Organizações ambientalistas contra gasoduto “desnecessário” para interconexões ibéricas

  • Lusa
  • 9 Dezembro 2022

Zero, Ecologistas en Acción e Deutsche Umwelthilfe consideram o corredor “verde” não só desnecessário mas também “um passo atrás na política climática” da União Europeia.

Três organizações ambientalistas, de Portugal, Espanha e Alemanha, alertaram esta sexta-feira que a construção de um gasoduto que ligue Portugal ao resto da Europa é desnecessário e entra em conflito com as políticas de descarbonização da União Europeia (UE).

Em outubro passado foi anunciada pelos governos de Portugal, Espanha e França a construção de um “corredor energético verde”, para acelerar as interconexões ibéricas, abandonando o projeto que existia de transporte de gás e optando por outro que prevê um gasoduto marítimo para transportar também hidrogénio verde.

Os líderes dos três países enalteceram as virtudes do projeto mas essas virtudes não são partilhadas pelas organizações ambientalistas, que consideram o corredor “verde” não só desnecessário mas também “um passo atrás na política climática”.

No dia em que os governos de Portugal, Espanha e França se reúnem em Alicante, as organizações Zero (Portugal), Ecologistas en Acción (Espanha) e Deutsche Umwelthilfe (Alemanha), afirmam em comunicado que o projeto é na verdade para expandir a infraestrutura de gás fóssil, que não é imprescindível, que não tem benefícios claros, que não tem viabilidade técnica demonstrada, e que põe em causa os objetivos climáticos.

Em comunicado, as três organizações questionam “o pretexto verde sob o qual o projeto do Corredor Energético está a ser promovido” e defendem que uma eventual adoção de hidrogénio não deve servir de justificação para manter a dependência de gás fóssil na Europa.

E dizem que nem sequer está provado que a melhor alternativa seja o transporte de hidrogénio produzido com energias renováveis (por isso chamado de verde) através de gasodutos.

No comunicado as organizações fazem ainda referência ao pacote da UE “RepowerEU”, para impulsionar o Pacto Ecológico Europeu, diversificando as fontes de energia e reduzindo para metade o gás fóssil até 2030, afirmando que por isso “é absolutamente inconcebível um novo plano para uma dispendiosa expansão de infraestruturas de gás fóssil cujo horizonte temporal para a sua conclusão será exatamente por volta de 2030”.

As três organizações consideram ainda que na questão dos gasodutos estão a ser ignoradas as necessidades energéticas dos países produtores, por exemplo Portugal. “Ou seja, muito antes de pensar em exportar hidrogénio, é necessário utilizá-lo de modo a substituir a utilização de combustíveis fósseis em território nacional”.

“Ao mesmo tempo, nem Portugal nem Espanha dispõem atualmente de capacidade elétrica renovável suficiente para exportar hidrogénio verde para o resto da Europa. Por conseguinte, a exportação incerta de hidrogénio no futuro não pode servir como justificação para construir agora um gasoduto de gás fóssil. O gasoduto proposto pelo Corredor de Energia ‘Verde’ não é, com efeito, um gasoduto para hidrogénio verde e é incerto se alguma vez o será”, afirmam as organizações.

As três entidades referem ainda que na Alemanha a construção de terminais de gás excedem a procura estimada, que Espanha já tem uma infraestrutura de gás sobredimensionada e que a nova interligação não trará benefícios adicionais.

Os gasodutos ‘BarMar’ e ‘CerZa’ são desnecessários e um claro revés na transição energética da UE, com sérios riscos de se tornarem investimentos irrecuperáveis e de desviar recursos necessários para satisfazer o que devia ser o verdadeiro objetivo energético da Europa”, advertem as três organizações.

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Nova greve de tripulantes da TAP “pode incluir ou não” Natal e Ano Novo

  • Lusa
  • 9 Dezembro 2022

Presidente do sindicato dos tripulantes de cabina diz que a recusa da TAP em avançar com novas propostas de negociação do Acordo de Empresa levará a nova paralisação.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) voltou hoje a acusar administração da TAP de recusar negociar e de estar a “empurrar” os tripulantes para greves que podem afetar o Natal e o Ano Novo.

“As coisas estão bem piores do que estavam quando [em 03 de novembro] os tripulantes de cabine, quase taxativamente, decretaram um pré-aviso de greve. Na altura demos um grito de revolta, mas demos um mês à empresa para negociar. O que a empresa optou é legítimo: não negociar. Mas não pode vir diariamente dizer que está disponível para dialogar quando não está”, disse o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias.

No aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, pelas 08:45, o dirigente frisou que o impacto da greve que vai hoje no segundo dia “foi grande” e a adesão “total”.

Ricardo Penarroias disse que a empresa está a protagonizar “se calhar um caso inédito na história do país” que é “em véspera de uma greve não apresentar uma proposta para negociar”, situação que está, acrescentou, a empurrar os tripulantes para mais formas de luta.

“Na assembleia de dia 06 [de dezembro], os tripulantes de cabine quase por unanimidade deram legitimidade à direção do sindicato para poder marcar um pré-aviso de greve no mínimo de cinco dias (…). Poderá ocorrer até dia 31 de janeiro de 2023”, referiu.

Questionado sobre se o sindicato está a equacionar marcar a greve para o Natal e/ou o Ano Novo, Penarroias apontou: “Pode incluir ou pode não incluir”.

O presidente do SNPVAC disse que “até à data não recebeu nenhum contacto para negociar”, lamentando que “a empresa tenha optado por dialogar com o sindicato através da comunicação social”.

Sobre o impacto da greve de dois dias que termina hoje, o dirigente disse que “a empresa optou por cancelar voos e desinsuflar a greve”, lembrando que estavam previstos 301 para quinta-feira e estão a realizar-se 15 voos de serviço mínimo e 40 da Portugália.

Para o Sá Carneiro, onde habitualmente por dia a TAP opera cerca de 10 voos, para hoje estão previstos cinco, três deles a ser operados pela Portugália e dois a realizar ao abrigo dos serviços mínimos.

“Ao contrário do que se tem vendido, a atual situação da TAP nada tem a ver com a pandemia. Tem a ver com ano de má gestão. Seguramente os contribuintes aceitaram ajudar a TAP, mas não aceitaram a injeção de três mil milhões para a degradação das condições de trabalho dos trabalhadores da TAP”, afirmou.

Já a propósito das reivindicações que estão em cima da mesa, Ricardo Penarroias deu um exemplo prático de um casal em que ambos sejam chefes de cabine.

“O atual acordo de emergência representa um corte entre 1.200 a 1.400 [euros] no rendimento de um casal de chefes de cabine. Estamos a falar de um casal que tem os seus projetos de vida, mas por decisões que nada têm a ver com a realidade perde a sua estabilidade”, exemplificou.

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Empresas vão poder pagar IVA em prestações de forma permanente

  • ECO
  • 9 Dezembro 2022

Pagamento poderá ser feito em até três prestações, com um valor mínimo de 25 euros cada. Todas as empresas poderão aderir.

Em 2023, as empresas poderão pagar o IVA em prestações, sem juros nem penalidades. De acordo com o Jornal Económico (acesso pago), o pagamento poderá ser feito em até três prestações, com um valor mínimo de 25 euros cada.

Esta modalidade foi possível já este ano, para aliviar os efeitos da pandemia nas contas das empresas, mas o Governo pretende adotá-la de forma permanente. Além disso, será estendida a todas as empresas e não apenas às que faturem até 650 mil euros. Para isso é necessário que as empresas tenham a situação regularizada junto das Finanças e da Segurança Social.

“Não é preciso prestar garantias nem o pagamento a prestações está sujeito a juros”, disse fonte oficial do Ministério das Finanças ao Jornal Económico. Para os últimos dois meses do ano, o pagamento pode ser feito no número de vezes equivalente ao número de meses que faltar para terminar o ano. O pagamento poderá ser feito em até três prestações, mas com um valor mínimo de 25 euros, logo, uma obrigação fiscal de 60 euros terá de ser paga em apenas duas prestações.

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Atual presidente da SATA vai liderar futura “holding”

  • Lusa
  • 9 Dezembro 2022

O chefe do Governo dos Açores vai indigitar o atual presidente da SATA, Luís Rodrigues, para futuro presidente da "holding", justificando a decisão com a importância da "estabilidade".

O chefe do Governo dos Açores anunciou que vai indigitar o atual presidente da SATA, Luís Rodrigues, para futuro presidente da holding, justificando a decisão com a importância da “estabilidade” associada à “competência” do responsável.

“Na qualidade de presidente do Governo, movido e empenhado pela estabilidade, ao contrário de outros que vivem em instabilidade, indigitarei o Dr. Luís Rodrigues, atual presidente do conselho de administração, para futuro presidente da holding“, revelou José Manuel Bolieiro.

O presidente do Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) falava na sessão de abertura do 47.º Congresso Nacional Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAV), que decorreu em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, reunindo mais de 700 congressistas.

Em junho, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea açoriana SATA, de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo “remédios” como uma reorganização da estrutura empresarial.

A injeção financeira implica o desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores Airlines, o desdobramento da atividade de assistência em terra e uma reorganização da estrutura empresarial da SATA, com a criação de uma holding que substitui a SATA Air Açores no controlo das suas operações subsidiárias. Estão ainda previstas a obrigação de a SATA ter um limite máximo na sua frota até ao final do plano de reestruturação e a proibição de, também até esse prazo, fazer qualquer aquisição de aviões.

Na abertura do congresso nacional da APAV, o chefe do executivo açoriano sublinhou que “a confiança e o contributo dado à recuperação é essencial para, com estabilidade, assegurar o novo caminho de reestruturação da SATA”, com “o compromisso da não interferência política na gestão” da companhia aérea.

“A empresa deve ser assim gerida com autonomia e competência”, vincou José Manuela Bolieiro, ao adiantar ainda que será criada a comissão técnica de acompanhamento da privatização da SATA. Assim, acrescentou, “teremos um ator a acompanhar com transparência e rigor o processo da privatização”.

Em novembro, durante o debate do Plano e do Orçamento da região para 2023, o executivo açoriano anunciou que a reestruturação societária da SATA vai ficar concluída no início de dezembro e o concurso público para a privatização de 51% da Azores Airlines (companhia do grupo SATA responsável pelas deslocações de e para o exterior do arquipélago) vai arrancar em 1 de janeiro de 2023.

“É da nossa natureza não deixar para amanhã o que pode ser feito hoje”, frisou o presidente do Governo Regional na abertura do congresso.

O chefe do executivo açoriano disse ainda que o conselho de Governo realizado na semana passada “aprovou já a resolução que estabelece a reorganização societária do grupo SATA”. “Há como veem trabalho feito no sentido correto”, reforçou.

Bolieiro assegurou que o executivo açoriano está “firmemente comprometido” com “a recuperação do grupo SATA, cumprindo até com antecipação alguns calendários”.

“A SATA devolveu à região entradas de capital consideradas ilegais pela Comissão Europeia. A região pagou à SATA o que lhe devia”, sustentou, indicando ainda que “a região tem mantido em dia as subvenções devidas pelos contratos de concessão de serviço público”. É, reforçou, “público que os resultados do grupo melhoraram”.

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Governo vai dar extra de 10% nas bolsas de estudo e 50% aos estudantes deslocados

Estudantes do ensino superior terão apoio adicional correspondente a 10% do valor da bolsa base anual. Já o complemento de mobilidade será reforçado em 50%.

O Governo quer ajudar os alunos do ensino superior a lidarem com o “efeito da inflação” e a “perda do poder de compra”. Assim, durante o ano letivo de 2022/2023, os estudantes bolseiros terão um reforço de 10% na bolsa de estudo anual, enquanto os que recebam complemento de mobilidade receberão um extra de 50% sobre esse mesmo complemento.

“Considerando os efeitos da carestia de vida e com o objetivo de compensar o efeito da inflação na perda do poder de compra dos estudantes, o Governo decidiu, com efeitos já em 2022, um reforço das bolsas dos estudantes de ensino superior“, refere o despacho publicado esta sexta-feira em Diário da República, assinado pela ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato.

Aos estudantes a quem seja atribuída bolsa de estudo, “é atribuído, no ano letivo 2022-2023, um apoio adicional correspondente a 10% do valor da bolsa base anual atribuída“, lê-se. O pagamento será feito em dois momentos: ainda este mês de dezembro aos estudantes que tenham bolsa atribuída nesse momento e em maio de 2023 aos estudantes que tenham bolsa atribuída a partir de 1 de janeiro de 2023.

Em maio de 2023, serão feitos “eventuais acertos aos montantes pagos aos estudantes” que tenham bolsa atribuída a partir de janeiro de 2023, “de modo a ajustar os montantes entregues ao valor da bolsa anual atribuída quando a mesma tenha sido recalculada após aquele pagamento”. Este acerto “poderá determinar o pagamento de montantes adicionais aos já entregues ou a devolução de montantes recebidos em excesso”.

Além disso, aos estudantes bolseiros a quem seja atribuído o complemento de mobilidade, “é atribuído, no ano letivo 2022-2023, um apoio adicional correspondente a 50% do complemento de mobilidade atribuído“. Este reforço destina-se a “realizar períodos de mobilidade Erasmus”, lê-se.

Por fim, quanto aos alunos deslocados, haverá um reforço de cinco pontos percentuais do complemento de alojamento no ano letivo de 2022-2023. Este reforço variará consoante os concelhos, até um máximo de 70% do IAS (até um limite de 310,24 euros) no caso de Lisboa.

Fonte: Diário da República

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Promova Talks #6 com Raquel Caldeira, da Introsys

  • Trabalho + CIP
  • 9 Dezembro 2022

Raquel Caldeira, Head of Innovation Department na Introsys, é a sexta convidada da segunda temporada do podcast "Promova Talks".

O sexto episódio da II temporada do “Promova Talks” recebeu Raquel Caldeira, Head of Innovation Department na Introsys, que expôs o seu ponto de vista sobre a temática da igualdade de género nas empresas.

Este podcast, desenvolvido pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), pretende precisamente sensibilizar para a temática da igualdade de género. Esta iniciativa, que agrega vários podcasts com as convidadas da primeira temporada, pretende alargar o acesso das mulheres a cargos de liderança nas empresas portuguesas.

Raquel Caldeira, Head of Innovation Department na Introsys, é a sexta convidada do Promova Talks.

 

Neste episódio, Raquel Caldeira contou a sua experiência enquanto mulher no mercado de trabalho e ainda destacou os pontos bons e os menos bons pelos quais passou até chegar ao cargo onde se encontra atualmente.

Ouça aqui o episódio:

O Projeto Promova conta com o apoio da ANA Aeroportos, da EDP, da Randstad e da SONAE.

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Grupo Lionesa refresca imagem e assina “Norte para a Felicidade”

Um "Norte para a Felicidade" é a nova identidade visual do Grupo Lionesa para marcas como a Livraria Lello, o Lionesa Business Hub, o Mosteiro de Leça do Balio ou o Teatro Sá da Bandeira.

Desde a centenária Livraria Lello, passando pelo Lionesa Business Hub (LBH), Mosteiro de Leça do Balio e Teatro Sá da Bandeira até ao bairro cultural na Rua do Loureiro, no Porto. São estas as marcas que o Grupo da Lionesa foi construindo, ao longo de 20 anos, para agora apresentar uma única imagem de marca para todos os negócios sob o mote um “Norte para a Felicidade”.

Com um diversificado portefólio de negócios nas áreas de retalho, turismo, cultura e escritórios, o administrador do Grupo Lionesa, Pedro Pinto, já tinha lançado uma nova identidade visual mais contemporânea e ousada para a centenária Livraria Lello. Mas queria ir ainda mais longe e ter uma assinatura única, com uma nova imagem, para as marcas de todo o grupo, com sede em Leça do Balio, Matosinhos.

Depois de 20 anos de posicionamento económico “sustentado” no mercado e a consequente ampliação do âmbito de intervenção para outras áreas, “havia que garantir um alinhamento entre as diferentes unidades de negócio“, elucida o administrador do grupo.

Seguindo essa linha orientadora, explica o empresário, o Grupo Lionesa apresenta-se, assim, com um posicionamento centrado na felicidade e com a imagem gráfica da autoria do designer Eduardo Aires. “A nova imagem gráfica traduz este nosso rosto, esta nossa causa, o que somos e o que fazemos”, justifica Pedro Pinto.

O facto de, durante os anos pandémicos, se ter continuado a captar e a multiplicar valor, pessoas e ideias, mostrou como é imperativo o norte de Portugal continuar a apostar em ser um território para o talento, um polo internacional criador, aglutinador e distribuidor da economia da felicidade.

Pedro Pinto

Administrador do Grupo Lionesa

“Da mesma forma que soubemos devolver, nos últimos anos, uma livraria histórica à cidade e ao mundo, assim como requalificar o Mosteiro de Leça do Balio, convocando dois dos mais celebrados arquitetos nacionais (Siza Vieira e Sidónio Pardal), também o Lionesa Business Hub — pioneira fábrica de sedas — se soube reinventar e merecer a confiança de empresas como a Fedex, a CofCo, a Connor, a Farfetch, a Vestas, a Uber ou Volkswagen“, destaca o empresário.

Além da conquista deste reconhecimento e posicionamento no mercado, Pedro Pinto dá conta de que “o grupo mobiliza recursos e talento para se construir o «Norte para a Felicidade» que é o mote do posicionamento institucional nas áreas do talento (Lionesa Business Hub), cultural (Livraria Lello), do património (Mosteiro de Leça do Balio) e da arte (Caminho da Arte).

Afinal, o que está por trás desta imagem de marca com a assinatura um “Norte para a Felicidade”? Pedro Pinto não tem dúvidas de que “o facto de, durante os anos pandémicos, se ter continuado a captar e a multiplicar valor, pessoas e ideias, mostrou como é imperativo o norte de Portugal continuar a apostar em ser um território para o talento, um polo internacional criador, aglutinador e distribuidor da economia da felicidade”.

Mais ainda, justifica o empresário, “quando a imagem de cada unidade, como a imagem do grupo evidencia que criámos, valorizamos e avançamos com um portefólio diversificado de negócios nas áreas de retalho, turismo, cultura e escritórios com a missão de transformar o território do Porto e o norte de Portugal num território mais feliz para se viver”.

O empresário explica que “este trabalho de rebranding traduziu-se no desenvolvimento de um conceito tipográfico, uma fonte própria batizada de L, que pela sua variabilidade, permite comunicar a amplitude dos projetos do grupo, bem como a filiação e valores e visão partilhada”.

Para Pedro Pinto, “é crucial aliar o empreendedorismo à cultura e à arte, apostar na captação de investimento estrangeiro e de agentes culturais para se continuar a crescer de forma sustentada e a importar talento – o grande motor da nossa economia“.

Ainda recentemente o grupo adquiriu num leilão, em Nova Iorque, um conjunto de 42 cartas escritas pelo músico norte-americano Bob Dylan, na década de 1950, por mais de 500 mil euros. As cartas, que “revelam as emoções de uma paixão adolescente e os sonhos e aspirações do autor”, vão estar em exibição a 13 de janeiro de 2023, data em que a livraria celebra 117 anos.

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PS indica Marta Temido para vice-presidente da comissão de revisão constitucional

  • Lusa
  • 9 Dezembro 2022

Entre os dez efetivos do PS nesta comissão estão seis deputadas, entre elas a ex-ministra Alexandra Leitão. Eurico Brilhante Dias, será o último suplente da lista.

O PS vai indicar a ex-ministra da Saúde, Marta Temido, para vice-presidente da comissão eventual de revisão constitucional e apresenta um elenco paritário em que o líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, será o último suplente da lista.

A comissão eventual para a revisão constitucional deverá ser empossada na próxima semana e a presidência cabe ao um deputado do Grupo Parlamentar do PSD. “A escolha de Marta Temido e a presença de Eurico Brilhante Dias na equipa é um sinal da importância que o PS atribui aos futuros trabalhos da comissão eventual de revisão constitucional”, disse à Lusa fonte oficial da bancada socialista.

O Grupo Parlamentar do PS escolheu para o lugar de coordenador e de vice-coordenador dois constitucionalistas: Pedro Delgado Alves, antigo líder da JS e vice-presidente da bancada; e Isabel Moreira, que faz parte do Secretariado Nacional deste partido.

Entre os dez efetivos do PS nesta comissão estão seis deputadas, entre elas a ex-ministra Alexandra Leitão, Fátima Pinto, Patrícia Faro (em representação das Mulheres Socialistas) e Marta Freitas (em representação da Madeira), além das já referidas escolhas de Marta Temido e Isabel Moreira.

Integram ainda os efetivos António Monteirinho (deputado de um círculo do interior do país), Sérgio Ávila (em representação dos Açores) e Francisco Dinis (em representação da JS).

Já entre os dez suplentes, o PS indicou seis deputados e quatro deputadas: Anabela Real, Fátima Fonseca, João Paulo Rebelo, Maria Begonha, Miguel Rodrigues, Nelson Brito, Pedro Cegonho, Romualda Fernandes, Sara Velez, Tiago Estevão Martins e Eurico Brilhante Dias.

De acordo com fonte da bancada do PS, com a escolha deste conjunto de suplentes para a comissão a bancada socialista visou reforçar a componente de especialização temática ao longo do processo de revisão constitucional. “Quando o tema em discussão for administração pública, a ex-secretária de Estado Fátima Fonseca estará presente nos trabalhos. Se o tema for educação, Tiago Estêvão Martins será chamado a ter um papel ativo”, acrescentou o mesmo responsável socialista.

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Estaremos obcecados com a corrupção? Veja o estado deste fenómeno em Portugal

Dados do Eurobarómetro demonstraram que o nível de corrupção aumentou em Portugal. No dia internacional contra a corrupção, a Advocatus foi falar com dois advogados sobre este tipo crime.

A corrupção é apontada como uma das principais ameaças aos Estados de direito democrático, prejudicando não só a economia mundial como também a relação e confiança entre os cidadãos e os governantes.

Por isso mesmo, este fenómeno tem vindo a ocupar um lugar de destaque como um dos compromissos assumidos pelo Governo, com a aprovação, ainda no tempo de Francisca Van Dunem como ministra da Justiça, da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção (ENCC), estando entre as medidas deste pacote a obrigatoriedade das empresas com mais de 50 colaboradores terem canais de denúncia para reportarem comportamentos suspeitos dos colegas de trabalho.

Segundo o Índice de Perceção da Corrupção da Transparency International (TI), de 2021, Portugal encontra-se apenas em 12.º lugar, com 62 pontos em 100, abaixo da média da União Europeia, que se situa nos 64. Já em termos globais, o país está na 32.ª classificação. Portugal volta a igualar a posição registada em 2019 e continua abaixo dos valores médios da União Europeia (64 pontos).

Fonte: Transparency International

Portugal é um dos 26 países da Europa Ocidental e União Europeia abrangidos pelo relatório em que não se registaram evoluções significativas na última década. A pontuação é feita de 0 (país percecionado como muito corrupto) a 100 (país visto como muito transparente).

Este relatório apontou falhas no combate à corrupção em Portugal, nomeadamente na Estratégia Nacional de Combate à Corrupção, por deixar de fora do seu âmbito os “gabinetes dos principais órgãos políticos e de todos os órgãos de soberania e, também, o Banco de Portugal”.

Em termos mundiais, a Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia ocupam o topo da lista, com 88 pontos cada, sendo vistos como os mais transparentes. Já o país com maior perceção de corrupção é o Sudão do sul, com 11 pontos em 100.

Fonte: Transparency International

No dia internacional em que se comemora o combate à corrupção, dia 9 de dezembro, a Advocatus foi falar com dois advogados sobre este crime. Será que Portugal está obcecado com a corrupção?

Portugal sempre foi um país extremamente corrupto. E foi-o historicamente muito mais do que hoje será. Porém, a ideia dos últimos anos de erigir o fenómeno corruptivo, no seu mais lato sentido, como uma realidade de dimensões titânicas, é fundamental para granjear a simpatia do público por parte das instâncias formais de controlo, sendo também a melhor maneira de garantir um constante aumento dos fundos disponibilizados ao “exército do bem”! Há que não esquecer que quem distribui os fundos não só tem medo de ser vítima de investigações, ainda que infundadas, como não pode publicamente aparecer como um grupo que acoberta ou até facilita o fenómeno corruptivo“, referiu Paulo Saragoça da Matta, advogado penalista e sócio da DLA Piper.

Já o advogado e sócio da Morais Leitão, Rui Patrício, considerou que Portugal não está obcecado. Para o sócio, quem está obcecado é um “certo setor da opinião publicada”, da imprensa e do sistema judiciário, que trata um tema que, “apesar de ser obviamente muito importante, não justifica o exagero histriónico desse setor”.

O facto de a TI alertar para que são 47 os países nessa situação, devia levar as autoridades, todas, também o MP e a Judicatura, a perceber que não se vence a natureza humana. Sempre houve guerras, sempre haverá. Sempre houve crime, sempre haverá. A concupiscência é péssima, mas a inveja lusa também o é. E tanto processo que há motivado só por “incompreensões”, chamemos-lhe assim.

Paulo Saragoça da Matta

Sócio da DLA Pipper

A corrupção é um crime, previsto no Código Penal (artigos 372.º a 374.º-A), e pode existir nos mais diversos setores de atividade. Quem aceitar receber uma vantagem indevida em troca da prestação de um serviço incorre no crime de corrupção, tendo que estar conjugados quatro elementos uma ação ou omissão; a prática de um ato lícito ou ilícito; a contrapartida de uma vantagem indevida; e para o próprio ou para terceiro.

Sobre os setores mais suscetíveis, Rui Patrício considera que todos os setores são vulneráveis, desde que “neles haja seres humanos e haja interesses”. “Ninguém nem nenhuma área têm o monopólio da virtude ou o monopólio do pecado. Mas é claro que há fatores potenciadores, como o excesso de burocracia, a falta de escrutínio, a falta de integridade, a concentração de poder“, acrescentou o advogado.

Para Paulo Saragoça da Matta, sócio da DLA Piper, todas as áreas em que haja fundos públicos a circular ou grandes quantias de fundos ainda que privados são suscetíveis e não só.

“Pelo que resulta de um estudo bem recentemente publicado, qualquer função que permita exercer poderes, até, alegadamente, no caso da Magistratura (em que os próprios magistrados participantes reputavam a corrupção no seio da instituição judiciária em valores totalmente intoleráveis em qualquer democracia). E os estudos são estudos, bem sei… mas não podemos achar que os estudos de perceção da corrupção nacional são bons para clamar por mais meios, e achar que os estudos de perceção de corrupção entre magistrados são irrelevantes ou errados“, acrescentou o advogado.

Paulo Saragoça da Matta em entrevista ao ECO/Advocatus - 21JUL21
Paulo Saragoça da MattaHugo Amaral/ECO

Em julho, dados do Eurobarómetro demonstraram que o nível de corrupção aumentou em Portugal nos últimos três anos, no qual 51% dos inquiridos disseram que a corrupção no país cresceu, superando os 41% do espaço dos 27 Estados-membros da União Europeia. Mas também a Transparência Internacional veio alertar que Portugal, juntamente com outros 46 países exportadores recuaram no combate contra a corrupção nas atividades que as respetivas empresas mantêm no estrangeiro.

Rui Patrício considera que as empresas podem melhorar ao estarem “mais atentas” e “empenhadas”, para além da regulação por parte dos Estados e das Instituições internacionais, na autoregulação e nos padrões culturais de integridade que praticam.

Paulo Saragoça da Matta acredita que não há muito que possa ser feito pelas empresas. “É da cultura nacional, é idiossincrático ao povo, também latino. O cumprimento das normas só surge se alguém estiver a ver ou se a sanção for imediata. O facto de a TI alertar para que são 47 os países nessa situação, devia levar as autoridades, todas, também o MP e a Judicatura, a perceber que não se vence a natureza humana. Sempre houve guerras, sempre haverá. Sempre houve crime, sempre haverá. A concupiscência é péssima, mas a inveja lusa também o é. E tanto processo que há motivado só por “incompreensões”, chamemos-lhe assim”, sublinhou.

Estratégia Nacional de Combate à Corrupção

Através de um grupo de trabalho criado na dependência da Ministra da Justiça, o Governo identificou um conjunto de sete grandes prioridades para diminuir o fenómeno da corrupção em Portugal, a chamada Estratégia Nacional de Combate à Corrupção (ENCC).

Os dois advogados fizeram um balanço desta estratégia que está a ser levada pelo Governo. Para Paulo Saragoça da Matta diz que ainda não é possível fazer um balanço, mas destacou que uma parte das normas foi revogada menos de um trimestre depois de ter entrado em vigor.

Bastou para tal que um lobby fizesse a pressão correta nos locais certos, que a política cedeu: e o Parlamento, o mais soberano de todos os órgãos, que havia aprovado por unanimidade as alterações, foi vencido por um grupo”, sublinhou o sócio da DLA Piper.

Rui Patrício, sócio da Morais LeitãoMorais Leitão

Já para Rui Patrício, a estratégia “merecia apreciação positiva“. “Faço agora um balanço assim-assim, que resulta da intersecção de três considerações: concretizaram-se algumas coisas, noutras recuou-se e algumas faltas concretizar ou definir melhor“, acrescentou.

Neste pacote de medidas várias coisas ficaram por regular como “a parte que não depende da lei nem dos regulamentos: a parte cultural, de mentalidades, educativa”, disse o sócio da Morais Leitão.

Em Portugal ainda acreditamos em demasia nos poderes quase mágicos da lei, e negligenciamos o resto. Por outro lado, lamento que alguns aspetos não tenham avançado como estavam previstos na Estratégia, por exemplo quanto aos acordos de sentença ou quanto aos efeitos do compliance na responsabilidade das pessoas coletivas. Por outro lado, estou para ver – expectante – o que vai e como vai realmente ser o MENAC na prática”, sublinhou Rui Patrício.

Pode-se continuar a incrementar a aposta nas mudanças de mentalidade e de cultura, que são um pilar essencial.

Rui Patrício

Sócio da Morais Leitão

Entre as medidas adotadas pelo Governo estão os canais de denúncia nas empresas e Paulo Saragoça da Matta considera que esta é um instrumento ao estilo de “um desfile para inglês ver”.

“A maioria das empresas não consegue com eficácia implementar tais canais, e é wishfull thinking pensar que algum trabalhador dependente vai, no seu são juízo, denunciar a sua empresa, quando sabe que tal denúncia não só vai trazer problemas aos gestores ou acionistas, mais vai poder pôr em causa a própria sobrevivência da empresa, e, assim, do seu posto de trabalho”, referiu.

Para o advogado, um trabalhador que queira ver a sua empresa em “dificuldades sérias”, com as “contas congeladas”, “pessoas detidas”, “salários em atraso”, “perda de emprego” e até “falência da empresa”, é denunciar a “tort et a detort”. “É mais um mecanismo daqueles que se resumem na frase: “é preciso mudar alguma coisa, para que tudo fique na mesma””, acrescentou.

Então o que pode ser mudado no campo da prevenção da corrupção? Para Rui Patrício pode-se começar por parar de estar sempre a mexer nas leis, “deixando-as respirar e estabilizar”, e não contribuindo com a “cacofonia legislativa e regulamentar” para aumentar as dificuldades que por natureza e definição sempre existem na prevenção e no combate à corrupção.

“Por outro lado, pode-se continuar a incrementar a aposta nas mudanças de mentalidade e de cultura, que são um pilar essencial”, acrescentou.

Paulo Saragoça da Matta afirmou que as mudanças culturais não se fazem à “força de penas de prisão”, nem de “confiscos“, nem de “perdas alargadas”, nem seja o que for de sancionatório.

“Podem impor a perpétua que continuará a ocorrer (como o fenómeno criminal mundial o demonstra mesmo em países em que tal pena existe). Faz-se com educação cívica. Demora uma ou duas gerações, mas resulta. Há um exemplo claro de mudança cultural que demorou apenas 20 anos a ocorrer em Portugal: o mau hábito de escarrar para o chão! É na educação que se deve apostar, logo no ensino básico, como se faz com as políticas de reciclagem, do vidrão, da consciência climática. Eduquemos crianças e jovens e teremos muito menos criminosos“, acrescentou.

2,1 milhões de euros para combate à corrupção

Cerca de 2,1 milhões de euros do Orçamento de 2023 vão ser destinados ao Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC) no âmbito da Estratégia Nacional Anticorrupção. O MENAC tem como função fiscalizar e criar mecanismos para evitar a corrupção e começou a funcionar no dia 7 de novembro, em instalações afetas ao Ministério da Justiça, em Lisboa.

Catarina Sarmento e Castro considerou que o combate à corrupção é essencial para aumentar a confiança na Justiça, ao crescimento económico e ao “robustecimento” das finanças públicas. “A prevenção e o combate à corrupção, indispensáveis ao reforço da qualidade da democracia e à plena realização do Estado de Direito, são inequívocas prioridades do XXIII Governo – e também da Ministra da Justiça”, disse.

“Em junho, regulámos a sua instalação [MENAC]. Entre julho e setembro, o presidente, indicado pelos senhores presidente do Tribunal de Contas e Procuradora-Geral da República, e o vice-presidente, foram nomeados. Entretanto, o Conselho Consultivo e a Comissão de Acompanhamento do MENAC foram já constituídos, e o Secretário-Geral designado. Estão também concluídas as obras de adaptação das instalações. Todo este bom ritmo permitirá que, até ao final do ano, possa o MENAC estar em condições de iniciar em plenitude, e sempre com total independência, a sua atividade“, sublinhou.

A ministra da Justiça explicou ainda que ao longo de 2022 trabalharam na implementação da Estratégia Nacional Anticorrupção, por forma a dotar o combate à corrupção de recursos efetivos com o reforço do quadro de inspetores da Polícia Judiciária, a modernização tecnológica dos sistemas de informação e comunicação da PJ, e a intervenção ativa e o acompanhamento da matéria, no quadro a participação de Portugal em organizações internacionais.

Ministra da Justiça Catarina Sarmento e CastroMANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Estão em curso investimentos muito significativos, designadamente no quadro do PRR, que contemplam um total de 64 milhões de euros para o reforço direto ou indireto da luta contra a corrupção e a criminalidade económico-financeira, até 2026. E porque Corrupção se combate com Transparência, um contributo objetivo será também a anonimização das decisões dos Tribunais Administrativos e Fiscais (TAF), com recurso a Inteligência Artificial, que está a decorrer, e que permitirá tornar públicas as decisões jurisdicionais, em 2023″, referiu.

Em julho a Comissão Europeia recomendou a Portugal, no relatório anual sobre o Estado de direito, que assegure os “recursos suficientes para prevenir, investigar e julgar a corrupção”, nomeadamente assegurando a rápida operacionalização do novo Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC).

Ainda assim, a avaliação de Bruxelas à situação do Estado de direito em Portugal foi globalmente positiva, com o relatório a saudar em particular os “resultados positivos” da criação de equipas de reação rápida nos tribunais administrativos e fiscais, o contínuo fomento da utilização de ferramentas digitais e a implementação de reformas previstas para apoiar a integridade do sistema judicial.

Também o comissário europeu da Justiça, Didier Reynders, instou Portugal a tornar o sistema judiciário “mais transparente”, nomeadamente na luta contra a corrupção, pedindo ainda que o país acelere a operacionalização do novo mecanismo nacional anticorrupção. “Eu diria que a transparência é talvez a palavra mais importantes no relatório e nas recomendações sobre Portugal porque aplica-se para a atribuição de processos, quando falamos sobre a luta contra a corrupção ou se é possível iniciar realmente o funcionamento da chamada entidade da transparência”, defende o comissário europeu da Justiça, Didier Reynders, em entrevista à Lusa, em Bruxelas.

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Venda do excedente da energia produzida para autoconsumo vai ser simplificada

  • Lusa
  • 9 Dezembro 2022

Governo vai avançar com uma medida cujo objetivo é simplificar a cobrança do IVA e aliviar custos burocráticos aos consumidores que produzem energia para autoconsumo e vendem o seu excedente à rede.

O Governo vai avançar com uma medida cujo objetivo é simplificar a cobrança do IVA e aliviar custos burocráticos aos consumidores que produzem energia para autoconsumo e vendem o seu excedente à rede, segundo fonte das Finanças.

A medida foi aprovada na reunião do Conselho de Ministros, em 30 de novembro, mas aguarda ainda promulgação pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

De acordo com uma nota preparatória das Finanças, a que a Lusa teve acesso, a nova legislação fará aplicar o mecanismo de autoliquidação do IVA e permitir transferir as obrigações de liquidação de IVA, faturação e de comunicação das faturas para quem compra a energia.

Atualmente, quando um cliente investe numa solução de produção de energia para autoconsumo — por exemplo, colocando um painel solar em casa — pode vender a energia que produzir em excesso à rede elétrica, mas com custos burocráticos, já que tem de passar fatura da venda e liquidar o IVA.

Com as novas regras, trata-se de simplificar a cobrança do IVA, desonerando os muito pequenos produtores dos custos burocráticos, uma vez que quem liquida o IVA, passa as faturas e as comunica passa a ser a empresa que compra o excedente.

Estas novas regras irão aplicar-se quando o produtor não é um sujeito passivo da IVA ou quando pratica apenas este tipo de operação tributável, estando salvaguardada a validação das operações pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços.

Segundo a mesma fonte, a nova lei estabelece ainda que, dentro de certos limites, a venda do excedente é compatível com o exercício de funções em regime de exclusividade.

O Conselho de Ministros aprovou em 30 novembro um decreto-lei “que introduz medidas de flexibilização de diversas obrigações declarativas, de pagamento e de faturação, e simplifica as obrigações fiscais decorrentes da venda à rede do excedente da eletricidade produzida para autoconsumo”, segundo o comunicado então divulgado.

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Modelo de governação do PT2030 cria novo sistema de controlo para travar fraudes

Autoridades de gestão dos fundos europeus vão ter de estabelecer, previamente e por escrito, a metodologia a utilizar para a avaliação dos riscos. São criadas redes de articulação funcional.

O novo modelo de governação do Portugal 2030 reforça o controlo dos fundos comunitários para mitigar os riscos de irregularidades, sejam fraudes ou conflitos de interesse. De acordo com o projeto de decreto-lei, a que o ECO teve acesso, para o período de programação 2021-2027, é criado um novo sistema de gestão e controlo.

“É instituído um sistema de gestão e controlo que assegura a legalidade e a regularidade das despesas e a adoção de todas as medidas necessárias à mitigação do risco associado à utilização dos fundos europeus, e que prevê mecanismos robustos que permitem a prevenção, deteção e correção de irregularidades, incluindo fraudes e conflitos de interesses”, lê-se no documento.

Este sistema prevê:

  • Num primeiro nível, a realização de verificações de gestão baseadas no risco, uma tarefa que é assegurada pelas autoridades de gestão dos respetivos programas.
  • Já num segundo nível, deve ser confirmada a “integralidade, exatidão e veracidade das contas”, “adotando as medidas corretivas necessárias em função dos riscos identificados, assegurado pelo órgão de certificação”.
  • A seguir, há um terceiro nível de controlo que passa por uma auditoria alinhada com “a estratégia de auditoria assente numa avaliação dos riscos, assegurado pelo órgão de auditoria”.

O documento, que pretende ser “uma evolução face à experiência” dos últimos anos a liderar com fundos europeus, e “não uma revolução”, como explicou a ECO uma fonte próxima do processo, estabelece que as verificações de gestão baseadas no risco devem garantir, “de forma articulada, um equilíbrio adequado entre a execução eficaz e eficiente dos fundos europeus e os custos e encargos administrativos conexos”.

Por isso, à semelhança do que já está definido no modelo de governação dos fundos atualmente em vigor, “a frequência, o âmbito de aplicação e a cobertura das verificações de gestão devem ser proporcionais aos riscos identificados na avaliação dos riscos”. Atualmente, a “frequência e o alcance das verificações das operações é proporcional ao montante do apoio público concedido a uma operação e ao nível do risco identificado”.

Para operacionalizar estas verificações as autoridades de gestão vão ter de estabelecer, “previamente e por escrito”, “a metodologia a utilizar para a avaliação dos riscos, tendo em conta, o número, o tipo, a dimensão e o conteúdo das operações executadas, os beneficiários e o nível de risco identificado em anteriores operações, auditorias e verificações de gestão”.

Depois será aos órgãos de coordenação técnica, juntamente com os órgãos responsáveis pelas funções de gestão e de certificação, que compete “a definição dos requisitos a observar na metodologia a utilizar na avaliação do risco, que é obrigatoriamente adotada pelos organismos intermédios, quando existam”.

Na longa lista das competências (cerca de 45) das autoridades de gestão – as CCDR no caso dos programas regionais – está a adoção de “medidas antifraude eficazes e proporcionadas, tendo em conta os riscos identificados, que respeitem a estratégia nacional antifraude, garantindo que essas medidas são igualmente adotadas pelos respetivos organismos intermédios”.

Portugal é um país que compara bem em termos de fraude com fundos europeus. No período de programação 2014-2020 foram identificados 11 casos de fraude que representam 36 milhões de euros, ou seja 0,3% de todos os pagamentos efetuados, revelou em novembro a comissária Elisa Ferreira que tem a pasta da Coesão e Reformas. Mas no novo modelo de governação dos fundos, o legislador faz questão de sublinhar que “os interesses financeiros da União Europeia são protegidos através de medidas proporcionadas, incluindo medidas relacionadas com a prevenção, a deteção, a correção e a investigação de irregularidades, nomeadamente de casos de fraude, com a recuperação de fundos perdidos, pagos indevidamente ou utilizados incorretamente, e, se for caso disso, com a aplicação de sanções administrativas”.

Outra das precauções introduzidas pelo novo modelo passa por obrigar a que todos os organismos responsáveis pela coordenação, gestão, certificação, pagamentos, controlo e auditoria adotem mecanismos que garantam um efetivo respeito pelo princípio da independência e da salvaguarda de conflitos de interesses face a outras funções que exerçam. Além disso, as regras especificam que “ficam impedidos de intervir nos processos de seleção de operações, nos quais tenham qualquer interesse direto ou indireto, os responsáveis e trabalhadores dos organismos responsáveis pela execução de funções ou tarefas de gestão”.

Criar redes para assegurar articulação

O novo modelo de governação dos fundos segue a linha do anterior, embora elimine algumas redundâncias para tentar agilizar o funcionamento dos fundos do Portugal 2030 que terá uma pressão acrescida de execução, sobretudo nos primeiros anos, já que se sobrepõe ao último ano do Portugal 2020 – em 2023 todas as operações terão de ser encerradas – e ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que terá de ser executado na totalidade até 2026.

Nas novidades está a criação de redes de articulação funcional ao nível da coordenação, monitorização e avaliação, de comunicação, capacitação e qualificação da procura, de inovação e transição digital, de ação climática e sustentabilidade, de demografia, qualificações e inclusão e ainda das dinâmicas regionais.

Estas redes são coordenadas pelos diferentes atores dos fundos, seja a Agência da Coesão, as CCDR, as autoridades de gestão dos programas temáticos ou dos programas regionais das ilhas. Entidades que também podem, em alguns casos, assumir funções de membros permanentes. Além disso é aberta a possibilidade de os coordenadores convidarem como observadores outras entidades ou peritos, designadamente entidades responsáveis por outros instrumentos de financiamento, em função das matérias.

Estas redes devem, de acordo com a sua natureza, assegurar o apoio técnico aos órgãos de coordenação técnica, de gestão, de certificação e de pagamento; assegurar a capacitação dos beneficiários, bem como o desenvolvimento de iniciativas que permitam a participação dos beneficiários na identificação de necessidades e na reflexão sobre soluções ou ainda promover a partilha de experiências e de boas práticas, bem como a capacitação das entidades envolvidas na abordagem territorial do Portugal 2030, nomeadamente dos respetivos instrumentos territoriais.

As regras de funcionamento das redes vão ser definidas nos respetivos regulamentos internos, mas está prevista, desde logo, a criação de outras redes.

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Portugal 2030 simplifica aprovação de investimentos superiores a 25 milhões

No PT2020, sempre que as autoridades de gestão aprovavam um investimento superior a 25 milhões, este tinha de ser homologado pela CIC. Mas, no novo quadro comunitário de apoio, deixa de ser assim.

No novo modelo de governação do Portugal 2030, a aprovação pelas autoridades de gestão de investimentos superiores a 25 milhões de euros já não vai ter de ser validada pela Comissão Interministerial de Coordenação (CIC Portugal 2030).

A CIC Portugal 2030 é o órgão de coordenação política geral para o conjunto dos fundos europeus, sendo composta pelos ministros da Economia, do Trabalho e Segurança Social, do Ambiente, da Coesão e da presidência do Conselho de Ministros que tem a tutela dos fundos. Ou seja, na atual composição do Executivo, Mariana Vieira da Silva, António Costa Silva, Ana Mendes Godinho, Duarte Cordeiro e Ana Abrunhosa. E esta coordenação política aplica-se ao Portugal 2030, mas também ao PRR, já que os dois programas devem ser articulados.

No Portugal 2020, as autoridades de gestão sempre que aprovavam um investimento superior a 25 milhões de euros este tinha de ser homologado pela CIC. Mas no novo quadro comunitário de apoio vai deixar de ser assim.

A razão? Dar maior autonomia às autoridades de gestão – onde se incluem as CCDR que há muito o exigem – é uma forma de ler esta alteração. Mas garantir maior celeridade ao processo de aprovação de candidaturas é outra, avançou ao ECO uma fonte conhecedora do processo. “Justifica-se ou não que as decisões destes investimentos tenham de passar pela CIC, tendo em conta que em 90% dos casos são projetos que já foram aprovados pelo Conselho de Ministros? Perante esta pergunta concluiu-se que era um passo que não tinha uma mais-valia”, explicou a mesma.

Na maior parte dos casos os maiores projetos de investimento são promovidos pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), tutelado pelo Ministério do Ambiente, ou pelo Compete através da AICEP. Ora os grandes projetos de investimento das empresas quase sempre são alvo de contratos de investimento que além de incentivos comunitários também acumulam benefícios fiscais, que carecem de aprovação do Conselho de Ministros.

As CCDR têm vindo a pedir mais autonomia na gestão regional dos fundos do Portugal 2030. Por exemplo, o Conselho Regional do Norte, órgão consultivo da CCDR-Norte defende um maior envolvimento dos vários níveis territoriais e pede uma “maior adequação dos instrumentos de programação dos investimentos” aos territórios e um “multinível” de gestão, assim como uma “menor rigidez” e “simplificação” do modelo de contratualização dos investimentos territoriais, através das comunidades intermunicipais.

Em entrevista ao ECO, em agosto, António Cunha, o presidente da CCDR Norte pedia que não se repetissem os erros do passado de tentar nacionalizar os PO regionais e defendeu que o modelo de governação desse maior poder de decisão às autoridades de gestão. “Sempre dissemos que o envelope financeiro é importante. Não me passa pela cabeça relativizar a sua importância. Mas é igualmente importante o modelo que lhe vai estar associado – a efetiva regionalização do programa, que está mais regionalizado que os anteriores”, sublinhou.

Este modelo de governação pretende ser “uma evolução face à experiência” dos últimos anos a liderar com fundos europeus, e “não uma revolução”, explicou ao ECO uma fonte próxima do processo por isso as principais características são mantidas, como a Agência de Coesão ser a entidade pagadora, os prazos máximos de análise, decisão e pagamento, não podem exceder, anualmente, em mais de 20% os prazos estabelecidos na regulamentação geral de aplicação dos programas. Mas introduz mudanças como um reforço na tónica da prevenção da fraude já que Portugal terá disponível, ao longo desta década, um montante de apoios europeus superior a 40 mil milhões de euros: 23 mil milhões de euros do Portugal 2030 e 18 mil milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência, a que acrescem outros financiamentos europeus, nomeadamente no âmbito da Política Agrícola Comum (que não está dentro do Portugal 2030, à semelhança do que acontecia no PT2020) e de instrumentos de gestão centralizada a nível europeu, como o Mecanismo Interligar a Europa ou o Horizonte Europa.

Consta também do novo modelo de governação a Linha dos Fundos, “a plataforma de serviço multicanal de apoio aos utilizadores para melhoria da experiência de interação com beneficiários e potenciais beneficiários em todas as matérias relacionadas com os fundos europeus”. O desenvolvimento e manutenção desta linha assenta sobretudo em meios de atendimento digital e telefónico assegurados pela Agência para o Desenvolvimento e Coesão em articulação com todas as autoridades de gestão, organismos intermédios e outras entidades. E para operacionalizar a Linha dos Fundos, a Agência “pode celebrar protocolos de colaboração institucional com entidades públicas com atribuições em matéria de disponibilização dos meios de atendimento”.

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