Ordens Profissionais. Estágios pagos e multidisciplinares fora dos pedidos de Marcelo ao Tribunal Constitucional

Marcelo enviou para o Constitucional para fiscalização preventiva o decreto que altera o regime das associações profissionais. Mas deixou de fora as sociedades multidisciplinares e os estágios pagos.

Marcelo Rebelo de Sousa não levou ao Tribunal Constitucional a questão das sociedades multidisciplinares e dos estágios pagos obrigatórios, constantes na Lei das Associações Públicas (LAP), no pedido de fiscalização preventiva.

Uma provável violação dos princípios da igualdade, da proporcionalidade, da autorregulação e da democraticidade das associações profissionais – todos previstos na Constituição da República Portuguesa (CRP) – foram os argumentos dados por Marcelo Rebelo de Sousa para justificar o pedido de fiscalização, enviado a 1 de fevereiro relativamente às novas regras das Ordens Profissionais.

Esta terça-feira, Marcelo reúne-se com as Ordens Profissionais, precisamente com este tema na agenda.

O projeto de lei relativo às ordens profissionais altera questões como as condições de acesso a algumas profissões (advogado, contabilista ou médico), introduz estágios profissionais remunerados, cria uma entidade externa para fiscalizar os profissionais ou cria a possibilidade de existirem sociedades multidisciplinares. Que, na prática, significa que, por exemplo, advogados e outros profissionais, caso de consultoras, vão poder colaborar. Esta é uma prática que já se encontra regulada em vários países da Europa ocidental.

Segundo dados do Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), existem atualmente em Portugal 20 ordens profissionais. Estas ordens regulam a atividade de mais de 430 mil profissionais. Este decreto foi aprovado em votação final global com votos favoráveis de PS, Iniciativa Liberal e PAN e votos contra de PSD, Chega e PCP e abstenções de BE e Livre.

Mas de fora desta apreciação constitucional ficaram as duas questões referidas, igualmente criticadas pelas Ordens Profissionais. “São duas questões que ainda necessitam de serem reguladas para cada uma das Ordens, o que implicará revisão dos respetivos estatutos. Na verdade, o decreto da AR que aprovou alterações à Lei das Associações Publicas Profissionais deixou ainda em aberto essas duas matérias, podendo ser adaptadas a cada uma das Ordens”, explica José Luís Moreira da Silva, advogado e sócio da SRS Legal.

No caso da aprovação das sociedades multidisciplinares, esta exige ainda que para cada Ordem profissional se legisle no sentido de fixar o âmbito das sociedades de profissionais que se podem juntar, podendo ser fixadas condições/limites para essa junção, tendo em conta as regras relativas à deontologia, conflitos de interesse e incompatibilidades, independência e imparcialidade. Apenas se aprovou a autorização da existência de sociedades multidisciplinares em geral, cabendo agora a sua concretização e a fixação dos seus limites, que podem variar para cada Ordem.

O mesmo se passa em relação aos estágios: foi apenas fixada a regra geral dos 12 meses e dos estágios remunerados. “Mas deixou-se a cada Ordem justificar exceções. Tem de se seguir um processo legislativo de revisão de cada um dos Estatutos das Ordens a prever em concreto o regime. Ou seja, falta ainda regulamentar os dois regimes para cada Ordem. O que significa que os dois assuntos estão longe de estar fechados”, explica o advogado.

A bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro, em comunicado do Conselho Geral defende que “nos termos da individualidade de cada Ordem, existem questões que se colocam de forma mais incisiva a umas que a outras, já que se prendem com a identidade do exercício da própria profissão, como é o caso da multidisciplinaridade e da incumbência da remuneração dos candidatos ao exercício da profissão, nos termos exatos que já tinham sido referidos no documento que foi entregue oportunamente pela CNOP ao Senhor Presidente da República, à Senhora Provedora de Justiça e aos Grupos Parlamentares da Assembleia da República, já que é algo que nos continua a causar muita preocupação”. O mesmo comunicado refere ainda que “a inconstitucionalidade do diploma, no nosso entendimento, é vasta, cabendo, por isso, à Ordem dos Advogados, nos termos das suas atribuições estatutárias, executar todas as diligências para que esta lei se coadune com os interesses dos cidadãos e cidadãs portugueses e para garantir que em momento algum possam existir ingerências nas Ordens Profissionais que, pese embora sejam públicas, devem manter-se totalmente independentes do poder politico, sob pena de se colocar em crise o próprio Estado de Direito democrático”.

O Chefe de Estado enviou o diploma cinco dias depois de o ter recebido do Parlamento. O prazo de pedido de fiscalização preventiva de uma lei é de oito dias corridos. Agora, o TC tem até 27 de fevereiro para se pronunciar sobre este pedido que tem de ser sempre feito antes mesmo de os diplomas serem publicados e entrarem em vigor.

“Apesar de se antever que as matérias das sociedades multidisciplinares e estágios pagos serão sancionadas, não podemos dizer que é um caminho sem retorno e que estes pontos irão mesmo para a frente”, explica Jane Kirkby, sócia da Antas da Cunha ECIJA, ao ECO/Advocatus. “Já que, por um lado: o TC, ao invés do que tem sido o seu comportamento, pode sempre apreciar outras normas do decreto para além das indicadas pelo Presidente da República; se o TC se pronunciar pela inconstitucionalidade, nessa sequência, o diploma vier a ser reformulado pela Assembleia da República, poderá o Presidente da República requerer novamente a apreciação preventiva da constitucionalidade de qualquer das suas normas, incluindo de normas que não estavam identificadas no primeiro requerimento”.

Mas a que pontos da nova lei, em concreto, é que Marcelo aponta as suas dúvidas?

  • Avaliação final do estágio profissional feita por um júri independente, de “reconhecido mérito”, com elementos externos à atividade profissional em causa;
  • Um órgão disciplinar com elementos externos à profissão em causa, que não sejam membros da associação pública profissional. Este foi um dos pontos mais criticados pelas Ordens profissionais;
  • A criação de um órgão de supervisão que exerce funções de controle dos profissionais da classe em questão;
  • O exercício de uma função na Ordem profissional em causa ser incompatível com o exercício de funções dirigentes em qualquer cargo da função pública;
  • A criação da figura do provedor em cada associação pública que seja externo à profissão em causa e que defenda os destinatários dos serviços da profissão em causa e que seria designado pelo bastonário, sob proposta do órgão de supervisão e que não poderá ser destituído a não ser por “faltas graves” no exercício da função.

E que argumentos constitucionais foram apontados por Marcelo?

Segundo o requerimento enviado ao TC, consultado pelo ECO, Marcelo Rebelo de Sousa relembra os juízes do Palácio Ratton que o regime constitucional definido para as associações públicas profissionais é “muito próprio”, sublinhando a existência do princípio da autorregulação das associações profissionais que devem reger-se por “princípios democráticos internos, dotados de órgãos próprios e eleitos pelos seus associados”.

Relembra ainda o artigo 267º da CRP que define que “as associações públicas só podem ser constituídas para satisfação de necessidades específicas e que não podem ser constituídas como sindicatos” e ainda o artigo 165º, 1, alínea s) — que não é de todo uma questão menor — e que estipula a reserva relativa que a Assembleia da República tem em matérias de associações públicas.

E invoca ainda o artigo 47º que estipula a liberdade de todos no acesso à profissão. Por isso, e mantendo a tónica sempre no princípio da autorregulação, a criação de um órgão de supervisão, de um provedor, de um órgão disciplinar e de um júri para avaliação no estágio, todos eles com entidades externas à profissão, “violam esse mesmo princípio”.

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Investigadores do Porto lideram projeto para desenvolver tecnologias para 6G

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2023

O projeto TERRAMETA tem um financiamento de 6,3 milhões e terá uma duração de três anos.

Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) lideram um projeto que, financiado em 6,3 milhões de euros, visa o desenvolvimento de tecnologias inovadoras para a sexta geração (6G) de comunicações móveis.

Em comunicado, o instituto do Porto adianta esta terça-feira que o projeto, intitulado TERRAMETA, vai investigar tecnologias inovadoras para o 6G e apoiar o processo de transição digital do ecossistema empresarial português, através da demonstração de “superfícies inteligentes reconfiguráveis (RIS) THz [terahertz]”.

Com o avanço da transição digital fica, cada vez mais, a descoberto, a incapacidade de garantir que as tecnologias sem fios atuais respondem aos requisitos de data rate e latência adequados às necessidades das empresas e instituições“, destaca o instituto. Liderado pelo INESC TEC, o projeto, financiado em 6,3 milhões de euros pela Comissão Europeia, junta 12 parceiros europeus e prevê a realização de testes em cenários de telecomunicações.

Citado no comunicado, o investigador do INESC TEC Luís Pessoa esclarece que se “pretende demonstrar a viabilidade de redes sem fios de alto débito apoiadas por superfícies inteligentes reconfiguráveis, explorando frequências entre os 100 GHz e 300 GHz, o que está completamente alinhado com as tendências identificadas para o 6G”. Segundo o investigador, espera-se que “as superfícies inteligentes reconfiguráveis venham, num futuro próximo, a revolucionar as comunicações sem fios, uma vez que o canal de comunicações passará a ser também controlável”.

“Imagine-se que no futuro todas as superfícies que nos rodeiam no dia a dia, desde chão a paredes e tetos, passam a ser inteligentes, com capacidade de computação, sensorização e apoiando as comunicações”, acrescenta.

Com o projeto TERRAMETA, os investigadores tencionam transferir as tecnologias “mais recentes e inovadoras do hardware THz RIS” e produzir demonstrações para a rede de comunicações THz assistida por superfícies inteligentes reconfiguráveis, em cenários de aplicações práticas. “A rede TERRAMETA THz irá permitir, de forma inovadora, contornar o problema dos obstáculos que impedem a obtenção da linha de vista necessária para permitir a ligação sem fios a THz entre dois pontos”, adianta o investigador.

Luís Pessoa acrescenta também que os avanços do projeto “podem levar ao desenvolvimento de novos produtos, nomeadamente em casos de uso dentro de cidades, residências e fábricas inteligentes”. Entre os 12 parceiros que integram o projeto, dois são portugueses, nomeadamente, a Universidade Nova de Lisboa e o Instituto de Telecomunicações. O projeto TERRAMETA arrancou em 2023 e terá uma duração de três anos.

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Não sente os preços a abrandar? A culpa é da inflação subjacente

A inflação está a abrandar mas os preços não voltaram aos níveis antes da invasão da Ucrânia. Preço dos produtos frescos continua elevado.

A inflação tem vindo a abrandar, tendo recuado nos últimos três meses. Mas, mesmo assim, as compras ao final do mês continuam a pesar no bolso dos portugueses e a subida de preços não parece dar tréguas. Este fenómeno pode estar relacionado com a inflação subjacente, que exclui os produtos com preços mais voláteis, como alertou quinta-feira a presidente do Banco Central Europeu (BCE), bem como com a subida no custo da alimentação, em particular dos produtos frescos.

Olhando para os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, é possível verificar que a taxa de inflação homóloga em Portugal abrandou para 8,3% em janeiro, o terceiro recuo. Mas o que isto significa é que a subida dos preços face ao período homólogo, isto é, neste caso janeiro do ano passado, está a abrandar.

É preciso perceber o conceito de inflação, que nos dá o valor da subida generalizada de preços face ao período homólogo, para compreender que este indicador pode nos próximos meses chegar próximo de zero e mesmo assim os produtos estarem mais caros do que antes da invasão da Ucrânia. Isto acontece porque a comparação será feita com o mesmo mês do ano passado, em que os preços já estavam mais altos do que em 2021, por exemplo.

Como explicou ao ECO Gregory Claeys, do think thank Bruegel, a “inflação estava alta também por efeitos base”, pelo que deverá recuar este ano “mesmo que os preços não voltem para os níveis originais”. O alerta também já tinha sido feito pelo economista Ricardo Ferraz, que apontou ao ECO que “dificilmente voltaremos a ter os preços dos bens no supermercado como estavam antes”.

Deve-se também ter em conta que a desaceleração da inflação se deve em grande parte à descida dos preços da energia. A componente referente aos produtos energéticos foi a principal responsável pelo abrandamento do Índice de Preços no Consumidor (IPC) em janeiro, com a taxa de variação homóloga “a diminuir também pela terceira vez consecutiva, para 6,8% (20,8% no mês anterior), destacando-se a diminuição de preços da eletricidade”, realçou o INE.

Já a relativa aos produtos alimentares não transformados, ou seja, os frescos como legumes, fruta e carne, terá acelerado para 18,5% (contra 17,6% em dezembro). O custo dos produtos alimentares não transformados tem estado a crescer, sendo que os dados do INE referentes a 2022 mostram também que os preços da alimentação e das bebidas não alcoólicas subiram 19,9% face a 2021, o maior aumento desde 1985.

O Fórum da Competitividade também destacou, na nota de conjuntura de janeiro, que “nos produtos alimentares não transformados houve aceleração, de 17,6% para 18,5%”. “A inflação média voltou a acelerar, de 7,8% para 8,2%, um valor já quase igual à inflação homóloga, o que torna possível que estejamos próximo do pico da inflação média”, indicam.

Os indicadores mais recentes da Deco indicam também que o cabaz de bens alimentares essenciais continua a encarecer, sendo que a 1 de fevereiro de 2023, custava 222,16 euros, mais 38,53 euros do que a 23 de fevereiro de 2022, véspera da invasão da Ucrânia.

No que toca ao indicador de inflação subjacente, que exclui os produtos alimentares não transformados e energéticos, este terá desacelerado para 7% em janeiro, face ao período homólogo, isto é, um recuo de 0,3 pontos percentuais face aos 7,3% registados em dezembro de 2022. “Estima-se uma variação média nos últimos doze meses de 8,2% (7,8% no mês anterior)”, acrescenta o INE.

Este indicador, que “é simplesmente a taxa de inflação estável, omitindo as perturbações e os preços dos bens mais voláteis, como a alimentação e a energia”, tem como objetivo “considerar a tendência de fundo da inflação, eliminando os choques transitórios, que desaparecem ao fim de pouco tempo”, explica o economista João César das Neves, ao ECO.

Apesar de desacelerar continua elevado e é uma preocupação para os bancos centrais, sendo que Christine Lagarde salientou esta quinta-feira que “as pressões sobre os preços continuam fortes, parcialmente porque os preços elevados da energia se estão a espalhar pela economia”. “Outros indicadores da inflação subjacente também estão elevados”, reiterou.

Foi também nesse sentido que Lagarde lembrou a importância dos governos da União Europeia deverem ter alguma prudência na sua política, sublinhando a necessidade de “começar a haver uma redução do apoio fiscal”, lembrando que “as políticas orçamentais podem exacerbar as pressões inflacionistas, exigindo uma maior reação do BCE.”

“Neste momento, para a política monetária é essencial saber se o atual aumento de preços resulta de um mero choque temporário, que passa sem ser necessário ajustar as taxas de juro, ou se já resulta de uma desvalorização da moeda, o que obriga o banco central a intervir”, salienta César das Neves. “Os sinais são contraditórios mas, embora a taxa de inflação esteja ultimamente a descer ligeiramente, a inflação subjacente ainda se mantém alta e estável, o que justificou a subida das taxas”, nota.

Desta forma, apesar ser uma “boa notícia” a recente descida de inflação, “ainda é cedo para dizer que ela está a desacelerar sustentadamente”. “Os preços vão continuar a ser um problema nos próximos tempos, mesmo se não se agrave a subida”, alerta o economista.

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Espanha tem vocação africana e elege Angola como “país prioritário”

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2023

"Precisamos de sócios com capacidade, vontade e credibilidade, para que, partindo da confiança mútua, Espanha possa estar mais presente na região em benefício para todos", disse o rei em Luanda.

O rei Felipe VI disse esta terça-feira que Espanha é um país com vocação africana e elegeu Angola como país prioritário, mostrando-se confiante de que os dois países terão um “futuro prometedor” em conjunto.

O monarca espanhol, que iniciou a sua visita oficial a Angola acompanhado da rainha Letizia, a primeira a um país africano, destacou a hospitalidade e afeto com que tem sido recebido pelos angolanos e agradeceu o reconhecimento da condecoração que lhe foi outorgada, considerando uma “grande honra” ingressar na Ordem de Agostinho Neto, que o aproxima também de maneira simbólica e permanente ao país.

Felipe VI assinalou que esta visita acontece na sequência do caminho iniciado há um ano e meio, e que têm percorrido em conjunto, numa perspetiva de “colaboração, amizade e entendimento”. Destacando a importância que Espanha concede às relações entre os dois países, mostrou-se “muito alegre” pelo reencontro com João Lourenço, com quem esteve em Madrid, desta vez em Luanda, “motor político, económico e estrutural do país”.

O monarca frisou que Espanha projeta-se em múltiplas dimensões exteriores e que, além da sua identidade europeia e ibero-americana e atlântica, tem também vocação africana. “É indiscutível que estamos unidos pela geografia, mas a nossa vocação africana vai mais além”, sublinhou Felipe VI, acrescentando que, nos últimos anos, o Governo espanhol tem “trabalhado para conhecer melhor a realidade do continente”, em particular a África subsariana, resultando em programas para aumentar presença e cooperação com os países africanos e estabelecer associações estratégicas que permitam abordar juntos os desafios globais.

“Neste objetivo, precisamos de sócios com capacidade, vontade e credibilidade, para que, partindo da confiança mútua, Espanha possa estar mais presente na região em benefício para todos”, disse. Neste contexto, Angola “é um país prioritário para Espanha”, prosseguiu, destacando a estabilidade política e social, os recursos e boas perspetivas económicas e a diplomacia ativa a nível regional e multilateral, bem como os laços que vinculam os dois países há quase 50 anos, logo após a Independência.

O rei salientou que ambiciona ver Espanha como uma referência para Angola na Europa e quer que Angola o seja para Espanha nesta parte do mundo, sendo esta a razão desta primeira viagem à África subsaariana. O monarca falou sobre desafios no plano regional e internacional que devem “enfrentar juntos”, em particular as crises climáticas e seus efeitos, realçando a preocupação de Angola com este assunto, mas também o admirável processo de reconciliação nacional no país, “após tantos anos de sofrimento”.

Felipe VI saudou o papel de João Lourenço na pacificação da região dos grandes lagos para conseguir alcançar a paz e estabilidade na República Democrática do Congo, apontando o Governo de Luanda como fator de estabilidade, tanto na região centro-africana como na África meridional.

O rei espanhol realçou ainda que o estado das relações bilaterais “é excelente”, afirmando que há margem de melhoria no campo económico, pelo que os governos devem fomentar a cooperação económica com aumento do comércio e presença empresarial. Neste âmbito, destacou a relevância da conexão aérea direta Angola-Madrid que se está a consolidar e é um atrativo para as empresas espanholas.

Felipe VI adiantou ainda que, no segundo semestre, quando Espanha assumir a presidência rotativa da União Europeia vai eleger entre as prioridades, o reforço das relações com países africanos e contribuir para a realização do marco estratégico da União Africana para a transformação económica do continente, bem como trabalhar para a realização de uma reunião de alto nível sobre investimentos transformadores em África.

Entre os elementos que favorecem a relação entre Angola e Espanha assinalou ainda a vantagem que as línguas portuguesa e espanhola oferecem de compreensão mútua, pelo que deve ser apoiado e fomentado o seu estudo, disse o rei espanhol, mostrando-se convicto num “futuro prometedor” para os dois países. No final do seu discurso, Felipe VI aludiu também ao terramoto na Turquia transmitindo profundo pesar pela enorme tragédia humana e material e disponibilizando solidariedade e ajuda do povo espanhol.

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Santos Silva critica modelo “anarcossindical” das greves nas escolas

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2023

Numa alusão indireta ao STOP, Augusto Santos Silva disse ainda que há "sindicatos genuinamente envolvidos no processo de negociação", mas assiste-se também "a formas de manipulação da greve".

O presidente da Assembleia da República considerou esta terça-feira que seria preocupante fazer depender a duração de uma legislatura de resultados de eleições europeias, afirmou compreender os protestos dos professores, mas criticou o modelo “anarcossindical” de novos sindicatos.

Estes avisos foram transmitidos por Augusto Santos Silva, deputado socialista eleito pelo círculo Fora da Europa e ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, ao novo podcast do Grupo Parlamentar do PS que se estreia esta terça-feira.

Interrogado se as legislaturas estão cada vez mais dependentes das lógicas dos calendários eleitorais, o presidente da Assembleia da República rejeitou e advertiu que seria “cair num erro preocupante não só sugerir que a duração da legislatura dependesse de outras eleições – as chamadas eleições de segunda ordem, designadamente as europeias –, como até sugerir que a duração das legislaturas devesse depender da evolução das sondagens”.

“Isso seria profundamente antidemocrático. Toda a gente sabe que, ao longo de quatro anos — e neste caso quatro anos que têm atrás de si seis anos — haverá evoluções de sondagens mais ou menos favoráveis. Toda a gente sabe que as eleições de segunda ordem são também momentos em que o eleitorado pode exprimir distância em relação ao Governo — o eleitorado que depois irá votar no partido de Governo”, sustentou.

Augusto Santos Silva vincou depois que “as eleições europeias servem para eleger deputados ao Parlamento Europeu, as eleições locais servem para eleger os eleitos dos municípios, as eleições regionais já este ano na Madeira servem para eleger a Assembleia Legislativa dessa região”.

“Ponto”, acentuou o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, defendendo que o Governo “tem todas as condições necessárias para cumprir a legislatura”.

“Tem maioria no parlamento, tem toda a colaboração institucional dos restantes órgãos de soberania – Presidente da República e parlamento -, tem um programa que foi sufragado pelo povo há muito pouco tempo e, portanto, tem todas as condições. É responsabilidade do Governo aproveitar essas condições únicas para realizar o seu próprio programa e responder aos problemas que o país sente”, completou.

Em relação à greve dos professores, o antigo ministro da Educação do segundo executivo liderado por António Guterres, frisou que “é um direito” e “absolutamente normal em democracia” esta classe profissional estar a expressar o seu descontentamento.

“Há um processo negocial em curso — e isso merece-me uma segunda saudação, porque em democracia, não só ouvimos as pessoas, como procuramos compromissos com as pessoas. Um processo negocial em que o Governo tem apresentado propostas muito fortes para resolver dificuldades que os sindicados assinalam”, apontou.

Já numa alusão indireta ao STOP (Sindicato de Todos os Profissionais de Educação), o presidente da Assembleia da República disse que há “sindicatos genuinamente envolvidos no processo de negociação”, mas assiste-se também “a formas de manipulação da greve”.

De acordo com Augusto Santos Silva, há sindicatos “mais recentes que se reveem num modelo um pouco anarcossindical fora de tempo”.

“Não aceito que uma classe profissional subcontrate junto de outra uma greve para obter o que quer sem ter que fazer essa classe profissional greve. Portanto, isto que se diz – e que aliás as famílias também encontram -, que é haver fundos pelos quais se procura financiar outra classe profissional para que as escolas sejam encerradas, não me parece inadmissível”, concluiu.

O presidente da Assembleia da República criticou igualmente o modelo de greve self-service. “Também me parece eticamente inadmissível — não sei se é legal ou não, a Procuradoria-Geral da República o diráesta forma da chamada greve self-service. Ou seja, faço greve quando quero, a um dos tempos e não um dia inteiro, e sem avisar. A luta social, que nós socialistas entendemos como uma das forças motoras da democracia, tem regras”, defendeu.

Nesta conversa, o presidente da Assembleia da República recusou a tese de que esteja a beneficiar o Chega quando tem debates diretos com esta força política. “Quem critica, quem combate, quem trava, é cúmplice? Então, o que se chamará a quem não critica, não combate, nem trava e até diz que está disponível para acordos? Se os primeiros são cúmplices, o que devemos chamar aos segundos?”, questionou, aqui numa alusão à atual direção do PSD.

Ainda em relação ao Chega, Augusto Santos Silva advogou que prefere ter todas as correntes políticas dentro do parlamento, mesmo aquelas que são contra a democracia.

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Mário Chaves deixa SATA para liderar a Portugália

Antigo dirigente da Associação Internacional do Transporte Aéreo e do grupo Icelandair, Mário Chaves será o novo diretor-geral da companhia aérea do grupo TAP.

Mário Chaves, até aqui administrador executivo da SATA e antigo quadro da TAP, vai ser o novo diretor-geral da Portugália. Antigo piloto, foi também dirigente da Associação Internacional do Transporte Aéreo e do grupo Icelandair.

“Após a conclusão do processo de seleção interno e externo, a Comissão Executiva decidiu nomear Mário Chaves para o cargo de diretor-geral da Portugália a partir de 1 de março de 2023“, diz um comunicado interno a que o ECO teve acesso. O gestor tinha sido nomeado em janeiro de 2020 para a administração da SATA, sendo responsável pela rede, operações e handling das duas companhias do grupo.

Antigo piloto e instrutor da TAP, entre 2005 e 2013 foi gestor de programas para a eficiência operacional nas áreas de gestão de tripulações, eficiência de combustível, gestão de voo e eficiência de hub. Saiu em 2013 para dirigir as áreas de operações de voo, eficiência e segurança da Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA), permanecendo até outubro de 2016.

Antes de se juntar à administração da SATA, liderada por Luís Rodrigues, companhia que tal como a TAP atravessa um processo de reestruturação, foi vice-presidente do Grupo Icelandair e administrador da Cabo Verde Airlines.

A comissão executiva anunciou em outubro que o anterior diretor-geral da Portugália, Valter Fernandes, iria deixar a companhia do grupo TAP para abraçar “novos desafios profissionais”, depois de 21 anos na empresa. O cargo foi assumido pela CEO, Christine Ourmières-Widener, até ser encontrado um substituto.

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Primeiro-ministro pede foco na execução do PRR para tornar economia mais sustentável

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2023

O líder do Executivo espera que, quando o país chegar ao final da execução do programa, em 2026, toda a economia esteja "estruturalmente transformada".

O primeiro-ministro sublinhou esta terça-feira a importância de o país continuar focado na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para transformar e tornar mais sustentável a economia nacional. “É importante continuarmos concentrados e focados na boa execução do Programa de Recuperação e Resiliência“, afirmou António Costa, em Alcobaça, desafiando as empresas portuguesas a “pedalar” para que o país chegue ao final do programa, em 2026, mais bem preparado “não só para enfrentar crises que o futuro” possa trazer, mas sobretudo com “mais e melhor emprego, maior rentabilidade para as empresas e uma economia mais sustentável”.

O chefe do Executivo, de visita à Solancis, líder da Agenda Verde do Setor da Pedra Natural, comparou o crescimento da economia a “andar de bicicleta” e manifestou a vontade coletiva de todo o pelotão continuar a pedalar para chegar à meta, em 21 de dezembro de 2026, não apenas com este setor, mas com toda a economia “estruturalmente transformada”.

A empresa que lidera um consórcio de mais de 50 parceiros do setor dos recursos naturais foi o mote para António Costa destacar como exemplo o concelho de Alcobaça, no distrito de Leiria, que conta com “um total de 578 projetos aprovados” no âmbito do PRR, com um investimento total de 45 milhões de euros, dos quais 39 milhões de euros para empresas.

Um exemplo que António Costa considerou que se pode “replicar em vários outros concelhos”, numa altura em que o país tem 70% das verbas do PRR aprovadas e adjudicadas, existindo no país “mais de 93 mil projetos em execução”.

Considerando o programa das 53 agendas mobilizadoras “particularmente desafiante”, Costa lembrou que a verba inicial do PRR, de 930 milhões de euros, aumentou para 3.000 milhões de euros “para garantir que todos os projetos que passaram no júri e mostraram viabilidade, não deixariam de ser executados por falta de verbas“.

No caso da Solancis, a agenda da sustentabilidade no setor da pedra conta com um investimento total de 53.824.168,36 euros para potenciar a difusão de conhecimento tecnológico e a transição digital e ecológica.

“Com a execução dos projetos no âmbito da agenda pretende-se promover a transição digital e climática, reduzindo em 30% a emissão de gases com efeito de estufa (GGE); garantir a resiliência económica do setor, com uma perspetiva de crescimento nas exportações de 10% e a criação de 1.000 novos postos de trabalhos diretos e indiretos”, informou a empresa.

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+M

TVI e Prime Video trazem de volta a série Morangos com Açúcar

  • + M
  • 7 Fevereiro 2023

A série juvenil, estreada em 2003 e que se manteve no ar durante quase 10 anos, é a primeira produção da TV para a Amazon Prime Video.

A TVI e a Prime Video vão trazer de volta a série juvenil Morangos com Açúcar. O acordo, assinado esta segunda-feira, contempla a produção e distribuição de duas temporadas do reboot da série que estreou no verão de 2003 e que se manteve no ar durante quase dez anos. Esta é a primeira vez que a estação da Media Capital e a Amazon Prime Video trabalham em conjunto. Os episódios vão ficar disponíveis na TVI e Prime Video no decurso do último trimestre de 2023, em data a anunciar, diz a Media Capital.

“Estamos muito contentes por ter Morangos com Açúcar de volta à TVI. É parte da história do canal, como um dos formatos mais impressionantes e com mais sucesso da história da televisão portuguesa. Estamos a celebrar 30 anos, portanto, faz sentido trazer de volta Morangos com Açúcar”, começa por dizer, citado em comunicado, José Eduardo Moniz, diretor-geral da TVI. “Este é um compromisso forte, em sintonia com as tendências internacionais. Em parceria com uma marca global, como a Prime Video, acreditamos que Morangos com Açúcar vai ganhar uma nova dimensão a nível internacional e atingir novas gerações, num formato que toda a família vai adorar”, prossegue Moniz, também responsável pela estreia do formato há 20 anos.

O elenco vai ser composto por atores das temporadas anteriores e novos talentos, alguns dos quais selecionados por casting aberto, prossegue a estação. “À semelhança do que aconteceu no passado, Morangos com Açúcar representa uma oportunidade para descobrir e lançar novos nomes no universo da ficção”, acrescenta a TVI.

“Sabemos que é um regresso muito aguardado e, em parceria com a TVI, acreditamos que será um novo ícone para as gerações futuras. Este lançamento é mais um passo na nossa estratégia que combina conteúdos localmente relevantes com êxitos globais”, acrescenta Ricardo Carbonero, head of Prime Video Content ES & PT.

A série vai ser produzida pela See My Dreams Productions, do grupo Media Capital e as gravações arrancam em abril.

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+M

Grupo Primavera passa a Cegid seis meses após a compra

  • + M
  • 7 Fevereiro 2023

A empresa passa agora a operar com a mesma marca em todos os mercados.

O Grupo Primavera desaparece esta terça-feira enquanto marca e passa a operar sob o nome Cegid. A alteração acontece seis meses após o anúncio da aquisição da empresa de software de gestão pela Oakley Capital Investments. “O poder de uma só marca é incomparável e era evidente para nós a importância de dar este passo o quanto antes. O fundamental é manter a nossa proximidade com os nossos clientes, parceiros e ecossistema, aumentar a nossa capacidade de acrescentar valor e inovação, assim como expandir as possibilidades de crescermos juntos”, justifica em em nota de imprensa Santiago Solanas, CEO da Cegid Ibéria, Latam e África Portuguesa.

A alteração de identidade foi comunicada esta terça-feira a todos os parceiros e internamente a nível ibérico a todos os funcionários pelos canais internos do grupo, explica a empresa ao +M/ECO. No final do ano passado, num encontro de parceiros e clientes em Portugal, as alterações já tinham sido apresentadas.

Todos os canais digitais da marca e os documentos têm a partir de agora o nome Cegid. “A criação de um one Cegid inspira a união das equipas com um propósito comum, fomenta a colaboração e as sinergias, facilita a integração, ajuda a agilizar os processos, mas, sobretudo, acrescenta valor aos nossos clientes e parceiros”, acrescenta Silvia Baschwitz, diretora de comunicação, relações institucionais e ESG da Cegid Ibéria, Latam & Africa Portuguesa.

Com uma marca única em todos os mercados, a Cegid tem agora 4.400 colaboradores e promove as suas soluções em 130 países, acrescenta a empresa, que teve receitas anuais de 791 milhões de euros (a 31 de dezembro de 2022). Na Península Ibérica, a Cegid conta com mais de 1.300 colaboradores, 700 parceiros e uma faturação pró-forma que alcançará previsivelmente os 169 milhões de euros no ano de 2023, de acordo com dados avançados em comunicado.

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Organização Mundial da Saúde vai abrir centro de excelência em Portugal

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2023

O ministro da Saúde considera que a instalação do primeiro escritório mundial da OMS dedicado à tecnologia, robótica e empreendedorismo em saúde pode colocar o país “na primeira linha da inovação".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai instalar no Porto um centro de excelência para as novas tecnologias e o empreendedorismo na área da saúde, anunciou esta terça-feira o ministro da Saúde, realçando a “enorme importância desta decisão para Portugal.

Em declarações à agência Lusa, Manuel Pizarro adiantou que Portugal estabeleceu esta terça-feira um acordo com a região europeia da OMS no sentido de instalar em Portugal, no Porto, junto à direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) este centro de excelência.

Para o governante, a instalação do primeiro escritório mundial da OMS dedicado à tecnologia, robótica e empreendedorismo em Saúde é “um facto de enorme importância para Portugal”, porque pode colocar o país “na primeira linha da inovação tecnológica nos serviços de saúde”, sendo que “é absolutamente reconhecido como essas mudanças tecnológicas têm tanto impacto na melhoria dos resultados em saúde”.

“Mas tem também um custo financeiro muito importante porque o facto de Portugal se colocar na primeira linha desta inovação tecnológica é muito relevante para o país”, declarou Manuel Pizarro que se encontra em Copenhaga, capital da Dinamarca, com o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo.

O Ministério da Saúde (MS) acrescenta em comunicado que a abertura deste Escritório em Portugal representa “um passo importante na ação da OMS a nível internacional, e de um modo especial na região europeia, uma vez que a implementação de tecnologias de saúde, acompanhada de programas de literacia digital, contribuirá de um modo decisivo para a modernização dos serviços de saúde, garantindo acesso a cuidados de saúde mais inovadores que respondam às necessidades da população, especialmente dos mais vulneráveis”.

A declaração conjunta foi assinada após uma reunião de trabalho entre a comitiva ministerial portuguesa e o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, na sede da OMS/Europa.

Manuel Pizarro adiantou que Portugal já vinha a manter nos últimos meses contactos estreitos com a OMS sobre a instalação do centro em Portugal, uma decisão hoje concretizada e para a qual contribuíram as vantagens estratégicas de Portugal e a vocação empreendedora e inovadora do país.

“Acho que é um motivo de satisfação para o nosso país e para o nosso Serviço Nacional de Saúde”, salientou o ministro.

Agora será constituído um grupo de trabalho para definir os detalhes infraestruturais e de financiamento, assim como a data de abertura do centro.

O ministro reiterou junto de Hans Kluge o empenho nacional em torno da edificação de políticas de acesso e promoção da saúde robustas a nível europeu, bem como a visão estratégica do SNS, que elege como um dos eixos prioritários o investimento na transformação tecnológica do sistema público de saúde português como o desenvolvimento de unidades de saúde móveis, equipadas com robótica e equipamentos de ponta, que permitam prestar cuidados de saúde diferenciados, como cirurgia remota, em locais de difícil acesso e/ou junto de cidadãos com problemas de mobilidade.

A Direção Executiva do SNS manifestou-se igualmente empenhada em aprofundar o potencial das tecnologias de saúde, incluindo a robótica, para melhorar a eficácia, a eficiência, a segurança e a qualidade dos serviços de saúde junto das populações, centralizado cada vez mais as respostas dos serviços nas pessoas e promovendo a integração e a equidade no acesso aos cuidados.

Neste encontro, que abordou ainda temas como o acesso ao medicamento, a segurança do doente e a participação nacional no Programa da OMS para as Emergências em Saúde, foram dados também os primeiros passos na preparação da nova Estratégia de Cooperação Nacional, o instrumento que orienta a ação da OMS nos Estados-Membros, que sucederá ao atual acordo de colaboração bienal (BCA Biennial Collaborative Agreement) entre Portugal e a agência das Nações Unidas para a Saúde.

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Sunak anuncia remodelação do Governo britânico e novo líder do Partido Conservador

  • Mariana Marques Tiago e Lusa
  • 7 Fevereiro 2023

Primeiro-ministro anunciou a reestruturação dos ministérios do país e o novo líder do Partido Conservador. As alterações visam assegurar a construção de um futuro melhor para os jovens, diz.

O Governo britânico foi alvo de uma remodelação. Esta terça-feira, o primeiro-ministro, Rishi Sunak, anunciou a reestruturação de alguns ministérios e a mudança do líder do Partido Conservador. As alterações visam assegurar a construção de um futuro melhor para os jovens britânicos, justifica o governante.

Doravante, após a reestruturação, o Governo britânico contará com quatro novos ministérios nas áreas da energia, ciência e tecnologia, comércio e economia e cultura e desporto:

  • Ministério para a Segurança Energética e Neutralidade Carbónica, que vai ser assegurado por Grant Shapps, até aqui ministro da Economia, Energia e Estratégia Industrial;
  • Ministério da Ciência, Inovação e Tecnologia, assumido por Michelle Donelan, que era secretária de Estado da Cultura;
  • Ministério do Comércio e Economia, encabeçado por Kemi Badenoch, atual ministra do Comércio, que passa a acumular a responsabilidade pela Economia num ministério que funde as duas posições, bem como a secretaria de Estado da Mulher e Igualdade.
  • Ministério da Cultura, Comunicação Social e Desporto: a pasta estará a cargo de Lucy Frazer, que era secretária de Estado da Habitação).

Partido Conservador tem novo líder

Foi também anunciada a mudança na liderança do Partido Conservador, cargo agora assumido por Greg Hands, atual secretário de Estado do Comércio e ministro sem pasta. Vai ocupar o lugar de Nadhim Zahawi, demitido por Rishi Sunak há uma semana após de ter sido descoberto que violou o código ministerial ao esconder irregularidades fiscais.

O novo presidente do Partido Conservador será responsável por mobilizar os Conservadores para as eleições locais de 4 de maio e preparar as legislativas previstas para 2024.

Raab mantém-se vice-primeiro-ministro

No que toca a Dominic Raab, vice-primeiro-ministro e ministro da Justiça, vai manter-se no posto. A decisão de Rishi Sunak foi além das pressões a que Raab está exposto atualmente para se afastar devido a um inquérito sobre o comportamento intimidatório sobre alguns subordinados que se queixaram.

O primeiro-ministro britânico completou 100 dias em funções na semana passada e já tinha sido obrigado a mexer na equipa quando demitiu Gavin Williamson, em novembro, devido a alegações de bullying sobre colegas.

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Salário médio dos diplomados dos cursos superiores profissionais aumenta mais de 5%

Em 2020, havia 2.280 pessoas com esta formação a trabalhar em empresas portuguesas, o que corresponde a um aumento de 23% face a 2019, e de 94% face a 2017.

Reforçando uma tendência que se tem vindo a verificar desde 2017, o salário médio dos trabalhadores diplomados dos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) aumentou 5,2% em 2020, face ao ano anterior, fixando-se nos 1.154 euros. Registou-se, igualmente, uma forte tendência de crescimento dos trabalhadores com CTeSP. Em 2020, havia 2.280 pessoas com esta formação a trabalhar em empresas portuguesas, o que corresponde a um aumento de 23% face a 2019, e de 94% face a 2017, conclui o insight lançado pela Fundação José Neves (FJN).

“Em 2020, o salário médio dos diplomados destes cursos foi de 1.154 euros, o que significa que estes trabalhadores ganhavam, nesse ano, mais 4,1% do que quem concluiu o ensino secundário. Quando comparado com o ensino básico, os ganhos são ainda mais acentuados, registando-se uma diferença salarial de aproximadamente 25%”, pode ler-se.

Os trabalhadores com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos, que possuem este tipo de formação, auferiram um salário médio de 1.092 euros, um valor 12,5% superior ao auferido por um trabalhador que tenha completado o ensino secundário. “É nesta faixa etária que mais compensa completar um CTeSP”, refere a FJN, em comunicado.

No que diz respeito aos setores de atividade que empregaram, em 2020, mais trabalhadores com CTeSP, a lista é liderada pelo comércio (17,6%), as atividades de saúde humana e apoio social (13,7%), as atividades de consultoria, científicas e técnicas (12,9%), os serviços de informação e de comunicação (9,1%), as indústrias transformadoras (8,9%), a construção (6,3%) e o alojamento e a restauração (5,5%).

Geograficamente, as regiões que concentram mais trabalhadores com cursos superiores profissionais são a região Norte (31%) e a Área Metropolitana de Lisboa (28%), seguindo-se o Centro (21%), os Açores (10%), o Alentejo (5%), o Algarve (3%) e a Madeira (2%).

Ainda que as vantagens salariais e de empregabilidade estejam a contribuir para esbater o preconceito relativamente ao Ensino Profissional, os diplomados destes cursos ainda representavam, em 2020, uma fatia bastante pequena dos trabalhadores (0,07%) e dos que continuaram a estudar após o ensino secundário (0,32%).

Os Cursos Técnicos Superiores Profissionais foram criados em 2014, estando, nessa altura, apenas disponíveis nas escolas do ensino politécnico, com o objetivo de alargar e diversificar a oferta de ensino superior, bem como de atrair novos públicos, designadamente jovens oriundos do ensino secundário profissional e adultos que procuram adquirir conhecimentos mais técnicos e direcionados para o mercado de trabalho. Além de abrirem portas para o mercado de trabalho, este tipo de formação permite também que os diplomados ingressem nos ciclos de licenciatura e mestrado integrado, através de concursos especiais de acesso.

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