até ao momento foram “totalmente insuficientes”. Nem o anúncio do primeiro-ministro, António Costa, sobre a antecipação da meta de neutralidade carbónica em cinco anos, para 2045, pareceu ser ir de encontro com as exigências dos ativistas: “Ter metas para 2050 ou 2045 é a mesma coisa de ter metas para 2100. É completamente insuficiente e é negacionismo puro. É contra a ciência climática“, rejeita Matilde Ventura.

Questionados sobre que medidas concretas devem ser apresentadas, a jovem ativista de 17 anos remete para os estudos científicos que têm sido divulgados nos últimos anos e que sugerem, diz, que será preciso “investir muito mais em empregos sustentáveis para termos uma transição energética justa”. “Não sou especialista, nem doutorada em alterações climáticas, mas esse trabalho está feito, pode ser implementado”, admite, rejeitando as críticas de que a falta de apresentação de medidas concretas coloque em causa a legitimidade da Greve Climática Estudantil: “A legitimidade está do nosso lado. O que [exigimos] é apenas o fim dos combustíveis fósseis”, diz.

Apesar das críticas, certo é que Portugal subiu dois lugares no Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (CCPI). Segundo o relatório, Portugal chegou à 14ª posição graças ao fecho da central termoelétrica do Pego, em novembro de 2021, que eliminou totalmente o uso do carvão na produção de energia, e à criação da Lei de Bases do Clima, em vigor desde fevereiro de 2022, cujas metas estabelecem uma redução de 55% de emissões de gases com efeito de estufa até 2030 (em comparação com os níveis de 2005) e o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2045.

No estudo divulgado pela Associação Sistema Terrestre Sustentável (ZERO), é alertado, no entanto, que “ainda há muito por fazer”, ao apontar que existe uma falta ambição em algumas áreas, como nos subsídios aos combustíveis fósseis, que serão eliminados apenas em 2030.

Ocupação das escolas termina (por agora)

Os ativistas deram por terminada a ocupação das escolas esta segunda-feira, à noite, depois de ter sido concedida uma reunião com o ministro da Economia e do Mar e de quatro estudantes terem sido detidos na noite de sexta-feira para sábado, 11 e 12 de setembro, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL).

Os jovens faziam parte da ocupação da FLUL pelo clima e recusaram-se a sair do edifício depois de a Polícia de Segurança Pública (PSP) – chamada pela direção da instituição – ter exigido que saíssem, acabando por serem detidos. Nesta segunda-feira, os estudantes foram ouvidos pelo Ministério Público, no Campus de Justiça, mas recusaram a possibilidade da suspensão provisória do processo. O julgamento vai ocorrer no próximo dia 29 de novembro.

“Os meus colegas, os meus amigos, vão ser julgados por um crime que não cometeram”, diz Matilde Ventura, recontando ao ECO/Capital Verde que os jovens ativistas presentes na ocupação estavam apenas a “fazer barulho” e a “lutar pacificamente pela sua vida”. Já Noah Ziro deixa claro não existirem receios: “vamos a tribunal porque sabemos que estamos do lado certo da história”.

Mas mesmo este impasse não irá condicionar as manifestações nem abrandar o Movimento Fim ao Fóssil, que deverá voltar a ocupar escolas na próxima primavera “com mais força do que antes”. Esta nova “tática”, explicam, deixa para trás as marchas que marcaram os protestos da Greve Climática Estudantil, iniciativa que nasceu, em 2018, pela mão da jovem ativista sueca, Greta Thunberg, e que se espalharam pelos quatro cantos do mundo.

“Não podemos desistir, nem podemos voltar às marchas e manifestações às sextas-feiras, de mês em mês. Isso não tem resultado. Desde 2019 que temos marchado [em Portugal] e temos sido ignorados pelos nossos governantes. Dizem que concordam connosco, que a luta é justa e a causa nobre, mas temos sido ignorados. Não queremos isso. Temos de escalar as táticas porque a crise climática também está a escalar visivelmente”, frisa Matilde Ventura. “Estamos fartos de conversar. Exigimos já um plano de transição energética justa e diretamente relacionado com a nossa sobrevivência. Daqui a sete anos, vou ter 25 anos. Quero ter um futuro em que possa viver“, apelou.

Ao todo, desde o dia 7 de novembro, foram ocupadas seis escolas e faculdades pelos jovens do Movimento Fim ao Fóssil, organizado pelos ativistas da Greve Climática Estudantil: o Liceu Camões, a Escola Artística António Arroio; a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o Instituto Superior Técnico. Apesar de as ações terem decorrido apenas em Lisboa, a intenção é “descentralizar”, à semelhança do que aconteceu com as marchas. “Quando voltarmos, na primavera, faremos todos o compromisso de tentar ao máximo chamar outras pessoas do país. Esta luta não pode estar centralizada na capital”, defendeu Matilde Ventura.

Esta terça-feira, além da reunião com o ministro da Economia e do Mar, os jovens voltam a reunir-se para uma última ação de protesto, desta vez no Largo do Camões, em Lisboa, pelas 16h00.

O pessimismo também se reflete quando questionados sobre as expectativas em relação à 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 27), que termina esta sexta-feira, e da qual se antecipa um acordo assinado entre as partes presentes em Sharm el-Sheikh, no Egito. “O próprio número desta COP, 27, torna evidente o falhanço desta encenação. Estamos há quase 30 anos em COPs em que os líderes mundiais assinam acordos não vinculativos sobre as alterações climáticas. A COP é uma encenação e não resulta“, diz a jovem ativista.

(Notícia atualizada às 17h44 com mais informações)

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Embargo da UE ao petróleo e derivados russos vai subir tensão no mercado, alerta AIE

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

Agência Internacional de Energia assinala que este embargo, acrescentará "mais pressão" sobre os mercados, especialmente no mercado do gasóleo, que é "excecionalmente apertado".

O próximo embargo da União Europeia (UE) ao petróleo bruto e aos derivados do petróleo russos vai aumentar a tensão no mercado, advertiu esta terça-feira a Agência Internacional de Energia (AIE).

No relatório mensal sobre o mercado petrolífero, a AIE assinala que este embargo, que entrará em vigor em 05 de dezembro para as importações de petróleo e em 05 de fevereiro para os derivados, acrescentará “mais pressão” sobre os mercados, especialmente no mercado do gasóleo, que é “excecionalmente apertado”.

Acrescenta que a proposta do G7 de impor um preço máximo para as compras de petróleo russo “pode aliviar as tensões, mas uma miríade de incertezas e desafios logísticos permanece”.

Além disso, a situação da Rússia como produtor e exportador será testado com os embargos da UE, que fazem prever que a produção da Rússia desça abaixo dos 10 milhões de barris por dia em 2023, uma vez que o que a UE deixar de importar não pode ser compensado por um aumento das compras à China, Índia ou Turquia.

Globalmente, o relatório da AIE pinta um quadro ensombrado pelas consequências políticas da invasão da Ucrânia pela Rússia, mas também pelo abrandamento da economia mundial, embora o corte de produção da OPEP e dos seus aliados (OPEP+) tenha impedido uma queda dos preços.

O crescimento da procura mundial de petróleo abrandará para 1,6 milhões de barris por dia em 2023, contra 2,1 milhões este ano, devido ao abrandamento económico global, aos preços elevados do petróleo e à valorização do dólar, adverte o documento.

A produção global aumentará ligeiramente em 740.000 barris por dia no próximo ano, para um total de 100,7 milhões.

A agência concorda com a tendência do mercado com a OPEP, que na segunda-feira anunciou que espera uma procura global de 101,82 milhões de barris por dia.

A AIE observa também que, à medida que o inverno do Norte se aproxima, os mercados estão a mostrar um equilíbrio entre o abrandamento económico e a escassez da oferta, devido à entrada em vigor dos cortes de produção pela OPEP e seus aliados (OPEP+).

Em outubro, a produção subiu ligeiramente para 101,7 milhões de barris por dia, mas espera-se uma queda de um milhão de barris para o resto do ano devido a estes cortes, segundo o relatório.

O relatório assinala também que os ‘stocks’ de petróleo bruto e derivados dos países da OCDE estão “nos níveis mais baixos desde 2004”.

A AIE dedica um capítulo especial aos problemas de abastecimento de gasóleo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, devido a vários fatores, tais como a queda das importações da Rússia ou a greve em várias refinarias francesas.

Como resultado, os preços do gasóleo “subiram para níveis recorde em outubro”, e estão a ser um fator para o aumento da inflação, acrescenta.

A AIE recorda que os mercados internacionais de gasóleo já tinham um défice de produto antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, devido ao encerramento das capacidades de refinação durante a pandemia que ainda não se tinham recuperado completamente.

Esse défice foi exacerbado pela redução das importações da Rússia, que serão maiores com o embargo europeu.

No entanto, a agência prevê que entre o quarto trimestre deste ano e o final de 2023, a nova capacidade de destilados de gasóleo, num total de 2,7 milhões de barris por dia, deverá entrar em funcionamento, o que “aliviará as tensões”.

Entretanto, prevê que haverá uma “feroz competição” pelo gasóleo russo, com os países da UE a lutar para que os EUA, a Índia e os Estados do Golfo Pérsico lhes vendam o combustível em vez de a outros clientes tradicionais.

Contudo, adverte que se os preços do gasóleo subirem demasiado, haverá uma inevitável redução da procura e um reequilíbrio do mercado.

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JAy! abre hub digital com Publicis para indústria publicitária

Com uma equipa fundadora de vinte membros e localizado em Lisboa, o hub vai focar-se em desenvolver soluções digitais para a Publicis e os respetivos clientes.

O JAy!, projeto empresarial português para criar, acelerar e gerir hubs digitais internacionais em Portugal, acaba de fechar a sua primeira parceria com a multinacional francesa Publicis, para a abertura de um hub digital português para a indústria publicitária. Com uma equipa fundadora de vinte membros e localizado em Lisboa, o hub vai focar-se em desenvolver soluções digitais para a Publicis e os respetivos clientes.

“Estamos muito satisfeitos em avançar com a Publicis como o nosso primeiro parceiro. A JAy! e a Publicis têm em comum a convicção que a qualidade é mais portante que a quantidade, e que criar uma cultura é crucial para alcançar grandes resultados”, refere Alexandre Vaz, CEO da JAy!, em comunicado.

Após estabelecer as fundações do hub digital, a JAy! e a Publicis pretendem expandir esta equipa.

Alexandre Vaz, criador do hub digital da Mercedes-Benz em Portugal, anunciou em julho deste ano o lançamento de um projeto para reforçar a posição de Portugal como um centro de inovação digital e para atrair as multinacionais a fixarem centros tecnológicos no país.

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António Costa envia SMS a Carlos Costa a justificar que era “inoportuno” afastar Isabel dos Santos

  • ECO
  • 15 Novembro 2022

António Costa terá enviado uma SMS ao ex-governador do BdP onde desmente que tenha dito que não se podia “tratar mal” a filha do Presidente de Angola, mas que considerava "inoportuno” o afastamento.

Após a notícia de que o primeiro-ministro terá pressionado Carlos Costa para manter Isabel dos Santos na administração do Banco BIC, António Costa terá enviado uma SMS ao antigo governador do Banco de Portugal (BdP) onde desmente que tenha dito que não se podia “tratar mal” a filha do Presidente de um “país amigo”, mas que considerava “inoportuno” o afastamento do BIC, avança o Observador (acesso livre).

Segundo o mesmo jornal, a mensagem foi enviada cerca de hora e meia após publicação de um capítulo do livro “O Governador” e nesta SMS António Costa confirma que ligou, em 2016, a Carlos Costa para manifestar que era “inoportuna a decisão” de afastar Isabel dos Santos do BIC, dado que nessa altura estava em curso o processo de venda da participação da empresária angolana no BPI. Carlos Costa e António Costa não comentaram.

O primeiro-ministro António Costa já adiantou que vai processar o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa por ofensa à sua honra, depois de o antecessor de Mário Centeno dizer que foi pressionado para não retirar Isabel dos Santos do BIC.

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Autarca de Marvão condenado a perda de mandato e pena suspensa por corrupção passiva

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

O presidente da Câmara de Marvão, Luís Vitorino, foi condenado a três anos de prisão, com pena suspensa, e a perda de mandato por um crime de corrupção passiva, segundo um acórdão.

O presidente da Câmara de Marvão, Luís Vitorino, foi condenado a três anos de prisão, com pena suspensa, e a perda de mandato por um crime de corrupção passiva, segundo um acórdão consultado pela agência Lusa.

De acordo com o acórdão, proferido pelo coletivo de juízes do Tribunal de Portalegre, esta segunda-feira e ao qual a Lusa teve acesso, o processo envolve mais três arguidos, um deles absolvido e os outros dois condenados por crimes de corrupção ativa, igualmente com penas suspensas.

Os juízes, na decisão, aludem a um “plano” entre os arguidos para a Junta de Freguesia de São Salvador de Aramenha (JFSSA), no concelho de Marvão, devolver verbas ao Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) no âmbito de uma candidatura ao programa ProDer – Defesa da Floresta contra incêndios, efetuada a 15 de março de 2009 e aprovada a 05 de maio de 2010, num valor superior a 74 mil euros.

No processo, é possível ler que Luís Vitorino, à data da apresentação da candidatura da JFSSA, “desempenhava as funções de Técnico do Gabinete Florestal” do município e “foi o responsável pela gestão do processo” dessa mesma candidatura, sendo que, mais tarde, passou a ser vice-presidente da Câmara de Marvão “entre os anos de 2009 e Outubro de 2017 [com] o pelouro da Floresta e Agricultura”.

Luís Vitorino, atual presidente da câmara municipal, contactado pela Lusa, escusou-se a comentar o acórdão, o qual ainda não transitou em julgado, mas adiantou que vai recorrer desta decisão.

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Tribunal da Concorrência condena fabricante de camiões na primeira de uma centena de ações

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

A DAF Trucks foi condenada a pagar 12.904 euros à Transfrugal - Transportes de Frutas de Portugal, mais juros, pelo Tribunal da Concorrência, por concertação de preços de venda.

O Tribunal da Concorrência deu razão à empresa que reclama ser indemnizada por um dos fabricantes de camiões condenados pela Comissão Europeia por concertação de preços de venda, na primeira decisão da centena de ações que está a analisar.

Na sentença datada do passado dia 6 de novembro, consultada esta terça-feira pela Lusa, o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, condenou a DAF Trucks a pagar 12.904 euros à Transfrugal – Transportes de Frutas de Portugal, mais juros, por ter cometido uma infração ao direito da concorrência, que teve como consequência um custo adicional para os seus clientes.

Na primeira decisão – passível de recurso -, das 101 ações entregues no TCRS desde 2019, foi considerado provado que a Transfrugal pagou mais 15,4% por um camião da marca DAF, tendo sido este fabricante condenado a ressarcir a empresa.

O Tribunal declarou improcedente o pedido de prescrição da infração feito pela DAF, considerando a contagem do prazo a partir da data da publicação do resumo da decisão da Comissão Europeia no Jornal Oficial da União Europeia em 6 de abril de 2017, e não o momento da divulgação do comunicado inicial (novembro de 2014) ou da comunicação da decisão (julho de 2016), como pretendia o fabricante. O entendimento do TCRS é o de que o prazo de cinco anos para mover a ação terminou em 5 de abril de 2022, tendo a ação da Transfrugal entrado no tribunal em 22 de agosto de 2019.

Desde 2019, foram registadas 101 ações (incluindo as que foram apensas) no TCRS, por empresas que adquiriram camiões em Portugal das marcas dos fabricantes condenados pela Comissão Europeia por cartelização de preços, pretendendo que os compradores finais sejam ressarcidos pelos custos acrescidos alegadamente pagos, decorrentes dessa concertação.

O Executivo comunitário aplicou uma multa de quase 2,93 mil milhões de euros a cinco dos principais fabricantes de camiões – as alemãs MAN (subsidiária da Volkswagen) e Daimler, a sueco-francesa Volvo/Renault, a holandesa DAF e a italiana Iveco – por 14 anos de práticas de cartelização de preços, a que se juntou, posteriormente, a sueca Scania, elevando o valor para os 3,8 mil milhões de euros.

A comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, disse, na altura, que, “durante 14 anos [de 1997 a 2011], estas sociedades negociaram preços e as repercussões dos custos de conformidade com as normas ambientais sobre os clientes”, violando as regras de concorrência da União Europeia.

Na sua decisão, o TCRS não deu igualmente razão à DAF na alegação de que um eventual sobrecusto poderia ter sido absorvido pelos intermediários no negócio (Evicar e Evicar Centro) ou ter sido repercutidos nos clientes da transportadora, concluindo que foi esta que o suportou.

Nas alegações finais, no passado dia 4 de outubro, os mandatários da DAF procuraram demonstrar ao Tribunal que o camião, adquirido pela Transfrugal por 86.859 euros, foi vendido à Evicar por pouco mais de 76 mil euros, quando o preço de lista era superior a 153 mil euros, fazendo um preço ao revendedor 53% inferior ao do catálogo, o que justificaram com especificações “a pedido” e descontos.

Afirmando que o mercado dos camiões “é complexo”, com o preço a variar consoante o tipo de veículo e as especificações introduzidas, nomeadamente a pedido do cliente, a defesa da DAF apontou, ainda, que o período em causa incluiu a crise financeira de 2008, com impacto nos preços praticados no mercado.

Os valores envolvidos nas ações que estão a ser julgadas no TCRS variam, consoante o número de camiões e de empresas em causa em cada um dos processos.

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Financiamento trava aprovação de Equipas de Intervenção Permanente nas Beiras e Serra da Estrela

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela congela criação de Equipas de Intervenção Permanente até “novas condições de financiamento serem garantidas pelo Governo”.

Os municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) não aprovam a criação de novas Equipas de Intervenção Permanente (EIP) nos corpos de bombeiros, enquanto as condições de financiamento não forem alteradas pelo Governo.

A CIM-BSE referiu, em comunicado, enviado à agência Lusa que as EIP estão “congeladas” até “novas condições de financiamento serem garantidas pelo Governo”. Segundo a mesma fonte, “as EIP destinam-se ao cumprimento de missões que, no âmbito da Proteção Civil, estão confiadas aos bombeiros. Nos últimos anos, o financiamento dessas equipas tem sido suportado em 50% através de fundos das câmaras municipais”, explicou a mesma fonte.

Os 15 municípios que compõe a CIM-BSE consideram, no entanto, “esta ser uma clara delegação de competências do Governo nos municípios, sem que os mesmos recebam qualquer valor, como deveriam, por via da Delegação de Competências na área da Proteção Civil”.

“Neste sentido, na reunião do conselho executivo da CIM-BSE, a 8 de novembro 2022, os municípios que integram esta Comunidade Intermunicipal, deliberaram por unanimidade que, a partir desta data, não aprovarão a criação de quaisquer novas EIP, enquanto as condições de financiamento de estruturas de Proteção Civil não forem alteradas”, lê-se no comunicado.

A CIM-BSE tem sede na cidade da Guarda e é presidida por Luís Tadeu, que também lidera a Câmara Municipal de Gouveia, no distrito da Guarda.

A Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela é constituída por 15 municípios, sendo 12 do distrito da Guarda (Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Guarda, Gouveia, Manteigas, Meda, Pinhel, Seia, Sabugal e Trancoso) e três do distrito de Castelo Branco (Belmonte, Covilhã e Fundão).

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Sócio de Isabel dos Santos diz que livro do ex-governador do BdP tem informações “falsas” e exige que se “retrate”

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

O empresário Fernando Teles diz que há informação “falsa” sobre si no livro do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa e ameaça recorrer aos tribunais.

O sócio da angolana Isabel dos Santos, Fernando Teles, disse esta terça-feira que há informação “falsa” sobre si no livro do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa e ameaça recorrer a todos “os meios” para repor a verdade. “Direito de Resposta” é o título do comunicado emitido esta terça-feira pelo empresário, no qual afirma que foi “administrador não executivo do Banco BIC Português [Eurobic] de 2008 a 24 de novembro de 2020”, garantindo que aquela “informação é pública”, porque consta dos “relatórios do Banco Bic Português”.

Assim, conclui Fernando Teles, “a narrativa de Carlos Costa, no seu livro, de que não foi [ele, empresário] nomeado em 2016 é falsa e, ou se retrata, ou reserva-se no direito de repor a verdade e o seu bom nome por todos os meios que entenda adequado”.

O que Fernando Telles quer dizer é que, a partir de 2016, continuou a ser nomeado como administrador.

O primeiro-ministro António Costa já admitiu também processar o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa por ofensa à sua honra, depois de o antecessor de Mário Centeno dizer que foi pressionado para não retirar Isabel dos Santos do BIC.

Esta posição foi transmitida por António Costa aos jornalistas, à entrada para a reunião da Comissão Política do PS, depois de confrontado com o teor de um livro do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa

A única coisa que eu posso dizer é que, como é sabido, através do Observador, foram proferidas pelo doutor Carlos Costa declarações que são ofensivas da minha honra, do meu bom nome e da minha consideração”, declarou o líder socialista.

O líder do executivo disse que contactou Carlos Costa e o ex-governador do Banco de Portugal “não se retratou nem pediu desculpas”.

“E, portanto, constituí como meu advogado o doutor Manuel Magalhães e Silva, que adotará os procedimentos adequados contra o doutor Carlos Costa, para defesa do meu bom nome, da minha honra e consideração. É a justiça também a funcionar”, acrescentou.

“O Governador” é o um testemunho de Carlos Costa, líder do Banco de Portugal entre 2010 e 2020, sobre os pontos mais marcantes dos seus dois mandatos. Com prefácio de Christine Lagarde, o presidente do Banco Central Europeu, e baseado em mais de 30 horas de conversa com Carlos Costa, Luís Rosa, jornalista do Observador revela factos até agora desconhecidos sobre a intervenção da ‘troika’, o caso Banco Espírito Santo e a resolução do BANIF, entre outros temas.

O livro dá ainda a conhecer as relações tensas com o antigo primeiro-ministro José Sócrates, com o atual, António Costa, e antigo ministro das Finanças Mário Centeno bem como as guerras com o ex-banqueiro Ricardo Salgado e a família Espírito Santo. O livro, editado pela Dom Quixote, será apresentado esta terça-feira, às 17h30, na Fundação Calouste Gulbenkian.

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Famílias com rendimentos mais baixos serão duramente atingidas, alerta BCE

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

Os países nos quais os bancos teriam empréstimos mais problemáticos devido aos incumprimentos devido à inflação e ao aumento das taxas de juro são Chipre, Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal.

As famílias com rendimentos mais baixos serão muito mais duramente atingidas pela inflação e pelas subidas das taxas de juro a partir do final de 2022 e poderão não pagar as suas dívidas, adverte o Banco Central Europeu (BCE).

Num artigo do relatório de estabilidade financeira, publicado esta terça-feira, os economistas do BCE consideram que as famílias com rendimentos mais baixos são tipicamente as mais propensas a entrar em incumprimento.

O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, apresentará na quarta-feira numa conferência de imprensa virtual o relatório, do qual o BCE hoje antecipou algumas informações.

Os países nos quais os bancos teriam empréstimos mais problemáticos devido aos incumprimentos devido à inflação e ao aumento das taxas de juro são Chipre, Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal. Os bancos destes países já tinham uma percentagem mais elevada destes empréstimos antes de os preços subirem tanto e o BCE começar a subir as taxas de juro.

A deterioração da qualidade dos ativos afetará os bancos em países com uma maior proporção de empréstimos a famílias com rendimentos mais baixos, que sofrem mais com a inflação e o aumento das taxas de juro e têm menos ativos líquidos disponíveis.

As famílias de baixos rendimentos gastam 70% dos seus rendimentos em despesas básicas tais como alimentação, energia ou habitação, em comparação com 34% das famílias de rendimentos médios.

O impacto da subida das taxas de juro é menor no curto prazo para empréstimos a taxa fixa, mas muito maior para empréstimos a taxa variável.

No entanto, a médio e longo prazo, o aumento do preço do dinheiro traduzir-se-á em taxas hipotecárias mais elevadas, aumentando assim fortemente o custo do reembolso da dívida das famílias que contraíram hipotecas em anos em que as taxas de juro eram muito baixas.

Um aumento de 10% nos custos de vida básicos, que não é compensado por um aumento do rendimento, reduz o poder de compra em mais de 20% para as famílias de rendimentos mais baixos, em comparação com 5% para as famílias de rendimentos médios, de acordo com os cálculos dos economistas do BCE.

As famílias com rendimentos mais baixos têm pouca margem financeira para amortecer os preços mais elevados dos alimentos e da energia.

BCE

“As famílias com rendimentos mais baixos têm pouca margem financeira para amortecer os preços mais elevados dos alimentos e da energia”, especialmente em países com dívidas elevadas e poupanças baixas, acrescenta o relatório do BCE.

Os aumentos das taxas de juro atingirão as famílias nos países onde as hipotecas são maioritariamente a taxas variáveis. Os agregados familiares são os maiores beneficiários de crédito dos bancos da zona euro.

Os empréstimos hipotecários garantidos representavam mais de 75% da dívida das famílias nos balanços dos bancos no segundo trimestre de 2022, enquanto os empréstimos ao consumo sem garantia representavam 10%.

Mais de 70% da dívida bancária das famílias na zona euro é atribuível a famílias de rendimentos mais elevados, em comparação com 13% para as famílias de rendimentos mais baixos.

Mas a percentagem de empréstimos ao consumo, que historicamente têm mais incumprimentos do que hipotecas, entre as famílias de rendimentos mais baixos é muito mais elevada.

A maioria dos empréstimos problemáticos dos bancos são empréstimos hipotecários, mas em alguns países os créditos ao consumo problemáticos são muito mais elevados.

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Ministério Público esclarece que acusação a Miguel Alves teve origem “em denúncia anónima”

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

A investigação que levou o Ministério Público a acusar o antigo autarca de Caminha Miguel Alves de prevaricação teve origem “em denúncia anónima” e não noutro processo, esclareceu a PGRP.

A investigação que levou o Ministério Público (MP) a acusar o antigo autarca de Caminha Miguel Alves de prevaricação teve origem “em denúncia anónima” e não noutro processo, esclareceu esta terça-feira a Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGRP).

Em nota publicada na página da Internet, a PGRP explica que o inquérito “teve início em denúncia anónima e não, ao contrário do que por lapso foi transmitido pela Procuradoria-Geral Regional do Porto, em certidão extraída de outro processo”.

O esclarecimento surge depois de, na quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter respondido a vários órgãos de comunicação social que a investigação “teve origem em certidão extraída da denominada ‘Operação Teia’”.

Para o MP, Miguel Alves violou as normas de contratação pública sobre a aquisição de serviços.

O despacho de acusação, a que a agência Lusa teve acesso, sustenta que o arguido – que se demitiu do cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, após saber da acusação de prevaricação – acordou com a empresária Manuela Couto, também acusada do mesmo crime, serviços de assessoria de comunicação “sem qualquer procedimento de contratação pública”.

A acusação refere que o processo teve origem numa “denúncia anónima efetuada no Portal do DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal]” em 03 de julho de 2019, a dar nota de que o então presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, “celebrara vários contratos com a empresa MIT – Make It Happen, Branding Comunicacional, Lda, sociedade da empresária Manuela Couto”, em 2015 e em 2016.

Segundo a acusação, em 2014, Miguel Alves e Manuela Couto “mantiveram contactos com vista à prestação de serviços de comunicação, gestão de imagem e assessoria de comunicação à autarquia pelas sociedades MIT e Mediana”, detidas e controladas pela arguida.

O despacho de acusação refere que Miguel Alves e Manuela Couto, em reunião realizada em 04 de julho de 2014 na Câmara Municipal de Caminha, acordaram que uma das empresas “começaria, de imediato, a prestar serviços de assessoria de comunicação ao município”.

O MP diz que, pelo menos, durante o mês de julho de 2014 e a partir daquela data, a arguida Manuela Couto “determinou que funcionárias das suas empresas, nomeadamente da MT e da Mediana, prestassem serviços de assessoria de imprensa e promoção do município de Caminha, o que fez com conhecimento e acordo do arguido Miguel Alves”.

“Estes serviços de comunicação e assessoria foram efetivamente prestados pelas duas empresas MIT e Mediana (…), mas sem qualquer enquadramento formal, contratual ou contabilístico, nomeadamente, sem qualquer requisição externa, nota de despesa ou de encomenda ou documento equivalente, com vista à faturação dos serviços prestados pelas empresas à câmara, o que era do conhecimento do arguido Miguel Alves”, sustenta a acusação.

O MP refere que, “somente a 30 de março de 2015, por determinação do arguido Miguel Alves, e depois de já prestados” os serviços pela MIT e pela Mediana à autarquia, “sem qualquer procedimento de contratação ou suporte legal ou documental”, é que o então presidente deste município do distrito de Viana do Castelo “determinou e provocou o início de procedimento de contratação pública”.

Os arguidos estão acusados, em coautoria, de prevaricação de titular de cargo político.

Manuela Couto, mulher do ex-autarca de Santo Tirso Joaquim Couto, está a ser julgada no processo da “Operação Éter”, relacionado com contratos ilícitos celebrados pela entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), com 29 arguidos e cerca de 150 crimes económicos.

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Renováveis podem travar subida de preços da eletricidade

  • BRANDS' ECO
  • 15 Novembro 2022

A propósito da Portugal Renewable Energy Summit 2022, que se realiza esta semana, o presidente da direção da APREN explica porque Portugal tem de intensificar a aposta nas energias renováveis

Hidrogénio verde, renováveis oceânicas, licenciamento, interligações, capacidade e acesso à rede são alguns dos temas a discutir esta semana em Lisboa, na conferência anual da Associação Portuguesa de Energias Renováveis APREN. Nesta entrevista, Pedro Amaral Jorge, o presidente da Direção fala-nos sobre este encontro e sobre o setor, com destaque para o notável desempenho de Portugal na descarbonização. Defende que a redução da tarifa de acesso às redes contribuirá, em 2023, para uma diminuição de cerca de 80% na fatura final dos consumidores domésticos e para uma redução de cerca de 35% na fatura final dos consumidores industriais e que é preciso ajudar as famílias e as empresas vulneráveis aos preços de energia nesta transição energética revendo, por exemplo, a fiscalidade e os apoios públicos.

Esta semana a APREN realiza a Portugal Renewable Energy Summit 2022. Qual foi o critério na escolha dos oradores convidados?

Já há alguns anos que a APREN realiza anualmente o Portugal Renewable Energy Summit, no qual juntamos grandes especialistas nas questões de energia, ao nível nacional e internacional. A escolha dos oradores passa pela sua relevância a nível nacional ou internacional. Temos contado sempre com as empresas mais relevantes para a transição energética e com as entidades públicas que apoiam o desenvolvimento do setor.

"A conferência da APREN já é um evento reconhecido pelos agentes do sector ao nível europeu e até mesmo internacional, e pelas suas congéneres europeias”

Ano após ano, a conferência tem conquistado o seu espaço como o grande fórum de discussão do setor analisando os temas chave da área da energia, desde os desafios tecnológicos, passando por questões técnicas e regulatórias, sem esquecer os aspetos de política energética.

Pelo palco do auditório da Culturgest passarão, como habitualmente, as vozes da expertise do setor. Este evento é amplamente reconhecido internacionalmente, tanto pelos agentes do setor como pelas suas congéneres europeias. Prova disso é a participação de entidades como a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu, a Hydrogen Europe, a WindEurope, a SolarPower Europe, a RTE (Réseau de Transport d’Electricité de France) ou a AEE (associação eólica espanhola), entre outras importantes organizações internacionais. A maioria delas já o fazem há alguns anos.

O que se espera deste evento, e como poderá ajudar Portugal a passar dos planos à ação? Que tipo de obstáculo existe?

Ao longo da conferência vamos abordar o REPowerEU, ou seja, o plano europeu que visa acelerar a independência energética. Também analisaremos a “exceção ibérica” e o papel e do cap ibérico ao gás. Falaremos de hidrogénio verde, renováveis oceânicas, licenciamento, interligações, capacidade e acesso à rede. As comunidades de energia e autoconsumo individual e coletivo voltarão a estar em destaque.

Os planos existem – o REPowerEU é disso exemplo – mas o grande desafio é passar à ação, como indica o tema da conferência. É justamente esse debate que a APREN pretende realizar. Identificar os obstáculos que ainda impedem que a energia renovável possa fluir mais – aqui e além-fronteiras – e sinalizar oportunidades que possam ajudar a acelerar esta transição.

"é preciso ajudar as famílias e as empresas vulneráveis aos preços de energia nesta transição energética revendo, por exemplo, a fiscalidade e os apoios públicos”

O que a APREN defende como mais urgente a realizar em Portugal em prol da Transição Energética?

Penso que é preciso, por exemplo, reduzir burocracias e simplificar o licenciamento, bem como densificar territorialmente a rede elétrica de serviço público para receber toda a nova potência renovável.

Esses são apenas alguns exemplos da discussão que a conferência deste ano pretende alavancar. Ambicionamos sair da conferência com uma indicação mais clara do caminho que, em conjunto, devemos seguir em prol de uma transição energética sustentável.

Além disso, é preciso ajudar as famílias e as empresas vulneráveis aos preços de energia nesta transição energética revendo, por exemplo, a fiscalidade e os apoios públicos.

O mais urgente a realizar em Portugal em prol da Transição energética está assente em 4 eixos: (i) aumento da incorporação de energia renovável na produção de eletricidade e no consumo final de energia, de modo centralizado e distribuído em autoconsumo; (ii) definir uma politica de armazenamento de energia que seja complementar ao aumento da incorporação de renováveis no consumo; (iii) aumentar a capacidade e capilaridade da Rede Elétrica de Serviço Público, em terra e no mar; (iv) criar mecanismos de contratação de flexibilidade do consumo para toda a tipologia de consumidores de eletricidade.

Embora se registem progressos, em Portugal existe um subdimensionamento das entidades responsáveis pelos processos. Esta realidade já era patente e, com a atual guerra Rússia-Ucrânia, tornou-se mais óbvia.

Pedro Amaral Jorge, presidente da direção da APREN em entrevista para o Eco.

Qual o impacto da guerra Rússia-Ucrânia na Transição Energética da Europa e de Portugal?

A situação geopolítica atual gerada pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia trouxe para cima da mesa a questão da independência e da autonomia da Europa em termos energéticos e, por consequência, a necessidade de acelerar a transição energética.

O plano REPowerEU, lançado este ano, dá respaldo a essa urgência. A Comissão Europeia propõe aumentar a meta de consumo final de energia a partir de fontes renováveis, dos atuais 40%, previstos no pacote FIT for 55, para os 45% em 2030. Esta ambição global cria o enquadramento para outras iniciativas, nomeadamente a estratégia específica da União Europeia para a energia solar que pretende duplicar a capacidade instalada de energia fotovoltaica até 2025 e atingir 750 GW até 2030. O plano prevê também uma iniciativa para a produção de energia solar nos telhados. Já no que toca à energia eólica, em terra e no mar, a União Europeia quer subir dos 190 GW de potência instalados atualmente para 480 GW nos próximos oito anos.

No que diz respeito ao impacto nos preços da eletricidade, o prolongamento das tensões geopolíticas da guerra na Ucrânia explica a manutenção do nível anormalmente elevado dos preços de energia elétrica nos mercados grossistas, que deverão manter-se em 2023.

Qual é o valor deste mercado e como prevê a sua evolução?

As fontes de energia renovável (FER) geram poupanças médias anuais na fatura da eletricidade de até 50 euros para um consumidor doméstico e de até 4.500 euros para um consumidor não-doméstico, em média.

A cada ano que passa, este mercado torna-se maior em volume de negócios, em número de contratações de profissionais, em contribuição para o PIB e para a arrecadação fiscal, bem como em termos de contribuições para a segurança social e de – também muito importante —, ao contribuir, cada vez mais, para a redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), em particular as emissões de CO2.

De acordo com um estudo da Deloitte para a APREN, a contribuição das empresas de produção de eletricidade a partir de Fontes de Energia Renovável (FER) para o PIB Português foi de cerca de cerca de 18,5 mil milhões de euros no período 2016 – 2020. E, para termos uma ideia, até 2030 a projeção indica uma contribuição anual para o PIB de 12,8 mil milhões de euros, sendo que esta projeção não contempla ainda a revisão do PNEC.

O desempenho de Portugal na descarbonização tem sido notável entre os membros da União Europeia. Como a APREN tem acompanhado os seus associados nesta corrida?

A APREN representa 92% do total da potência instalada de fontes de produção de eletricidade renovável em Portugal, nas várias tecnologias.

Entre dia 1 de janeiro e 30 de setembro de 2022, Portugal foi o quarto país com maior incorporação renovável na geração de eletricidade, com 59,4%, ficando atrás da Noruega, Áustria e Dinamarca, que obtiveram 99,2%, 80,4% e 77,6%, respetivamente, a partir de fontes renováveis.

Este lugar do ranking deve orgulhar-nos, mas não deve fazer-nos esquecer o longo trilho que há ainda a percorrer para atingir a neutralidade carbónica, o que implica alcançar eletricidade 100% renovável, até 2050, alargando o esforço de descarbonização aos setores dos transportes e da indústria bem como aos edifícios.

É, por isso, crítico continuar a aposta que o país já iniciou nas renováveis e intensificá-la de forma que não se coloque em causa tudo o que foi conquistado até aqui. Isto requer envolvimento dos promotores, mas acima de tudo apoio da tutela, dos organismos públicos e dos municípios e, naturalmente, estabilidade regulatória.

Ao anunciar o OE, o Governo prometeu investir 2,1 mil milhões de euros em políticas e medidas de aceleração da transição energética durante o próximo ano. É suficiente?

A neutralidade carbónica implica um investimento adicional de dois mil milhões de euros por ano, face ao valor que já iria ser aplicado no sistema elétrico e descarbonização até 2050, de acordo com os cálculos iniciais, apresentados pelo Governo, aquando do anúncio do Roteiro para a Neutralidade Carbónica.

Todo o investimento colocado ao serviço da transição energética com vista a assegurar a independência e segurança energética será sempre bem-vindo.

É preciso ter em conta que este desígnio da neutralidade carbónica só é alcançado através da mobilização coletiva de todos os setores da sociedade, das famílias às empresas, passando também pelo Estado. Os incentivos estatais serão determinantes para alavancar as mudanças que há a operar complementando os investimentos de famílias e empresas que, face à conjuntura atual, terão mais dificuldades em disponibilizar verbas para esta transição verde, que é urgente não só por questões ambientais, mas também financeiras, económicas e geopolíticas.

Estamos no bom caminho para alcançar a neutralidade carbónica em 2050?

Atingir a neutralidade carbónica em Portugal em 2050 é um objetivo ambicioso, mas possível. Se acelerarmos a eletrificação direta e indireta dos consumos de energia, intensificarmos a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis e apostarmos no hidrogénio verde como opção para os transportes pesados e para os setores que não podem ser diretamente eletrificados, como alguma indústria pesada e complementarmos a captura de CO2 recorrendo a uma melhor gestão da floresta e plantação e desenvolvimento anual de um elevado numero de arvores e flora autóctones, teremos grandes hipóteses de alcançarmos a neutralidade carbónica e climática em Portugal em 2050.

Como podem as famílias portuguesas contribuir para esta meta?

Do ponto de vista doméstico poderá ser interessante criar incentivos e apoios para que as pessoas tenham capacidade de migrar as soluções energéticas para consumos elétricos renováveis, desde os eletrodomésticos que geram calor e frio até à mobilidade.

Deduções fiscais e apoios diretos à compra de equipamentos podem ser outras opções que se traduzem num ganho comum a toda a sociedade.

A eletrificação dos consumos domésticos é um passo importante, mas a grande transformação terá mesmo de ser assegurada pelos grandes projetos de grande escala.

"As tarifas de acesso à rede (…) voltam a cair em 2023, com benefícios para toda a tipologia de consumidores”

E como podem as renováveis contribuir para a qualidade de vida das famílias Portuguesas?

As energias renováveis vão ajudar a travar a subida abrupta dos preços da eletricidade em 2023 para consumidores e empresas, tendo em conta os valores anormalmente elevados que estão a ser registados nos diversos mercados grossistas europeus de eletricidade, entre os quais o ibérico.

A mais recente prova vem na proposta de Tarifas e Preços para a Energia Elétrica em 2023, apresentada pela ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) a 17 de outubro, que demonstra de forma clara e inequívoca esse efeito positivo das energias renováveis nos preços da eletricidade.

As tarifas de acesso à rede, que já tinham registado, também devido às renováveis, uma quebra significativa em 2022, possibilitando a descida dos preços de eletricidade, voltam a cair em 2023, de forma ainda mais expressiva, com benefícios para toda a tipologia de consumidores.

"Esta é a prova de que as renováveis são um investimento absolutamente certeiro em Portugal.”

É possível prever até que ponto os preços da eletricidade poderão descer graças às renováveis?

Face aos preços observados em 2022, no mercado regulado, esta redução da tarifa de acesso às redes contribuirá, em 2023, para uma diminuição de cerca de 80% na fatura final dos consumidores domésticos e para uma redução de cerca de 35% na fatura final dos consumidores industriais.

Em 2023 os consumidores domésticos irão beneficiar de um sobreganho no montante de 3,3 mil milhões de euros de receitas do diferencial de custo da PRE (Produção em Regime Especial), maioritariamente renovável. Os valores pagos às empresas produtoras de eletricidade que vendem a Produção em Regime Especial (PRE) ao Comercializador de Último Recurso (CUR) são mais baixos do que os valores da componente de energia dos preços de eletricidade registados atualmente no mercado grossista, o que permite que a diferença seja entregue ao sistema, gerando um verdadeiro sobreganho proporcionado pelas renováveis. Também os consumidores industriais irão colher os benefícios da injeção de cerca de 2 mil milhões de euros nas tarifas de acesso às redes em 2023.

Ainda assim, em janeiro de 2023 os consumidores em baixa tensão normal, no mercado regulado, que serve de referência ao mercado liberalizado, vão observar um ligeiríssimo aumento médio de 1,1% em relação aos preços em vigor em dezembro de 2022. A variação média, face a 2022, é na ordem dos 2,8%, mas poderia ser muito superior face à atual conjuntura.

Esta é a prova de que as renováveis são um investimento absolutamente certeiro em Portugal. As tecnologias foram apoiadas na altura em que foi necessário, mas os proveitos dos últimos anos ultrapassam largamente os custos de anos anteriores e estão a ajudar a controlar os preços da eletricidade gerando um verdadeiro sobreganho económico e financeiro para o sistema, para os consumidores domésticos e empresariais e para o país.

Prémio APREN dá impulso à transição energética

No segundo dia da conferência PRES 2022, será revelado o trabalho vencedor do Prémio APREN.
A iniciativa distingue as melhores dissertações académicas de mestrado e doutoramento relacionadas com eletricidade de origem renovável. Assim, os trabalhos são um contributo, em si mesmo, para este processo de transição energética.

A escolha dos trabalhos tem em conta o potencial e relevância do tema, a robustez técnica e científica, mas também a qualidade do documento, a apresentação submetida e a apresentação oral a que serão submetidos os candidatos na fase final.

Ao apoiar as melhores teses em temas relevantes associados à descarbonização da economia, o Prémio APREN apoia diretamente alunos universitários interessados neste setor e ajuda na promoção de conhecimento na área das renováveis. Assume, assim, um importante papel na
promoção da transição energética.

Para a APREN, face aos desafios globais que se apresentam, é crucial promover e reconhecer a excelência da investigação. Por isso incentiva os estudantes universitários a mergulhar neste setor desafiante e, além de manter relações institucionais com várias universidades em Portugal, a associação aposta na celebração de dias temáticos, como o dia do vento, o dia da água, o dia do sol, entre outros, também em conjunto com as instituições de ensino. Nestes dias, a APREN, em conjunto com a Academia, promove a importância de cada uma das tecnologias renováveis, fazendo um ponto de situação e analisando as evoluções e os entraves.

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