Ponte Vasco da Gama encerrada ao trânsito na madrugada de terça-feira

  • Lusa
  • 17 Junho 2022

O encerramento total ao tráfego, entre as 00h00 e as 6h00 de terça-feira, “decorre da necessidade de verificações topográficas no âmbito dos trabalhos a decorrer nesta ponte”.

A Ponte Vasco da Gama estará encerrada ao trânsito na madrugada de terça-feira, entre as 00:00 e as 06:00, anunciou esta sexta-feira a Lusoponte, que sugere a Ponte 25 de Abril como alternativa para atravessar o Tejo junto a Lisboa.

Numa nota, a Lusoponte adianta que o encerramento total ao tráfego “decorre da necessidade de verificações topográficas no âmbito dos trabalhos a decorrer nesta ponte”.

“Como alternativa, sugerimos a utilização da Ponte 25 de Abril, cumprindo as restrições impostas nesta travessia, nomeadamente para os transportes de matérias perigosas [permitidos unicamente entre as 02:00 e as 05:00]”, salienta a empresa que gere a Ponte Vasco da Gama, agradecendo a compreensão dos automobilistas.

A Ponte Vasco da Gama liga as duas margens do Tejo entre Lisboa e Montijo/Alcochete e a Ponte 25 de Abril liga Lisboa e Almada.

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Parlamento já enviou para Belém versão final do OE2022

A versão final do Orçamento do Estado para 2022 já foi enviada para a Presidência da República. Marcelo deverá promulgar o documento nos próximos dias e este deve entrar em vigor a 1 de julho.

Os serviços do Parlamento terminaram a redação final do Orçamento do Estado para 2022, o decreto foi publicado no Diário da Assembleia da República e o documento já foi enviado para Belém, sabe o ECO. O Presidente da República tem agora 20 dias para apreciar o Orçamento, mas Marcelo Rebelo de Sousa tem sido sempre rápido na sua promulgação. Rui Moreira pediu-lhe para vetar, mas Marcelo rejeitou.

O envio da versão final do Orçamento nesta sexta-feira só foi possível porque os deputados aceitaram — PS, PSD, Chega, Iniciativa Liberal, PAN e Livre votaram a favor e PCP e Bloco de Esquerda abstiveram-se — o requerimento apresentado pelo PS em que os deputados socialistas solicitavam a dispensa do prazo para apresentação de reclamações contra inexatidões relativamente ao OE2022, o que também aconteceu em anos anteriores. Caso contrário, o Parlamento teria de esperar mais três dias até enviar a Belém.

O ECO tentou confirmar junto da Presidência da República, mas não foi possível obter uma resposta.

Caso o Presidente da República promulgue o Orçamento do Estado para 2022 nos próximos dias, este deverá entrar em vigor, em princípio, a 1 de julho, ficando a ser executado durante meio ano. Até ao momento, Portugal tem estado em duodécimos por causa do chumbo do OE2022 no ano passado, as eleições antecipadas e os atrasos por causa da repetição do ato eleitoral no círculo da Europa.

Marcelo Rebelo de Sousa já antecipou que irá promulgar o OE2022, apesar do pedido do autarca do Porto para o vetar por causa das transferências para a descentralização: “O custo para os portugueses, e para Portugal, de mandar para trás a lei do Orçamento, para depois vir para trás outra vez, é um custo enorme“. “É fundamental para os reformados e pensionistas receberem, a partir de 1 de julho, os retroativos extraordinários”, além de ser crucial “para as ajudas sociais serem concedidas e para a Administração Pública funcionar”, argumentou.

Porém, o Presidente da República admitiu enviar uma mensagem ao Parlamento para que os deputados voltem a discutir o tema da descentralização. “Talvez justifique que envie, dentro de uns dias, uma mensagem à Assembleia da República para sugerir ou solicitar um debate alargado sobre a descentralização e sobre o que se transfere de poderes e os recursos para a transferência”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, referindo que os “partidos estão de acordo” e, por isso, “não vale a pena agora dividirem-se – nem municípios nem portugueses – contra uma causa que é comum”.

O Orçamento do Estado para 2022 foi aprovado a 27 de maio com o voto favorável da maioria socialista (120 deputados do PS), a abstenção do PAN (uma deputada), do Livre (um deputado) e dos três deputados do PSD Madeira e o voto contra de todos os restantes partidos: Bloco de Esquerda, PCP, PSD, Iniciativa Liberal e Chega.

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Situação de seca extrema no país vai piorar em junho

Depois de em maio ter sido alertado que 97% do território estava em situação de seca severa, o IPMA revela que se vai verificar um "aumento da área em seca extrema" em de junho.

As temperaturas em território nacional já começam a dar sinais da chegada do verão. Isto, numa altura em que os fracos sinais de precipitação em Portugal durante o mês de junho deverão contribuir para o aumento das áreas em situação de seca extrema.

Ao ECO/Capital Verde, o Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA), a propósito do Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, revela que as previsões para o mês de junho sugerem “valores de precipitação inferiores ao normal pelo que é expectável, no final do mês, um agravamento da intensidade da seca meteorológica em todo o território”.

Na mesma nota, a entidade frisa que se vai verificar “um aumento da área em seca extrema”, isto depois do índice meteorológico de seca (PDSI) ter revelado que, em maio, 97% do território encontrava-se em situação de “seca severa”, 1,5% em seca moderada e 1,4% em seca extrema. No final de abril, 8,5% de Portugal Continental estava em seca fraca e 4,3% em seca severa. Na altura, não se registavam áreas em seca extrema.

Questionado sobre se esses períodos serão semelhantes àquele assistido no início do ano, altura em que todo o território nacional se encontrava em estado de seca agravada, o IPMA considera ser “prematuro” fazer essa comparação, sendo que tal só será possível ser feito quando o atual período de seca meteorológica terminar.

Ainda que Portugal se encontre, atualmente, numa situação vulnerável, o IPMA recorda que, para já, o período de seca mais intenso, e com maior abrangência no território do continente, ocorreu entre 2004 e 2005, tendo sido registado durante 9 meses consecutivos, situações de “seca severa e/ou extrema”.

Atendendo ao aumento das temperaturas, que coincidem com a aproximação do período dos incêndios, o IPMA aponta as regiões do interior Norte-Centro como as mais vulneráveis, uma vez que as últimas previsões indicam uma “anomalia positiva para o valor médio mensal da temperatura do ar” que poderá alcançar valores de 2 graus centígrados (°C).

“O aumento do calor nos meses de julho e agosto faz agravar o perigo de incêndio rural de uma forma geral, mas existem oscilações no estado do tempo ao longo desses meses que fazem igualmente oscilar os valores dos índices meteorológicos de incêndio”, explica a entidade.

Onda de calor

Os satélites do sistema europeu de vigilância Copernicus, detetaram que Espanha e França vão ser os principais países afetados pela onda de calor que tem atravessado a Europa Ocidental, com origem num sistema de baixas pressões entre as ilhas dos Açores e da Madeira, que tem empurrado o ar quente para esta região. Segundo a Agência Estatal de Meteorologia espanhola (AEMet), desde 1981 que não existiam registos de temperaturas tão elevadas tão cedo no ano, e é apenas a terceira vez que se verificam estas ondas de calor antecipado que marcam o começo do verão entre 20 a 40 dias mais cedo do que há 50 anos.

No passado dia 15 de junho, a Copernicus alertava que estava em curso “o segundo evento de calor extremo do ano (…) na Europa Ocidental, com temperaturas que atingem valores que normalmente não são registados até julho ou agosto”, pintando, a vermelho, um mapa onde se verifica França, Espanha e também parte de Portugal. O alerta notava ainda que “foram quebrados recordes meteorológicos em França e Espanha: para esta última, as temperaturas do início de junho foram as mais quentes registadas nos últimos 20 anos”.

Ao ECO/Capital Verde, o IPMA esclarece que estes eventos não são anormais em Portugal, referindo a título de exemplo que em junho de 2017 foi o “mês no qual foi registado uma onda de calor com intensidade e magnitude elevada”.

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Tribunal de Contas ‘chumba’ compra de navios de patrulha. Governo recorre

  • ECO
  • 17 Junho 2022

Contrato de compra de seis navios de patrulha oceânica contemplava investimento total de 352 milhões de euros. Ministério da Defesa alega falta de enquadramento.

O Tribunal de Contas chumbou o contrato para a compra de seis navios de partilha oceânica para a Marinha ao instituto público IdD-Portugal Defence S.A. O Ministério da Defesa vai recorrer da recusa do visto a este investimento, no valor total de 352 milhões de euros.

O gabinete liderado por Helena Carreiras alega que “a questão jurídica alegada no acórdão não foi adequadamente enquadrada“, segundo comunicado de imprensa divulgado depois da notícia do semanário Expresso (acesso condicionado).

Segundo o ministério da Defesa, o Tribunal de Contas “aponta um vício procedimental de forma para a recusa do visto, considerando que os procedimentos aplicáveis ao contrato são os do Decreto-Lei no 104/2011, sobre contratação pública nos domínios da Defesa e da Segurança, e não aqueles do Código dos Contratos Públicos, que foram os adotados na Resolução do Conselho de Ministros de maio de 2021 que deu luz verde ao programa e que nortearam, por isso, os procedimentos preparatórios do contrato, na modalidade de contratação in-house“.

O programa para a compra de 10 navios de patrulha oceânica começou em 2004 mas foi interrompido entre 2011 e 2014. Segundo o Governo, apenas foram entregues quatro unidades até agora, um em 2013, outra em 2014 e duas em 2018. Os restantes seis navios seriam construídos e entregues até 2029.

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Emerald Group quer tornar-se “player de referência” nos media

"Temos que ser cautelosos e o foco, mais do que lançar projetos, é lançar projetos sustentáveis. Temos que assegurar que há negócio", diz Raul Bragança Neto.

O Emerald Group, fundado pelo empresário angolano N’Gunu Tiny e detentor da licença da Forbes Portugal, Forbes África Lusófona e de uma participação no Polígrafo e no Viral, pretende tornar-se um player de referência no setor dos media no espaço lusófono e entrar no Brasil. O primeiro passo foi tornado publico esta semana, com a Forbes a noticiar a criação de uma sociedade, a Media9 Participações, que vai concentrar os negócios do empresário no setor dos media. Para além da Forbes, está previsto o lançamento de novos projetos.

“Queremos apostar na língua portuguesa. É um ativo forte que não pode ser desperdiçado”, enquadra ao ECO Raul Bragança Neto, administrador e diretor executivo do grupo Emerald, referindo existir “um potencial enorme” a desenvolver. Transição climática, digital e inovação social são os três eixos nos quais, de acordo com o responsável, se centrará o futuro da economia pós covid-19 e são estes os projetos e pessoas que a Media9 Participações pretende “trazer para a ribalta”, “com rigor e qualidade” e, também desta forma, “ajudando a combater as fake-news“. “Queremos ajudar a mudar a perceção, a avaliação de risco e proporcionar aos investidores” informação sobre estes mercados, prossegue.

Raul Bragança Neto não avança detalhes sobre os projetos que tencionam vir a lançar, as plataformas nas quais querem estar presentes ou prazos concretos. Questionado sobre o montante a investir, também opta por não adiantar números.

É um processo, vamos construir. Começamos há um ano, com a Forbes. O mundo vive um período muito conturbado, os desafios são enormes e o setor dos media não é fácil. Temos que ser cautelosos e o foco, mais do que lançar projetos, é lançar projetos sustentáveis. Temos que assegurar que há negócio”, prossegue em conversa com o ECO.

Juntando a operação em Portugal e Angola, a Forbes conta atualmente com cerca de 20 colaboradores. O Polígrafo e a Viral não integram esta nova sociedade embora, assegura, Raul Bragança Neto, esteja prevista a existência de sinergias.

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PSI fecha semana em baixa ligeira com Galp a cair quase 5%

Principal índice português acabou por ser arrastado pela desvalorização da Galp apesar de a maioria das cotadas ter fechado em terreno positivo.

A bolsa nacional fechou a semana em terreno negativo. O PSI perdeu 0,11% para 5.881,75 pontos no final da sessão desta semana. A praça portuguesa acabou por ser arrastada pela desvalorização da Galp por conta da forte descida do preço do petróleo.

Entre as 15 cotadas do PSI, oito fecharam em terreno positivo, seis desvalorizaram e os papéis da Sonae estabilizaram nos 1,098 euros.

A Galp recuou 4,77%, para 11,18 euros por ação, por conta da forte desvalorização do preço do petróleo, que descida mais de 5% e negociava abaixo dos 114 dólares no final da sessão do PSI. Também com forte queda terminaram as ações da Semapa, que caíram 2,55%, para 13,74 euros.

Ainda em terreno negativo terminaram os títulos da Jerónimo Martins (18,40 euros), EDP (4,442 euros), Nos (3,708 euros) e Navigator (3,866 euros).

A Altri foi a estrela da sessão. A papeleira valorizou 3,02%, para 6,485 euros, no dia em que começou a vender os direitos de subscrição no aumento de capital da Greenvolt ao preço indicativo de 13 cêntimos. As ações da renovável Greenvolt somaram 1,03%, para 6,89 euros.

A Corticeira Amorim também esteve em destaque, ao somar 2,18%, para 10,30 euros. Em dia de greve dos trabalhadores, os títulos dos CTT cresceram 2,16%, para 3,075 euros.

A subir perto dos 2% estiveram as ações da EDP Renováveis (21,84 euros) e do BCP (16,75 cêntimos). A REN e a Mota-Engil aumentaram para 2,77 euros e 1,232 euros, respetivamente.

O PSI contratou a tendência de quase todas as principais praças europeias, que terminaram a semana a subir: o espanhol IBEX 35 somou 0,7% (8.135,2 pontos); o italiano MIB cresceu 0,43% (21.819,47 pontos); alemão DAX 30 aumentou 0,61% (13.118,08 pontos).

O inglês FTSE 100 e o francês CAC 40 acabaram por acompanhar a praça portuguesa, com quedas de 0,66% e de 0,06%, respetivamente.

O índice das 600 maiores cotadas europeias (Stoxx 600) somou 0,12%, para 403,37 pontos.

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Parlamento rejeita revogação dos vistos gold. PS diz que “é tempo de avaliação”

  • Lusa
  • 17 Junho 2022

“O caminho e o tempo é de avaliação”, diz o PS. As propostas do PCP, BE e PAN para acabar com os vistos gold foram chumbadas.

O parlamento chumbou esta sexta-feira as propostas do PCP, BE e PAN para acabar com os vistos gold, assim como a do Chega para alargamento do regime, com o PS a defender que é tempo de avaliação da última alteração. “O caminho e o tempo é de avaliação” sobre uma “alteração legal bem-sucedida que salvaguardou as dimensões em presença que são importantes neste regime”, disse, durante o debate em plenário, o deputado socialista Pedro Anastácio.

O parlamentar do PS, partido que votou contra todas estas propostas, defendeu que “a última alteração legal feita ao regime respondeu adequadamente à dimensão da habitação permitindo salvaguardar e manter dimensão do regime”. Para Pedro Anastácio, as alterações concretizam “algo que também é importante e fundamental para o país, que é a promoção do investimento produtivo, a criação de emprego, investimento na requalificação urbana, património cultural e nas atividades de alto valor ambiental ou social”, acrescentando ser “preciso avaliar sim os efeitos após a introdução desta alteração” de forma a avaliar se foi atingido o equilíbrio procurado.

Os deputados aprovaram, apenas, uma recomendação do PSD ao Governo para regulamentação urgente que permitiria a operacionalização da plataforma online e a submissão de requerimentos online de vistos gold para fins imobiliários nas Regiões Autónomas da Madeira, dos Açores e no interior.

A recomendação do PSD foi hoje aprovada com os votos favoráveis do PSD, Chega e Iniciativa Liberal, a abstenção do PS e do PAN e os votos contra do PCP, Bloco de Esquerda e Livre. No entanto, enquanto decorria o debate e votação foi anunciado pela Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) de que a plataforma estava operacionalizada.

O Jornal de Notícias noticiou na passada terça-feira que a falta de regulamentação da lei que altera critérios para atribuição de Autorizações de Residência por Investimento, que entrou em vigor em janeiro, estava a impedir a submissão de novas candidaturas ao regime dos vistos gold.

No dia seguinte, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas, afirmou que a lei em causa não carecia de regulamentação, podendo ser “diretamente aplicável”. “Do meu ponto de vista, a lei alterada no passado é diretamente aplicável e não carece de nenhuma especial regulamentação”, afirmou o secretário de Estado na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, acrescentando que “há todas as condições para implementar a alteração legislativa”.

Já esta manhã, a APPII anunciou que as candidaturas aos denominados vistos gold foram retomadas e já foram apresentados vários novos pedidos para Autorizações de Residência por Investimento (ARI). Em comunicado, a APPII avança que, “depois de uma ronda com os seus associados, confirmou que a plataforma para inserir novas ARI do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) está finalmente operacional”.

Durante o debate em plenário, a deputada do PSD Sara Madruga da Costa defendeu a “urgência de proceder à rápida operacionalização do portal do SEF” no âmbito das últimas alterações, acrescentando que “esta é uma excelente oportunidade para pôr em prática a tantas vezes apregoada coesão territorial”.

Com a lei que entrou em vigor em janeiro, a aquisição de imóveis passou a ser elegível para efeitos de obtenção de visto gold apenas nos casos em que os imóveis se situem nos territórios do interior ou nas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira. Já os restantes projetos apresentados pelos partidos à esquerda do PS e pelo Chega foram rejeitadas.

A proposta do Bloco de Esquerda, que previa o fim dos vistos gold‘ foi chumbada com os votos contra do PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal e a favor do PCP, BE, PAN e Livre.

Votação idêntica tiveram as propostas do PCP que pretendiam a revogação do regime de atribuição de autorização de residência para atividade de investimento e a do PAN, que também previa a revogação do regime. Inviabilizado foi igualmente um projeto de lei do PAN para obrigar o Governo a elaborar e entregar ao parlamento um relatório de avaliação do impacto do programa dos vistos gold no período de 2012 e 2021, com os votos contra do PS, abstenção do PSD e os votos favoráveis do Chega, Iniciativa Liberal, PCP, BE, PAN e Livre.

Foi ainda chumbada a proposta do Chega, para alargamento do regime, introduzindo a hipótese de concessão para transferência de capitais no montante igual ou superior a 250 mil euros, que fosse “aplicado em investimento em empresas dos setores da agricultura, investigação e desenvolvimento, turismo ou ambiente”, com os votos contra do PS, PCP, BE, PAN e Livre, a abstenção do PSD e Iniciativa Liberal e os votos a favor do Chega.

Antes das votações, no debate em plenário sobre o tema, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, defendeu o fim do “imoral” regime, pela “defesa de dignidade do nosso país”, argumentando que “os valores pouco valem para estes partidos quando o que está em causa é o dinheiro”.

Também a deputada do PCP, Alma Rivera, disse que as autorizações de residência em Portugal “não devem ser objeto de comercialização”, apelando o fim do regime “desde já”. Por outro lado, o líder do Chega, André Ventura, apontou que o regime dos vistos gold é usado em 19 dos 27 países da União Europeia, considerando que “há possibilidades de melhorar este regime” e torná-lo “mais eficaz”, apelando a um alargamento das áreas de investimento como a agricultura e a inovação.

Já a deputada do PAN, Iniciativa Liberal, não participou no debate, apesar da iniciativa apresentada, por estar naquele momento numa audiência com o primeiro-ministro, António Costa.

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Armador de pesca de Viana do Castelo investe 1,5 milhões em alojamento em terra e no mar

  • Lusa
  • 17 Junho 2022

Armador de pesca de Viana do Castelo investe 1,5 milhões de euros em alojamento em terra e no mar. E quer criar postos de trabalho.

Um armador de pesca de Viana do Castelo transformou um antigo estaleiro naval da ribeira em unidade hoteleira e juntou ao projeto um iate, para receber hóspedes no rio ou no mar, num investimento de 1,5 milhões de euros.

“Sempre tive o sonho de ter um projeto turístico na minha ribeira, onde o meu avô nasceu. Mas tinha de ser um projeto com ligação ao mar, onde me fiz armador e onde sou mestre do Santa Maria das Areias”, afirmou João Pacheco.

Do prédio, onde em 1920 funcionava o antigo calafate, nome atribuído à oficina que construía pequenas embarcações de pesca ou lazer e que chegou a ser uma espécie de estalagem, sobrou apenas fachada.

No interior, do rés-do-chão ao segundo andar, tudo foi reconstruído para dar lugar a cinco apartamentos, com capacidade para receber 30 hóspedes.

A obra começou em 2019 e o alojamento local abriu portas na quinta-feira, “para já com quatro trabalhadores, mas a intenção é criar 12 postos de trabalho”.

“Além destes empregos diretos, há empresas que vão passar a trabalhar para o empreendimento hoteleiro, movimentando a economia da cidade”, sublinhou João Pacheco.

O empreendimento hoteleiro está situado em pleno Campo d’Agonia, próximo do templo dedicado à padroeira dos pescadores, em frente ao Castelo Santiago da Barra e aos estaleiros navais.

O Atrium Areias deve o seu nome ao Areias, alcunha do avô, e Atrium por estar localizado no interior da antiga muralha medieval de Viana do Castelo de que ainda hoje restam exemplares espalhados pela cidade.

A decisão de amuralhar Viana do Castelo pertenceu ao rei D. Afonso III, mas as primeiras referências escritas à muralha surgem durante o reinado de D. Fernando, razão pela qual se lhe atribui o nome de muralha fernandina.

Cada um dos cinco apartamentos, três T1 e dois T2, um destes duplex, recebeu o nome das cinco portas da muralha medieval, cujo significado é explicado nas placas informativas colocadas.

A porta da Ribeira, que dava acesso ao arrabalde da ribeira, a da Piedade, por ser a saída para o cemitério, a do Cais, para uso dos guardas ou mareantes, durante a noite e para abastecimento, em caso de cerco, a Porta de Santiago, assim chamada por ser por ali que saíam os peregrinos rumo a Santiago de Compostela, na Galiza, e a de São Brás, que o povo rebatizou como porta da Senhora da Vitória dada a proximidade da capela com invocação mariana.

A muralha foi inicialmente construída com quatro portas, mas no final do século XV foi aberta uma quinta com o objetivo de possibilitar o acesso ao interior do burgo a partir do cais da Vitória – a porta de São Brás, mais tarde chamada da Vitória após a construção da Capela de Nossa Senhora da Vitória.

Ao alojamento em terra, João Pacheco fez questão de associar o My Way, um iate com capacidade para acolher seis pessoas. “É um hotel de cinco estrelas na água. Estou ligado ao mar e do mar não quero sair”, garantiu João Pacheco.

Serão os hóspedes a decidir o rumo que o iate irá tomar, ou atracado na marina, no rio Lima, ou zarpando para o mar. A embarcação pode ainda ser alugada para festas ou outro tipo de eventos.

A ideia do projeto turístico nasceu em família, durante viagens pelo mundo. “Longe de casa sentimos falta de casa e assim pensámos o projeto. Queremos que os nossos hóspedes se sintam em casa, fora de casa”, explicou.

A primeira experiência na hotelaria vai ser gerida em família. João Pacheco não vai largar o leme do Santa Maria das Areias, atracado bem próximo, no cais da ribeira e que dá trabalho a 10 pescadores.

Em terra, a mulher, a filha Juliana, de 25 anos e licenciada em Direito, e o filho João, de 16 anos, ainda no secundário, vão gerir a unidade hoteleira.

A mãe Rosa foi nomeada gerente, Juliana Pacheco, a frequentar o mestrado em economia digital, diretora de marketing e o João, praticante de vela e surf, vai trabalhar com parceiros locais, como o Surf Clube de Viana do Castelo, para proporcionar aos turistas a prática de desportos náuticos na praia do Cabedelo, em Darque.

“O objetivo, mais do que alojar, é dar a conhecer a cidade e oferecer aos turistas a oportunidade de vivenciar a cidade”, explicou Juliana.

O pai João quer que o negócio familiar faça jus ao lema da cidade: “Quem gosta vem, quem ama fica”.

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Abrandamento do mercado obriga startups a “esticar” rondas e travar contratações

Desvalorização dos mercados financeiros vai obrigar startups a gerirem injeções de capital por mais tempo, antecipam sociedades de capital de risco portuguesas.

Caras startups, apertem os cintos porque os próximos meses vão ser recheados de turbulência. A desvalorização das empresas tecnológicas nos mercados financeiros dos Estados Unidos vai ter impacto na captação de rondas de investimento em Portugal, as empresas terão de gerir as injeções de capital por mais tempo e os planos de contratações abrandar ou mesmo travar, alertam as sociedades de capital de risco ouvidas pelo ECO/Pessoas.

Os sinais de que o ambiente “quente” e a elevada liquidez de financiamento no ecossistema de startups estão a arrefecer estão a evidenciar-se. Depois de períodos de elevado crescimento operacional, sucedem-se pelos Estados Unidos e pela Europa anúncios de redução de pessoal, a Klarna ou os unicórnios Getir (decacórnio desde março) e Gorillas, estes últimos fortemente alavancados por rondas de investimento que avaliaram as duas empresas em mais de mil milhões de dólares (931,65 milhões de euros), são apenas alguns dos anúncios mais recentes.

E, dúvidas houvesse de que o ‘inverno’ poderá estar a chegar ao setor tech, o índice tecnológico norte-americano (NASDAQ) está a dar sérios avisos à navegação: já recuou mais de 30% desde o início do ano, lembra o administrador executivo da Bynd, Francisco Ferreira Pinto.

“Já há menos empresas tecnológicas a entrarem no mercado de capitais e diminuiu o número de fusões”, acrescenta a líder da Investors Portugal. Lurdes Gramaxo antevê que, a prolongar-se a situação, os efeitos vão “dificultar as rondas seed [semente] e pre-seed“, dirigidas a startups com menos tempo de mercado.

As consequências estão à vista. “Seguem-se tempos desafiantes: a aversão ao risco, tanto de empreendedores como de investidores, será mais evidente nos próximos meses, não apenas pela queda do mercado mas por outros fatores externos que ditam uma retração económica — a pandemia e os efeitos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia”, atenta Pedro Santos Vieira, um dos sócios da Shilling.

Tudo como dantes…até agora

2021 foi um ano sem precedentes para as startups portuguesas: o montante total de investimento em rondas ultrapassou o patamar do unicórnio pela primeira vez, para um total de 1,1 mil milhões de euros, segundo a plataforma Dealroom. Capital não faltou para apostar em novas empresas, graças ao grande volume de liquidez pós-pandemia. O ano passado ficou marcado pelo surgimento de quatro unicórnios com ADN português: Feedzai, Remote, Anchorage Digital e SWORD Health.

Mesmo nos primeiros cinco meses do ano já foi investido mais dinheiro em startups (426 milhões de euros) do que em todo o ano de 2020 (349 milhões de euros). Contudo, boa parte das rondas de investimento anunciadas nas últimas semanas foi fechada antes do abrandamento dos mercados. Agora é que começa o verdadeiro desafio para levantar capital junto dos privados.

Se antes se faziam rondas para 18 meses de runway e por vezes 12 meses, agora os investidores dificilmente investem para períodos inferiores a 24 meses

Stephan Morais

Sócio-gerente da Indico Capital Partners

“Esticar” o capital e congelar contratações

Boa parte das startups depende do levantamento de capital para financiar a atividade: é uma ferramenta para acelerar o crescimento associada à responsabilidade de elevar o negócio para novos patamares. Numa fase em que é necessário apostar em desenvolvimento e ainda não há grandes fontes de receita, normalmente, é preciso gerir o dinheiro durante um ano. No capital de risco, esse período é designado de runway.

Mas o abrandamento do mercado vai obrigar a gerir o orçamento de forma mais criteriosa, ou seja, será preciso “esticar” o dinheiro por mais tempo. “Se antes se faziam rondas para 18 meses de runway e por vezes 12 meses, agora os investidores dificilmente investem para períodos inferiores a 24 meses”, destaca o sócio-gerente da Indico, Stephan Morais.

A política de contratações será a mais afetada pela mudança de contexto. “A gestão da tesouraria é particularmente sensível em tempos de incerteza e pode haver situações em que será necessário reduzir contratações e mesmo despedir”, adverte Lurdes Gramaxo. A mesma mensagem é transmitida pelas restantes sociedades de capital de risco.

Ainda assim, há algumas alternativas aos despedimentos. Stephan Morais propõe a “redução do investimento em marketing“; a representar o Estado, a Portugal Ventures sugere um maior recurso a prestadores externos de serviços (outsourcing); e Francisco Ferreira Pinto aconselha apostar em “mais e melhores vendas” para “conseguir a estabilidade financeira por via dos clientes e do crescimento do seu negócio”, reduzindo a dependência do capital externo.

Quem mantiver as contratações, “deve analisar bem o retorno do investimento” em recursos humanos, entende Pedro Santos Vieira.

A gestão da tesouraria é particularmente sensível em tempos de incerteza e pode haver situações em que será necessário reduzir contratações e mesmo despedir

Lurdes Gramaxo

Presidente da Portugal Investors

Unicórnios portugueses resistem

Portugal conta com sete empresas que conseguiram obter a valorização de mais de mil milhões de dólares. Farfetch (entretanto em bolsa), OutSystems, Talkdesk, Feedzai, Sword Health, Anchorage e Remote são as sete tecnológicas — com ADN português — que atingiram essa avaliação.

Ao ECO/Pessoas, os investidores afastam um cenário de perda deste estatuto apesar de haver menos capital a fluir nos mercados. “Os unicórnios com ADN português possuem planos de negócio e de crescimento alicerçados em valores e modelos estáveis e que resistirão a fases menos previsíveis de mercado”, nota o investidor da Shilling.

Francisco Ferreira Pinto acrescenta que estas empresas “têm uma base de investidores com capacidade de apoiar a empresa caso haja alguma necessidade de curto prazo”.

Apesar da incerteza, o responsável da Shilling acredita que “2022 ainda trará novos nomes com ADN português à lista de startups com estatuto de unicórnio”.

Os unicórnios com ADN português possuem planos de negócio e de crescimento alicerçados em valores e modelos estáveis e que resistirão a fases menos previsíveis de mercado.

Pedro Santos Vieira

Shilling

Ainda há vencedores

No meio do pessimismo, há algumas startups que partem em vantagem. Para a Portugal Ventures, novos negócios “associados a energias alternativas ao fornecimento de energias fósseis da Rússia, em particular as energias renováveis, bem como as áreas de alimentação e novos materiais mais sustentáveis”.

A capital de risco pública lembra ainda a recuperação do setor do turismo, após dois anos de pandemia que enfraqueceram a indústria.

Mesmo com toda a incerteza, quase todos os investidores recordam que algumas das tecnológicas portuguesas mais ativas no mercado nasceram em plena crise da troika. É com o cinto bem apertado e o fato de combate vestido que as startups nacionais vão enfrentar os próximos meses.

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Carreiras quer discutir Lei das Finanças Locais antes da descentralização

O presidente da Câmara de Cascais reuniu com Carlos Moedas e Isaltino Morais para avaliarem interesses comuns. Critica descentralização, mas rejeita o caminho escolhido por Rui Moreira.

Estamos a discutir a descentralização sem debater a lei das finanças locais que, até hoje, nunca foi aplicada”, alerta, em tom crítico, o presidente da Câmara Municipal de Cascais. Carlos Carreiras afirmou ao ECO Local que “a questão da descentralização está de pernas para o ar, porque não interessa discutir caso a caso, mas, sim, ter uma perspetiva geral do país”. Depois de uma reunião conjunta com os presidentes de Lisboa, Carlos Moedas, e de Oeiras, Isaltino Morais, o autarca de Cascais insiste que “não é a discutir município a município” que se vai resolver esta situação que já tem feito correr muita tinha no país.

A solução para este impasse e discordância entre muitos dos autarcas e o Governo, que o país está a viver relativamente ao processo de transferência de competências, passaria, então, “por algo consistente e com impacto nacional“. Caso contrário, avisa, “está-se a discutir município a município e quem recebe mais ou menos dinheiro”. Por isso mesmo, o edil de Cascais aponta a implementação de “uma política nacional para a própria descentralização” como resposta a este imbróglio que se está a tornar polémico.

Para Carlos Carreiras, Carlos Moedas e Isaltino Morais, há neste processo da descentralização uma questão fulcral que não se está a discutir e a que chegaram a acordo, na reunião que tiveram, na quarta-feira. “Queremos que o Governo informe qual a percentagem do Orçamento de Estado (OE) global que está disposto a afetar para a descentralização de competências que, neste momento, se situa entre 5 a 6%”, alerta o autarca de Cascais, referindo que “serão 12 mil milhões de euros afetos à descentralização”. Só depois, prossegue, “se podem definir quais são as áreas prioritárias a descentralizar”. Até porque, critica, “estamos a ir pela árvore e não estamos a olhar a floresta toda”, reitera, explicando que “depois ainda é preciso saber se os municípios gastam de forma eficaz esse dinheiro”.

Carreiras, como Moedas e Isaltino, subscreve as críticas de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, à forma como o Governo está a conduzir o processo, mas distancia-se do caminho seguido, que tem outros adeptos, como como o autarca da Trofa, Sérgio Humberto, que já manifestou vontade de sair da ANMP. Ainda que os três presidentes de Câmara discordem de alguns aspetos da transferência de competências, o autarca de Cascais garante que não vai seguir o exemplo do autarca do Porto, quando desvinculou a autarquia da Associação Nacional de Municípios (ANMP), liderada pela socialista Luísa Salgueiro. Entretanto, há mais autarcas que ameaçam seguir-lhe os passos, não sendo de todo o caso de Lisboa, Cascais e Oeiras. O caminho não passa por aí, diz Carreiras. “Não pretendemos sair da ANMP, ainda que concordemos com os argumentos de Rui Moreira”, garante o social democrata de Cascais que, há dois mandatos, já foi presidente do Conselho Geral da ANMP.

Primeiro urge definir os objetivos estratégicos e depois delinear quais as políticas que sustentam o cumprimento desses mesmos objetivos.

Carlos Carreiras

Presidente da Câmara Municipal de Cascais

Ora, é aqui na forma como o processo está a ser conduzido e todas as dúvidas que tem suscitado que reside o calcanhar de Aquiles da descentralização. “Primeiro, urge definir os objetivos estratégicos e depois delinear quais as políticas que sustentam o cumprimento desses mesmos objetivos”, defende Carlos Carreiras em nome dos dois homólogos de Lisboa e Oeiras. Só assim os três presidentes de Câmara entendem que o processo de descentralização terá pernas para andar no país.

A descentralização foi, assim, um dos temas que esteve, em cima da mesa, da primeira de muitas reuniões mensais que o autarca de Cascais vai ter com os homólogos de Lisboa e de Oeiras. O objetivo destes encontros é criar sinergias e garantir “mais meios e autonomia” para cada um intervir em determinadas áreas que são problemáticas para os três concelhos. Uma delas é precisamente a descentralização de competências.

Os três autarcas estão dispostos a contribuir com o considerável e “enriquecedorknow-how que têm no terreno no que diz respeito a esta matéria. “Temos muita experiência acumulada nas áreas da educação e da saúde e, como tal, poderíamos contribuir com a nossa experiência para a discussão que está a haver a nível nacional”, frisa Carlos Carreiras, advertindo que esta é uma decisão unânime entre os três municípios. “Podemos partilhar os aspetos positivos e negativos desta nossa experiência“, assegura o autarca social democrata.

ANMP tem de ter outra postura com o Governo

Ainda assim, os presidentes de Câmara de Lisboa, Oeiras e Cascais defendem que, em matéria de transferência de competências, “a ANMP tem de ter outra forma de funcionar na relação que tem com o Governo”.

Este processo já tem feito correr muita tinta na praça pública e até suscitou as tomadas de posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro António Costa. O chefe de governo já garantiu que só negocia esta matéria com a ANMP e, entretanto, Rui Moreira tirou da cartola uma última cartada ao pedir a Presidente da República que não promulgasse o OE 2022 até ser corrigido. Mas o Chefe de Estado recusou e deixou bem claro que, pela sua experiência, e “apesar de haver dúvidas ou objeções ou insuficiências para o futuro, o custo de não promulgar é muito superior à vantagem que se pode retirar de mandar para a Assembleia da República”. Marcelo Rebelo de Sousa prefere, sim, um debate alargado na Assembleia da República sobre o que se transfere de poderes e os recursos para a transferência, porque tem sido, até agora, um fator de unidade nacional”.

Além da descentralização, Carlos Moedas, Carlos Carreiras e Isaltino Morais têm outros temas a pôr em cima da mesa, particularmente com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos. Entre elas, “questões que são comuns aos três municípios numa lógica de desenvolvimento”, estão pôr em marcha um plano comum para as zonas costeira e ribeirinha, assim como solucionar o problema da habitação dos três concelhos.

Os três autarcas estão encetar esforços no sentido de fazer ver o Governo que querem ter mais “meios e autonomia” com vista ao aumento da capacidade de intervenção de cada um dos municípios nestas áreas. “Os três municípios têm muita coisa em comum e representam uma parte substancial do PIB, além de terem um milhão de habitantes com um peso significativo na Associação Metropolitana de Lisboa (AML)”, realça Carlos Carreiras.

Queremos que os terrenos, que eram urbanos e passaram a rústicos, voltem a ser urbanos para se construir habitação pública.

Carlos Carreiras

Presidente da Câmara Municipal de Cascais

A habitação, exemplifica, “é um problema grave e que pode ser uma bomba social na AML. Não é só uma questão de financiamento”, avisa. É muito mais grave do que isso. “Não há terrenos para construir habitação social e, por isso, propomos uma solução em termos do ordenamento”, revela ao ECO Carlos Carreiras. “Queremos que os terrenos, que eram urbanos e passaram a rústicos, voltem a ser urbanos para se construir habitação pública”, divulgou. Aliás, defende, “não se consegue resolver o problema da falta de habitação, que é uma obrigação do Estado central, se não houver colaboração dos municípios que precisam de terrenos. E se não há terreno, logo não conseguem dar essa ajuda”.

Por tudo isto, os três autarcas consideram que podem “ajudar o Governo a ultrapassar a crise económica e social que o país atravessa”, nomeadamente no que toca à problemática da habitação social. Lamentam ainda serem “os três únicos municípios do país que não recebem fundo geral municipal e fundo social municipal”. Por isso mesmo, querem saber a razão de tal discriminação. “Estas verbas iriam permitir reforçar as receitas do município e fazer investimentos em necessidades que temos nos concelhos”, frisa.

O autarca de Cascais tem outras reivindicações. Só para o seu concelho, gostaria de ter um polo da Universidade Nova, na área do direito marítimo, assim como uma praça financeira para tratar os assuntos do mar cuja criação já foi, aliás, referida pelo ministro da Economia e do Mar para a região de Lisboa. “Gostaríamos de ter isso em Cascais, porque temos capacidade e massa crítica já desenvolvida”, nota o social democrata.

O Governo encontrar uma solução para o problema da forma como é decidido “o próprio ordenamento e legislação dos assuntos do mar” é outra das questões que os três autarcas querem ver debatida. Assim como o tema mobilidade cujos projetos têm de sair, de uma vez por todas, do papel para arrancarem. “Desconhecemos como está o processo da linha ferroviária que liga Cascais, Oeiras e Lisboa, mas sabemos que está tudo muito demorado”, diz. Outro projeto que desconhecem como decorre “tem a ver com o elétrico que liga Lisboa ao Vale do Jamor. O objetivo é que haja melhorias ambientais e não entrem tantos carros em Lisboa”.

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Já são conhecidos os vencedores da 3ª edição do Prémio Autarquia do Ano

  • Conteúdo Patrocinado
  • 17 Junho 2022

Ao todo, foram mais de 40 projetos premiados, num total de 11 categorias e mais de 80 subcategorias.

Após duas edições que decorreram online devido à pandemia, o Prémio Autarquia do Ano volta em grande e em formato presencial, para distinguir o que de melhor se faz nas freguesias e câmaras do País.

O evento ocorreu a 8 de junho e contou com a presença de mais de 150 autarcas. Ao todo são mais de 40 projetos premiados, num total de 11 categorias e mais de 80 subcategorias.

O grande destaque vai para a Junta de Freguesia de Santo António, com o projeto “Santo António Solidário”, para a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, com o projeto “Famalicão e a Covid-19”, ambos vencedores de Grandes Prémios na Categoria de Apoio Social, e para a Câmara Municipal de Ourém, com o projeto “O exemplo da marca AMO”, também vencedora de um Grande Prémio na Categoria Democracia, Igualdade e Participação Cívica.

Vencedores da 3ª edição do Prémio Autarquia do Ano.

O painel do júri desta 3ª edição foi constituído por Gonçalo Saraiva Matias, professor da
Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, Patrícia Coelho, Marketing
Director & International Product Development da Control, Paulo Padrão, diretor geral do
ECO, Pedro Pimentel, diretor geral do Centro Marca, Ricardo Nunes, Branded Content
Diretor da Group M, Miguel Ribeiro Ferreira, CEO da Fonte Viva, e Ana Firmo Ferreira,
Founder & CEO do Lisbon Awards Group.

Conheça aqui todos os vencedores desta 3ª edição do Prémio Autarquia do Ano.

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Brent perde mais de 5% e segue em mínimos de três semanas

Receios de recessão nas economias mundiais por causa da subida das taxas de juro estão a afundar o barril de petróleo de referência para as importações nacionais.

Há mais de três semanas que o Brent não negociava num preço tão baixo. O barril de petróleo de referência para as importações europeias perdeu 5,59%, para 113,12 dólares, na negociação desta sexta-feira. Os receios de recessão nas economias mundiais estão a ser determinantes para este comportamento.

A desvalorização do petróleo acompanha a descida dos mercados internacionais, com os investidores a recearem um cenário de recessão por causa da subida das taxas de juro nos últimos dias para conter o disparo da taxa de inflação.

Na quarta-feira, a Reserva Federal dos Estados Unidos anunciou uma subida de 75 pontos base na taxa de referência, o que não acontecia desde 1994.

“A influência do mercado macroeconómico começou a tomar conta dos fundamentais do preço do petróleo nos últimos dias”, assinala o responsável de matérias-primas da Investec, Callum Macpherson, citado pela Reuters. “A narrativa no mercado passou a estar mais focada no preço do que na oferta”, acrescenta o mesmo especialista.

Devido a esta desvalorização, o Brent deverá registar a primeira queda semanal na cotação em mais de um mês.

(atualizado às 21h)

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