Hoje nas notícias: Cavaco Silva, pacote de apoio e corrupção

  • ECO
  • 30 Setembro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O ex-presidente da República Cavaco Silva escreveu o terceiro artigo de opinião desde abril, voltando a deixar críticas ao atual Governo de António Costa, que considera “sem rumo”. Uma sondagem do Diário de Notícias revela que a maioria dos portugueses chumba pacote de apoio às famílias anunciado pelo Executivo. Conheça estas e outras notícias em destaque esta sexta-feira.

Cavaco Silva diz que Governo de Costa está “desorientado”

Pela terceira vez desde abril, Aníbal Cavaco Silva pronuncia-se sobre o desempenho do atual Governo, ao qual volta a dar nota negativa. O ex-Presidente da República considera que o Governo está “desorientado”, a “navegar à vista” e a desperdiçar oportunidades de reforma, tendo “um conjunto desarticulado e desorientado de ministros desgastados”. Para o antigo governante, faltam “reformas decisivas” que coloquem Portugal numa “trajetória de crescimento sustentável”.

Leia a notícia completa no Público (acesso livre)

Portugueses chumbam pacote de apoio às famílias

A maioria dos portugueses avaliam de forma negativa o pacote de medidas de apoio às famílias para combater a inflação, acreditando que os pensionistas vão ser penalizados com a suspensão do cálculo das pensões em 2023. De acordo com uma sondagem do Diário de Notícias, quase 70% dos que estão nas duas faixas etárias mais velhas criticam o Governo, enquanto dois terços dos inquiridos trocavam a entrega de dinheiro por dedução no IRS.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (ligação indisponível)

“Reduzir impostos ajuda, mas em política económica há muitas coisas que têm de se equacionar”, diz Siza Vieira

Nos últimos dias tem-se discutido a redução do IRC, que o ministro da Economia entende que deve ser transversal. O antigo detentor do cargo, Pedro Siza Vieira, mostra-se reticente com esta opção, apontando que “reduzir impostos ajuda sempre”, mas quando se fala “de política económica há muitas coisas que têm de se equacionar”. Isto já que “o que a história nos mostra é que as empresas investem quando sentem que o seu investimento tem retorno”, reitera o antigo ministro.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Mulher de ex-autarca do PS é suspeita de corrupção em contratos com PCM

Além da Presidência do Conselho de Ministros (PCM), também a casa da mulher de um ex-autarca do PS do grande Porto, Manuela Couto, foi alvo de buscas pela Polícia Judiciária (PJ). Manuela Couto já é arguida noutros dois processos de corrupção — as operações Éter e Teia — por contratos celebrados entre as suas empresas e autarquias do Norte.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Há 60 mil alunos sem todos os docentes

Existem ainda 60 mil alunos que não têm todos os professores, mas o número sofreu uma redução no final desta semana. “Entre os dias 22 e 28 foram lançados a concurso 793 horários, correspondentes a 11.345 horas, o que, estimamos, implique cerca de 60 mil alunos sem todos os docentes”, indica o responsável da Fenprof por esta área ao Correio da Manhã.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

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Do trabalho para o teletrabalho, casos de bullying aumentam

Há indícios de que, à medida que as empresas adotaram modelos remotos e híbridos, a intimidação no trabalho não só continuou, como aumento. Agora num plano digital.

O bullying no local de trabalho não é um problema novo nas empresas e, tal como o trabalho migrou para o cenário remoto, também as situações de intimidação e os comportamentos de assédio passaram a acontecer no plano digital. Se para algumas pessoas o trabalho à distância tem diminuído a angústia quotidiana de quem lida com tais incidentes, há indícios de que, à medida que as empresas adotaram modelos remotos e híbridos, a intimidação no trabalho não só continuou, como até aumentou. Agora num plano digital.

Já estávamos a assistir a incidentes de bullying que aconteciam fora do local de trabalho físico”, começa por referir Rachel Suff, conselheira política sénior sobre relações laborais do CIPD, com sede em Londres, citada pela BBC. Agora, o grande número de canais digitais disponíveis “dá mais possibilidades às pessoas de serem intimidadas ou de se sentirem intimidadas”.

Alguns dados indicam que este era já um problema crescente antes da mudança mais generalizada para o trabalho à distância. Um estudo de janeiro de 2020 do Chartered Institute of Personnel and Development (CIPD) mostrou que 10% dos trabalhadores foram intimidados por email, telefone ou meios de comunicação social.

E um inquérito de 2021, elaborado pelo The Workplace Bullying Institute, trouxe novas conclusões, e agigantadas: 43% dos 1.215 trabalhadores remotos inquiridos dos Estados Unidos da América admitem ter sido alvo de assédio moral no local de trabalho. A maioria através de videochamadas e correio eletrónico.

Além disso, um quarto dos profissionais considera que o trabalho à distância durante a Covid-19 tornava os colegas “mais suscetíveis de se maltratarem uns aos outros”.

Existem certas características do cyberbullying que podem torná-lo mais prejudicial do que o tradicional bullying, cara a cara. Especialmente a disponibilidade 24/7 e a ubiquidade da tecnologia e dos meios de comunicação social. Antes, seria possível deixar o seu local de trabalho e talvez sentir-se um pouco mais seguro, mas agora essa divisão foi-lhe retirada.

Kara Ng

Psicóloga e investigadora na University of Manchester

No Reino Unido, em 2022, o número de queixas de assédio moral apresentadas no Tribunal de Trabalho disparou 44% em relação ao ano anterior. Os incidentes mais reportados incluíram comportamentos e comentários desagradáveis e abusivos durante as videochamadas, nomeadamente deixando deliberadamente determinados colegas fora das videochamadas e utilizando aplicações de mensagens para coscuvilhices durante as apresentações dos colegas.

“Existem certas características do cyberbullying que podem torná-lo mais prejudicial do que o tradicional bullying, cara a cara”, afirma Kara Ng. “Especialmente a disponibilidade 24/7 e a ubiquidade da tecnologia e dos meios de comunicação social. Antes, seria possível deixar o seu local de trabalho e talvez sentir-se um pouco mais seguro, mas agora essa divisão foi-lhe retirada”, justifica a psicóloga e investigadora na University of Manchester.

Outro problema que os especialistas mencionam tem a ver com a dificuldade na identificação de comportamentos de risco. “Os comportamentos de bullying são menos suscetíveis de serem detetados no local de trabalho digital”, alerta Priyanka Sharma, psicóloga organizacional e fundadora da Mindtrail. “É muito mais fácil excluir intencionalmente alguém de reuniões importantes ou reter informação importante, e é mais difícil perceber quando um colega está numa situação de angústia ou sofrimento“, detalha.

Bullying. “Um problema de grupo”

Não identificar (a tempo) os casos de bullying para a consequente atuação pode ser, no entanto, “bastante prejudicial”. Priyanka Sharma considera ainda que a falta de intervenção pode deixar o trabalhador lesado a sentir que os seus colegas de equipa apoiam o comportamento de bullying, agravando também o sentimento de isolamento.

Além disso, no contexto digital, muitas vezes cabe-nos a nós interpretar o tom de voz. “E é difícil fazer isso”, refere a psicóloga especializada em empresas. “As pessoas podem começar a questionar o seu sentido de pertença, se estão a ser intimidadas e se é intencional”.

“É importante que o bullying não seja visto apenas como uma questão entre o agressor e a vítima. É um problema de grupo”, afirma Kara Ng. Há estudos que concluem que as pessoas que testemunham casos de bullying podem sofrer o mesmo impacto no seu bem-estar que os próprios visados.

“Afeta realmente o ambiente do grupo. As pessoas podem sentir medo de partilhar as suas opiniões e estar mais stressadas, e isso pode levar a um menor desempenho e envolvimento que, em última análise, afeta a empresa.”

Atuar para erradicar o bullying no trabalho

Antes da pandemia, o grupo mais provável de cometer assédio no local de trabalho era o dos gestores, responsáveis por 40% de todos os incidentes, de acordo com o mesmo estudo do CIPD. Em 2021, o inquérito do Workplace Bullying Institute descobriu que o mesmo se aplicava ao trabalho à distância, sendo os gestores responsáveis por 47% dos casos de bullying notificados.

“Uma das coisas fundamentais que a investigação sublinha é o papel do líder na modelação do bom comportamento”, diz Kara Ng. Sem um forte exemplo de liderança inclusiva, “os empregados podem sentir que podem ter comportamentos de bullying sem qualquer tipo de punição ou que os comportamentos de bullying são aceitáveis“, acrescenta Ng.

O ónus recai sobre as organizações, que devem certificar-se de que possuem estruturas eficazes para gerir o bullying remoto, incluindo caminhos claros para os empregados denunciarem incidentes e garantias de que serão tratados corretamente, especialmente quando são os gestores os bullies. “Isto requer uma abordagem proativa e, em alguns casos, uma compreensão mais profunda das formas subtis como o assédio à distância se pode manifestar.”

Para profissionais remotos que se veem a braços com situações de bullying, uma opção é levar o problema aos RH da organização. Apesar de falar exigir coragem, Priyanka Sharma aconselha as pessoas a fazê-lo o quanto antes, “para que os assuntos possam ser tratados com um sentido de urgência, e não tenham impacto no seu bem-estar mental a longo prazo”.

A boa notícia é que, ao contrário do bullying tradicional, o bullying digital deixa, normalmente, “um rasto de provas”, conclui Kara Ng.

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Martifer perde licença europeia para desmantelar navios em Aveiro

Navalria foi excluída da lista europeia dos estaleiros de reciclagem de navios. Empresa detida pela Martifer culpa Estado pela transposição do regulamento e pela perda de encomendas internacionais.

A Comissão Europeia retirou a Navalria – Docas, Construções e Reparações Navais da lista de estaleiros autorizados a fazer a reciclagem de navios, por não ter o alvará para esta atividade que passou a ser exigido pelas autoridades portuguesas. Numa decisão de execução assinada pela própria presidente, Ursula Von der Leyen, consultada pelo ECO, o Executivo comunitário explicita que a licença caducou no final de 2021, tendo recebido “informações de Portugal de que o processo de renovação da autorização ainda está em curso [e], por conseguinte, o estaleiro não cumpre o requisito” para continuar a fazer operações de desmantelamento.

O regulamento da União Europeia (UE) relativo à reciclagem de navios exige, desde 31 de dezembro de 2018, que “todos os grandes navios de mar que arvorem pavilhão de um Estado-membro sejam desmantelados num estaleiro” aprovado e incluído nesta listagem, que conta agora com 35 instalações no espaço comunitário – e outras 11 em países terceiros, das quais oito na Turquia, duas no Reino Unido e uma nos EUA. Com a exclusão da empresa comprada em janeiro de 2008 pelo grupo Martifer, que ocupa uma área concessionada pelo Porto de Aveiro, deixa de haver estaleiros portugueses autorizados a operar nesta área.

Com a exclusão da empresa comprada em 2008 pela Martifer, que ocupa uma área concessionada pelo Porto de Aveiro, deixa de haver estaleiros portugueses autorizados a operar no abate de navios.

Foi em 2009 que a Navalria se associou a um consórcio espanhol para o projeto europeu “Life + Recyship”, tendo uns anos depois pedido o licenciamento como operador de gestão de resíduos que lhe permitiu exercer a atividade de reciclagem de navios. O estaleiro aveirense estava até agora habilitado a reciclar embarcações até um máximo de 104 metros de comprimento, 6,5 metros de largura e 6,5 metros de calado. A descontaminação e o desmantelamento podiam ser realizados no plano horizontal ou inclinado, dependendo das dimensões do navio (com uma capacidade nominal de 700 toneladas e de 900 toneladas, respetivamente).

No entanto, no processo de transposição da diretiva comunitária, em que cada país tem de adequar a legislação nacional às regras europeias em vigor a partir de 2019, “o Estado português fê-lo de uma forma em que não pensou [na especificidade de] um navio”, resume o administrador da West Sea, empresa do grupo Martifer que tem a subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. “Pensou, simplesmente, que já tinha legislação criada para fazer o abate de veículos em fim de vida, nomeadamente automóveis e camiões, e achou que um navio se desmantela exatamente da mesma forma”, desabafa Vítor Figueiredo.

Estamos a perder não só porque saímos da lista europeia – esse é já um dado adquirido –, mas também porque teremos dois a três anos pela frente em que não poderemos fazer reciclagem de navios.

Vítor Figueiredo

Administrador da West Sea (Grupo Martifer)

A tese do grupo sediado em Oliveira de Frades, que acabou por ser rejeitada, é a de que um estaleiro devia ser encarado simplesmente como um elemento de passagem, pois já há empresas de reciclagem que cumprem os requisitos legais para realizar essas operações. O gestor argumenta que o estaleiro é o local por onde o navio pode chegar e onde se inicia o processo de desmantelamento, mas “o encaminhamento de todos os resíduos faz-se depois através dessas empresas que estão no mercado”. “Esta foi a posição que defendemos, mas o que prevê a legislação nacional é que, a partir do momento em que o navio atraca nas nossas instalações, já temos de ter o alvará de organização de reciclagem”, completa.

“Estamos agora a começar o processo desde o início. Temos de fazer um estudo de impacto ambiental e cumprir uma série de novos requisitos para as autoridades portuguesas averiguarem se estamos capacitados para cumprir com o que eles acham. Daqui a dois anos poderemos estar novamente na lista europeia de desmantelamento naval. Estamos a perder não só porque saímos da lista europeia – esse é já um dado adquirido –, mas também porque teremos dois a três anos pela frente em que não poderemos fazer reciclagem de navios. É Portugal que perde e já está a perder”, reclama Vítor Figueiredo.

O porta-voz da empresa naval frisou, numa conferência organizada pela Transportes & Negócios, no Porto, que a inclusão nessa lista europeia de estaleiros aptos a desmantelar embarcações trouxe várias encomendas internacionais, a que agora deixa de poder aceder por não ter sido renovada a licença. Admite “muita frustração” por não deixar de ter a “oportunidade de estar na linha da frente” neste segmento de atividade, considerando que, “acima de tudo, quem fica a perder mais é o país”. Que usa “todos os chavões sobre a economia do mar” e, ao mesmo tempo, tem “as entidades [públicas] ainda amarradas a estas regulamentações e implacáveis na leitura que fazem” delas.

Estaleiro aveirense queria abater navios maiores

Fundada em 1978 e instalada junto à ria aveirense, a Navalria está centrada na reparação de embarcações de pequena e média dimensão, embora também tenha atividade na área da construção naval e de equipamentos offshore. Remodelada na altura da entrada do novo acionista (100%) – tal como a West Sea, integra a sub-holding Martifer Metallic Constructions, detida pelo grupo com origem na metalomecânica, fundado em 1990 pelos irmãos Carlos e Jorge Martins –, dispõe de doca seca, doca flutuante, carreira, elevador de navios e oficinas, entre outros equipamentos que lhe permitem construir e reparar vários navios em simultâneo.

O negócio da indústria naval, que assegura 380 empregos em Viana do Castelo e em Aveiro, gerou lucros de 9,1 milhões de euros em 2021 (72% do resultado consolidado da Martifer) e uma faturação de 91,7 milhões de euros em 2021 (40% do total do grupo). Bem abaixo dos 118,9 milhões registados no ano anterior, com a pandemia a travar a produção, em especial nos navios cruzeiros (turismo). Os rendimentos operacionais neste segmento industrial tiveram uma nova quebra homóloga de 38%, para 32,3 milhões de euros no final primeiro semestre deste ano, altura em que a carteira de encomendas totalizava 243 milhões.

No outono do ano passado, poucos meses antes de ser confirmada esta decisão das autoridades europeias relativa à exclusão da lista de estaleiros para desmantelar navios em fim de vida, e numa altura em que procurava renovar o alvará, a Navalria ainda aproveitou para pedir uma autorização para que a sua unidade de reciclagem pudesse receber navios de dimensões maiores, passando desta forma a envolver todo o estaleiro na atividade. E chegou mesmo a entregar a Proposta de Definição do Âmbito (PDA) do projeto à autoridade ambiental.

Por outro lado, a legislação que materializou a aplicação do regulamento europeu veio apertar o cerco aos armadores internacionais que pretendem desmantelar os seus navios no espaço comunitário, limitando-os a esta lista de estaleiros autorizados. O decreto-lei, publicado em setembro de 2020 em Diário da República, considera uma contraordenação ambiental “muito grave” o não envio dos navios abatidos para reciclagem ou a inexistência a bordo de um inventário de matérias perigosas, e prevê multas avultadas para os armadores, até a um máximo de 2,5 milhões de euros para pessoas coletivas. A inspeção cabe à Direção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), às Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

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Comprou Certificados do Tesouro há cinco anos? Vai receber um jackpot em outubro

Últimos Certificados do Tesouro Poupança Mais chegam agora ao fim com uma taxa de juro acima de 9%, à boleia da subida do PIB no último ano. Se os subscreveu há cinco anos, vai receber um jackpot.

Comprou Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) há cinco anos? Estão a chegar agora ao fim, mas antes trazem um jackpot: vão render uma taxa de juro acima de 9%, uma elevada rentabilidade que se deve sobretudo ao prémio que está associado ao bom desempenho da economia no último ano.

Isto quer dizer que, se aplicou 10.000 euros nestes certificados em outubro de 2017, além de receber de volta esse investimento, terá ainda direito um cheque de mais de 900 euros (em termos brutos) relativos a juros e ainda a um bónus que corresponde a 80% do crescimento do PIB. Dinheiro importante para fazer face ao aumento do custo de vida e da subida da prestação da casa, se for o seu caso.

Após o afundanço da economia durante a pandemia, Portugal registou altas taxas de crescimento no último ano e meio. Os últimos quatro trimestres apresentaram um crescimento médio do PIB português de 7,3%, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), pelo que o prémio dos CTPM a pagar pelo Estado em outubro será de 5,84%.

A este bónus junta-se a taxa de juro de 3,25% que estes títulos rendem no quinto e último ano de maturidade, impulsionando a taxa de remuneração final para os 9,09% em termos brutos (antes de impostos) — que fica aquém, ainda assim, da taxa de quase 11% que renderam nos últimos três meses (ver gráfico).

Certificados vão dar prémios chorudos em outubro

Fonte: IGCP e INE

Estes CTPM foram descontinuados no final de outubro de 2017, tendo dado lugar aos Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) – que também já substituídos por outro produto no ano passado — com remunerações mais baixas.

Se tem estes CTPC na sua carteira, poderá contar com taxas crescentes até 2,25% (no sétimo ano) e também com um prémio do PIB (a partir do segundo ano, equivalente a 40% do crescimento económico). Contudo, ao contrário dos CTPM, o bónus nos CTPC está limitado a um máximo de 1,2%, independentemente de a economia crescer 3% ou 20%. E é este prémio que vai pagar nos próximos três meses, a que terá de somar a taxa de juro relativa ao ano do investimento.

Em relação aos Certificados do Tesouro Poupança Valor (CTPV), lançados pelo Governo em setembro do ano passado, e aqueles que irá encontrar se for agora a um balcão dos CTT, as remunerações são ainda mais baixas. Estes títulos pagam, em média, uma taxa bruta de 1% nos sete anos de maturidade, e um prémio que vem apenas no terceiro ano (a partir de setembro de 2024) e que corresponde a 20% da média de crescimento da economia, estando limitado a 1,5%.

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Prestação da casa dispara até 200 euros em outubro

Governo está a avaliar com bancos e regulador “se e quando” tomará medidas para apoiar quem tem crédito da casa. "Sem sobressaltos", diz Costa. Prestação vai subir até 200 euros, faça a sua simulação.

Outubro traz más notícias para quem tem crédito da casa e vai ver as condições do contrato revistas. A prestação da casa vai subir, e muito, no próximo mês, com os aumentos a atingirem os 200 euros, de acordo com as simulações do ECO. Face à subida agressiva das taxas de juro, o Governo diz estar a avaliar com os bancos e o regulador “se e quando” devem ser tomadas medidas para apoiar quem está a sentir o aperto no empréstimo da habitação. Há quem já tenha manifestado reservas.

Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%, se o contrato tem como indexante:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para 554 euros, mais de 69 euros (+14,36%) em relação à prestação que pagava desde julho;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá subir para perto dos 600 euros, um aumento de cerca de 138,68 euros (+30%) em relação à prestação que pagava desde abril;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para 650 euros, mais 200 euros (45%) em relação à prestação que pagou no último ano.

O agravamento da prestação da casa reflete a subida dramática das taxas Euribor nos últimos meses, à boleia do aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE) para domar as pressões inflacionistas. A inflação atingiu os 9,1% em agosto e o Eurostat divulga esta sexta-feira a estimativa rápida para o mês de setembro. Não se espera que a escalada dos preços tenha abrandado, tendo em conta que muitos responsáveis do banco central já vieram a público pedir subidas de 75 pontos nas taxas diretoras na próxima reunião.

Em Portugal, mais de 1,3 milhões de contratos da casa têm taxa variável, correspondendo a 93% do mercado, e são estes que estão expostos às variações das Euribor.

As famílias que já estão a pagar mais pelas compras do dia-a-dia, como combustíveis e compras do supermercado, deparam-se agora com outro fator de pressão nos seus orçamentos: a subida dos encargos com a casa. Face a este cenário de aperto, António Costa adiantou esta quinta-feira no Parlamento que o Governo está a avaliar com os bancos e o regulador “se e quando devem ser tomadas medidas” de apoio para quem tem crédito da casa.

“O Governo acompanha o que está a acontecer. Temos dados da distribuição das prestações mensais pagas pelo conjunto da população que tem empréstimos da casa e estamos a dialogar com a associação do setor e regulador”, disse o primeiro-ministro.

Euribor aceleram este ano

Fonte: Reuters

Costa sem “sobressaltos”, Centeno com reservas

Importa ter em conta que o impacto das taxas de juro vai ser maior ou menor consoante o valor do capital que ainda está em dívida. Ou seja, se acabou de pedir crédito ao banco, impacto vai ser maior; nos créditos mais antigos – com menos capital em dívida – o impacto vai ser menor.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelavam que o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos era de 60.750 euros. Ou seja, em termos médios, o efeito da subida das Euribor vai ser mais baixo do que aquele que mostra a simulação do ECO – que tem em consideração um empréstimo de 150 mil euros.

Esta semana, o governador do Banco de Portugal revelou dados mais finos sobre a distribuição da prestação mensal do crédito da casa para mostrar reservas quanto à necessidade de se avançar com uma política transversal e temporária de apoios para quem está a pagar o empréstimo da habitação ao banco.

Entre outros dados, Mário Centeno revelou que:

  • a prestação média situa-se hoje nos 276 euros, menos 87 euros do que em 2009;
  • 10% das prestações da casa são de valor inferior a 106 euros e que, tendo em conta as perspetivas de evolução da Euribor até julho de 2023, vão ter um agravamento de apenas quatro euros;
  • apenas 10% têm prestações acima dos 470 euros, as quais vão sofrer mais com a subida dos juros.

Conferência "O Impacto da Nova Ordem Mundial na Economia Europeia" no CCB - 27SET22

O governador do Banco de Portugal forneceu ainda outras informações de contexto que dão conta de um maior grau de proteção das famílias em 2022 em relação a 2009, quando as Euribor estiveram em níveis ainda mais elevados do que atualmente: por exemplo, o rendimento disponível aumentou na última década e a dívida dos particulares caiu 15 mil milhões de euros.

Por outro lado, ainda que se perspetive um arrefecimento da economia, as famílias continuam a beneficiar de condições positivas do mercado de trabalho, que permitem manter os rendimentos. “Não me espantaria que os salários daqueles que mantém os empregos, ou daqueles que conseguiram novos empregos no último ano, estejam a crescer 7%, 8%, 11%. Nenhum destes valores implica uma perda real de salários”, assinalou Mário Centeno na conferência “O impacto da nova ordem mundial na economia europeia”.

Tudo isto acontece num quadro de normalização da política monetária do BCE, que vai prosseguir o seu caminho até estabilizar numa taxa de juro “neutral”. Isto levanta a questão da temporalidade dos apoios: quando é que seriam retirados, se vamos viver um período “normal” de taxas mais altas?

“É preciso olhar para esta realidade para avaliar o que fazer, a urgência do que temos para fazer e onde estamos verdadeiramente nesta resposta”, disse Centeno, repetindo uma mensagem que os bancos centrais têm transmitido aos governos: “A política orçamental deve ser temporária, focada e atempada”. Já António Costa disse esta quinta-feira que não há razão para “sobressaltos” em relação a este tema.

Faça aqui a sua simulação

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o artigo no browser.

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5 coisas que vão marcar o dia

UE aprova taxa sobre lucros extraordinários na energia. Eurostat e INE atualizam evolução da inflação em setembro. Membro do BCE discursa sobre combate à escalada dos preços.

Ministros da Energia da União Europeia (UE) aprovam taxa sobre lucros extraordinários na energia. António Costa desloca-se a Espanha para Cimeira sobre o Mediterrâneo. Eurostat e Instituto Nacional de Estatísticas (INE) atualizam evolução da taxa de inflação em setembro e Isabel Schnabel, membro da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE), discursa sobre o combate à escalada dos preços.

UE aprova taxa sobre lucros extraordinários na energia

Os ministros da energia da UE vão reunir-se esta sexta-feira para chegarem a acordo sobre as medidas de emergência para combater os preços altos da energia. Em cima da mesa estão propostas avançadas pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como a criação de um imposto sobre os lucros extraordinários das empresas fósseis e a implementação de um teto sobre as receitas inesperadas dos produtores de energia renovável. De acordo com a Reuters, contudo, as medidas discutidas deverão ser versões alteradas daquelas apresentadas pela presidente da Comissão. Fora do pacote de emergência, espera-se que os ministros procurem um alinhamento quanto à hipótese de se imporem limites aos preços do gás natural, um assunto em relação ao qual a Comissão Europeia deverá partilhar mais detalhes na próxima semana.

Inflação atinge máximos na Zona Euro?

O Eurostat divulga uma bateria de indicadores, incluindo a estimativa rápida da taxa de inflação na Zona Euro em setembro. Em agosto, os preços subiram 9,1%. Os analistas acreditam que a taxa vai manter-se em níveis elevados, numa altura em que há quem defenda dentro do BCE que os juros devam subir mais 75 pontos base para travar as pressões inflacionistas.

Turismo, comércio e inflação em Portugal

Por cá, o INE também apresentar vários dados económicos: inflação (estimativa rápida para setembro), perspetivas de exportação de bens e atividade turística (estimativa rápida para agosto).

Costa vai a Espanha para debate sobre o Mediterrâneo

O primeiro-ministro desloca-se a Alicante para participar na Cimeira dos Países do Sul da UE, que reúne nove países do Mediterrâneo e do Sul da Europa. O encontro terminará com um jantar de trabalho subordinado ao tema “o Mediterrâneo no futuro da Europa”, estando em discussão temas como o Mediterrâneo Oriental, Vizinhança Sul e alterações climáticas.

Schnabel em Pontevedra

Membro da comissão executiva do BCE, Isabel Schnabel, estará em Pontevedra, Espanha, onde falará sobre o combate à elevada inflação na Zona Euro.

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Processo disciplinar sobre nacionalidade de Abramovich continua “pendente” após seis meses

  • Lusa
  • 29 Setembro 2022

“Não há conclusão desse processo disciplinar e mantém-se sobre sigilo absoluto", diz a presidente do IRN sobre o processo de atribuir a nacionalidade portuguesa ao milionário russo Roman Abramovich.

O processo disciplinar instaurado pelo Instituto de Registos e Notariado (IRN) sobre a atribuição de nacionalidade portuguesa ao milionário russo Roman Abramovich continua “pendente” passados mais de seis meses da sua abertura, admitiu esta quinta-feira a presidente do IRN.

Não há conclusão desse processo disciplinar e mantém-se sobre sigilo absoluto. Logo que ele termine será público e poderá ser consultado dentro de determinadas regras, mas, neste momento, ainda está pendente”, afirmou à agência Lusa Filomena Rosa, recusando revelar quantas pessoas são visadas: “Sabemos que o processo está pendente e que são funcionários dos Registos Centrais, mas não posso dizer mais nada sem violar as regras do segredo dos processos disciplinares”.

O processo disciplinar foi conhecido em 15 de março deste ano, na sequência de um inquérito à naturalização do empresário russo e que motivou já uma investigação do Ministério Público. Em causa estarão alegadas irregularidades cometidas em processos de atribuição da nacionalidade portuguesa a descendentes de judeus sefarditas.

O regime para a concessão de nacionalidade a descendentes de judeus sefarditas (judeus originários da Península Ibérica expulsos de Portugal no século XVI), foi entretanto alterado e a partir de 1 de setembro tornou o acesso à naturalização mais exigente, precipitando “uma procura muito grande dos serviços” durante o verão. “Estamos neste momento a lidar com esse afluxo da melhor maneira possível, incrementando meios para poder fazer com que estes processos sejam acelerados. Já tínhamos alguma pendência e, de facto, a ocasião do término deste prazo fez com que houvesse uma procura muito grande nos serviços”, observou.

Assumindo a “pendência processual significativa” e que esta é “uma evidência”, a presidente do IRN vincou que os serviços estão a fazer tudo para atenuar a situação. “Neste momento, estamos a tratar de levar os processos todos ao sistema e estamos também já a construir uma nova aplicação da nacionalidade que nos permita tramitá-los muito mais rapidamente do que até aqui. São dois caminhos paralelos: o que temos de fazer com a aplicação que temos e o que vamos fazer com uma nova aplicação que esperamos poder disponibilizar muito em breve e que vai com certeza acelerar todo este processo”, finalizou.

Entre 1 de março de 2015 e 31 de dezembro de 2021 foram aprovados 56.685 processos de naturalização para descendentes de judeus sefarditas num total de 137.087 pedidos que deram entrada nos serviços do Instituto de Registos e Notariado (IRN). De acordo com dados enviados em fevereiro à Lusa pelo Ministério da Justiça, apenas 300 processos foram reprovados durante este período, restando, assim, segundo os dados registados no final do último ano, 80.102 pedidos pendentes.

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Britânicos da Henderson Park investem 25 milhões na modernização do Lagoas Park

Projeto a quatro anos passará pela modernização de instalações e espaços colaborativos, quer para visitantes, quer para os colaboradores.

Dois anos depois de ter sido comprado, o Lagoas Park vai ser remodelado. Os britânicos da Henderson Capital Park vão investir 25 milhões de euros na modernização daquele parque empresarial em Oeiras, num projeto que será feito ao longo dos próximos quatro anos e que assentará, entre outros pontos, na questão da sustentabilidade dos escritórios.

São cerca de 90 empresas e 7.000 pessoas instaladas no Lagoas Park que, em setembro de 2020, foi vendido pela britânica Kildare Partners aos também britânicos da Henderson Capital Park por 421 milhões de euros. Foi, naquele ano, considerada a maior operação de escritórios do país.

Em 2021, os novos donos começaram com melhorias, entretanto já concluídas, em alguns dos edifícios e espaços de escritórios. Agora, para os próximos quatro anos, esperam-se mais obras de reabilitação daquele parque empresarial, anunciou a Henderson Capital, em comunicado.

Lagoas Park, Oeiras.D.R.

“O projeto (…) contará com a modernização de instalações e espaços colaborativos, quer para visitantes, quer para os colaboradores. As áreas exteriores serão remodeladas, incluindo a praça central, a galeria comercial e áreas comuns, em conjugação com a remodelação dos interiores dos escritórios”. E “vem também reforçar as credenciais de sustentabilidade”, com o objetivo de obter certificação BREEAM em todos os edifícios”.

“Este plano de investimento vai garantir que o parque permaneça entre os principais parques empresariais da Europa e se adapte às exigências em constante mudança dos inquilinos nacionais e internacionais na dinâmica do mercado de escritórios de Lisboa”, diz Ronan Webster, Diretor de Gestão de Ativos, Henderson Park, citado em comunicado.

O Lagoas Park é atualmente a casa de várias empresas internacionais, como a Google, Samsung, BMW, SAP, Johnson&Johnson, Sanofi, Oracle, Cisco, Volvo, Leaseplan e BP. O projeto de modernização contará ainda com a criação de uma nova marca.

“Os parques de escritórios de sucesso do futuro, como o Lagoas Park, vão adaptar-se às necessidades em evolução permanente de todos os inquilinos, para dar resposta ao novo ambiente de trabalho e disponibilizar instalações modernas, com preocupações de bem-estar, serviços e espaços comunitários colaborativos para que todas as atividades que decorrem no parque possam crescer”, acrescenta o responsável.

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Costa afasta recessão no cenário macro do OE2023

  • Lusa
  • 29 Setembro 2022

"Portugal vai continuar a crescer, obviamente a um ritmo inferior ao ritmo deste ano de 2022, e que vamos continuar a convergir com a União Europeia", antecipa o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou esta quinta-feira que “não está previsto no cenário macroeconómico” de Portugal “qualquer recessão no próximo ano”, sublinhando que o país “vai continuar a crescer”.

“Neste momento, não está no nosso cenário macroeconómico qualquer recessão em Portugal no próximo ano”, avançou António Costa, que respondia ao deputado único do Livre, Rui Tavares, no debate no parlamento sobre política geral. O deputado do Livre perguntou a António Costa se podia garantir que, caso haja uma recessão em 2023, o Governo “altera a sua meta do peso dos salários no PIB [Produto Interno Bruto], revendo em alta e aumentando o peso dos salários”.

Na resposta, Costa disse que “Portugal vai continuar a crescer”. “Pelo contrário, o cenário que temos claro é que Portugal vai continuar a crescer, obviamente a um ritmo inferior ao ritmo deste ano de 2022, e que vamos continuar a convergir com a União Europeia e esperamos que essa convergência se faça também com a convergência dos salários, e mais, que o crescimento dos salários continue a apoiar o crescimento da economia portuguesa, como acontece desde novembro de 2015”, sublinhou.

O primeiro-ministro afirmou que “desde 2015 até hoje o PIB nominal cresceu 20%” e que essa “tem sido a trajetória de crescimento sustentado do país”. “Infelizmente, o crescimento não é linear e até em 2020 e 2021 já ultrapassámos os 48% de peso dos salários no PIB, não porque os salários tenham crescido, mas porque o PIB afundou. E portanto, não é essa a trajetória, a trajetória é o crescimento do peso dos salários no PIB num cenário de convergência com a União Europeia”, acrescentou. Costa disse que aquele cenário foi apresentado “com toda a seriedade” no programa eleitoral e foi mantido no programa do Governo mas, frisou, “obviamente tem que ir sendo ajustado perante a realidade”.

Tavares questionou ainda o primeiro-ministro sobre a possibilidade de o porto de Sines “ser uma porta giratória para gás liquefeito russo” mas Costa respondeu apenas que Portugal “tem aplicado o quadro de sanções da UE”, no âmbito da guerra na Ucrânia.

Momentos antes, a deputada única do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) Inês Sousa Real, questionou o primeiro-ministro sobre quanto tempo vai o executivo demorar a “atualizar o valor da renda máxima no âmbito do programa ‘Porta 65’ que está previsto no Orçamento do Estado de 2022 e ainda não foi executado”.

Costa respondeu que o Orçamento entrou em vigor apenas “há dois meses e meio”, em julho, fruto da crise política que levou a eleições antecipadas em janeiro. Perante um comentário vindo da bancada à esquerda do PS, Costa retorquiu: “Pois, senhor deputado, se no ano passado não tivessem chumbado o Orçamento, ele já estava em vigor há muito tempo”.

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Laurel integra European Cultural and Creatives Alliance

  • ECO
  • 29 Setembro 2022

Em conjunto, refere a Laurel, a European Cultural and Creatives Alliance representa mais de 600 marcas e entidades culturais.

A Laurel, Associação Portuguesa das Marcas de Excelência, passou a integrar a Aliança Industrial Cultural e Criativa da Europa, (ECCIA). “A adesão à ECCIA é um importante reconhecimento da excelência do património imaterial português, do legado dos nossos artesãos, e que representará uma relevante montra internacional da nossa cultura e do “saber fazer português” no seu sentido mais vasto”, refere em comunicado Francisco Carvalheira, secretário-geral da Laurel da associação.

“Através de ações e sinergias que estabelecemos com estes parceiros, procuraremos reforçar cada vez mais o posicionamento nacional e internacional dos nossos associados, assim como de marcas emergentes que necessitem desta importante alavancagem “, prossegue o responsável da Laurel, que representa marcas de hotelaria, ourivesaria, moda, mobiliário, vinhos, passando por parcerias com universidades nacionais como a Nova SBE, o ISEG e a Universidade Católica Portuguesa.

“Esta parceria vem permitir à Laurel e aos seus associados consolidar o valor e a qualidade da marca Portugal a nível internacional. Para a Sogrape, para quem o vinho sempre teve uma ligação à arte e à cultura, este é um importante passo no sentido de dar a conhecer ao mundo o que de melhor fazemos no nosso país. Num contexto onde a excelência está muito ligada ao craft, um dos caminhos de afirmação do vinho, e em particular dos Fine Wines, é precisamente o de explorar o seu cariz artesanal, do artefacto cultural e de o elevar além-fronteiras”, refere Raquel Seabra, Administradora Executiva da Sogrape.

“Esta parceria vem permitir à Laurel e aos seus associados consolidar o valor e a qualidade da marca Portugal a nível internacional. Para a Sogrape, para quem o vinho sempre teve uma ligação à arte e à cultura, este é um importante passo no sentido de dar a conhecer ao mundo o que de melhor fazemos no nosso país”, prossegue Raquel Seabra, administradora executiva da Sogrape, membro da associação.

A European Cultural and Creatives Alliance passa a ser composta pelo Comité Colbert (França), o Walpole (Reino Unido), Círculo Fortuny (Espanho), Meisterkreis (Alemanha), a Altagamma (Itália) e a Gustaf III Komitté (Suécia). Em conjunto, refere a Laurel, representam mais de 600 marcas e entidades culturais.

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Apoio alemão a famílias e empresas atinge 200 mil milhões para mitigar preço da energia

  • Lusa
  • 29 Setembro 2022

O governo alemão está a reativar um fundo de estabilização económica usado durante a pandemia e a crise económica internacional.

A Alemanha tenciona investir 200 mil milhões de euros em ajudas a famílias e empresas para lidarem com o aumento dos preços da energia, em particular no caso do gás, devido à invasão russa da Ucrânia.

O chanceler Olaf Scholz disse na quinta-feira que o governo está a reativar um fundo de estabilização económica usado durante a pandemia do novo coronavírus e a crise económica internacional.

O fundo vai ser usado para limitar o preço que os consumidores vão pagar pelo gás, que é usado para aquecer as casas, gerar eletricidade e abastecer fábricas.

Scholz adiantou que a decisão russa de cortar o fornecimento de gás à Europa e as recentes fugas em dois gasodutos mostram que não se devem esperar fornecimento de energia russa no futuro próximo.

“Estamos bem preparados para esta situação”, garantiu. “Tomámos decisões que nos autorizam a lidar com esta situação alterada”, acrescentou.

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“Os senhores deputados não querem ouvir as Ordens, querem fingir que as ouvem”, diz líder dos advogados no Parlamento

O projeto de lei das ordens profissionais é um dos diplomas do Governo que pode ser travado em Belém por suscitar dúvidas através da fiscalização preventiva da constitucionalidade.

Para o bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Luís Menezes Leitão, os projetos de lei sobre as Ordens Profissionais representam uma “clara tentativa de ingerência no poder político na esfera” das Ordens e um “ataque à sua autonomia interna e por isso nos parecem manifestamente inconstitucionais”. Na audição da OA, que decorreu esta quinta-feira na Assembleia da República, o líder dos advogados pediu que Marcelo Rebelo de Sousa desencadeie a fiscalização preventiva da sua constitucionalidade, caso o Parlamento aprove os projetos de lei.

“A Ordem dos Advogados repudia frontalmente estes projetos de lei, que considera claramente inconstitucionais e, se os mesmos forem aprovados pelo Parlamento, tudo fará para que o Tribunal Constitucional tenha oportunidade de se pronunciar sobre os mesmos“, garantiu Luís Menezes Leitão.

O projeto de lei das ordens profissionais é um dos diplomas do Governo que pode ser travado em Belém por suscitar dúvidas através da fiscalização preventiva da constitucionalidade. A discussão pública desta lei em questão tem levantado diversas questões sobre uma eventual ingerência na independência das ordens profissionais. A revisão desta lei foi um compromisso assumido pelo Governo no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

As ordens profissionais têm-se oposto à alteração desta lei e acusam o PS de querer interferir na sua independência. O Conselho Nacional das Ordens Profissionais acusou os deputados socialistas de quererem “governamentalizar” as ordens e os vários bastonários desdobraram-se em críticas.

Para o bastonário, a justificação dada aos projetos de lei não têm qualquer tipo de sustentação. “Não existem quaisquer barreiras em Portugal no acesso à profissão de advogado. No caso dos advogados, somos dos poucos países da Europa que permite a entrada na Ordem com uma licenciatura de Bolonha, quando em toda a Europa se exige uma formação académica superior”, referiu.

“Também não há qualquer razão para reduzir o estágio para 12 meses, quando em toda a Europa o mesmo varia entre 18 meses (Itália) e três anos (Polónia e Holanda). Por isso temos quase 36.000 advogados em Portugal, muito acima de outros países europeus com uma população próxima como a Áustria (6.707) ou a Suíça (7.317). A Holanda tem uma população muito superior a Portugal e tem metade dos advogados (17.964). Não há assim neste momento quaisquer barreiras à entrada na profissão de advogado em Portugal”, acrescentou.

Sobre o projeto do PS, Menezes Leitão acredita que pretende interferir com a autonomia das Ordens e retirar-lhes “competências de defesa dos cidadão”. O PS pretende revogar uma alínea da Lei 2/2013, que retira competência às Ordens para a defesa dos interesses gerais dos destinatários dos serviços. Ou seja, para a OA implicaria que perdesse a missão tipificada nos Estatutos: “defender o Estado de Direito, os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e colaborar na administração da justiça”.

“Num tempo em que o Estado de Direito em Portugal e os direitos fundamentais estiveram tão ameaçados durante a pandemia, com sucessivos regulamentos inconstitucionais do Governo, a legislar em matéria da competência do Parlamento, sem que este tivesse dito absolutamente nada, apenas os advogados e a sua Ordem protegeram os cidadãos contra o arbítrio do poder“, considerou o bastonário no Parlamento.

O projeto do PS pretende criar um Provedor dos Destinatários de Serviços para defender os seus interesses, perdendo assim a OA essa competência. “Trata-se de um órgão não eleito democraticamente pelos advogados e que, além de duplicar as funções do Provedor de Justiça, se sobrepõe as competências do bastonário, que deve ser o primeiro a atuar na defesa dos destinatários de serviços”, alerta.

Este provedor vai ainda ter competência para recorrer em matéria disciplinar e impugnar os regulamentos das Ordens.Maior ataque à liberdade dos advogados e à autonomia da sua Ordem não existe”, sublinhou Menezes Leitão.

Sobre a medida que pretende que o órgão disciplinar integre membros não inscritos na Ordem Profissional, o bastonário da OA considerou que é uma “atitude antidemocrática” contra a eleição pelos advogados dos seus representantes nos órgãos disciplinares. “Tal implica pôr-se em causa o julgamento dos advogados pelos seus pares, o que, sabendo-se que muitas vezes os advogados conduzem processos que desagradam ao poder político, implica risco de perseguição disciplinar por estas “personalidades de reconhecido mérito”, mas que afinal nunca tiveram mérito suficiente para ser advogados, nada percebendo assim das regras da profissão cujos profissionais pretendem julgar”, acrescentou.

Atualmente o Conselho Superior é composto por 22 de membros, mas o Governo quer reduzi-lo a apenas nove, sendo apenas quatro elegidos pelos advogados. Medida que Menezes Leitão considera “grave”, ainda para mais quando o presidente do órgão tem que ser “estranho à profissão”. “Este órgão, além do controlo disciplinar, tem amplas competências, incluindo pronunciar-se sobre propostas legislativas, o que retira essa competência aos órgãos eleitos da Ordem”, referiu.

O líder dos advogados alertou ainda que a redução dos membros do Conselho Superior gerará uma “enorme entropia do funcionamento da jurisdição disciplinar da Ordem dos Advogados“, que irá levar a atrasos na decisão de processos e a decisões disciplinares injustas.

No que toca ao tópico das sociedades multidisciplinares, Luís Menezes Leitão assumiu no Parlamento que esta medida destina-se apenas a “permitir às grandes auditoras a entrada no mercado da advocacia” e que é uma “enorme desqualificação dos advogados”. Para o bastonário existe uma incompatibilidade entre contabilistas certificados, que têm um dever integral de revelação de factos à administração fiscal, e advogados, que estão sujeitos a sigilo profissional.

“Especialmente saboroso é o nº 4 do art. 27º que estabelece que “podem ser sócios, gerentes ou administradores das sociedades referidas no número anterior pessoas que não possuam as qualificações profissionais exigidas para o exercício das profissões organizadas na associação pública profissional respetiva, ficando vinculados aos deveres deontológicos e de sigilo aplicáveis ao exercício das profissões abrangidas”. Faltou aos autores deste projeto explicar quem é que irá sancionar e com que sanção estas pessoas pela violação dos deveres deontológicos e de sigilo dos advogados. Seguramente que não será a Ordem dos Advogados, a que não pertencem, e que por isso também nunca os poderia suspender ou expulsar de uma profissão que não exercem…”, disse.

Sobre os estágios profissionais, o advogado salientou que as alterações preveem a intervenção de entidades públicas o que desrespeita a liberdade da profissão de advogado e pretendem que não haja duplicação de matérias com o ensino universitário. “As Universidades não ensinam advocacia, ensinam Direito, e por isso a duplicação é impossível”, relembrou.

Tanto o projeto de lei do PS como o CHEGA pretendem reduzir o estágio para um máximo de 12 meses. Mas o bastonário explicou no Parlamento que esta medida só vai “desqualificar ainda mais a formação dos advogados portugueses, em comparação com os advogados europeus”.

No entanto, o Luís Menezes Leitão afirmou que a Ordem dos Advogados é favorável aos projetos do PS, CHEGA e PAN sobre a remuneração dos estagiários. Deixou também a nota de que caso o seguro de responsabilidade civil seja suportado pelo patrono, medida proposta pelo PAN, será um forte desincentivo ao acolhimento dos estagiários.

Por fim, sobre o diploma da Iniciativa Liberal que pretende extinguir grande parte das Ordens Profissionais, o líder dos advogados é claro: uma “atitude claramente arbitrária, violadora de direitos adquiridos e desrespeitadora da vontade expressa pelos profissionais liberais, que decidiram constituir essas Ordens Profissionais, e por isso mesmo profundamente antidemocrática“.

“Basta ver que o art. 21º, nº2, da Lei 2/2013 refere que qualquer proposta de dissolução da associação pública profissional tem que ser precedida de referendo interno, pretendendo assim a Iniciativa Liberal retirar aos profissionais a decisão democrática sobre a existência ou não das Ordens em que se inscreveram. Para além disso, e por força da alteração aos arts. 5º, nºs 1, b) e d), a Iniciativa Liberal propõe limitar a representação das Ordens, não à profissão em geral, mas aos profissionais nelas inscritos, acabando com a exclusividade da concessão do título profissional. Tal implicaria transformar as Ordens em sindicatos, o que levaria à multiplicação das Ordens, em que os profissionais escolheriam aquela que menos os regulasse e os sancionasse disciplinarmente. Os cidadãos ficariam assim desprotegidos contra o mau exercício profissional por parte de advogados”, sublinhou.

Na audição, o líder dos advogados reclamou pelo escasso tempo cedido para cada uma das Ordens Profissionais falar de quatro diplomas. “Os senhores deputados não querem ouvir as Ordens Profissionais, querem fingir que as ouvem“, concluiu.

Luís Menezes Leitão tem vindo sucessivamente a pedir à classe que se posicionasse contra o projeto-lei das ordens profissionais. O bastonário lamentou “a total ausência de oposição de advogados que também são deputados”, considerando que o diploma apresentado pelo PS – que foi aprovado na generalidade e será agora alvo de trabalho em sede de especialidade – “põe em causa a liberdade do exercício da profissão”.

Reiterando as críticas de uma alegada tentativa de ingerência nas ordens profissionais com este diploma, o bastonário assinalou que no passado já se registaram tentativas similares a nível político, recordando um episódio de 1928, em que a contestação generalizada dos advogados levou à anulação de um diploma que visaria o controlo das ordens profissionais.

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