Situação agrava-se a partir das 13h com regresso de chuva forte a Lisboa
Autarquia pede às pessoas para ficarem em casa. Veja as estradas que estão cortadas. Desde a meia-noite foram registadas mais de 800 ocorrências só em Lisboa.
A noite de segunda para terça-feira foi marcada por chuvas intensas em várias zonas do país, mas a situação em Lisboa está particularmente complicada. A Proteção Civil colocou a cidade em estado de alerta vermelho, com estradas cortadas, estações de metro encerradas e a atividade da Carris suspensa. As pessoas devem por isso evitar sair de casa, tendo sido previsto o agravamento do estado do tempo depois das 13h.
Jorge Miranda, presidente do IPMA, alerta que apesar de a situação não ser totalmente clara, é preciso estar “preparado para um segundo agravamento pelas 13 horas e que só vai atingir a normalidade por volta das 18 horas“. “Vai haver precipitação acrescida”, o que acresce a “uma situação que já está saturada em termos do solo, por isso há impacto no alagamento”, explicou em declarações à RTP3.
Entre a meia-noite e as 6h foram registadas 212 ocorrências no distrito de Lisboa, de acordo com o balanço feito esta manhã pela Proteção Civil, e 35 em Setúbal. Um número atualizado para 848 ocorrências ao meio dia, no briefing feito pela Proteção civil ao final da manhã.
Os autocarros da Carris não estavam a circular e algumas estações de metro encerraram, como Chelas e Jardim Zoológico, entretanto reabertas pelas 10h48 e 11h20, respetivamente. As estações de comboios de Algés e Alcântara estão encerradas devido a inundações, a linha de Cascais está suspensa, bem como a linha de Sintra entre Campolide e Alcântara-Terra. Entretanto, os autocarros já funcionam e a circulação ferroviária na Linha do Norte já foi restabelecida em duas vias entre Sacavém-Bobadela Sul e Alverca, mantendo-se interditas as outras duas vias, segundo fonte da Infraestruturas de Portugal. Já na linha de Cascais, os comboios voltaram a ligar Oeiras ao Cais do Sodré, mas a circulação faz-se apenas numa via.
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Ainda há várias estradas cortadas, com os acessos à cidade de Lisboa bastante condicionados: Túneis Campo Pequeno e do Campo Grande; Av. João XXI; Av. Berlim; Acesso Eixo Norte Sul; Radial de Benfica; Av. Infante D. Henrique (junto ao túnel Batista Russo); Estrada do Penedo; Alcântara (vários locais); Sete Rios; Av. de Santo Contestável e Av. 24 de Julho até Belém.
A Nacional 117 entre Queluz e Algés, a Nacional 8 entre Odivelas e Loures, a Nacional 215 em Loures junto do IKEA, a rotunda da Oliveira e A-das-Lebres em Loures, na Nacional 115 e os acessos à A8 em Loures estão cortados, assim como a Nacional 115 no Machial e a Nacional 9 em Ponte de Rol, Torres Vedras. Segundo a Proteção Civil, a Calçada de Carriche também está condicionada, bem como o IC19, o IC20 e a CRIL, com cortes ao longo do troço.
“Para a segurança de todos, a Câmara de Lisboa apela a que fique em casa e evite deslocações. Apelamos igualmente a todos os que possam a evitarem deslocações e a não entrarem na cidade de forma a atenuar os eventuais constrangimentos. Não arrisque em circular na atual situação”.
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O presidente da Câmara de Lisboa pediu às pessoas que estão a tentar entrar na capital para não o fazerem. “Se puderem voltar para trás era um serviço que prestavam a todos”, pediu Carlos Moedas, em declarações à Rádio Observador. O edil avançou ainda que não foi dada ordem de encerramento total das escolas, mas apelou aos pais que vivam longe da escola dos filhos para não os levarem, já que existe “flexibilidade” para justificar as faltas. “Faz parte da situação relacionada com o mau tempo”, sublinhou.
Carlos Moedas precisa que já se registaram “mais de 300 ocorrências durante este período”, sendo que “durante 6 horas choveram mais de 60 milímetros de água”.
O presidente do IPMA também alertou que “as autoridades autárquicas estão todas empenhadas em minimizar os impactos, mas sem um esforço conjunto da população não será possível”, reiterando o apelo de que “é absolutamente necessário reduzir a mobilidade na cidade de Lisboa e áreas urbanas a serem atingidas”, recorrendo a “regimes de teletrabalho e flexibilidade, porque só isso permite aos bombeiros atuar de forma eficaz”.
O Ministério da Educação avançou à Renascença que as escolas têm autonomia para decidir se fecham ou não devido ao mau tempo. E o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, decidiu que as escolas do concelho encerram esta terça-feira. O presidente da Câmara de Oeiras pediu aos encarregados da educação para irem buscar os filhos às escolas até ao meio-dia, devido a previsões de agravamento dos períodos de chuva ao final da manhã e início da tarde.
“Foi uma noite muito difícil”, disse Carlos Moedas em declarações na Sic Notícias, precisando que durante a noite a precipitação chegou a ser de 30 mm numa hora, um valor muito próximo dos 44 que ocorreram a semana passada. “Estes fenómenos extremos que aconteciam de 50 em 50 anos, agora acontecem todas as semanas”, acrescenta. O autarca fez questão de garantir que tem os meios necessários para acorrer às várias situações.
“Temos muitas zonas da cidade que estão em estado de catástrofe”, disse por sua vez à TSF, usando a palavra no sentido “informal”. E a situação vai agravar-se já que, de acordo com o IPMA, pode chegar mais “chuva a partir da uma da tarde” à capital, devido ao efeito de uma “célula convectiva”, disse Moedas na RTP.
Carlos Moedas revelou ainda que não há nenhum ferido grave e que se verificaram apenas duas situações: “um ferido por hipotermia no Calvário que foi ajudado” e “10 a 12 pessoas na Azinhaga da Torrinha onde houve uma queda de terras”, que estão fechadas em casa, mas já estão a ser socorridas pelos bombeiros.
Ao final da manhã, o presidente da CML foi questionado pelos jornalistas se iriam avançar apoios, ao que este respondeu que estão “a avaliar para ver o que se pode apresentar como medidas para ajuda”, sendo que tiveram já uma reunião com a ministra da Presidência. “Estamos a fazer levantamento mais depressa possível para poder começar a ajudar as pessoas”, acrescentou.
Por outro lado, uma viatura ficou soterrada e os seus dois ocupantes tiveram de ser hospitalizados na sequência de um aluimento de terras no Itinerário Complementar 17-CRIL, onde apenas se circula no sentido Algés-Sacavém. Segundo a Polícia de Segurança Pública (PSP), o sentido Algés-Belém do IC17–CRIL está cortado ao trânsito, mantendo-se abertas apenas as duas vias mais à esquerda no sentido Algés-Sacavém.
A Proteção Civil registou 1463 ocorrências em todo o país, sobretudo relativas a inundações, com sendo a larga maioria em Lisboa. Esta atualização mostra um agravamento face às 1.064 ocorrências e mais de 30% (328) no distrito de Lisboa, inicialmente comunicadas.
Oito pessoas estão no centro de acolhimento temporário criado pelo município de Loures na sequência do mau tempo, depois de durante a noite as suas casas terem ficado “sem condições de habitabilidade”, segundo o presidente da câmara.
Em declarações à Lusa cerca das 8h00, Ricardo Leão referiu que as pessoas que pernoitaram no centro – criado na quinta-feira (dia 8), após uma primeira noite de chuvas fortes e inundações – tiveram problemas nas suas habitações entre a noite de segunda-feira e a madrugada de segunda-feira, ou seja, o grupo não inclui moradores acolhidos no local durante a semana passada, que entretanto “arranjaram soluções” habitacionais.
O mau tempo já levou a alteração de agenda de várias iniciativas do Executivo. Por exemplo, o novo secretário de estado do Turismo, Nuno Fazenda, cancelou a deslocação que tinha prevista para esta terça-feira, para se se inteirar dos prejuízos causados, às superfícies comerciais e ao comércio local, pela intempérie do passado dia 7 de dezembro, em Loures. Por outro lado, o novo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais já não vai participar no Tax Summit da Deloitte, esta tarde, porque o evento foi cancelado. E a sessão de apresentação do pacote de medidas de apoio extraordinário às empresas com consumos relevantes de eletricidade e gás, para 2023, foi adiada para o início da tarde de amanhã.
Lisboa e Portalegre são os únicos distritos em alerta vermelho. “A zona de Lisboa e Vale do Tejo é a mais afetada”, segundo a Proteção Civil, mas a situação em Portalegre é também bastante grave. O presidente da câmara de Campo Maior, por exemplo, vai reunir nesta tarde de terça-feira para decidir se vai acionar o plano municipal de urgência.
Situação mais grave do que a semana passada
“Hoje é dia de ficar em casa, trabalhar a partir de casa“, visto que “é a única forma” de “ajudar aqueles que estão na rua a trabalhar para nós”, disse o presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Miguel Miranda, lembrando os confinamentos durante a pandemia.
“A precipitação por hora e a sua intensidade não estão a ser tão elevadas como no dia 7. Contudo, como já tínhamos previsto, a quantidade total de água que precipitou é realmente muito elevada”, acrescentou, em declarações à SIC Notícias.
O especialista salientou também, à RTP3, que “apesar de ser fácil dizer que devíamos fazer as coisas de outra forma, qualquer sistema tem sempre limites de capacidade de carga que não consegue exceder”.
Já Carlos Moedas salientou que a limpeza das sarjetas está a ser feita “mas quando junta a maré cheia com a água temos dois movimentos contrários e sobe a água do rio, é uma questão que estamos abaixo do nível da água e vai sempre inundar”. Isto “enquanto não fizermos o túnel da margem que vamos começar em março”, indicou.
(Notícia atualizada pela última vez às 14h)
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