VIC Properties escolhe short-list para venda de ativos
A venda da Prata Riverside Village, a Matinha e o Pinheirinho deverá passar esta semana para uma segunda fase. Credores reuniram esta quarta-feira para avaliarem propostas não vinculativas.
Nos próximos dias serão conhecidos os nomes dos potenciais compradores para aquele que é um dos maiores negócios imobiliários do país. Os obrigacionistas da VIC Properties estiveram reunidos esta quarta-feira para analisar as propostas recebidas e nos próximos dias já se saberá quais os interessados que avançam para a segunda fase de venda do Prata Riverside Village, da Matinha e do Pinheirinho, os três projetos que integram o pacote desta operação.
De acordo com as informações recolhidas pelo ECO, os obrigacionistas da VIC Properties estiveram reunidos esta quarta-feira para avaliar as propostas não vinculativas que foram recebidas nos últimos dias pelos ativos da promotora – Prata Riverside Village, da Matinha e do Pinheirinho. A decisão final de selecionar uma short-list (propostas não vinculativas) cabe à gestão da VIC.
O ECO sabe que, para esta operação, a VIC contactou cerca de 80 potenciais interessados, sendo que mais de uma dezena apresentou propostas. Entre os interessados estão a Vanguard Properties e a SPX Capital e o Quântico, além de investidores que não têm ainda presença no mercado português.
A operação de venda está no mercado — a Alantra é o assessor financeiro –, mas está tudo em aberto, incluindo não haver negócio. Diversas fontes de mercado consideram que a expectativa de valor da VIC não está alinhada com as avaliações dos candidatos à compra daqueles ativos. Por outro lado, é reconhecido que não há capital em Portugal para um negócio desta dimensão, vendido em conjunto, mesmo a fechar o ano e num contexto de taxas de juro a subir e num contexto de incerteza financeira dos mercados.
Por outro lado, a VIC tem atualmente dois tipos de credores: bancos hipotecários, que asseguram 280 milhões de euros (200 milhões para o Prata Riverside Village e 80 milhões para a Matinha e para o Pinheirinho), e uma emissão obrigacionista de 250 milhões de euros. Mas os candidatos à compra ainda não tiveram acesso ao ‘data room’ para avaliarem as condições financeiras dos contratos com estes credores.
Prata, Matinha e Pinheirinho. O que está à venda?
À venda estão os três projetos que a VIC Properties tem atualmente em mãos, avaliados em três mil milhões de euros, com uma área de construção bruta de 500 mil metros quadrados (o equivalente a quase 50 campos de futebol), destinada a uso residencial, refere o teaser a que o ECO teve acesso.
Um dos projetos é o Prata Riverside Village, um empreendimento residencial localizado junto ao rio, em Marvila, em Lisboa. São 12 lotes que começaram a ser desenvolvimentos em 2018 e que deverão ficar concluídos em 2025 (o prazo inicial era 2023), num total de 800 apartamentos. O investimento previsto inicialmente era de cerca de 450 milhões de euros.
O Prata tem um passado turbulento. O projeto, que pertencia à falida Obriverca, foi lançado em 1999, mas demorou 12 anos até ser aprovado pela Câmara de Lisboa. Em dezembro de 2010 foi lançada a primeira pedra, mas os trabalhos foram bastante demorados. Em 2018, acabou por ser comprado pela VIC Properties, por 150 milhões de euros.
Os planos iniciais da VIC para o Prata apontavam para a construção de 500 apartamentos, mas acabaram por ser feitas alterações ao projeto de forma a aumentar o número de unidades, criando áreas mais pequenas.
Em 2019, estava apenas concluído o Lote 8, o único pronto a habitar, com 28 apartamentos. Na altura, as vendas oscilaram entre os 700 mil e os dois milhões de euros por habitação, como contou José Crespo, comercial da VIC Properties, ao ECO. Nesse ano, os preços das casas em Marvila dispararam 80%, e tudo devido às vendas dos apartamentos do Prata.
Outro dos projetos incluídos neste portefólio é a Matinha, considerado o maior projeto residencial do país. Este lote, localizado também em Marvila, tem 20 hectares e uma área de construção prevista de 260 mil metros quadrados. Foi comprado pela VIC em 2019 ao Novobanco por 142 milhões de euros e prevê a construção de 1.500 unidades residenciais (abaixo dos mais de 2.000 previstos inicialmente) e zonas comerciais.
De acordo com fontes consultadas pelo ECO, a Matinha ainda não tem licenças e, embora seja o ativo com mais potencial, é o mais difícil de executar. O objetivo será vender as unidades residenciais a 7.500 euros o metro quadrado.
O terceiro projeto incluído neste “pacote” é a Herdade do Pinheiro, localizada na Comporta. Com uma área de 200 mil metros quadrados em frente à praia, este projeto prevê a construção de 600 unidades residenciais, dois hotéis com 230 quartos e um campo de golfe com 18 buracos, refere o teaser. É, contudo, o projeto mais atrasado de todos.
A Herdade do Pinheirinho foi comprada pela VIC em 2020, também ao Novobanco. O projeto previsto para estes terrenos foi idealizado pelo Grupo Pelicano, que entrou em incumprimento, e a herdade acabou por cair nas mãos do Banco Espírito Santo (BES). Após a queda deste banco, passou para o Novobanco. Na altura em que fechou o negócio, a VIC anunciou que pretendia investir 450 milhões de euros no Pinheiro.
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